José Mário Branco

José Mário Branco é um dos autores-compositores-intérpretes que, na esteira de José Afonso, renovaram a canção portuguesa nos anos 60 e 70.

Nascido no Porto em Maio de 1942, filho de professores primários, desde muito novo que José Mário Branco se ligou à música e, mais tarde, ao teatro, cinema e acção cultural. O seu itinerário artístico esteve, além disso, sempre ligado à consciência revolucionária portuguesa e aos diversos movimentos que dela foram nascendo.

Exilado em França entre 1963 e 1974, José Mário Branco funda aí a cooperativa cultural Groupe Organon. Em 1965, faz surgir o primeiro grupo de teatro amador português em França (Grupo de Teatro da Liga) e dirige, igualmente, a primeira experiência de pré-animação cultural da Ville Nouvelle de Saint-Quentin-en-Yvelines. Neste grupo ainda foi co-criador e intérprete dos espectáculos "A Comuna de Paris", "O Racismo" e "A Jovem Poesia Inglesa e Americana". Ainda no exílio, efectuou centenas de recitais em França, Inglaterra, Suiça, Bélgica, Holanda, Alemanha e Itália.

Foi também autor, compositor e intérprete da música de numerosas peças de teatro e filmes, em França e em Portugal ("Liberéz Angela Davis Tout de Suite", "Fuenteovejuna", "A Confederação", Gente do Norte, O Ladrão do Pão, "Liberdade, Liberdade", etc).

Regressado a Portugal, José Mário Branco fundou o GAC - Grupo de Acção Cultural que, entre 1974 e 1977, realizou mais de 500 espectáculos em todo o país e no estrangeiro.

Em 1977, integrou a companhia de teatro A Comuna, onde permaneceu, como músico e actor, até 1979 (co-criador de A Mãe e "Homem Morto, Homem Posto", de Bertolt Brecht). Funda em 1979 o Teatro do Mundo, onde exerce uma actividade preponderante.

Apesar do interregno na gravação de discos seus, José Mário Branco nunca se afasta demasiado da canção: em 1980, recebe o prémio da crítica para a melhor orquestração do Festival RTP da Canção ("Página em Branco"), e em 1981 obtém o mesmo galardão com "Tanto e Tão Pouco".

Em 1983, fundou, conjuntamente com outros artistas, a UPAV (União Portuguesa de Artistas e Variedades), da qual se afastou em 1993.

Em 1994, com Amélia Muge e João Afonso, realiza um espectáculo de canções de José Afonso - Maio Maduro Maio - que desde então tem tido grande êxito de público, em Portugal e no estrangeiro, e que deu origem a um duplo CD ao vivo.

No ano de 1996 foi finalmente editada em CD toda a sua obra até àquele momento, incluindo gravações que há muito andavam dispersas ou fora do mercado.

No ano de 1997, José Mário Branco estreou no Centro Cultural de Belém um novo espectáculo que contou com a participação de músicos como José Peixoto, Carlos Bica, Rui Júnior e João Pires, e ainda do grupo Tetvocal. Na sequência das apresentações realizadas no Coliseu do Porto, Teatro da Trindade e Teatro Gil Vicente foi editado o duplo CD José Mário Branco – Ao Vivo em 1997.

Em 1998, a par de apresentações ao vivo em Portugal, José Mário Branco produziu os trabalhos discográficos de Camané "Na Linha da Vida" e de Amélia Muge "Taco a Taco". Recebeu o Prémio de Carreira Blitz.

No final do ano, participou no Festival de Outono (Teatro Camões) e realizou a convite do Teatro Rivoli do Porto um espectáculo de parceria com Jean Sommer, companheiro de José Mário Branco nos tempos de exílio e autor da música do tema Mudam-se os Tempos, Mudam-se as Vontades.

Em 1999, José Mário Branco preparou para as "Comemorações do 25º Aniversário do 25 de Abril" um espectáculo de título "As Margens da Alegria" que contou com a participação de Amélia Muge, Gaiteiros de Lisboa, Canto Nono, O Ó Que Som Tem e a Orquestra Tocá Rufar. Ainda em 1999 produziu o novo trabalho de Camané - "Esta Coisa da Alma".

