TRESLER
Que dia é hoje? Domingo, 23 de setembro de 2001.

                       http://www.tresler.cjb.net                          

Olá! Está é a edição número 23 do nosso fanzine eletrônico. Espero que você
goste (ou não). Olha o que temos no menu de hoje:

1. Editorial (Daniel Wildt)
2. A Corrida Maluca (Ariadne Amantino - CARPE DIEM) 
3. Umas idéias jogadas no papel (Daniel Wildt - BORN TO BE WILDT)
4. American War (Eduardo Seganfredo - DE NOVO, PÔ!)
5. Rock garagem (Vincent Kellers - LINHAS DE PENSAMENTO CAÓTICO & PARALELO)
6. O fim da arte (Almandrade - O PLUS A MAIS DE HOJE)
7. CRÉDITOS FINAIS

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======================== EDITORIAL (Daniel Wildt) =========================
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Algo  vai  acontecer.  Ontem  fui comer em um restaurante e o meu número de
espera era 23. Hoje, estou escrevendo o editorial do Tresler 23. Hoje é dia
23.  Na  parede  do  meu  quarto, tenho um quadro do Michael Jordan, eterno
número 23. Ano que vem eu vou fazer 23 anos.

Esse negócio de coisas que acontecem e a gente tentar achar nexo em tudo, é
engraçado  até  certo  ponto, mas pode se tornar uma fixação ou algo assim,
sei  lá.  Tomem cuidado com isso. Só para constar, essa última frase, tomem
cuidado  com  isso,  incluindo o ponto, possui 23 caracteres. Estou falando
que  a  coisa  é  séria!  Vou me tratar, eu acho. Ah, essa aí também tem 23
caracteres contando com o ponto. Heh.

Música da semana!
Herbert Vianna - O Muro

Álbum da Semana!
Pink Floyd - Delicate Sound of Thunder

No  Tresler  de hoje, corridas malucas, uns textos juntinhos, guerra e paz,
arte, shows de rock, overflow, relação pai e filho, dick vigarista, talibã,
estados unidos, brasil, poesia, encontros e desencontros, destino.

Daniel Wildt, agora com um violão com cordas de aço. 

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====================== CARPE DIEM (Ariadne Amantino) ======================
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A CORRIDA MALUCA 

No  domingo 2 de setembro, no KurzPark Oberlaa, um parque um pouco afastado
do  centro  de  Viena,  fomos  ver  uma  Corrida Maluca. Estão lembrados do
desenho  com  o  Dick  Vigarista e a Penelope Charmosa? Pois é, era mais ou
menos nesse estilo. Mas para a frustração das minhas fantasias infantis não
vi nenhum dos dois por lá. Talvez eles não sejam austríacos.

A Corrida Maluca em Viena começava ao meio dia. Na verdade, não era bem uma
corrida  e sim uma cronometragem de tempo. Carros dos mais diversos estilos
preparados  pelos  concorrentes  desciam  uma  lomba  e  tinham  seu  tempo
cronometrado.  Tinha  de  tudo  um  pouco: uma mesa de restaurante com dois
caras  comendo  espaguete,  um  imenso  barril,  um  cacho de uvas feito de
balões,  diversos  carros dos Flintstones diferentes, um ou dois em formato
de  tapete  voador,  uma  cama  de  hospital...  E por aí vai... Tudo que a
criatividade  austríaca  permitiu descendo a lomba com um monte de gente em
volta  assistindo.  Alguns  capotavam, alguns desciam a mil, outros desciam
empurrando  o  carro com o pé ou com ajuda da equipe de seguraça. Não sei o
que  valia mais se era a criatividade ou a rapidez do carro. Do meio dia às
4  da tarde passaram mais de 140 carros malucos e a corrida ainda não tinha
terminado.

