Noções Básicas
Miniatura, Modelo ou Maquete? Com relação aos efeitos especiais, muitas vezes vemos e ouvimos as palavras "modelo", "miniatura" e "maquete" como sendo a mesma coisa. Mas será a mesma coisa? Ou existe diferença entre elas? Na minha opinião, existe sim, uma pequena diferença entre elas. Um modelo é uma réplica de algum cenário ou veículo, e que precisa apenas parecer no seu visual a um objeto que se queira representar. Ele não precisa fazer tudo o que o objeto faz na verdade. Assim, um modelo de avião não precisa voar de verdade, precisa, apenas, parecer com o visual de um avião. Ou seja, ao olhar o modelo, você dirá: "Puxa, é um avião!". Mesmo estando o modelo de avião aterrisado, você dirá que é um avião pois ele se parece e te faz lembrar que é um avião. Pode ser que ele até seja feito de madeira e plástico, mas o visual dele te lembrará um avião e você acreditará que é um avião! Os modelos podem ser em tamanho natural, em tamanho ampliado ou em tamanho reduzido. Os modelos em tamanho reduzido são menores que o objeto que se quer representar. Portanto, eles são miniaturas. Assim, lembre-se da regra: "Toda miniatura é um modelo, mas nem todo modelo é uma miniatura". Opa! Deixa ver se entendi! Um modelo de avião 10 vezes menor que um avião de verdade, ele é um modelo em tamanho reduzido, ou seja, é uma miniatura. Agora, um modelo de avião em tamanho natural ou ainda em tamanho ampliado não é miniatura, é apenas um modelo! Na figura abaixo, a esquerda, você vê exemplo de modelo de uma nave do filme Jornada nas Estrelas em tamanho natural. A direita você uma nave semelhante só que em miniatura.
Como exemplo, no filme Independence Day, para a cena em que a nave aparece perto dos atores na Área 51, foi construído um modelo em escala 1:1 com 18 metros de envergadura. E maquete? Maquete é uma miniatura que foi criada não para ser igual a um objeto de verdade. A maquete foi criada apenas para visualizar um objeto que será construído. Assim, quando um arquiteto vai planejar o visual de um prédio, muitas vezes ele cria uma miniatura para que outras pessoas vejam como vai ficar o prédio. Quando ele está construindo a maquete, ele não está preocupado em representar todos os detalhes que teria um prédio de verdade. Pois não é interesse que seja uma cópia exata do prédio. É interesse apenas a forma e as cores, para que se possa verificar como será quando pronto. Assim, ele pode colocar carros em miniatura perto do prédio, e você verá que são carros de brinquedo, eles não te iludirão. Você verá o asfalto em miniatura por perto e verá que é preto. Mas não chegará a te enganar visualmente a ponto de não distinguir se é ou não asfalto de verdade. Abaixo você vê uma foto de uma maquete da nave Naboo do filme Guerra nas Estrelas - A Ameaça Fantasma. Apesar da nave ser muito bem feita, ela não te engana a ponto de você pensar que é de verdade. Na verdade ela até parece de brinquedo, não é? Veja também um personagem desenhado em papel e posicionado perto da nave. Ele foi colocado ali para se comparar o tamanho de uma pessoa com o da nave. Tudo foi feito com o objetivo de visualização de como será a nave e de como pessoas e objetos ficarão perto dela.
Porque e quando usar modelos e miniaturas Você já pensou qual seria o preço que ficaria para se afundar um navio de verdade em um filme? Ou já pensou como seria possível uma nave alienígena destruir a Casa Branca? Ou ainda, como seria perigoso explodir um caminhão-tanque em uma ponte? Com certeza, essas cenas são muito mais fáceis de serem conseguidas se forem usadas miniaturas. As miniaturas são usadas principalmente para:
Escala A escala é um conceito muito importante quando se vai construir um modelo ou miniatura. Ela define a relação do tamanho do modelo ou miniatura, com o objeto que se quer representar. As escalas podem ser natural, de ampliação e de redução. Um modelo construído na escala natural significa que ele foi construído do mesmo tamanho que o objeto de verdade. E a escala natural é representada assim: escala 1:1 (lê-se: 1 para 1). Se um modelo é construído 10 vezes maior que o objeto de verdade (escala de ampliação), será representado assim: escala 10:1 (lê-se: escala 10 para 1). Agora se um modelo é construído 10 vezes menor que o objeto de verdade (escala de redução), fala-se que que é uma miniatura em escala 1:10 (lê-se: um para 10). Mas qual a importância prática da escala? A escala é importante para se ter idéia do tamanho que será o modelo, e principalmente, da miniatura. Por exemplo: suponha que um diretor de um filme quer filmar uma cena de explosão de um prédio de 20 metros de altura. E ele optou por usar uma miniatura de prédio que será explodida. Que tamanho de miniatura, ou seja, que escala o diretor deverá usar para construir a miniatura? Quando se vai escolher a escala de uma miniatura, é importantíssimo escolher o tamanho certo para que o resultado seja bastante realista, a ponto da platéia não ter a capacidade de diferenciar se a cena foi feita com um prédio de verdade ou com uma miniatura. Será que se o diretor usar uma miniatura de prédio de 20 cm dará certo? Será que o fogo, a fumaça e os destroços da explosão do prédio parecerão reais quando forem filmados? Para responder estas perguntas é preciso ter algumas informações. Normalmente, miniaturas em que aparecem fogo, água e fumaça não ficam muito realistas se forem construídas mais que 4 vezes menores que o objeto de verdade. Ou seja, uma miniatura com fogo, água ou fumaça feita 10 vezes menor (escala 1:10) será menos realista do que se a miniatura for feita 4 vezes