ORGANIZAÇÕES VIRTUAIS DA INFORMAÇÃO 1

Ursula Blattmann * e Maria Bernardete Martins Alves **

Resumo

Aborda aspectos sobre a importância das organizações virtuais da informação como elo de integração entre bibliotecas e seus usuários através dos recursos da telemática. Levanta quest&ot ilde;es sobre a recuperação, acesso e disponibilização da informação nas organizações virtuais da informação. Exemplifica o planejamento do trabalho virtual e apresenta algumas caracter ísticas do profissional das organizações da informação.
Palavras-chave
Bibliotecas digitais, Bibliotecas eletrônicas, Bibliotecas virtuais, Ensino à distância, Informação digital, Internet, Organizações virtuais, Trabalho Virtual.

* Doutoranda do Programa de Pós-graduaçao em Engenharia de Produção de Sistemas (EPS-UFSC). Professora Assistente no Departamento de Biblioteconomia e Documentação da Universidade Federal de Santa Catarina (BDC- UFS C) E-mail: ursula@ced.ufsc.br

** Mestranda do Programa de Pós-graduaçao em Engenharia de Produção de Sistemas (EPS-UFSC). Bibliotecária de Referência da Biblioteca Central da Universidade Federal de Santa Catarina (BU- UFSC) E-mail: berna@bu.ufsc.br

Introdução

As organizações do período pós-modernidade dependem essencialmente da virtualização, ou seja, das alterações que ela traz nas concepções de espaço (desterritorializaç&a tilde;o) e de tempo (despreendimento do aqui e agora). Em um primeiro momento questiona-se como as instituições virtuais interagem no contexto organizacional e, em seguida quais técnicas e tecnologias estão proporcionando supor te as atividades tradicionais da organização do conhecimento e finalizando qual o perfil do profissional que atua nestas organizações.

Cada vez mais as pessoas utilizam alguma categoria dos serviços proporcionados pelas organizações virtuais (ou parte de seus serviços) no atendimento às necessidades informacionais de seus usuários. Este fato f az com que elas conscientizem-se da existência e do processo da virtualização nos seus diversos aspectos.

Entre os autores que esclarecem a teoria da virtualização, Levy (1996) salienta que o uso da virtualização, cada vez mais presente no nosso cotidiano, amplia as potencialidades humanas, criando inclusive, um novo modo de ap render e de pensar.

Como aprender e pensar em equipe, ao realizar o trabalho da informação virtual nestas organizações em constante mutação? Nas operações virtuais descritas por Grenier e Metes (1995) a cultura de eq uipes nas organizações virtuais traz à tona uma questão fundamental sobre a importância do papel da comunicação eletrônica que passa a ser integralmente adicionada aos processos de trabalho. Assim as c ompetências virtuais no sentido pessoal misturam-se às coletivas, proporcionando a responsabilidade coletiva na estrutura organizacional.

Levy (1996) trata da informação e do conhecimento como elementos propulsores da evolução humana, promovendo o ato da criação e da invenção, enquanto Grenier e Metes (1995, p.88) enfocam que a resp onsabilidade principal do trabalhador do conhecimento virtual, está em colocar seu conhecimento, habilidades, experiências e energias para criar valor organizacional. No ambiente virtual isto significa usar a infra-estrutura informacional par a dar suporte ao desenvolvimento do conhecimento como valor.

Aprofundar as questões sobre as organizações virtuais da informação, suas características e as condições das bibliotecas na sociedade pós-moderna, a virtualização dos acervos e a relação das pessoas com as tecnologias da telemática são pontos pertinentes ao novo paradigma.

Organização virtual da informação: condições ambientais e tecnológicas

A migração de tecnologias, devido a sua evolução constante, traz novas expectativas referentes ao uso e treinamento para satisfazer as necessidades dos usuários destas tecnologias.

A cada dia novos programas aplicativos (softwares) são desenvolvidos e, também, novas versões são disponibilizadas.

Para conseguir utilizar tais tecnologias no ambiente organizacional, além das condições técnicas: fiação elétrica, sistema de telecomunicação, equipamentos de hardware: microcomputadores co m muito espaço no disco rígido e de memória, velocidade de processamento, e, periféricos scanner, leitora de CD-ROM, vídeo de excelente resolução, MODEM, etc., é de fundamental importância as c ondições de capacitação profissional, ou seja do treinamento do usuário destas tecnologias (Palmer, 1996).

