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## A maioria destes filmes foi lançada em vídeo, tempos atrás, pela Globo Vídeo, que segundo informou, não relançou mais estas fitas ##

 

Nasce a Vera Cruz

wpe27.jpg (9599 bytes)A criação da Vera Cruz foi a principal tentativa de implantar uma indústria cinematográfica brasileira. Francisco Matarazzo Sobrinho e Franco Zampari, grandes industriais de São Paulo, já estavam bastante envolvidos com a cultura e arte da cidade. Tinham acabado de criar outras instituições culturais, como o Museu de Arte Moderna, o Teatro Brasileiro de Comédia e depois fundaram a Cia.  Cinematográfica  Vera Cruz em 4 de Novembro de 1949.  Nos vinte primeiros anos do cinema falado, a produção paulista foi quase inexistente, enquanto que a carioca se consolidou e prosperou. Eram as famosas chanchadas da Atlântida. Precárias comédias carnavalescas estreladas por artistas como Oscarito, Grande Otelo,  Zezé Macedo  e recheadas com sucessos musicais do momento. Eram sucesso garantido de público. Baseando-se nisso, Zampari resolve criar um companhia para produzir filmes de qualidade como os de Hollywood. "Como é que aqueles filmes horríveis, malfeitos e vulgares, podiam ter tanto sucesso? Se esses filmes do Rio, tão ruins, tem tanto sucesso só porque são nacionais, imagine se fossem bons...", pensou ele. A Vera Cruz era uma empresa mais moderna e ambiciosa. Dispunha do apoio da burguesia de São Paulo, a metrópole econômica do País. O surgimento da Vera Cruz reflete aspectos da história cultural do Brasil: a influência italiana, o papel de São Paulo na modernização da cultura, o surgimento e as dificuldades das indústrias culturais no país e as origens da produção audiovisual brasileira.

* Em destaque o Logo da Cia.Vera Cruz/Acervo MIS-SP

 

Modelo Hollywood

De fato, o modelo da Vera Cruz era Hollywood, mas a mão de obra qualificada foi importada da Europa: o fotógrafo era britânico, o editor austríaco e o engenheiro de som dinamarquês. Pessoas de mais de vinte e cinco nacionalidades trabalharam na Vera Cruz, mas os italianos eram mais numerosos. A Cia. foi construída em São Bernardo do Campo e  ocupava 100 mil metros quadrados. Os equipamentos para os estúdios eram todos importados. O sistema de som tinha 8 toneladas de aparelhos e  veio de Nova Iorque. Na época, era a maior carga área  enviada da América do Norte para a América do Sul. As câmeras, apesar de segunda mão,  eram as mais modernas do mundo e estavam em ótimo estado. Enquanto chegava os equipamentos, eram montadas as salas de cortes, a carpintaria, o almoxarifado o restaurante, as casas e os apartamentos dos artistas.

Um grande nome da Cia. será Alberto Cavalcanti, o brasileiro que começou na França, na chamada avant-garde, colaborou em produções dos estúdios franceses de Joinville, estimulou e inspirou a renovação do documentário britânico.   Cavalcanti estava em São PauloImagem2.jpg (12059 bytes) para um série de conferências e  foi convidado pelo próprio Zampari, que o achava  o homem ideal para dirigir a Vera Cruz. Cavalcanti gostou da idéia, assinou contrato e teve carta branca para fazer tudo o que quisesse como diretor-geral da Cia. Fechou contratos com Universal e Columbia Pictures para a distribuição mundial dos filmes que iria fazer. Ele achava que seria impossível, somente o mercado interno, cobrir os custos das produções que estavam sendo planejadas. Porém com sua personalidade exigente e intrigante, Cavalcanti produz dois filmes, briga com os donos da companhia e pede demissão. Pode-se dizer que a saída de Cavalcanti em 1951, é a primeira de uma série de crises que acompanhará e levará a Vera Cruz a falir.

* Em destaque Vista aérea dos Estúdios da Vera Cruz /Acervo MIS-SP

 

Primeiras Produções

O lançamento das duas primeiras produções da Vera Cruz, Caiçara, em 1950 e Terra Sempre Terra, em 1951, vão causar grande impacto junto ao público e à crítica. Todos perceberam o salto técnico que o cinema brasileiro tinha adquirido. Assistia-se pela primeira vez um filme nacional com ótima qualidade técnica. Mesmo assim, muitos críticos denunciam a falta de um estilo, típico de uma produção industrial e um desvinculamento total com a realidade brasileira. Em 1952 a Vera Cruz lança no mercado cinco filmes: "Tico-Tico no Fubá", com enorme sucesso e  uma bilheteria compensadora. Duas produções baratas com o caipira Mazaroppi, "Sai da Frente" e "Nadando em Dinheiro" que também deram grandes lucros e outros dois filmes, "Apassionata" e "Veneno", dramalhões influenciados pelas radionovelas e por filmes mexicanos, italianos e argentinos que chegavam em nosso mercado.

Sucesso

Em 1953 o objetivo de se produzir e lançar seis filmes em um ano é atingido: "Uma Pulga na Balança", "A família Lero-Lero", "Esquina da Ilusão", "Luz Apagada" e mais duas super produções de enorme sucesso nas bilheterias nacionais e internacionais: "Sinhá Moça" e "O Cangaceiro". Imagem3.jpg (11110 bytes)Estes dois últimos darão a Vera Cruz  espaços nos exigentes circuitos europeus, além da primeira grande premiação internacional de nosso cinema. "O Cangaceiro" recebe prêmio de melhor filme de aventura no Fesival de Cannes. Fatura só no mercado brasileiro 1.5 milhões de dólares. Fica para a Cia, apenas 500.000 dólares deste total, pouco mais da metade do custo do filme que foi de 750.000 dólares. No exterior, o faturamento chegou às dezenas de milhões de dólares. Na década de 50, foi considerado uma das maiores bilheterias da Columbia Pictures. Porém, nenhum dólar a mais viria para a Vera Cruz, já que toda comercialização internacional pertencia à Columbia. No auge do sucesso a Vera Cruz está financeiramente quebrada. Pode-se dizer que o maior sucesso da Vera Cruz virou seu maior prejuízo.

* Em destaque o diretor da Vera Cruz, Alberto Cavalcanti (esq.) ao lado de Franco Zampari. /Acervo MIS-SP