menor (escala 1:4). Isto ocorre porque o fogo terá tamanho de chamas e de fumaça desproporcional em relação à miniatura. Além disso, o movimento das chamas e da fumaça será também desproporcional e dará um efeito "esquisito" e inevitavelmente falso! O mesmo ocorre com a água. Um navio em escala 1:3 (3 vezes menor) num mar parecerá menos falso do que um em escala 1:10 (10 vezes menor). A forma das ondas e o movimento da água parecerão mais reais com a miniatura em escala 1:3. É por isso que os artistas de efeitos especiais quando vão filmar cenas em que aparecem juntos miniatura, fogo, fumaça e água, preferem usar escala 1:4, ou seja, miniaturas 4 vezes menores. É claro que não existe uma regra ou lei, mas os melhores resultados são obtidos quando usada esta escala. Quando as miniaturas representam objetos do dia-a-dia, como carros, trens e casas, sem necessariamente aparecer fogo, água ou fumaça, os artistas dos efeitos especiais usam muito escalas de 1:8 a 1:4, ou seja, miniaturas de 8 a 4 vezes menores. Da mesma forma, isto não é uma regra, é apenas um resultado de experiências bem sucedidas, ou seja, tentando, errando, acertando e aprendendo. Mas vale lembrar que é importante ter bom senso. Na estória do filme Independence Day, algumas naves alienígenas deveriam ter 24 Km de comprimento. Ora, então o que seria certo? Construir miniaturas 4 vezes menores, ou seja, com 6 Km??? Não... isto seria absurdo! Ao invés, os técnicos usaram uma escala de 1:6000, ou seja, as miniaturas seriam 6000 vezes menores, tendo então 4 metros de comprimento. Com 4 metros de comprimento, elas seriam razoavelmente grandes para parecerem na lente da câmera (o que é bom) e ao mesmo tempo, teriam um tamanho que permite controla-las e movimenta-las. Então, vale também o bom senso. Mas, afinal de contas, o que determinará então o tamanho (ou seja a escala) de uma miniatura? A escala dependerá :
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Tudo isto tem que ser levado em conta quando uma miniatura for construída para efeitos especiais em filmes.
Projeto Mas antes de construir uma miniatura, é importante planejar a construção. É preciso fazer uma planta de construção ou blueprint. A palavra blueprint vem da língua inglesa e significa "impressão azul" e diz respeito aqueles projetos de engenharia feitos em papéis enormes e impressos com tinta de mimeógrafo azul. É claro que desde a melhoria das máquinas de xerox e da evolução de desenhos em computadores e de impressoras de grande porte (Plotters), os blueprints ficaram menos comuns hoje em dia. A planta de construção ou blueprint é um desenho esquemático que mostra o maior número de detalhes possíveis e importantes para se construir uma miniatura. Nesta planta de construção, geralmente são colocados desenhos que mostram a miniatura por cima, de lado, de frente, de trás ou conforme a dificuldade de construção, duas ou mais vistas podem ser colocadas. Além disso, uma vista em perspectiva (de ângulo) costuma também ser representada. Para você melhor ser informado sobre Projeto, Plantas de Construção ou Blueprint visite a secção Desenho Técnico da MSFX.
Tipos de Miniatura
Basicamente, em termos de efeitos especiais do cinema, encontramos 2 tipos de miniaturas:
Um Pouco de História As Miniaturas têm sido usadas no cinema desde que o mágico e diretor francês de cinema George Meliés fez em 1902 o filme Uma Viagem à Lua. Miniaturas precárias foram usadas para criar eventos históricos como em The Battle of Manilla Bay feito pela Vitagraph na virada do século. Naquela época os efeitos eram feitos com recursos inesperados como o charuto do produtor para simular fumaça de explosões, batedor de ovos para gerar ondas num oceano em miniatura, explosões de montinhos de pólvora acionadas por cigarros presos em varetas, etc. Na década de 20, o também mágico e diretor alemão, Fritz Lang, elevou o status das miniaturas através do seu filme Metrópolis. Este filme demorou quase 2 anos para ser terminado. Dizem que exigiu quase 1 Km e meio de estradas em miniatura, consumindo quase metade do orçamento do filme (2 milhões de dólares), algo assombroso para a época. No filme de 1929, A Mulher Na Lua, os artistas de efeitos especiais usaram miniaturas para as cenas com o foguete. Para criar a ilusão da nave orbitando ao redor da Lua, eles usaram uma miniatura de Lua feita de papel machê. Esta miniatura foi colocada girando em um eixo e perto da lente da câmera. Na aventura de George Pal de 1950, Destino À Lua, foi usada uma miniatura de 1,20 metros para as cenas distância do foguete. Para as cenas em que o foguete deveria parecer perto dos atores foi construída apenas uma secção da cauda do foguete em tamanho natural (escala 1:1). Nos anos 40 numa famosa série chamada Homem-Radar da Lua eram usados efeitos de miniaturas com pirotécnica. A série elevou os efeitos em miniatura ao ponto de que tudo era possível. Uma das miniaturas mais famosas de todos os tempos foi a nave Enterprise. A nave original foi concebida pelo criador de Jornada nas Estrelas, Gene Rodenberry, e pela equipe de efeitos supervisionada por Howard A. Anderson Jr. Matt Jefreys projetou a Enterprise e num trabalho conjunto com Richard (Dick) Datin e levou cerca de 3 meses para desenvolver os materiais e construir a Enterprise. Dick Datin construiu a miniatura em madeira para que Gene Rodemberry o aprovasse e após tê-lo visto ele fez algumas modificações. Depois disto foi construido o modelo ampliado que tinha cerca de 4 vezes (cerca de 3,5 metros) o tamanho do pequeno.
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