Em relação aos custos no uso de computadores e o quanto se perde anualmente a firma de consultoria Gartner Group, que assessora empresas de tecnologia de informação, fez um levantamento nos EUA onde observou-se que estas emp resas gastam mais de US$ 40 mil por computador em cinco anos entre equipamento, programas, uso, manutenção e treinamento. (Kirwin, 1997)

Segundo Kirwin (1997, p.100) os preços de venda tanto de hardware quanto de software caíram durante a última década, sendo que os custos dos usuários dobraram, e administrativos, quadruplicaram. Sugere que, com bom ge renciamento se poderia economizar 45%, seguindo alguns passos: "criar um help desk que de fato ajude; aplicar tecnologia para auxiliar os usuários em vez de forçar os help desk a fazer tudo; reduzir complicações utilizando apli cativos e computadores pessoais padronizados sempre que possível; implementar um treinamento just-in-time para usuários; atualizar o computador com sistemas operacionais de última geração".

Tendo a tecnologia da informação como pano de fundo, os acervos de bibliotecas evoluiram no que se refere aos suportes da informação do papel passando pelas as Bases de dados ( CD-ROM, acesso a rede de computadores para dado s compartilhados, acesso via rede) e, pelo acesso à informação hipermídia disponível on-line (qualquer lugar a qualquer tempo). Nestas circunstâncias o perfil do profissional da informação apresenta i númeras modificações dentro do contexto biblioteca como uma organização virtual da informação.

Tem-se discutido intensamente a questão das inúmeras publicações eletrônicas ou digitais nas diferentes bibliotecas2 . Percebe-se uma participação cada vez mais contagiante tanto de bibliotecas, escolas, grupos de pesquisas e principalmente das editoras que estão disponibilizando informações dos tradicionais suportes (papel, ótico-magnéticos) ao acesso online via internet,

No paradigma da informação digital, ao recriar a informação (seja advinda de suportes como livros, periódicos e outros documentos eletrônicos) através de comandos fáceis como copiar, recortar e col ar ganha-se velocidade e perde-se território. A partir do momento em que a informação digital permanece disponibilizada perde-se literalmente o controle de seu uso.

No mundo digital, segundo Negroponte (1995, p. 61) a cópia digital é tão perfeita (ou até melhor) quanto a original. A manipulação da informação no sentido de retrabalhar enquanto digital é muito mais rápida, fácil e flexível, se comparada com o momento anterior onde o re-processamento da informação em átomo é muito mais lenta. Portanto o "valor de um bit é determinado em grande parte por sua capacidade de ser utilizado e reutilizado diversas vezes" (Negroponte, 1995, p. 77).

Rodrigues (1996, p.1) afirma que o "acesso direto à informação (ou mesmo eliminação) das barreiras do tempo e espaço, num formato que permita a sua manipulação, edição e utiliza&cced il;ão imediata para a produção de novos documentos, aumentará, pelo menos teoricamente, o poder e a liberdade de escolha dos utilizadores."

O momento atual pode ser considerado polêmico devido a passagem do particular ao coletivo. Ressaltando as características da virtualização da informação flexível, sem fronteiras, ou seja, sem um territ&oa cute;rio e espaço definido de abrangência e atemporal (acessível de qualquer lugar e em qualquer momento).

Bleecker (1994) confirma que a nova forma das organizações envolvidas pelo uso das tecnologias da informação deixam em colapso a questão espaço e tempo. Para o autor, as organizações virtuais s&at ilde;o flexíveis e as operações just-in-time são realizadas por trabalhadores do conhecimento.

O perfil do profissional que trabalha nestas novas organizações da informação virtual consiste em utilizar as técnicas da computação e ter uma grande capacidade analítica, além de dominar t écnicas de busca sistemática, para sintetizar as informações conforme as necessidades dos usuários. A relação trabalho e tempo ganha outra dinâmica a da flexibilidade na forma de pensar, e por fim a n ecessidade da informação imediata e classificada. Outra habilidade técnica esperada do profissional está em editar textos digitais, isto é, o profissional necessita conhecer e usar diferentes softwares e compilar informa ções para as necessidades emergentes, numa forma dinâmica, pela própria rede de comunicação e também para disseminar seu trabalho em condições semelhantes (uso intensificado da telemátic a).

