Visual das Águas
Eu estava ajudando a levar alunos novos do curso de escalada para a saída
prática ao Visual das Águas - uma Pedra que fica próxima a Bragança
seguindo pela Fernão Dias, a uns 14 Km de Atibaia.
Como de costume, chamei outros ex-alunos para ir a mais essa saída. Alguns
já estariam em Atibaia desde a noite anterior, e outros se organizariam
para nos encontrar lá. Saindo do asfalto, encontramos alguns na Marina
Zé Confiança, tomando seu café da manhã.
_ Que cara é essa, Massa ? Está preocupado ?
_ Ah, só estou fazendo as contas... vinte e um, vinte e dois. Cáspita !
_ O que foi ?
_ Sabia que tem vinte e duas pessoas só do nosso grupo ? E aposto que aqueles
dois carros que estavam na estrada também vêm pra cá.
_ Tudo bem, é só distribuir as senhas para escalar... rê rê.
Chegando à Pedra, ainda encontramos seis pessoas. Outro pessoal de curso.
As vias recomendadas para alunos são três na parte inferior, e uma na
Pedra do Urubu, em cima. A grata surpresa foi encontrar mais uma via aberta
no local exposto por uma árvore, que caiu no início do ano. Um diedro
bem interessante, com saída em quinto e final em sexto. E estavam concluindo
uma variante no final, que classificaram como sete (eu não fiz essa).
No total, teríamos que distribuir as pessoas em sete vias, incluindo o teto,
que é feito em artificial.
Considerando que muitos dos ex-alunos ainda não se dispunham a guiar, nós
tivemos de conduzir várias cordadas, o que significava mais demora para
os que vinham depois. E vieram... dez pessoas de outro grupo. Parecia fila de banco.
Alternamos as vias para dar espaço a todos, o primeiro grupo foi para
outra pedra (que eu ainda não sei onde é), e conseguimos fazer com
que todos (inclusive o outro grupo) subissem. Aliás, aquela árvore onde
fazemos a ancoragem merece um monumento. Imagine as três vias terminando num
mesmo ponto, cada cordada com três pessoas. Considerando que nem todos descem
de imediato, sempre tinha uns cinco na ancoragem.
Foi um tal de "Posso descer na sua corda ?", "Cuidado com o cara que vem subindo !",
"Alguém tem água aí ?", "Deixa o cara rapelar, e depois
continua subindo.", "Opa, opa! Passa por baixo dessa corda." ... uma zona !
Felizmente São Pedro contrubuiu, e pudemos escalar até o início
da noite. Ah, eu estava estreando as sapatilhas, e descobri que os cadarços
além de ter a cor berrante de dia, ainda brilham no escuro ! Quase usei como
lanternas, que aliás estavam nas mochilas que desceram antes para os carros,
- Murphy existe ! Descemos com duas lanternas para oito pessoas. Ainda bem que era
só o início da noite.
Mais um ensinamento: Planeje suas saídas considerando o número de pessoas
que irão, além dos outros grupos que podem estar na Pedra. Se o seu
grupo já congestiona o local, considere outro point, ou divida o grupo
para locais diferentes. Todos os grupos têm o direito de escalar, deixe
espaço para eles também.
© Massa - Jan/97