Mas  mais  engracado  do  que  a  Corrida  Maluca foi observar a educação e
comportamento dos austríacos, povo que se diz do primeiro mundo, assistindo
à  corrida!  Tinham  sido  amarradas cordas dos dois lados da pista. No meu
entendimento,  se  existe  uma  corda  separando  a pista dos espectadores,
signifca  que  não  é  permitido  passar  pela  pista. Bom, mas acho que os
austríacos  não entenderam bem assim. Lá pelas tantas, não sei como, grande
parte  do  público  já tinha atravessado a pista de uma forma ou de outra e
estavam querendo voltar.

A  essas alturas, estávamos sentados no chão (como muita gente) assitindo a
corrida.  Do  outro  lado  da pista, várias pessoas se amontoavam e queriam
continuar  descendo  até  chegar  na saída do parque. Um paciente segurança
explicava a cada um que tentava passar que não era possível continuar, pois
lá para baixo estavam os equipamentos da segurança e pessoal autorizado. Do
nosso    lado  da  pista,  não  podíamos  ouvir  (e  mesmo  que  pudéssemos
provavelmente  não  entenderíamos)  o  que  ele  dizia,  mas  observando  a
situação,  era  fácil  imaginar o diálogo. O segurança então pedia que eles
esperassem e fazia sinal para cruzarem a pista conforme os carros passavam.
Como  as  pessoas  tinham  chegado  lá eu não faço a menor idéia. Devem ter
pulado  a  tal  corda  que tinha como função exatamente impedi-las de fazer
isso.

A cada dois minutos uma leva de pessoas atravessava a pista pulando a corda
ou  tentando  passar por baixo e impedindo que as que estavam do nosso lado
da  pista  assistissem à corrida em paz. Até aí, tudo bem. Era só deixar um
espaço para elas poderem passar por entre os que assistiam à corrida.

Lá  pelas  tantas, do outro lado, o segurança deve ter cansado de repetir a
mesma  coisa  milhares de vezes e, com a ajuda de um colega, resolveu tomar
outras  providências. Eles pediram para as pessoas recuarem e levantaram um
pouco  a corda que, obviamente, não impedia que as pessoas passassem. Feito
isso,  os  dois  pensaram que o problema estava resolvido e foram sentar-se
perto  de  um  carro  da  segurança  um pouco mais abaixo. Não demorou e as
pessoas  estavam  pulando  a corda. O primeiro segurança, na sua infindável
paciência,  recomeçou a explicar a cada um que não era permitido descer ali
e  a  pedir  que as pessoas atravessasem a pista. Ou seja, o problema ainda
não estava resolvido.

A  segunda  idéia  deles  para  barrar a multidão que não estava disposta a
cumprir  regras  foi colocar o carro no caminho dos que desciam. Parece que
também  não  funcionou muito porque desta forma não era possível impedir as
pessoas  de pularem a corda e começarem a ficar paradas no meio da pista já
que não tinha mais como continuar descendo.

Mais  uma  vez  eles  tentaram.  Pegaram uma parte de algum equipamento que
estava  por  ali  e  colocaram entre a coluna do lado da pista e a cerca do
parque  por  onde  as  pessoas estavam passando para descer. "Ah, agora sim
eles  não têm mais por onde passar!" Imagino que foi o que o nosso paciente
segurança pensou ao se retirar do local. Bom, obviamente ele não considerou
a  hipótese  de  as  pessoas  retirarem  o  equipamento  que eles colocaram
obstruindo  a passagem, assim como também não considerou a hipótese de elas
passarem  por  dentro  da  pista  e  continuarem sua incansável descida. Os
outros  seguranças então começaram a explicar para diversas pessoas que não
era permitido continuar descendo e que elas tinham que voltar ou atravessar
a pista!!!

Será  que  o  fato  de  ter  uma corda, um carro e uma coluna amarrada a um
entulho  no meio do caminho não são suficientes para o desconfiômetro de um
austríaco acusar que não é permitdo seguir caminho?!?!

