Quando eu estava fazendo minha primeira faculdade (pública), aconteciam diversas coisas que eu considerava erradas. Muitos professores faltavam, não repunham as aulas e ainda cobravam o conteúdo não ministrado; o laboratório de informática e as bibliotecas eram defasados; os funcionários de secretaria eram incompetentes e tinham extrema má-vontade; havia greves e mais greves; muitos professores com preguiça de dar aulas, passavam "trabalhinhos" para os alunos.

Minha faculdade era considerada uma das melhores que existiam no Estado do Rio de Janeiro. Não pela sua infraestrutura, mas porque era pública e por isso significava, na época, que era muito disputada. Os alunos eram obrigados a estudarem muito, tanto para passarem no vestibular, quanto nas provas durante todo o curso. Frise-se que prestei vestibular em 1994, muito antes de os Governos Federal e Estadual estabelecerem políticas de cotas para ingresso no ensino superior.

Os tais "trabalhinhos" foram a gota d'água que me fez conceber este website. Eles eram uma forma de o professor preguiçoso não dar aula e às vezes não aplicar as provas do semestre letivo. Invariavelmente, quem efetivamente fazia o trabalho ganhava nota mais baixa de quem simplesmente copiava. Então, quando acabei a faculdade resolvi desenvolver este website para disponibilizar gratuitamente trabalhos prontos, tanto meus quanto de outras pessoas.

Pensava-se que o professor dedicado que realmente dava aula conhecia seus alunos. Sempre saberia quem copiou e quem se esforçou, quem seria um bom profissional e quem seria apenas medíocre. O mau professor pouco se importava de onde vinham os trabalhos, até porque nem ao menos os lia. Então para quê o aluno deveria gastar energia, se nem ao menos seu trabalho seria corrigido de maneira séria ? Bastaria copiar tudo e com isso fazer o mau professor de palhaço, já que o mau professor faz seus alunos de palhaços. Este website seria a desmoralização do professor universitário que estava mais para funcionário público do que para catedrático.

De 1994 a 2006, muita coisa mudou no ensino superior. Infelizmente, para pior.

As universidades públicas estão cada vez piores. A infraestrutura continua a mesma porcaria que sempre foi. O que piorou foi o material humano. Os bons professores se aposentaram ou estão em fim de carreira. Eram aqueles bons profissionais do mercado que resolveram fazer carreira no magistério quando o salário era excelente. Restam poucos de sua geração na ativa. Os que os substituem são profissionais que se sujeitam àquele salariozinho medíocre. Evidentemente que a qualidade não pode ser a mesma. Mesmo aqueles que são tecnicamente competentes, não conseguem realizar um trabalho à altura do que se fazia antigamente porque como o salário é baixo, precisam arrumar bicos para complementar a renda familiar. Basta ver que uma pessoa recém aprovada num concurso público de primeira linha ganha mais que um professor titular de uma universidade.

Quanto aos alunos, a política de cotas fala por si só.

Com corpos docente e discente dessa voga, que qualidade se poderia esperar da universidade pública ?

As universidades particulares, por sua vez, dividem-se em duas categorias: a sérias e as "pagou-passou". A maioria das particulares são meros balcões de venda de diplomas; pouquíssimas são instituições de qualidade. As poucas universidades que são excelentes são extremamente caras (ex. PUC, FGV). São acessíveis apenas para aqueles que até poderiam estudar no exterior, mas por qualquer motivo preferem ficar por aqui.

Enfim, as universidades públicas decaíram tanto que com o passar do tempo este website perdeu o sentido de protesto contra professores preguiçosos e virou uma biblioteca virtual de utilidade pública.

A conclusão é que hoje em dia protestar contra uma universidade pública é como protestar contra um hospital público. Ficou tão ruim que as classes média e alta nem se importam mais, virou problema do andar de baixo da pirâmide social. Quem pode, contrata um plano de saúde particular; quem pode, paga uma universidade particular de qualidade, aqui ou no exterior.

E quem não pode ? Quem não pode, "se sacode", como diz a malandragem carioca.

Aproveite este website da melhor maneira.

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