Bibliotecas na era da virtualização

Ellis (1996) descreve que antes de explorar em larga escala as implementações das bibliotecas digitais de pesquisa, necessita-se conhecer melhor como as iniciativas de novas tecnologias estão intercaladas no contexto organizacional local para satisfazer as necessidades e expectativas dos seus usuários locais.

Bailey 3 (1994-7) compila uma excelente bibliografia, atualmente em sua 14¦ versão, onde seleciona mais de 600 artigos, livros, documentos eletrônicos e outros recursos que são básicos par a entendimento dos esforços da publicação eletrônica tanto na Internet como em outras redes. A maioria das fontes foram publicados entre 1990 a presente data, mas um número limitado de fontes básicas publicadas ant es de 1990 também estão incluídas. A respectiva obra encontra-se disponível em WWW (HTML) 4 e pode ser obtida também nos formatos PDF 5 e DOC 6 .

Segundo Gudivada e outros (1997) a busca e recuperação eficiente com a utilização das novas tecnologias tornaram-se ferramentas essenciais para realização integral do potencial da Web. Os autores examinam quest ões relevantes, incluindo métodos para representação do conteúdo do documento. E também comparam ferramentas disponíveis de pesquisa e sugerem métodos para melhorar efetivamente a recuperaç&at ilde;o da informação.

Entre diversos projetos de bibliotecas digitais, salienta-se o exemplo da Biblioteca Digital Universidade de Michigan 7 que completou em novembro de 1997 a primeira fase do projeto Making of America onde inclui aproxima damete 650.000 páginas de livros e períodicos do final do século 19. Este recurso contém 1.601 livros e 10 periódicos com mais de 49.069 artigos documentando a história social dos Norte-americanos.

Segundo Reich e Weiser (1996) as bibliotecas eletrônicas são muito mais que somente repositórios de informação. Destacam três funções essenciais às necessidades humanas que devem ser observad as no design da infra-estrutura nacional de informação: a) prover referência para a identidade da comunidade; b) servir como centro da cultura da comunidade; e, c) entrar nas entranhas (minutia) da vida das pessoas. Enquanto Creth (199 3) enfoca as mudanças na educação superior como resultado dos avanços da tecnologia da informação na relação entre bibliotecas universitárias e centros de computação. Entre os de staques inclui as relações colaboradoras, as organizações virtuais da informação, bibliotecas como centros de gerenciamento do conhecimento, o ensino da tecnologia da informação e os recursos da info rmação e a publicação eletrônica.

Novos serviços prestados ao usuário da informação digital

Embora na literatura sobre teletrabalho não se tenha observado citação específica do Bibliotecário como uma função viável ao teletrabalho - Nilles (1997) em sua lista de funções vi&a acute;veis ao teletrabalho, cita o Arquivista, parente próximo do Bibliotecário e, como ele profissional da informação. O novo paradigma desenhado para as Bibliotecas e/ou Centros de informação, apoiados pelas nov as tecnologias, reforçam esta possibilidade.

Segundo Kugelmass (1996), "graças às telecomunicações e ao computador, muitos trabalhadores passam muito mais tempo olhando para uma tela do que para outras pessoas". Para alguns bibliotecários esta realidade já ; faz parte do seu cotidiano. Numa pesquisa realizada por Merlo Vega e Sorli Rojo (1997) junto às bibliotecas espanholas, constataram que: 42,4% dos bibliotecários espanhóis, têm de 1 à 3 horas diárias de conex&ati lde;o com a Internet; 16% ficam de 3 à 5horas e, 9,6% ficam mais de 5 horas conectados."

