Capítulo 5: Como Ouro
O Sol nasceu, cobrindo o Oceano
Pacífico com sua luz e seu calor. Em algum lugar da imensidão de águas, um
navio, pequeno se comparado com o tamanho do azul que o cercava, rumava para o
Leste, sua dianteira banhada com os raios da manhã.
Como ela fazia toda manhã, Rei abriu os olhos assim que o primeiro raio
de luz tocou seu rosto. Ela estava estranhamente esgotada, mas, ainda assim,
forçou seus olhos a se abrirem. Vovô iria, afinal, querer que ela varresse a
quadra do templo.
Um teto estranhamente familiar, mas, ainda assim, não aquele com que se
acostumara preencheu sua visão. Rei notou dois problemas imediatos. Primeiro,
ela estava de barriga para cima. Ela nunca acordou de barriga para cima em toda
sua vida. Segundo, o teto não era o aquele do seu quarto.
Instintos fizeram-na se levantar rapidamente, e a coberta que até pouco
estava sobre ela caiu, revelando outro problema imediato.
Ela estava nua.
Hino Rei não costumava dormir nua.
Ela olhou para sua esquerda. Deitado ali estava um rapaz, mais ou menos da
mesma idade que ela. Ele tinha cabelos curtos, lisos e negros, e também não
parecia estar vestindo coisa alguma.
Estranhamente calma, Rei olhou pela janela ao lado de sua cama. E viu o
oceano.
Então, ela se lembrou. Ao menos, se lembrou de tudo até começar a comer
no refeitório do navio. Ela olhou para Chris, e, depois disso, um grande branco
preenchia sua memória.
- Chris? - ela chamou suavemente, não conseguindo ficar irritada com ele.
Os olhos dele se abriram, azuis e sonolentos, e o Kishi de Saturno fixou-
os no rosto de Rei. Eles se arregalaram, e ele tentou se afastar dela:
- Chega, Rei! Eu preciso descansar! PRECISO!!!
Rei piscou:
- Do que você está falando?
Chris também piscou:
- Você está falando? - ele pareceu extremamente aliviado, e abraçou-a.
- Graças a Deus!
- Nani? - Rei perguntou, ainda confusa.
- Você não lembra de nada? - Chris perguntou, se afastando um pouco da
Senshi para que pudesse ver os olhos dela.
- Eu estava almoçando tranquilamente até olhar para você. - Rei falou.
- E, de repente, eu acordo aqui. Isso deve ser não me lembrar de nada, correto?
Chris fez que sim, sentando na cama:
- Un.
- Então, o que eu fiz de tão estranho?
- Bom, você me Reconheceu.
Rei piscou:
- É claro. Você é Chris Stover, não é?
- Não NESSE sentido. - o Kishi retrucou. - Você me selecionou como
seu... errr... par ideal é o termo mais adequado.
- Eu acho que é melhor eu falar com Ami sobre isso... - Rei suspirou, se
levantando.
****
- EU O QUÊ?! - Rei gritou, olhando
para Ami, que estava sentada numa cadeira, na enfermaria.
A Senshi de Mercúrio mexeu os ombros, e repetiu:
- O seu organismo modificou a si mesmo para que você só se sentisse
atraída fisicamente por Chris. Nenhum outro homem ou mulher além dele.
Rei virou, lentamente, para olhar na direção do Kishi em questão. Chris
recuou dois passos, e riu, um pouco assustado.
- Por quê? - Rei perguntou, respirando fundo para acalmar-se.
- Por que você Reconheceu Chris? Não tenho certeza, já que...
- Não. Por que isso aconteceu comigo? - ela parou por um momento, e
franziu a testa, preocupada. - Vai acontecer com todos os selenitas?
Ami balançou sua cabeça:
- Iie. Isso é parte da sua herança kalyriana.
Rei ficou em silêncio, olhando para Ami, sua boca aberta, completamente
surpresa. Ela balançou sua cabeça algumas vezes, depois olhou de novo para
Ami, e perguntou, sua voz baixa e um pouco assustada:
- Eu sou uma kalyriana?
- Hai. - Ami falou.
- Meu PAI é um kalyriano? Meu avô?
- Não exatamente. - Ami falou. - Sua mãe era uma kalyriana. - ela parou
por um momento.
- Minha... mãe? - Rei perguntou, começando a achar a situação surreal
demais. - Mas... ela morreu quando eu...
- Iie. - Ami interrompeu. - Ela e seu pai se separaram. Ela ficou com seu
irmão, e seu pai, com você.
Novamente, surpresa tomou conta de Rei. Ela piscou, e falou, lentamente:
- Ir...irmão?
- Seu irmão mais velho. - Ami confirmou.
- Qual era o nome dele? - Rei perguntou, mas, antes que Ami pudesse pensar
em responder, ela fez outra pergunta. - Como ele e minha mãe morreram?
