Pré-Modernismo
 

- Graça Aranha -

"O mais forte atrai o mais fraco; o senhor arrasta o escravo; o homem, a mulher. Tudo é subordinação e governo."
("Lentz", personagem de "Canaã", defensor da superioridade germânica).

  José Pereira da Graça Aranha nasceu no Maranhão, em 1868. Cursou a Faculdade de Direito de Recife na época agitada das idéias de Tobias Barreto. Formado, trabalhou como juiz de Direito no estado do Rio de Janeiro e interior do Espírito Santo, onde recolheu material para o romance "Canaã", publicado em 1902.
  Trabalhando como diplomata, percorreu vários países europeus nos primeiros vinte anos desse século, acompanhando os rumos da arte moderna. Participou da Semana de Arte Moderna fazendo o discurso inicial, no dia 13 de fevereiro de 1922. Sua passagem pela Academia Brasileira de Letras é curiosa: foi um de seus fundadores, em 1897, sem ter nenhum livro publicado; em 1924, após uma conferência sobre "O espírito moderno", desliga-se da Academia. Depois disso, não exerce mais influência sobre os modernistas. Falece a 26 de janeiro de 1931.
  Seu livro "Canaã" é um romance de tese que retrata a vida em uma colônia de imigrantes europeus no Espírito Santo. Tudo gira em torno de dois personagens, imigrantes alemães,

com visões diferentes do mundo: "Milkau" acredita na humanidade e pensa encontrar a "terra prometida"("Canaã") no Brasil; e "Lentz" que não se adapta à realidade brasileira, uma vez que acreditava na superioridade germânica e na lei do mais forte (segundo Alfredo Bosi: "É o contraste entre o racismo e o universalismo, entre a 'lei da força' e a 'lei do amor' que polariza ideologicamente, em Canaã, as atitudes do imigrante europeu diante de sua nova morada.").