Dentre as várias atividades que os bibliotecários executam na Internet destacam-se:

  • Respondendo mensagens do correio eletrônico;
  • Selecionando sites;
  • Participando de listas de discussões;
  • Fazendo pesquisa de preços em livrarias virtuais;
  • Selecionando e preparando listas de novas aquisições;
  • Consultando catálogos eletrônicos;
  • Consulta às publicações eletrônicas: periódicos, livros e obras de referência
  • Respostas às perguntas dos usuários;
  • Boletins e Sumários;
  • Comunicados aos usuários;
  • Empréstimo entre bibliotecas;
  • Comutação bibliográfica; e
  • Catalogação online.
  • Os resultados apontados neste trabalho e, as especificidades do profissional da informação aliados ao uso crescente das novas tecnologias, reforçam quanto a este trabalhador ser potencialmente um tele-trabalhador, sujeitos, portant o, às condições de qualquer teletrabalhador. Cabe salientar a inexistência de legislação adequada em reconhecimento às mudanças que estão ocorrendo quanto à adoção do telet rabalho, ou seja, é pertinente que sejam tomadas providências para evitar a dupla jornada de trabalho (na organização e no domicílio), com remuneração específica e favorecer as condições de infra-estrutura adequadas ao tele-trabalhador nas organizações virtuais da informação.

    A complexidade da rede e as atuais ferramentas de busca, segundo Baran citado por Viana, requerem um toque de sorte para a rápida localização da informação útil (Viana, 1996). A imensa quantidade de informa&cce dil;ão e as ferramentas de busca disponíveis na WWW não permitem ao usuário localizar a informação precisa. Estes usuários reclamam usualmente da enorme quantidade de lixo recuperado em suas buscas. Estas f erramentas mesmo àquelas que usam Agentes inteligentes, capazes de reduzir significativamente o esforço de busca, ainda não deram conta de resolver este problema.

    Schneider 8 (1997) relata o uso das ferramentas conhecidas como Filtros de informação, aplicado em seu projeto (desenvolvido entre abril a setembro de 1997) onde, cerca de 40 bibliotecários partici param tendo como objetivo avaliar estes filtros. Após discussões verificou-se limitações no uso do TIFAP (The Internet Filter Assesment Project): 1) devido aos bibliotecários pesquisarem mais precisamente. Segundo a auto ra, muitas vezes os bibliotecários comentam que nunca viram pornografia na Internet, pois estão a) enfocados no seu trabalho, e b) excelentes pesquisadores estão altamente envolvidos em sua questão de pesquisa inicial (nã ;o se desviam de seus objetivos). 2) Os bibliotecários podem pesquisar mais estrategicamente e criativamente que o usuário típico. Entre os argumentos salienta-se que muitas vezes pode-se excluir informações do que se pr ecisa, além desses filtros terem custos elevados às bibliotecas. Como resultados finais do respectivo projeto, tirou-se lições, principalmente, sobre: o trabalho em equipe;, compartilhar informações; como ser pr&o acute;-ativo; e o valor da descoberta. Salienta-se que um indicativo de sucesso sobre a performance destes filtros está relacionado principalmente na pessoa que utiliza o computador. A única maneira de saber se o filtro funciona em sua situa ção é testá-lo primeiro. Pois são ferramentas mecânicas envolvidas por julgamentos subjetivos. E paga-se alguém para responder a questão: "o que é ruim neste recurso?". Outra recomendaç& atilde;o está em "se você não precisa do filtro, então não gaste seu dinheiro (pois requer também muita manutenção)".

    A solução deste problema, passa pela preocupação com a qualidade da entrada dos dados, e pela qualidade da indexação das homepages disponíveis na rede.

    Para Levacov (1996) é importante que os bibliotecários participem do desenvolvimento de meta-ferramentas que permitam aos usuários com diferentes habilidades computacionais, recuperarem as informações desejadas em um ambiente informacional complexo.

    Ao contrário do que as aparentes facilidades da rede possam sugerir, a intermediação do bibliotecário não é prescindível. Ao contrário, estes profissionais ganham uma importância maior, na m edida que, organizar e indexar a informação eletrônica tornou-se uma tarefa indispensável. A intermediação se faz presente nas tarefas pertinentes ao bibliotecário, tanto neste espaço, o virtual, como no outro, o tradicional. Nas bibliotecas virtuais, talvez mais do que nas tradicionais, o treinamento do usuário no uso das ferramentas adequadas e em mecanismos de estratégias de busca são fundamentais. A euforia inicial com a WWW c riou a idéia de que cada usuário pode ser um bibliotecário de referência. Levacov (1996) estima que apenas cerca de 1% da informação arquivada no mundo encontra-se em formato digital. O restante representa um desaf io para os profisionais da informação em termos de ferramentas, políticas de acesso e habilidades profissionais para criar uma verdadeira biblioteca universal. O mundo precisa de bibliotecários para realizar isto, conclui a aut ora.