Enfim,  a  história  não  parou por aí... Teve também uma mulher que queria
atravessar  a  pista  do  nosso  lado  para  o outro onde estavam os nossos
incansáveis seguranças que, continuavam mantedo a calma e tentando barrar a
multidão.  Esta,  por  sua vez, não vendo passagem por entre as pessoas que
estavam  à beira da pista, se jogou por cima de alguns para poder chegar do
outro  lado, empurrando outra mulher que estava na beirada da pista e quase
provocando uma discussão. Mais um problema comum por aqui... Eles não sabem
pedir licença!

A  confusão  provavelmente  não tenha parado por aí, pois ainda tinha muita
gente  para  atravessar  a  pista.  Admirei  muito os seguranças que não se
cansaram  de tentar artifícios para impedir as pessoas de passarem por onde
não  era  permitido  e  não  perderam  a paciência e o bom-humor ao ver que
nenhum de seus artifícios parecia funcionar como devia.

Na  verdade,  nesse  aspecto do quesito educação, acho que muitas vezes nos
saímos  melhor  do que os europeus. Quem já esteve na Europa sabe muito bem
como  os  europeus  em  geral lidam com esse tipo de coisa. São muitos "por
favores"  e  "obrigados"  o  tempo inteiro em todas as línguas, mas algumas
vezes  meio  da  boca para fora. Não que essas palavras, muito pouco usadas
pela  maioria  dos brasileiros, não sejam importantes. Mas muito importante
também   é  a  ação  que  deve  acompanhá-las.  Por  exemplo,  fala-se  dos
brasileiros porque fazemos fila para tudo. Os europeus, na sua maioria, não
sabem fazer fila. E "desculpa" ou com "licença" não são palavras tão comuns
por aqui como "por favor" e "obrigado".

Ariadne Amantino

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===================== BORN TO BE WILDT (Daniel Wildt) =====================
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UMAS IDÉIAS JOGADAS NO PAPEL 

Escrever é uma terapia e tanto sabe... pegar uma folha de papel, pautado ou
não,  aquele  branco  todo  esperando  para  ser rabiscado e preenchido com
idéias    sérias,   engraçadas,  poéticas,  musicais,  eróticas,  sensuais,
românticas, vale tudo. Escrever é o que há.

E  hoje,  eu vou escrever uns pedaços de texto. Eu estava mexendo em emails
antigos que  eu  mando  para minhas próprias caixas postais, com idéias que
tenho, com pensamentos que apareceram na hora, sabe, eu não perco tempo, já
mando um email com a idéia que me aparece. Eu durmo com um bloco de papel e
uma caneta. Então vamos lá. Vou colocar para vocês alguns desses textos. No
final  deles eu coloco uma pequena explicação sobre o momento. Uma amiga me
falou  que  tenho  que ter um Blog, uma abreviação para WebLog... sei lá, a
coluna  desta  semana  pode  ser  um preview disso, mas hoje eu sei que não
tenho  tempo  para  manter  um  Blog. Então fica apenas aqui registrada uma
experiência.

-- -- -- -- -- -- -- -- -- -- -- -- -- 

Meu  pai  sempre foi meu herói, meu "cara". Hoje eu mandei ele a merda. Que
droga.  Ele  nunca levantou a voz para mim. O que aconteceu? Culpa da minha
namorada,  do  meu  chefe,  culpa do time do São Paulo que perdeu, dos meus
problemas  pessoais,  dos meus amigos que eu não vejo mais, do basquete que
eu não estou mais jogando, da minha irmã que não converso mais tanto quanto
conversava,  do  meu mestrado que está ficando de lado, dos meus sonhos que
estão indo por água abaixo.