Em 2000, compôs a banda sonora do filme "A Raiz do Coração" de Paulo Rocha. No final do ano foi lançada no mercado a biografia – "O Canto da Inquietação", da autoria de Octávio Fonseca Silva e edição do Mundo da Canção, uma justa homenagem que reúne informação acerca da vida e obra do artista.

Em 2001, para além de algumas apresentações pelo país, produziu e compôs alguns originais para o CD "Pelo Dia Dentro" de Camané e dirigiu o espectáculo "Sons do Porto - 2001 FM Stereo" do grupo Canto Nono integrado na programação oficial da "Porto 2001". O ano foi encerrado com um concerto no Teatro Rosalia de Castro na Corunha.

No ano de 2002, a par de algumas apresentações a solo, das quais se destacam as realizadas em Faro, Évora, Guarda e Almada, produziu o trabalho discográfico do grupo Canto Nono "O Porto a Oito Vozes" editado em 2003.

O final de 2003 e o início de 2004 foram marcados pelas gravações de um novo trabalho de originais passados que estavam 14 anos sobre a edição de Correspondências. Resistir É Vencer foi o título escolhido para este novo projecto que como vem sendo hábito nos revela um compositor ímpar no panorama da música portuguesa.




Principais Orquestrações e/ou Direcções Musicais de obras de outros artistas:

"Cantigas de Maio", José Afonso
"Venham Mais Cinco", José Afonso
"Até ao Pescoço", José Jorge Letria
"Como Se Fora Seu Filho", José Afonso (parcial)
"Galinhas do Mato", José Afonso (em colaboração com Júlio Pereira)
"Um Homem do País", Carlos do Carmo
"Olho de Fogo", Janita Salomé
"Que Se Fez Homem de Cantar", Carlos do Carmo (parcial)
"Todos os Dias", Amélia Muge
"Uma Noite de Fados", Camané
"Invasões Bárbaras", Gaiteiros de Lisboa
"Bom dia, Benjamim", canções de diversos por Maria João
"Na Linha da Vida", Camané
"Taco a Taco", Amélia Muge (em colaboração com António José Martins)
"Esta Coisa da Alma", Camané
"Pelo Dia Dentro", Camané
"O Porto a Oito Vozes", Canto Nono

Principais Músicas de Filmes:

"Agosto", Jorge Silva Melo
"Três menos Eu", João Canijo
"Coitado do Jorge", Jorge Silva Melo
"Até Amanhã Mário", Solveig Nordlund
"O Rio do Ouro", Paulo Rocha
"A Raiz do Coração", Paulo Rocha

Principais Músicas de Teatro:

"A Mãe", Bertolt Brecht, Comuna
"Homem Morto, Homem Posto", Bertolt Brecht, Comuna
"O Guardião do Rio", Teatro do Mundo
"Galileu Galilei", Bertolt Brecht, Teatro Experimental de Cascais
"A Mulher do Campo", Ben Johnson, Teatro da Cornucópia
"A Pécora", Natália Correia, Comuna
"Sonho de Uma Noite de Verão", Shakespeare, Teatro de Malaposta
"Um Estrangeiro em Casa", Richard Demarcy, A Comuna
"A Morte do Palhaço", Raúl Brandão, O Bando
"Gulliver", Hélder Costa/Swift, A Barraca


Discografia
  • "Seis cantigas de Amigo" - EP, 1967
  • Ronda do Soldadinho - Single, 1969
  • Mudam-se Os Tempos, Mudam-se as Vontades - LP/Cd,1971
  • Margem de certa Maneira - LP/Cd, 1973
  • A cantiga é uma Arma - LP, 1976 (G.A.C)
  • Pois canté! - LP, 1977 (G.A.C.)
  • A Mãe - LP, 1978
  • Marchas Populares, EP, 1978
  • Gente do Norte - EP, 1978
  • O Ladrão do Pão - EP, 1978
  • Ser Solidário - 2 LP 1982
  • FMI - 12", 1982
  • S. João do Porto - Single,1982
  • A Noite - LP,1985
  • Correspondências - LP/Cd, 1990
  • José Mário Branco Ao Vivo em 1997 – Cd, 1997
  • Canções Escolhidas 71 / 97 - Cd, 1999
  • Resistir é vencer - Cd, 2004

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