    O acesso acadêmico à Internet no Brasil aconteceu através da Rede Nacional de Pesquisa, implantada a partir de 1989 pelo CNPq com o intuito de interligar universidades e institutos de pesquisa. O acesso comercial à Internet i niciou-se em maio de 1995 e está se consolidando rapidamente. Um dos principais problemas brasileiros no acesso é que ele continua sendo limitado e ainda pouco confiável, devido ao sistema de telecomunicações ser deficit ário (falta de linhas telefônicas, custos, qualidade de transmissão) e os custos dos equipamentos serem ainda onerosos para a maioria da sociedade brasileira.

    Quanto ao idioma usado na Internet, cabe lembrar que, segundo o Bookmark da Alternex 9 , observa-se que em dezembro de 1997 existem cerca de 600.000 páginas em português (brasileiras) na WWW. Enquanto os de z idiomas mais utilizados no ciberespaço, conforme relatado na revista Communications of the ACM 10 , o inglês aparece em primeiro lugar com 82,3%, alemão em segundo com 4,0%, japonês em terceiro com 1.6%, francês em quarto lugar com 1.5%, espanhol em quinto com 1,1%, italiano em sexto com 0,8%, português aparece no sétimo lugar com 0,7%, o sueco com 0,6%, o holandês com 0,4% e o norueguês com 0,3%. Portanto, a maio ria das fontes na Internet são publicadas no idioma inglês significando que o domínio deste idioma é uma necessidade imprescindível para os profissionais da informação, pesquisadores ou usuários da In ternet.

    Iniciativas quanto à orientações estratégicas para a implementação de bibliotecas virtuais no Brasil, desenvolvidas pelo Grupo de Trabalho de Bibliotecas Virtuais -GTVB 11 , cr iado em 1996, recomendam uma "profunda transformação, tanto no funcionamento das tradicionais bibliotecas como na prática do profissional da informação."

    Os objetivos do GTBV 12 são:

  • a) "fortalecer os processos de coleta, organização e disponibilização na Internet da informação gerada no país. Apoiar iniciativas, projetos e atividades que visem a geração de metodologia s, instrumentos e outros mecanismos que possibilitem o cumprimento da meta.
  • b) Contribuir para a conexão das bibliotecas, centros e serviços de informação brasileiros à Internet, a fim de efetivar sua presença e participação ativa na Rede.
  • c) Apoio ao desenvolvimento do profissional da informação. Enfatizar a atualização das práticas profissionais às mudanças contínuas causadas palas novas tecnologias da informação."
  • No Brasil existem diversos serviços que estão sendo realizados pelas bibliotecas as quais disponibilizam desde catálogos de bibliotecas, tais como da UNICAMP 13 e da USP 14 ; catálogos de coleções específicas como, por exemplo, o Banco de Teses e Dissertações na área de Educação Física 15 defendidas nos cursos de pós-graduação existentes no Brasil, fornecendo cópias mediante solicitação interativa via WWW (existe também uma versão impressa deste banco de dados); formulários de indicaçã o de obras para aquisição 16 ; e mais recentemente a compilação de indicadores de fontes selecionadas de referência 17 . Este exemplo trata da compila&cc edil;ão seletiva e atualizada de fontes de informações de referência (abstracts, atlas, bases de dados, bibliotecas, censos, comutação bibliográfica, dicionários, editoras, enciclopédias, even tos, ferramentas de pesquisa para Internet, guias, instituições de ensino, de fomento à pesquisa e de normatização, legislação brasileira, livros online, mapas online, patentes, periódicos eletr&ocir c;nicos, referência bibliográfica, etc.) realizada pelas bibliotecárias do setor de referência da Biblioteca Central da Universidade Federal de Santa Catarina.

