Pós-Modernismo
 

- Guimarães Rosa -

  João Guimarães Rosa nasceu a 27 de junho de 1908, em Cordisburgo, Minas Gerais. Cursou o secundário e a faculdade de Medicina em Belo Horizonte. Formado, trabalhou em várias cidades do interior mineiro, sempre mostrando muito interesse pela natureza, pelos sertanejos e pelo estudo de línguas (chegando a estudar sozinho alemão e russo). Iniciou carreira diplomática em 1934, servindo na Alemanha durante a II Guerra Mundial e, posteriormente, na Colômbia e na França. Teve seu talento como escritor reconhecido em 1959, com a publicação de "Corpo de baile" e "Grande sertão: veredas".
  Foi eleito para a Academia Brasileira de Letras em 1963, mas adiou a posse até 1967. Morreu três dias após ser empossado, a 19 de novembro.
  Com a publicação de seu primeiro livro, "Sagarana" (1946), o autor abre uma nova perspectiva para o regionalismo. A princípio percebe-se uma revalorização da linguagem, depois, a universalização do regional.
  A transformação radical da língua, com a linguagem particular de Guimarães Rosa, não está no rebuscamento das palavras, mas sim nos neologismos (formados a partir de processos já existentes na língua portuguesa - por exemplo "humildoso", juntando o radical "humild-" com o sufixo "-oso", que significa "cheio de"), no emprego de expressões coloquiais e no uso de expressões já gastas pela comunicação cotidiana, sempre tendo como ponto de partida a fala

dos sertanejos, suas expressões e particularidades. As palavras recriadas ganham força e novos significados. A isto tudo junta-se o uso de aliterações e onomatopéias.
  Outro aspecto importante da obra de Guimarães Rosa é a manisfestação do misticismo do sertão, numa religiosidade medieval baseada apenas nos dois extremos (Deus e o diabo) e marcada pelo medo.
  O sertão ora é pequeno e particular, ora é infinito ("o sertão é o mundo" ou "o sertão é dentro da gente"), deixando de ser limitado pelo aspecto geográfico; o sertanejo deixa de ser simplesmente o homem que vive numa determinada região, passando a simbolizar o próprio ser humano com seus problemas eternos e universais.
  Pelo emprego de uma linguagem bastante original e o caráter universal que conferiu à temática regionalista, Guimarães Rosa situa-se entre os mais importantes autores brasileiros do nosso tempo.