- Sua mãe morreu num acidente de carro... - Ami respondeu. - Seu
irmão... - ela olhou para Chris, desesperada. A Senshi de Mercúrio não sabia
se devia revelar tudo.
Chris suspirou, e falou:
- Seu irmão está vivo.
- Vivo... - ela murmurou, com lágrimas nos seus olhos. - Como ele se
chama?
Ami e Chris trocaram olhares, e mexeram os ombros, sabendo que não
conseguiriam convencer Rei a não insistir no assunto.
- Ryu. - os dois falaram ao mesmo tempo. - Satori Ryu.
- Ryu é meu irmão...? - Rei perguntou, sentindo-se fraca. Ami e Chris
fizeram que sim. A sacerdotisa, então, fez a única coisa que podia fazer: ela
desmaiou.
****
Os olhos de Ken se abriram com o
som da porta da cela se abrindo. O cristal que servia para tal função não
fazia muito barulho ao fluir para as paredes, mas, ainda assim, era mais que o
silêncio absoluto que normalmente cobria a pequena prisão.
Mamoru parara de falar no meio da noite, e não parecia que ia recomeçar.
Ele estava pálido e magro, parecendo um esqueleto coberto com pele.
Dificilmente o príncipe que ele realmente era.
Ship, por sua vez, não falava nada. Ken suspeitava que o Kishi de
Júpiter estava entrando em depressão profunda, provavelmente uma reação
causada pelas inúmeras derrotas que eles vinham sofrendo. Ele não falava, não
abria os olhos. Apenas parecia num estado permanente de meditação.
Dois guardas entraram carregando Ryu. Não eram os mesmos que vieram
buscá-
lo. Os olhos do Kishi da Terra examinaram o seu líder, e arregalaram-se.
A camiseta de Ryu estava reduzida a trapos, com inúmeros rasgos, cada um
deles acompanhando por um corte no corpo do Dragon Kishi. Alguns deles ainda
sangravam, deixando uma pequena trilha de líquido escarlate no chão cristalino
da cela. Um dos olhos do kalyriano estava inchado, e havia uma trilha de sangue
seco descendo do canto esquerdo dos lábios dele até seu queixo. Nenhum dos
ferimentos parecia perigoso para a saúde do Kishi da Lua, mas eram, sem
dúvida, doloridos.
Sem falar uma palavra, os dois youmas acorrentaram Ryu, e saíram, parando
para olhar para o kalyriano uma vez.
- Ryu? - Ken chamou.
O líder dos Dragon Kishi não respondeu. Ken observou-o com mais
atenção, e finalmente notou que ele estava inconsciente. Provavelmente não
acordaria por muitas horas, julgando pela quantidade de ferimentos que ele
sofreu.
- Se algo vai acontecer, agora seria uma boa hora. - Ken murmurou, olhando
para o teto.
****
A música que tocava era suave, e
quase era o suficiente para fazê-lo esquecer da realidade. Não que
preocupar-se com a realidade fosse mudar muito no lugar onde ele estava, mas,
ainda assim, era bom manter algum contato com o mundo real.
Antes, ele nunca entendera porque Elementais eram o que eram. Achava que
eles apenas possuíam mais controle sobre os elementos que os outros, como um
imã mais forte que outro combatendo-se por um pedaço de ferro. Ou algo assim.
Ele nunca foi muito bom com metáforas.
Diferente do que muitos acreditariam que o lugar onde ele estava seria, a
paisagem não era ocupada por lembranças felizes ou tristes. Não existia um
vasto plano coberto por uma névoa, com várias partes dele mesmo
encontrando-se.
Não. A essência de Inazumano Shippu, o Jupiter Dragon, era um branco
enorme. A imensidão de nada se expandia para todas as direções que ele
olhasse, e não havia nada que pudesse distraí-lo.
Exceto, é claro, o centro de tudo.
Na verdade, ele não tinha certeza se era o centro, mas a idéia de
existir um centro para o lugar onde ele estava, e consequentemente um fim, era
confortante.
No centro da essência de Ship, havia uma bola feita de relâmpagos. Ou
eletricidade. Tamanho era relativo, uma vez que o corpo que Ship possuía
naquele momento era apenas uma representação que ele mesmo criara para seu
próprio conforto. Sua forma original, quando ele entrou no lugar onde estava,
era de um relâmpago. Uma parte da sua essência, ou talvez ela fôsse parte
dele.
Naquele exato momento, Shippu podia sentir todo seu poder. Ele não podia
controlá-lo, já que existia uma barreira que impedia que ele tocasse-o, algo
que ele sabia que existia apenas porque ele devia ter reencarnado como uma
pessoa comum. O bloqueio provavelmente era o que desaparecia com a
transformação.
O seu corpo físico, Ship sabia, estava preso numa parede por correntes
que ele já sabia que eram inquebráveis. Ao menos, para alguém sem poderes.
Então, ele passava todo seu tempo explorando o bloqueio. A música foi apenas
algo que ele descobriu como gerar, exatamente como ele descobriu como gerar um
corpo para si próprio.