    As mudanças nos tipos de serviços propostos pelas diferentes bibliotecas ultrapassam a barreira tradicional das quatro paredes e ganha dimensões da globalização na era da virtualização (desterritorializa ção e tempo). Atualmente os custos destes serviços estão sendo contornados pela criação de consórcios de bibliotecas 18 que tem como programas: a cooperação no desenvolvimento e gerenciamento da coleção; bases de dados comuns de informação bibliotecária; redes de computadores e de telecomunicação; sistemas de entrega de documentos e informação; ar mazenamento a distância; e, serviços de preservação e restauração. Um exemplo destes serviços é o LIGDOC - Interligação de Bibliotecas para a troca de documentos eletrônicos, resul tado do consórcio entre a Universidade do Novo México (EUA) e as Universidades Ibero-Americanas. No Brasil fazem parte deste consórcio a BAE/UNICAMP, a Biblioteca da Escola de Engenharia de São Carlos, a Biblioteca da PUC do Ri o Grande do Sul, a Biblioteca da PUC de São Paulo e a Biblioteca Central da Universidade Federal de Santa Catarina.

    Inúmeros projetos ocorrem, desde a compilação bibliográfica de bases de dados ou mesmo seleção de sites na Internet. Mas vale lembrar a colocação de Goldhor (1997, p.2) sobre o que acontece na mai oria dos casos: os cientistas perdem o interesse em manter atualizados os vários protocolos e também na melhora das ferramentas de acesso para seus arquivos, e usualmente preferem deixar aos cuidados dos bibliotecários para a produ&cc edil;ão do que eles necessitam.

    No caso brasileiro, projetos como da Escola Futura 19 da Universidade de São Paulo, cujo objetivo visa disponibilizar informações bibliográficas aos interessados na biblioteca do futuro, se ja ela eletrônica, digital, virtual, sem paredes, biônica ou qualquer outra denominação existente na literatura são medidas que concentram esforços e facilitam a recuperação da informação .

    Em áreas científicas, publicações tradicionais no formato em papel passam a serem disponibilizadas na íntegra, também, como hipertexto na WWW, proporcionando maior abrangência e diminuição e xponencialmente dos custos destas obras. Por exemplo, a Revista Trans-in-formação 20 da PUCCAMP (Pontifícia Universidade Católica de Campinas). Outra tentativa existente é da revista Ci ência da Informação 21 do IBICT (Instituto Brasileiro de Informação Científica e Tecnológica), mas apresenta dificuldades de acesso 22 , po is os artigos estão em arquivos que necessitam, após serem salvos no disco local (rígido ou flexível) vê-los separadamente. Isto dificulta o acesso público, por exemplo na biblioteca, pois a falta de equipamentos a inda é uma constante na realidade brasileira.

    Reflexões

    Das organizações virtuais da informação espera-se um maior grau de informações organizadas para facilitar o desenvolvimento cultural, científico e tecnológico. O planejamento constante do uso das tecnologias da informação, da capacitação do profissional (idioma, estratégias de recuperação, trabalho interdisciplinar e global) e do conhecimento das necessidades dos usuários são condi&cce dil;ões fundamentais para melhoria da qualidade de serviços nas bibliotecas.

    Refletindo sobre as características apresentadas por Rodrigues (1996) para que as bibliotecas digitais estejam acessíveis aos seus potenciais utilizadores a qualquer hora e de qualquer lugar, surge a necessidade de serem criados mais site s sobre informação de acordo com as necessidades dos usuários. Também é necessário a elaboração de sites relacionando obras da literatura brasileira, lazer, formação profissional e art& iacute;stica de acordo com as características culturais e sociais existentes.

    Existe uma necessidade básica de treinamento do profissional da informação com o suporte do documento eletrônico (desde o manejo das conhecidas bases de dados eletrônicas e/ou em online, passando pelas listas de discuss ões até as páginas de hipermídia WWW), estruturas de busca e recuperação e atendimento aos usuários da informação eletrônica, onde a solicitação vai do ambiente interativo das páginas WWW ao simples uso do E-mail.