Vai  saber. Eu sempre gostei de ser feliz, quem não gosta. Certo, tem gente
que  não  vive  sem  ter um problema existencial, sem deixar alguém infeliz
durante  o  dia.  Não me importo com isso. O que importa é que eu não estou
bem.  Sinto  que  vou  morrer.  Todos  morrem um dia, mas o Daniel sonhador
estava  morrendo  cara,  e eu não estou acreditando que deixei chegar neste
ponto. Não é questão de estar com probleminhas. Eu só tenho "icebergs right
ahead", saca a idéia?

<<27/06/2001,  um  dia  que  eu mandei meu pai a merda. E foi só nesse dia.
Nunca  mais.  Foi  como  uma  ducha  fria  caindo na minha cabeça. Acordei,
levantei e comecei novamente a viver.>>

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Não leve uma canção de amor ou poema que eu te escrevi
Leve meu amor no teu peito, pois ele será eterno.

<<03/07/2001,  ouvindo  uma música dos acústicos e valvulados, me veio esta
variante. Mandei para o celular da minha namorada.>>

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eu me regenero 

eu me regenero como o fogo de uma paixão
espero um dia poder dizer o que sinto
com a vida sempre me dizendo não 
e eu não acredito nessas provações

vivo com a imagem de um perdão
querendo ter novos desafios
e nada acontece senão desvios
que me tiram todo e qualquer sentimento

de pensar que amanhã posso estar melhor
que minha música vai tocar na rádio
para me alegrar e dizer que tenho que acordar

para a vida pois ela nunca para 
deixar a morte de lado pois a vida nunca larga 
de querer me levar para longe dos meus sonhos

<<04/09/2001, um dia meio down, com problemas familiares rodando pelos meus
pensamentos. isso foi feito num final de dia de trabalho, início da hora do
Brasil.>>

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Que dia

Naquele  dia  tudo  parecia  estar perdido. Eu queria dormir, e ela ir para
casa,  depois  de festejar o aniversário. Acabamos nos encontrando no mesmo
local. Depois de um tempo, eu queria ir embora, lugar chato. Ela não queria
conversar  com  quem  estava  por perto. Resolvi ir embora. Na saída, quase
pagando a conta, nossos olhares se encontraram pela primeira vez. Ela tinha
se  virado para não participar da conversa e eu estava suspirando, buscando
dar uma última olhada no local. Nossos olhares se encontram desde então.

<<01/04/2001,  dia  e  forma  como  conheci minha namorada. Amor a primeira
vista existe sim. E aconteceu comigo.>>

-- -- -- -- -- -- -- -- -- -- -- -- -- 

E  estes  foram os momentos de hoje. Alguns recentes, outros nem tanto, mas
todos muito importantes para mim.

E  dá-lhe  primavera. A vida continua bela e formosa, a pipoca doce vendida
nos  parques  continua  com  o  mesmo  sabor  maravilha de sempre, caminhar
domingo  pela  manhã tomando Sol é 100% saúde e tirar aquela soneca domingo
de tarde ajuda pacas quando se tem que recuperar sono.

Daniel Wildt

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==================== DE NOVO, PÔ! (Eduardo Seganfredo) ====================
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AMERICAN WAR

"Olho por olho e acabaremos todos cegos."

A  frase  é  de  Ghandi e ilustra bem o momento atual, pois, ignorando esta
máxima  do  conhecimento  oriental,  o  governo americano pretende conter o
declínio da sua economia fazendo aquilo que mais sabe: guerra.

Sim.  A  catástrofe  do  World Trade Center está servindo como um excelente
pretexto para o presidente Bush reerguer a indústria bélica americana, como
era seu desejo desde o início, com o super projeto anti-mísseis "Guerra nas
Estrelas".  Afinal,  esta  é  a  melhor  maneira  de  conter ao declínio da
economia americana que já passou a preocupar seus analistas econômicos. Não
há  dúvidas  de  que o presidente americano fará de tudo para deflagrar uma
guerra  contra  quem  quer  que seja. Melhor ainda se o inimigo for um país
miserável, já sofrendo sanções da ONU, desgarrado pelo resto do mundo e com
histórico  de  conflito  com  a  Rússia. Mais ainda, liderado por um regime
extremista  islâmico e que recentemente ameaçava com a morte membros de uma
organização humanitária acusados de "praticar o cristianismo", como se amar
ao  próximo  fosse  algum  crime  ediondo.  Além  disso, o Taliban explodiu
estátuas  gigantescas  do  Buda  com mais de 1500 anos de existência, o que
pode  ser  utilizado  como  argumento contra o extremismo imposto pelo novo
governo do Afeganistão.