Talvez fosse por isso que ele gostava tanto da melodia.
Os seus "olhos" continuavam procurando por alguma manifestação
da barreira invisível que se colocava entre ele e seus poderes. Suas
"mãos" apalpavam a parede, procurando, como um cego, por uma falha,
uma rachadura.
Ele estivera fazendo isso desde que acordou na cela pela primeira vez,
três dias antes. Quase quatro, na verdade. Era só uma questão de tempo, pois
nem mesmo a Rainha Serenity poderia ter criado um encantamento perfeito. Ainda
mais um encantamento que um dia deveria ser quebrado por sua filha, quando ela
ascendesse à posição de Rainha de Crystal Tokyo. Ou, ao menos, era o que
teria acontecido, caso Dark Angel não tivesse atacado.
Então, suas "mãos" sentiram algo.
Ele parou de mover-se, depois apalpou o local novamente. Definitivamente
havia algo ali. Quase como um... remendo? Não, não isso. Uma junção. Era a
ponta da barreira.
Os seus "dedos" conseguiram agarrar as pontas, e ele sabia que
teria apenas que abrí-las.
Mas algo fez que hesitasse. Ele imaginou a quantidade de poder contido ali
dentro, e perguntou-se se ele possuíra aquilo como um Dragon Kishi. Criando um
borrão naquele ponto da barreira, ele se afastou um pouco, examinando o
bloqueio com atenção, conseguindo, finalmente, imaginá-lo o suficiente para
que pudesse vê-lo.
O bloqueio não era feito apenas pelo poder do Ginzuishou. Era, em parte,
feito pela própria mente de Ship. Deixando que ele tocasse apenas quantias
seguras de poder. Nunca mais que o que ele podia segurar. O que explica, Ship
pensou, porque nossos poderes aumentam em momentos de tensão. Seus bloqueios
enfraqueciam com o nervosismo, e os instintos de sobrevivência entravam em
ação, permitindo que mais poder fosse utilizado.
Então, tomando uma decisão, ele voltou para seu corpo físico pela
primeira vez em dias.
****
Os olhos de Ship protestaram contra
a pouca luz que havia dentro da cela, tendo permanecidos fechados por tempo
demais. Seus músculos estavam dormentes, mas, felizmente, ele não precisaria
usá-los.
Ken olhou para ele por alguns instantes, depois falou, sua voz triste e
carregada:
- Mamoru está fraco demais. Ele mal pode respirar.
Ship fez que sim. O aparato fixado ao peito do príncipe estava drenando a
essência dele. Por um breve momento, o Kishi tentou imaginar como seria. Ele
estremeceu, e aboliu o pensamento de sua mente.
- E Ryu?
- Não acordou. - Ken falou. - Ele foi trazido para cá algumas horas
atrás.
O Kishi de Júpiter fez que sim:
- So ka. - ele olhou para Tuxedo Kamen por um breve momento, depois voltou
seu olhar para Ken. - Quanto tempo Mamoru tem de vida?
- Considerando a velocidade em que ele está piorando, menos que cinco
horas.
Ship fez que sim.
Na cela ao lado da deles, Kyoko começou a gritar novamente.
Aparentemente, já era o quarto dia.
Os dois ficaram em silêncio por alguns instantes, incertos do que dizer.
Ken não tinha nada para dizer, e Ship não podia revelar seus planos até Ryu
acordar e, ainda assim, só seria possível executá-los depois que Kyoko
parasse de gritar.
Então, ele respirou fundo, e olhou para o chão cristalino, pensando em
tempos mais felizes.
****
Ryu pareceu acordar subitamente,
como se ele já estivesse acordado, mas só tivesse ficado ciente disso naquele
instante. Seu corpo não respondia aos seus comandos, e ele não sentia dor
alguma. Colocando todas essas informações juntas, ele concluiu que estava
dividindo o corpo de Silver um pouco antes de prestar atenção nos seus
arredores. Ou, pelo menos, no que estava na sua frente.
Aruma.
Ele e Aruma estava se movendo lentamente, dançando com a música lenta
que os músicos estavam tocando. A kalyriana em seus braços estava descansando
a cabeça em seu ombro, e Silver estava achando estranho a proximidade. Ele
nunca tinha dançado com uma garota além de Nity-chan, e, ainda assim, a
princesa sempre era cuidadosa para deixar claro que era apenas para que ele
aprendesse.
Afinal, não seria digno do líder dos Dragon Kishi não saber dançar.
A sua espada ainda estava presa à sua cintura, Ryu notou vagamente, mas
Silver parecia não ligar. Já estava acostumado com o peso da arma, e
provavelmente estaria mais desconfortável sem ela.
A música terminou, e Silver aproveitou o tempo para procurar por Serenity
e Venus na multidão. Elas não podiam ter ido muito longe.
- Algo errado? - perguntou Aruma, notando que Silver estivera procurando
por alguém.