    Cabe pensar como ocorrem mudanças na relação do usuário da informação com o suporte ao conteúdo da informação. Que as bibliotecas virtuais invistam no treinamento do usuário, tanto n o uso das ferramentas disponíveis na Web, como os robôs de busca, quanto em estratégias de busca com vistas da obtenção da informação precisa e rápida.

    Também é necessário a criação de serviços que possam ser vistos cada vez mais como algo natural no ciberspaço da informação onde, lamentavelmente, um dos maiores entraves ainda está na utilização dos hardwares e softwares.

    Intensificar e facilitar o envio de cópias de artigos recebidos via comutação bibliográfica ao usuário através das tecnologias de telemática existentes, para que o usuário economize tempo e agiliz em o acesso às cópias dos documentos por via eletrônica, evitando cópias em papel (redução de espaço e custos)

    Prestar serviços de referência, tais como: responder questões, tirar dúvidas, agendar horários para utilização das Bases de Dados em CD-ROM, ler e responder e-mails, etc.

    Criar uma cultura organizacional sobre como agregar valor à informação e, principalmente, sobre o trabalho em equipe, tornando uma biblioteca mais flexível e dinâmica, evitando ao máximo o trâmite da buroc racia operacional.

    Sem dúvida, quanto mais se pensa sobre a realidade existente nas bibliotecas, verifica-se que inúmeros dos problemas existentes podem ser solucionados através de ações relativamente simples, mas que, somente a cultura organizacional, gradativamente poderá adaptar-se as realidades em constante mutação.

    Notas

    1 Artigo apresentado à disciplina Organizações Virtuais e Teletrabalho, do Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção da Universidade Federal de Santa Catarina , Professores Andrea Steil e Ricardo Miranda Barcia. 3. Trimestre de 1997.
    2 Compilação realizada no site Digital Libraries: Resources and Projects URL: http://www.ifla.org/ifla/II/diglib.htm
    3 Disponível em HTML: URL: http://info.lib.uh.edu/cwb/bailey.html
    4 Disponível em HTML: URL: http://info.lib.uh.edu/sepb/sepb.html
    5 Para ser lido através do programa Acrobat: URL: http://info.lib.uh.edu/sepb/sepb.pdf
    6 Através do programa Word da Microsoft: URL: http://info.lib.uh.edu/sepb/sepb.doc
    7 Disponível na WWW: URL: http://www.umdl.umich.edu/moa/
    8 Informações sobre o projeto estão disponíveis WWW: URL: http://www.bluehighways.com/tifap/
    9 Bookmark é um programa que registra as páginas brasileiras na World Wide Web, disponibilizado pelo Alternex. O Alternex desenvolvido pelo IBASE (Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas), no Rio de Janeiro, foi a pr imeira instituição não-governamental ativa na Internet no Brasil, oferecendo acesso geral à partir do ECO-92 em 1992.
    10 Exemplar de setembro de 1997, v.40, n.9, p10.
    11 Mais informações sobre o GTBV estão disponíveis na WWW: URL http://www.cg.org.br/gt/gtbv/
    12 Documento disponível na WWW: URL http://www.cg.org.br/gt/gtbv/objetvos.htm
    13 Acesso para a Biblioteca da UNICAMP URL http://www.unicamp.br/bc/
    14 Acesso para a Biblioteca da USP URL http://www.usp.br/sibi/sibi.html
    15 Acesso ao Banco de Dados de Teses e Dissertações URL: http://www.cev.org.br
    16 Acesso para a Biblioteca da UFSC URL: http://www.bu.ufsc.br
    17 Documento disponível na WWW: URL http://www.ced.ufsc.br/~ursula/susana.html
    18 Outro exemplo de consórcios de bibliotecas disponível na WWW URL: http://www.wrlc.org
    19 Base de dados Futura acessível WWW URL: http://www.eca.usp.br/eca/nucleos/biblial/futura/index.htm
    20 Disponível na WWW URL: http://www.puccamp.br/~biblio/
    21 Disponível na WWW URL: http://www.ibict.br/cionline/
    22 Elementos básicos para estilo de páginas Web são destacadas pelo documento US EPA Region 2: Nine Elements of Web Style, 1996. Disponível na WWW URL: http://bluehighways.com/style.h tm

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    Este documento foi disponibilizado na WWW em 09/02/1998 sob endereço
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