Fora estes "motivos ocidentais", o governo afegão divulgou ontem que abateu
um avião espião e um helicóptero americanos em seu território, de forma que
uma guerra parece inevitável. Esta informação ainda não foi confirmada pelo
Pentágono,  mas  de  qualquer  jeito,  todos  os  indícios apontam para uma
gerra,ou melhor, um massacre iminente no território afegão.

Nunca  é demais lembrar que os extremistas do Taliban chegaram ao poder com
a ajuda explícita da CIA, que forneceram inclusive treinamento militar para
os  guerrilheiros  lutarem  contra  a  Rússia. Apesar desta dose do próprio
veneno,  dificilmente  os  EUA vão abdicar da sua política internacional de
manipular  o  globo  terrestre de acordo com seu próprio interesse. Afinal,
este  é  o  papel que eles mesmos escolheram para si, pseudo-cowboys de uma
justiça  unilateral  empregada  em prol do bem da humanidade, desde que ela
resida num dos Estados Unidos da América.

Mas este não é o principal problema. A questão primordial é que milhares de
pessoas  que  nada tem absolutamente nada em haver com os acontecimentos do
World  Trade  Center  ou  com  a  atitude  quase nazista surgida com reação
americana,  serão  prejudicadas  ao  extremo com a guerra que se desenha no
horizonte.  Muitas delas já o estão sendo, como fica visível nas fronteiras
do  Afeganistão,  onde  milhares de pessoas tentam se refugiar para escapar
dos  prováveis  ataques  americanos ao país, da mesma forma que já tentavam
antes da tragédia do WTC.

Felizmente,  em  meio a tão grotesco cenário, ainda é possível ver atitudes
inspiradoras, embora meramente simbólicas, como a que ocorreu na Califórnia
com a passeata de estudantes pedindo paz no mundo.

Quanto  a  nós, resta-nos lembrar sempre que não se pode generalizar. Que o
bem convive e com o mal, independente da etnia, do grupo social ou da fé de
cada  grupo.  É  preciso sim, separar o joio do trigo, ou o bem do mal, mas
jamais  podemos julgarmo-nos senhores da suprema sabedoria a ponto de dizer
que  determinada  nação  é  malévola ou não. Afinal, muitas vezes o bandido
parece  bonzinho, fala bem e se assemelha a um super herói de uniforme azul
e vermelho.

Paz pra todos.

Eduardo Seganfredo

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======== LINHAS DE PENSAMENTO CAÓTICO & PARALELO (Vincent Kellers) ========
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ROCK GARAGEM 

Três links:
  http://www.garagemhermetica.com.br
  http://www.rock-garagem.cjb.net
  http://www.overflow-hc.cjb.net

Estejam  no Garagem (Barros Cassal, 386) no dia 28, às 21h. O ingresso para
o  Rock  Garagem  é  no  valor de R$ 6,00 dá direito a uma cerveja. Além da
Overflow, teremos bandas de rock progressivo, psicodélico, metal e grunge.

Compareçam lá, e encontrem 3/4 do staff do Tresler (espero).

## Início  da  nota  do  Editor.  Estou confirmando a minha presença  neste
evento.  Eu  aconselho! Já fui em show da Overflow e o som dos caras vale a
pena. Fim da nota do editor. ##

Vincent, digital boy.