- Mais ou menos. - ele respondeu, mantendo sua voz baixa o suficiente para
que apenas Aruma pudesse ouví-lo. - A Princesa Serenity e Sailor Venus estão
aqui, e elas pareciam estar procurando por problemas da última vez que as vi.
Aruma fez que sim, sua boca inclinando-se levemente para baixo:
- Você está aqui para cuidar delas?
- Não, não. - Silver respondeu. Aruma pareceu aliviada. - Mas se
acontecer alguma coisa, eu tenho que ajudar.
A kalyriana fez que sim:
- Faz sentido. - ela respondeu. - Você deve sua vida à família Real da
Lua.
- Un. - ele respondeu.
Uma nova música começou a tocar, mas Aruma não parecia interessada em
dançar. Ao invés disso, ela segurou a mão de Silver, e começou a puxá-lo
para fora da multidão.
- Onde estamos indo? - ele perguntou, olhando ao redor.
- Para um lugar com mais espaço. - ela sorriu.
Silver apenas mexeu os ombros, deixando-se guiar. Ryu, por outro lado,
estava prestando atenção em tudo que sua Ligação estava lhe dizendo,
tentando, principalmente, descobrir o que Venus e Serenity estavam fazendo. Não
que ele pudesse fazer algo a respeito, mas a informação podia vir a ser útil.
Talvez.
O lugar mais espaçoso de Aruma era, na realidade, um enorme lago que
ficava no outro lado da cidade. As poucas pessoas que eles encontraram na rua se
afastavam ao ver a espada de Silver, e a escuridão era confortante para os
dois. O silêncio, considerado opressivo por alguns, era como um momento de
calma no meio de uma enorme tempestade, e era bem-vindo.
Eles finalmente chegaram na beira do lago, e sentaram-se na grama,
observando a superfície calma da água, onde a Lua era refletida. Silver olhava
para a imagem do satélite, pensando em momentos do seu treinamento, lembranças
agradáveis e desagradáveis.
Ryu, por sua vez, estava se lembrando da luta que custou-lhe a vida no
Milênio de Prata. Era, por algum motivo, a memória mais vívida da sua vida
anterior, e ele poderia citar onde cada um dos seus ferimentos estava, inclusive
o golpe fatal.
- Você não me parece o tipo guerreiro. - Aruma falou de repente.
- Eu sou. - Silver respondeu, sem soar arrogante. Era um fato. - Acredite,
eu sou.
Sem falar nada, Silver se levantou, apoiou sua mão esquerda no cabo da
espada, e se curvou formalmente, sacando-a em seguida com a mão direita, e
segurando-a com ambas as mãos.
A katana de Silver refletia a luz da Lua enquanto o aprendiz de Dragon
Kishi executava um dos katas que Eclypse-sensei lhe ensinara. Os movimentos eram
deliberadamente lentos, e um praticante que os executasse com algo menor que
perfeição tornaria seus erros dolorosamente visíveis.
Ryu sentia seus pés mudando de posição, e, pouco a pouco, ele se
lembrava da sequência que Silver executava. Não era qualquer kata. Era um dos
mais tradicionais e complexos de todas as artes marciais selenitas. Eclypse lhe
ensinou aqueles movimentos assim que Silver conseguiu empunhar uma katana
corretamente. Execute-o com perfeição, Eclypse dissera, e você poderá
executar qualquer.
Aruma apenas observava, maravilhada, enquanto Silver mostrava-lhe o lado
belo da Arte.
Minutos depois, ele terminou, colocando sua espada na bainha sem hesitar,
e cumprimentando novamente.
Aruma aplaudiu, e Ryu sentiu o rosto de Silver esquentando. A reação
pareceu divertir Aruma, que começou a rir.
A indignação que dominou Silver por um breve instante foi logo
substituída pelo bom humor de Aruma, e ele também riu.
Silver se sentou ao lado da outra kalyriana, não sentindo nem um pouco do
desconforto que sentira antes. Ele fechou os olhos, e deitou-se na grama,
imaginando como seria levar uma vida simples como a dos moradores da cidade onde
ele estava.
Então, ele sentiu uma respiração quente no seu rosto, e abriu os olhos.
Olhos vinho estavam fixados nos vermelho-sangue de Silver, e Aruma sorriu
por um instante, antes de fechar seus olhos e beijá-lo suavemente nos lábios.
O aprendiz pensou em protestar, mas logo desistiu da idéia, também fechando
seus olhos e retornando o beijo.
Pouco depois, Aruma se levantou, sorrindo alegremente, pegou nas mãos
dele, puxando-o até que Silver se levantasse:
- Vamos voltar para o festival! Ainda temos muito tempo antes do fim das
danças!
Silver, se sentindo estranhamente feliz, fez que sim:
- Un.
Os dois, de mãos dadas, caminharam de volta para a cidade.
