Walt Whitman nasceu em Long Island, New York, em 1819 e morreu em Camden, New Jersey, em 1892. Autodidacta, aprendiz de tipografia, discreto jornalista entre outros vários insucessos e enfermeiro na guerra da Secessão, assistiu ao veloz crescimento americano, foi intérprete e cantor dessa epopeia de contradições, dessa realidade real de que tanto alimentou a sua poesia - poesia também do corpo e do desejo, desafio, exaltação. Em pleno século XIX escrever tão livremente, soltando o verso sem temor, cantar o corpo ainda mais do que a alma, e desse corpo avançar propostas de indisfarçável embora delicada homossexualidade, era tarefa que exigia uma invulgar ousadia. Whitman fê-lo, enfrentando assim os inevitáveis anátemas e incompreensões, ele, atlético, panteísta, uno e diverso herói. Ambígua fonte, geradora de inovadores ritmos e energias, a sua poesia foi razão de acesas polémicas, cujos ecos se foram extinguindo pouco a pouco, permitindo enfim o reconhecimento de quanto para os EUA e não só, representou tão generoso canto. [...]
Cálamo [é] um dos mais sugestivos conjuntos de poemas de Leaves of Grass, título este que reúne o essencial da produção de Whitman, nove vezes editada, revista, emendada, aumentada, desde 1855 e até 1892, quando já se encontrava à beira da morte.
Prefácio de José Agostinho Baptista à edição de Cálamo,
Assírio & Alvim, Lisboa, 1993.
Exemplares disponíveis nas bibliotecas municipais
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