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=================== O PLUS A MAIS DE HOJE (Almandrade) ====================
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O FIM DA ARTE (COMO MEIO DE CONHECIMENTO)

Não  temos a capacidade de destilar em palavras as experiências visuais que
fazem o belo repousar naquilo que é apreendido pelo olhar. Uma obra de arte
é  tudo  que  ela contém: forma, textura, cor, linhas, conceitos, relações,
etc.  É  aquilo que se vê, e o que se diz não corresponde exatamente ao que
se  vê.  Não  representa  nada  como  imagem  de outra coisa. E para ler um
trabalho  de  arte  é  necessário  se  partir  de  um  modelo (referências,
informações...). Existem códigos a priori (aqueles utilizados pelo artista)
e códigos a posteriori (aqueles utilizados pelo espectador).

A  virtude  da  arte  é  afirmar um conhecimento, propondo instrumentos que
seduzem  a  inteligência.  A  invenção de uma linguagem é o resultado de um
exercício  paciente  de  contemplar outras linguagens. Como todo discurso é
resultado de outros discursos. Exige-se um método. A arte é o que está além
dos limites de tudo o que se considera cultura; não pode se restringir a um
exótico  experimento  ou  aparência  da superfície de um trabalho, que fica
para  trás,  como  uma  coisa  vazia, no primeiro confronto com o olhar que
pensa.

A  arte,  entendida,  como  meio  de conhecimento, hoje em dia, vem cedendo
lugar  a  uma  experiência ligada ao lazer e a diversão, que envolve outros
profissionais   como  responsáveis  pela  sua  legitimação:  o  curador,  o
empresário  patrocinador e organizador de eventos, marchands, profissionais
de  publicidade, administradores culturais e captadores de recursos. Com as
leis  de  incentivo  a cultura e a presença marcante da iniciativa privada,
paradoxalmente, levou a arte a um limite, o fim da obra, do trabalho ligado
a  um  saber.  E  o  artista,  nem  artesão  e nem intelectual, sem dominar
qualquer  conhecimento,  está  cada  vez mais sujeito ao poder do outro. As
grandes  mostras  são  grandes  empreendimentos para atender à indústria do
entretenimento,  (mais  empresarial  e  menos cultural), que movimentam uma
quantidade  significativa  de  recursos  e  envolve um número assustador de
atravessadores.

As  contradições  modernidade  /  tradição,  contemporâneo / moderno, neste
início  de  século,  cede  lugar  a  uma  outra  contradição:  artistas que
pertencem  ao  metier  e  artistas  estranhos  ao  metier,  inventados  por
empresários  da  cultura, cujos trabalhos se prestam para ilustrar uma tese
ou teoria imaginária de um suposto intelectual da arte e garantir o retorno
do  que  foi  investido  pelo  patrocinador e pelo comerciante de arte. Uma
mercadoria  fácil  de  investir, sem risco de perda, basta uma boa campanha
publicitária.  O artista pode ser substituído por um ou por outro, a obra é
o  menos  importante. Aliás, é o que a indústria do marketing tem feito com
as  mostras  dos grandes mestres como: Rodin, Manet, etc., pouco importa as
obras  desses  artistas  e  sim o nome e o patrocinador. A publicidade leva
consumidores/espectadores como quem leva a um shopping center. A quantidade
de público garante o sucesso. O público é como o turista apressado, carente
de  lazer  cultural que visita os centros históricos com o mesmo apetite de
quem entra numa lanchonete para uma alimentação rápida.

Na  “sociedade  do espetáculo”, regida pela ética do mercado, o artista sem
curador,  sem  marchand,  sem  patrocinador,  é simplesmente ignorado pelas
instituições  culturais,  raramente  é recebido pelo burocrata que dirige a
instituição.  Seus  projetos  são  deixados  de  lado. Também pudera, essas
instituições,  sem  recursos  próprios,  tem suas programações determinadas
pelos  patrocinadores. Numa sociedade dominada pelo império do marketing, a
realidade e a verdade são mensagens veiculadas pela publicidade que disputa
um  público cada vez maior e menos exigente. A vida é vivida na especulação
da  mídia, na pressa da informação. E neste meio, a arte é uma diversão que
se  realiza  em  torno  de  um  escândalo  convencional, deixando de lado a
possibilidade do pensamento.