Ryu não mais observava nada pelos olhos de Silver, ocupado demais com as
lembranças que o contato com Aruma trouxe para ele. Quando ele achava que se
lembrara de tudo importante na sua vida anterior, algo acontecia para prová-lo
errado. Mentalmente suspirando, Ryu se perguntou o que lhe faltava acontecer.
****
Os olhos de Ryu se abriram com o
som da porta abrindo.
Kokyu calmamente caminhou para dentro da cela, fechando a porta atrás de
si com um simples gesto.
- Kokyu. - Ryu ouviu Ken falar.
- Ah... Vejo que todos estão acordados. - ele parou, antes de lançar um
olhar para Mamoru. - Todos em condições de acordar, ao menos.
- Ele vai morrer. - Ship falou.
- Sim, sim. - Kokyu respondeu. - Nada que eu possa fazer sobre isso.
Somente aquele que colocou o implante pode retirá-lo. Ou seja, Ultima.
Ryu ficou em silêncio, vendo que os olhos do youma estavam fixos nele.
- Traga-a aqui, então. - Ken falou. - Se ele morrer, as chances de nós
colaborarmos são menores.
A boca de Kokyu se contorceu num sorriso sarcástico:
- Infelizmente, isso não será possível. Ultima morreu, sabe?
Ken e Ship ficaram em silêncio, surpresos. Ryu franziu sua testa. Ele já
sabia disso, mas ele só ficou consciente desse conhecimento quando Kokyu
informou-o.
- O seu amigo ali - o cientista apontou para Ryu. - cuidou dela. E de
trinta e oito outros youmas, antes que eles conseguissem nocauteá-lo.
Ken e Ship olharam para Ryu, surpresos. O líder dos Dragon Kishi piscou,
surpreso. Suas memórias estavam confusas. Ele não conseguia fixar sua mente em
nada depois do seu combate com Gryt. Ele vagamente se recordava de ter
encontrado Lockheed, e ter enfrentado Stalker...
- Ultima cometeu um erro: Ela eliminou aqueles pequenos dragões que
vocês chamam de seus guardiões.
Os olhos vermelhos de Ryu se arregalaram, se recordando do corpo mole de
Lockheed nos seus braços.
- Ao que parece, os kalyrianos SÃO as máquinas de matar que as lendas
dizem. Eles só precisam dos estímulos certos. Algo que corte todas suas regras
morais e éticas. Sua piedade, seu amor. Deixe apenas raiva e ódio.
Ryu conseguia visualizar alguns momentos do combate. Youmas atacando, e
ele derrubando-os com golpes certeiros. Ossos quebrando sob seus punhos, o
impacto de seus pés na carne dos inimigos. Balançando a cabeça, ele ignorou
as imagens, e forçou um sorriso cruel no seu rosto:
- Isso é tudo? - ele perguntou.
Kokyu virou-se para ele, assim como as cabeças de Ken e Ship. Sem se
deixar incomodar, Ryu continuou:
- Está esperando que eu me arrependa? De matar INVASORES? - ele soltou
uma curta risada, e depois colou o sorriso novamente em seus lábios. -
Esqueça.
Kokyu fez que sim:
- Imaginei isso. - ele riu para si mesmo. - Em dois dias, eu vou começar
a examinar a outra loira. Venus, acho. Algo parece estar errado com ela,
entende? Ela está sempre numa espécie de transe. Como se não estivesse em seu
corpo.
Muito estranho.
Os olhos de Ship se arregalaram quase imperceptivelmente. Apenas Ken notou
a reação, mas manteve-se em silêncio. Depois que o youma saísse da cela,
eles conversariam.
O cientista caminhou até Mamoru, e tocou o implante que sugava a energia
do príncipe. Ele balançou a cabeça, como se estivesse triste:
- Apenas duas horas de vida. - ele sorriu malignamente. - Irei pedir para
que os torturadores parem com as torturas quando ele morrer. Para deixar que as
suas companheiras pensem, sabe?
Ryu encarou o youma por alguns segundos, depois riu, fechando seus olhos:
- Reze para que eu não escape, Kokyu.
Kokyu fez uma expressão quase idêntica à do Dragon Kishi:
- Eu não preciso de reza alguma para isso.
E o cientista saiu da cela, a porta fechando-se assim que ele passou.
****
Akai abriu seus olhos por um breve
momento, apenas para ver mais um pedaço de carne voar do corpo de Kyoko,
acompanhado por um grito. Os olhos da ruiva fecharam-se novamente, e, desta vez,
ela decidiu que não iria abrí-los até que os gritos parassem.
Os torturadores, porém, pareciam gostar da voz de Kyoko, e continuaram
seu trabalho. Um deles até assobiava uma música youma enquanto inseria
lâminas curvas e dentadas na carne da Kishi de Vênus.
Minako, Akai sabia, não iria abrir os olhos. O que quer que ela estivesse
fazendo, era melhor que observar Kyoko sofrer. Não que houvesse muita
esperança... A Kishi de Marte sabia assim que sua amiga morresse, uma delas
seria a próxima.
