Sandy Banana HP

"Reportagem"

Por Angus Phillips Fotos Richard Olsenius

Tenha uma idéia do que espera por você na revista a partir deste trecho.

Roddy MacDiarmid, 57 anos, pastor veterano e filho de pastor, inspeciona as Highlands escocesas de uma serrania da qual avista o lago Fyne e a cidadezinha de Cairndow, no vale abaixo. De um lado está a propriedade de John Noble, onde MacDiarmid trabalhou boa parte da vida; de outro, as terras do duque de Argyll. Centenas de ovelhas e carneiros pontilham o verde das encostas. Seus border collies Mirk e Dot o acompanham fielmente. Estão em terreno conhecido. MacDiarmid aponta o horizonte com seu cajado de pastor. "Até onde a vista alcança recolhi ovelhas. E uma coisa posso garantir: sem cães não é possível reunir um rebanho nestas colinas. Nunca foi e nunca será. Nunca, nunca mesmo!"

O veemente apreço do pastor soa familiar para todos aqueles que têm cães e, às vezes, se perguntam o porquê – pois sempre é bom saber que restam lugares onde os cães continuam sendo essenciais ao trabalho humano. Enquanto isso, passeamos felizes da vida com nossos amigos peludos, damos a eles comida, recolhemos seus dejetos, os cobrimos de afeto, os levamos ao veterinário. Às vezes eles retribuem com uma mordida, às vezes latem para nós. Em outras horas somos recompensados com uma lambida na mão, um abano de rabo ou uma infalível disposição para escutar, extasiados, nosso falatório, como quem está sendo brindado com a mais profunda das reflexões.

O cão e o homem, o homem e o cão: essa é uma história de amor tão antiga que ninguém sabe dizer quando começou. "Os seres humanos que primeiro tiveram convívio doméstico com cães há milhares de anos estão todos mortos. Não podem nos contar o que lhes passava pela cabeça nem o que pretendiam", comenta, com singular franqueza, o zooarqueólogo Darcy F. Morey.

Assim só nos resta especular, como fez o escritor britânico Rudyard Kipling em 1912, numa teoria exposta em Just So Stories: "Então a Mulher apanhou um osso de carneiro assado, atirou-o ao Cão Selvagem e disse ‘Criatura Selvagem da Floresta, toma isto e prova’. Cão Selvagem roeu o osso, mais delicioso do que tudo o que ele já comera, e disse ‘Ó minha Inimiga e Mulher de meu Inimigo, dá-me outro. E a Mulher disse ‘Criatura Selvagem da Floresta, ajuda meu Homem a caçar de dia e guarda esta caverna à noite, que te darei quantos ossos assados precisares’".

Esse cenário – à exceção do cão falante, é claro – teria acontecido há cerca de 14 mil anos, ou muito antes ainda se aceitarmos que os cães já existiam bem antes que seus ossos pudessem ser vestígios para os arqueólogos. Seja qual for o caso, uma coisa está clara: o cão não é apenas nosso proverbial melhor amigo no mundo animal, mas também o mais antigo. Eles evoluíram dos lobos há muito tempo e encontraram um lar ao lado dos humanos antes de a história registrar o fato. E nunca mais se foram.

Leia a reportagem completa nas páginas da revista National Geographic. (ed. jan 2002)

Você sabia?

Os cachorros guardam nossas casas, pastoreiam nossos rebanhos, caçam raposas, nos divertem e adoram, mas estes não são todos. A imensa maioria perambula pelas ruas e as alamedas dos fundos das vilas e cidades mundo afora, fuçando o lixo dos humanos exatamente como faziam milhares de anos atrás. De acordo com o livro de Raymond e Lorna Coppinger, Dogs, eles são talvez 400 milhões de melhores amigos do homem no mundo, mas ainda assim Coppinger estima que apenas um quarto destes são nossos companheiros e podem ter um canto perto da lareira ou do sofá de nossas casas.

— Jeanne E. Peters