O  fantasma  do  “novo”,  que  norteou  a  modernidade foi deslocado para o
artista  que  está começando, pelo menos novo em idade, o artista/atleta, a
caça  de  novos talentos e de experiências de outros campos sociais. Totens
religiosos,  a casa do louco, a rebeldia do adolescente... Tudo é arte, sem
exigir  de quem faz o conhecimento necessário. Todo curador quer revelar um
jovem  talento,  como  se  a  arte  dispensasse  a  experiência. Um “novo”,
sinônimo  de  jovem ou de uma outra coisa que desviada para o meio de arte,
funciona  como  uma  coisa  “nova”.  Um novo sempre igual, a arte é que não
interessa.  Praticamente trinta anos depois do aparecimento da chamada arte
contemporânea  no Brasil, recalcada nos anos 70 pelas próprias instituições
culturais,  um outro contemporâneo surgido nos anos 90 passou a fazer parte
cotidiano  dos  salões,  bienais,  do  mercado de arte, das grandes mostras
oficiais e de iniciativa privada. Uma contemporaneidade sintomática.

Estamos vivendo um momento em que qualquer experiência cultural: religiosa,
sociológica,  psicológica,  etc.  é  incorporada  ao  campo  da  arte  pelo
reconhecimento  de  um  outro  profissional  que  detém algum poder sobre a
cultura, (tudo que não se sabe direito o que é, é arte contemporânea). Como
tudo  de  “novo”  na  arte já foi feito, o inconsciente moderno presente na
arte  contemporânea  implora  um “novo” e nesta busca insaciável do “novo”,
experiências  de outros campos culturais são inseridos no meio de arte como
uma  novidade.  Deixando  a  arte  de  ser  um saber específico para ser um
divertimento  ou  um  acessório  cultural.  Neste  contexto,  o regional, o
exótico  produzido  fora  dos  grandes  centros  entra  na história da arte
contemporânea.  Nos  anos  80,  foi  o  retorno da pintura, o reencontro do
artista  com  a  emoção  e  o  prazer  de  pintar.  Um  prazer e uma emoção
solicitados  pelo  mercado em reação a um suposto hermetismo das linguagens
conceituais    que  marcaram  a  década  de  70.  Acabou  fazendo  da  arte
contemporânea, um fazer subjetivo, um acessório psicológico ou sociológico.
Troca-se  de  suporte  nos anos 90 com o predomínio da tridimensionalidade:
escultura,  objeto, instalação, performance, etc., mas a arte não retomou a
razão.

Na  barbárie  da  informação  e  da  globalização,  estamos  assistindo  ao
descrédito  das  instituições  culturais  e  da dissolução dos critérios de
reconhecimento  de  um  trabalho de arte. Tudo é tão apressado que acaba no
dia  seguinte,  os  artistas  vão  sendo substituídos com o passar da moda,
ficam  os  empresários culturais e sua equipe. Uma corrida exacerbada atrás
de  uma  “novidade”,  que  não  há tempo para se construir uma linguagem. O
chamado “novo” é a experimentação descartável que não chega a construir uma
linguagem  elaborada, mesmo assim, é festejado por uma crítica que tem como
critério  de  julgamento  interesses pessoais e institucionais. A arte pode
ser  qualquer  coisa,  mas  não  são  todos  os  fenômenos ditos culturais,
principalmente os que são gerados à sombra de uma ausência de conhecimento.

Almandrade
(artista plástico, poeta e arquiteto)

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============================= CRÉDITOS FINAIS =============================
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Última atualização em 26 de novembro de 2001
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