As correntes eram fortes demais para serem quebradas por pura força
física, Akai sabia. Se um dos garotos ainda não as arrebentou na outra cela e
veio salvá-las, era porque estavam além de seu poder.
O poder do Fogo estava completamente fora do alcance de Akai. Ela podia
sentí-lo, como algo que uma pessoa veria com o canto dos seus olhos, mas não
podia agarrá-lo. Era como tentar pegar a Lua.
Mais um grito de Kyoko cortou o ar. Ultimamente, a Kishi de Vênus estava
gritando menos. Akai rezava para que ela estivesse finalmente morrendo. Ninguém
merecia passar pelo que ela estava passando. Entre todos os Dragon Kishi,
Kitsune foi a que teve mais sorte. Ela não iria sofrer.
Então, ela ouviu algo. Pareciam... batidas? Enquanto Kyoko não gritasse,
ela poderia ouví-las.
Curta, longa... Estavam alternando. Algumas vezes, não. Algumas curtas
eram seguidas por curtas, enquanto algumas longas eram seguidas por longas.
Código morse.
Os olhos verdes dela se abriram, e ela olhou na direção da parede. A
cela de Ryu e os outros era adjacente àquela que ela dividia com Minako e
Kyoko. Respirando fundo, ela começou a prestar atenção nas batidas, tentando
decifrar o que eles estavam tentando dizer.
Os gritos de Kyoko interrompiam o código de tempo em tempo, mas Akai
tinha paciência. Ela esperaria por um ciclo completo, e continuaria de onde
parou. Nada no mundo importava, exceto as batidas na parede. Elas eram fracas,
mas não o suficiente para que a Kishi de Marte não conseguisse ouví-las.
Os segundos se tornaram minutos, e os minutos, uma hora. Pouco mais que
uma hora depois, ela sabia qual era a mensagem que eles queriam passar para ela.
- Minako. - ela chamou.
Minako não respondeu, imersa no seu próprio mundo. Um dos torturadores
olhou na direção de Akai por um momento, depois retornou sua atenção para
Kyoko. A ruiva xingou a si mesma por ter se esquecido dos dois. Mesmo assim, a
mensagem dizia ser urgente, então Akai insistiu, desta vez gritando:
- MINAKO!
A loira se mexeu um pouco, mas não abriu os olhos.
- MINAKO! MINAKO! - Akai estava gritando tão alto quanto podia, mas a
loira não fazia mais que se mover de tempo em tempo.
Um dos dois torturadores sorriu abertamente, e perguntou:
- Você quer ela acordada? Será um prazer.
Os olhos de Akai se arregalaram ao ver o chicote que o youma tinha em suas
mãos ser usado contra a Senshi. O couro da arma era entrelaçado com fios
metálicos, e a ponta era afiada.
Cinco cortes apareceram na camiseta de Minako, todos eles acompanhados por
finas linhas de sangue na pele da loira, antes que ela acordasse. Os olhos azuis
da Senshi se abriram, e ela soltou um grito.
O youma riu para si mesmo, e voltou-se para Kyoko. Sem olhar para Akai,
ele falou:
- De nada, ruiva.
As correntes se esticaram quando Akai tentou arrebentá-las, e atacar a
criatura, mas era inútil.
- Está tudo bem. - Minako falou, sua voz cansada. - São só alguns
arranhões.
Akai abriu a boca para contrariá-la, mas a porta da cela se abriu. Kokyu
entrou, e os dois torturadores pararam de trabalhar no corpo de Kyoko, ambos
virando-se para o cientista, e ficando em silêncio.
O youma lentamente tirou um relógio do seu bolso, abriu a tampa, e olhou
para ele. Kokyu ficou naquela posição por quase um minuto, antes de olhar para
as três garotas, e colocar um sorriso falso de simpatia:
- Sinto muito, mas Chiba Mamoru acabou de morrer.
****
- MAMORU! RESPIRE! - Ryu gritava,
seus olhos arregalados, as correntes que prendiam seus braços esticadas ao
máximo.
Ken apenas mantinha seus olhos baixos, sem falar nada. Ship continuava
batendo na parede, mandando sua mensagem para a cela das garotas.
- CHIBA, SEU MERDA! RESPIRE AGORA! RESPIRA!!!!! - Ryu estava ficando
enfurecido, seus olhos desesperados. Se Mamoru morresse, seria o fim. Crystal
Tokyo acabaria, e qualquer esperança de um final feliz iria se desfazer.
- Não adianta. - Ken murmurou.
- ADIANTA! Ele AINDA está ALI! - Ryu falou. - AINDA!
Os olhos de Ryu, Ken notou, estavam mais úmidos que o normal. A união de
Mamoru e Usagi simbolizava a esperança deles, Ken percebeu. Se aquilo acabasse,
eles teriam que continuar sem a certeza que teriam uma recompensa no fim.
Mais que isso, Ryu amava Usagi. Não do mesmo jeito que ele amava Minako,
mas Usagi tinha um lugar especial no coração do líder dos Kishi. Ela foi uma
das únicas que acreditou nele quando ele era apenas Silver, um híbrido. Ela
sempre foi a pureza que Ryu não era.
- Ryu... - ele falou, balançando a sua cabeça.
- CHIBA, SE NÃO É POR NÓS, VOLTE POR USAGI!! POR SERENITY!! - Ryu
urrou, uma nota de desespero finalmente alcançando sua voz.
E Mamoru estremeceu.
Ryu piscou, e ele relaxou um pouco.
- Que...? - perguntou Ken, também olhando para o corpo de Tuxedo Kamen.
Uma luz branca envolveu Mamoru, e as roupas rasgadas dele se desfizeram,
revelando uma armadura azul, com uma espada presa à sua cintura. A luz não
despareceu, permanecendo ao redor do príncipe como uma aura.
Os olhos de Endymion se abriram, e ele olhou diretamente para Ryu.
Os dois ficaram se encarando por alguns segundos, até Endymion respirar
fundo. A luz ao redor dele estava desaparecendo aos poucos.
- Proteja-a. - o Príncipe da Terra falou, antes da luz desaparecer
completamente.
Então, ele se tornou luz, e se desfez em milhares de partículas, todas
rumando para o céu, ignorando as barreiras que existiam entre elas e seu
objetivo.
Ryu continuou olhando para o lugar onde Mamoru estava. No chão sob as
correntes, estava o implante que matou Tuxedo Kamen.
Ken abaixou a cabeça, e fechou os olhos. Ship fez o mesmo, sem parar suas
batidas.
O líder dos Dragon Kishi continuou olhando para o local da morte de
Endymion, depois balançou sua cabeça, soltando um longo suspiro, sua mente se
voltando para aquela que sofreria mais com isso:
- Oh, Usagi...
****
Akai ficou olhando para Kokyu, sem
acreditar no que ouvira. Então, as batidas ficaram trêmulas por alguns
segundos, se estabilizando logo depois, e confirmando o que o youma disse.
- Mamoru-san... - Minako falou, balançando a sua cabeça, seus olhos
arregalados.
O cientista virou as costas e saiu, seguido pelos dois torturadores.
- Filhos da... - Kyoko começou a murmurar, mas sua própria tosse
interrompeu-a, sangue caindo no chão na frente dela.
Minako olhou para aquilo, e suspirou, seus olhos se fechando.
- NÃO! - Akai gritou.
Os olhos da Senshi se abriram, e ela encarou Akai:
- Por quê?
- Ship tem um plano.
- Meio tarde para isso, não é? - Minako perguntou amargamente.
- Ele esteve passando uma mensagem para mim. - Akai falou. - Código
morse.
- Continue. - a Senshi disse, tentando se mexer.
- Ele disse que tem razões para acreditar que você achou sua essência.
O que quer que isso seja.
Minako piscou, surpresa. Como ele descobriu isso?
- Pela sua expressão, eu diria que ele está certo. - Akai suspirou. -
Ele falou que existe um ponto fraco na barreira. Que deixaria você usar todo
seu poder.
- Um ponto... fraco? - Minako perguntou.
- Entendi. - a voz fraca de Kyoko falou. - Nós somos magnetismo, Mina-
chan. - a Dragon Kishi parou para respirar, depois continuou. - Um impulso
magnético forte o suficiente... - ela tossiu, mas continuou. - poderia destruir
todo metal nessa área. Inclusive as correntes.
Minako fez que sim, entendendo. Essa seria a parte dela. Os outros
poderiam escapar depois disso. Uma expressão determinada tomou o rosto da
loira, e uma caneta apareceu na sua mão direita:
- Moon Power, TRANSFORM!
Minako sentiu a energia correr pelo seu corpo, e os bloqueios diminuindo
um pouco. O seu uniforme de Sailor V se materializou ao seu redor, e ela sorriu
para si mesma. Seus olhos se fecharam por trás da máscara vermelha, e ela
mergulhou em si própria.
****
Minako se encontrou no meio do nada
novamente, olhando para a esfera dourada que ela sabia ser sua essência. Um
breve comando mental formou um corpo físico para sua consciência, e Minako
sorriu ao ver que ela instintivamente tinha se tornado Sailor V ali também.
Ela flutuou calmamente até a esfera dourada, e notou que havia um cordão
dourado ligando-a à fonte de poder. Ela se concentrou um pouco, e o cordão
aumentou, engrossando. O poder dentro do seu "corpo" cresceu, e ela
fez que sim para si mesma, reconhecendo os limites da sua forma atual.
A Senshi seguiu o cordão, sabendo que ele a levaria ao ponto fraco do
bloqueio. Afinal, era o único lugar por onde o poder poderia passar.
Pouco depois, ela estava apalpando o pequeno buraco que permitia o fluxo
de energia para ela. Dúvida preencheu seus pensamentos. A loira sabia o que
aconteceria quando ela desfizesse a barreira.
A imagem de um rapaz com olhos vermelhos e cabelos longos e negros
apareceu no nada, e Minako suspirou tristemente. Para ela, tudo estava chegando
a uma conclusão. Para os outros, a batalha estava apenas recomeçando.
- 'Morte é leve como uma pena, mas responsabilidade pesa como uma
montanha.' - ela citou para si mesma, acertando, pela primeira vez, um ditado.
Então, ela fechou seus olhos, e mergulhou seus indicadores no pequeno
buraco, alargando-o pouco a pouco. Logo, todos seus dedos estavam segurando o
buraco, e Minako podia sentir um fluxo de poder maior que qualquer um que ela
já sentira, até mesmo como Sailor Venus.
Os olhos dela se ergueram, olhando para a imagem de Ryu, e ela curvou a
cabeça um pouco:
- Sayonara.
E ela arrebentou a barreira.
****
Akai continuou olhando para Minako,
esperando.
Ela mandou uma mensagem pedindo que Ship parasse com as batidas meia hora
antes, e a loira já estivera em transe por uma hora antes disso. Talvez algo
tenha dado errado, pensou Akai.
- Minako? - ela tentou chamar.
Como se para responder à ruiva, os olhos de Minako se abriram, brilhando
um dourado ofuscante.
- Sugoi... - Kyoko gemeu, seus próprios olhos arregalados.
O corpo de Minako logo começou a brilhar também, como se o que quer que
tivesse tomado seus olhos tivesse se espalhado para o resto dela. Em pouco
tempo, ela era apenas energia, mesmo que mantendo a forma do seu corpo.
O rosto da Senshi encarou o teto, e ela gritou.
Um círculo de energia dourada se formou ao redor da loira, como se fosse
a demarcação de uma órbita.
Por um momento, nada aconteceu.
Então, o anel cresceu, como uma onda de choque, passando pelo corpo de
Akai, momentaneamente estonteando-a.
Os olhos verdes de Akai mantiveram-se fixos nas algemas, porém, e ela viu
o metal esfarelar, como se fosse areia.
Akai caiu no chão, sem sentir seus membros. Ela forçou sua cabeça a
virar para Kyoko, e viu que as algemas da outra loira também tinham se
desfeito.
Respirando fundo, a ruiva se levantou, e lentamente caminhou até Kyoko,
se ajoelhando ao lado dela.
As duas observaram Minako silenciosamente.
****
Ship foi o primeiro a ser
alcançado pelo poder de Minako, e caiu no chão quando as algemas se
desfizeram. Ele tinha um sorriso triste nos lábios.
Pouco depois, Ryu e Ken caíram no chão, suas algemas também desfeitas.
- O que... aconteceu? - perguntou Ryu, confuso.
- Magnetismo. - Ken respondeu, balançando sua cabeça. - Quebrou a
ligação entre as moléculas do metal das nossas algemas. - ele parou por um
momento, depois continuou, com um tom resignado. - E nos deixa atordoados por
alguns minutos.
- Mas... Como? - Ryu questionou, olhando na direção de Ship. Os olhos
vermelhos do Kishi se arregalaram. - Minako!
****
Lethe xingou a si mesma quando as
partes metálicas do seu escritório se desintegraram, e perguntou-se como ela
não previu isso.
Menos que um minuto depois, Kokyu entrou correndo, soando assustado:
- Milady! Todo o metal do castelo...
- ... se desfez. - Lethe completou. - Eu sei.
- Como...?
- Sailor Venus. - a mulher que foi Pluto rosnou. - Quem diria que ela
alcançaria tal nível de poder em menos que dois mil anos...?
****
A consciência de Minako sorriu
para si mesma, olhando ao redor de si.
A esfera dourada tinha desaparecido, e nada mais ocupava a sua essência.
Suspirando para si mesma, ela olhou para sua própria mão. Ela estava se
tornando transparente, cada vez menos sólida.
Minako mexeu os ombros:
- É a vida. - ela falou para si mesma, e sua própria voz soava etérea.
- Ou, melhor, é a morte.
Ela riu de sua própria piada, e desapareceu completamente.
Pouco depois, o vazio se quebrou.
****
- Minako? - chamou Akai.
A loira estava flutuando, completamente nua, exceto pela fita vermelha que
prendia seu cabelo. Os olhos dela se abriram, mas ela não parecia ver.
- É a vida. - ela falou, aparentemente para si mesma. - Ou, melhor, é a
morte. - e ela riu.
- MINAKO! - Akai gritou, se levantando.
Novamente, o corpo de Minako brilhou. Dessa vez, porém, a Senshi se
desfez em inúmeras partes, todas flutuando em direção ao céu, completamente
ignorando o teto que estava no caminho.
Akai parou no meio da sala, olhando para o teto.
Depois, ela caiu de joelhos e chorou.
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