Índice
Há anos vem sendo estudada a
melhor forma de organizara os vários livros que compõe a doutrina da
Schwaska,de forma a permitir ao leitor um entendimento mais adequado da mesma.
De acordo com os schwaskagaris Joseph
Patrick Morzelo e Umbrosus komprimierter Schwaskosus convencionou-se a seguinte
forma:
Demiurgia ________________ 03
- base teórica e essencial
para compreensão da doutrina
Aporias __________________ 18
- a forma como a
doutrina deve ser lida
Pompoarismos ____________ 21
- ritos e costumes>
Lixismo __________________ 21
- dieta e filosofia gastro-moral
Livro
dos mistérios ________ 28
- rituais mágicos<
Livro escrito pelo schwaskagari Joseph Patrick Morzelo durante o ano de
2007, se tendo feito impossível sem o valoroso apoio do schwaskagari Umbrosus
komprimierter Schwaskosus e o bispo Botinhas, mais os demais
envolvidos em nossa doutrina prática. Agradecemos Christina Calysto pela
hospedagem e roupas episcopais.
Pedimos que
interessados e curiosos se encaminhem a nosso website http://www.oocities.org/tinacalysto e teçam seus
interessantíssimos comentários por lá mesmo. Essa doutrina é uma doutrina sem
templo, comunidade ou conta bancária; seus limites são o os limites do conjunto
de pensamentos de paredes elásticas dos membros que se expressam por meio deste
corpo, o corpo arquitetado pelo transe e articulado por desejos coletivos. Para
evitarmos controvérsias a este respeito, há um FAQ em nosso website com
questões concernentes à essência da doutrina.
Demiurgia
CAPÍTULO 1
Da composição de tudo que é efetivo
Atenta a sabedoria inspiradora de nossa Deusa para a constituição
do mundo espiritual.
2 O início deste mundo se dá de forma nada especial. O mundo formou
em toda sua complexidade, de Norte a Sul, de Oriente a Ocidente, através de um
ato gratuito e espontâneo de um Ente supremo e absoluto, a quem chamamos
Schwaska. 3 Schwaska criou o mundo pois
nada mais natural pra Schwaska que criar mundos. 4 A função de todo deus ou ser
supremo, e isso cada um de nós nasceu sabendo, é criar, e mundos são uma das
muitas coisas possíveis e passíveis de serem criados dentro de um rol infinito
de possibilidades. 5 Professar uma doutrina inclui
não discutir coisas como estas, já que são fundamentos para qualquer tipo de
contrato estabelecido socialmente, e a doutrina não é nada além de um
conhecimento e valores culturais compactados e afirmados a partir de premissas indiscutíveis;
primeiro devemos entender algo e só então fazer juízo de sua realidade, é o que
nos ensinam os provetas. O próximo conceito de
religião para o Schwaskaismus é o ato de conhecer e compreender, de abarcar
algo, e nada mais. Todo resto é cultismo e é avesso a qualquer ato de gente com
um pingo de individualidade e bom-gosto.
6 A geração do mundo é a atitude mais básica que podemos depreender
de uma deusa, e é o que podemos atribuir, sem muita dificuldade, a Schwaska. 7 Se podemos
chegar a tal conclusão, é única e exclusivamente pela vontade suprema de nossa
criadora, que eu nem preciso mais repetir o nome, a fim de evitar mal-gosto
estilístico. O próprio conceito de mal-gosto estilístico é uma benção que
Schwaska nos ensinou no momento de nosso parto, e devemos ser gratos a ela por
isso.
8 Cremos que
muitas coisas saíram e ainda saem da Schwaska: de lá saíram inicialmente os
mares diuréticos em um momento de aperto, mares estes que caíram numa
infinitude de inexistência e tendiam a desaparecer conforme caíam, já que esta
é sua primeira criação e nada mais havia. Essa parcela de matéria desperdiçada
virou posteriormente tudo o que há de sujo no mundo e na realidade, e teve que
ser recompensado com muito trabalho da Schwaska. Este é na verdade o primeiro
ato de criação.
9 Ao
adquirir maturidade em sua tarefa de Deusa, e, como Deusa, de Criadora Absoluta
de Tudo que é Passível de Ser na Efetividade, assim Schwaska pariu as formas
existentes até hoje, formas estas que poderiam conter e encobrir aquilo de
desagradável que outrora Schwaska criara em sua imaturidade. 10 Criou o
Sol e os pássaros que nele habitavam; 11 para alimentar os pássaros famintos e recém-criados, pariu um Pão
de Mel. 12 Às 15h30, logo depois de criar o Pão de Mel, teve que sair para um
compromisso. Voltando, viu que os pássaros eram cegos, já que ela não tinha
criado olhos para eles, e em decorrência disso não haviam comido o pão de mel,
morrendo da mais miserável fome. 13 Por isso, ela chorou amargamente. 14 Nem o Veterinário Absoluto resolveu tal provavelmente
irreversível, coisa que Schwaska notou em toda sua Bondade: Tudo aquilo que ela
criava e assim fazia existir, era passível também de envelhecer ou adoecer e
inexistir, isso por causa do mar urinário e sujeira que fora anteriormente
introduzidos no mundo.
15 O pão de
mel criado para os pássaros foi esquecido pela Schwaska, já que esta estava
muito preocupada com os pássaros mortos, e ficou em um canto escuro das Regiões
das Esferas, que é o mundo físico onde vivemos atualmente.
16 Depois
criou Schwaska os diversos planetas que conhecemos, e exaustivamente testou
neles suas mais diversas criações de formas de vida; seu plano inicial era
criar seres que pudessem pensar como a própria Schwaska pode e o faz muito bem,
e agirem inteligentemente. Ela lembrou-se, em toda sua sabedoria, de que os
pássaros que ela criou outrora, assim como todos os outros seres vivos que
viria a criar, precisavam de olhos e órgãos receptores da Efetividade, caso
contrário não conseguiriam voar ou agir adequadamente, nem ao menos comer para
se manterem vivos. 17 E assim a Absoluta sabedoria aplicou no mundo Efetivo e em tudo
aquilo que existe a Lógica e Causalidade, que é a Sintaxe dos mundos e tudo o
que faz as coisas se moverem e se complementarem na Totalidade da harmônica desHarmonia
Cósmica. Este foi o maior de criação de Schwaska, que não mais pretendia mover
as coisas existentes como peças de tabuleiro, mas atribuir a elas uma força
própria de criação de ações, que é o que entendemos por Liberdade. 18 Com os
órgãos receptores da Efetividade (isto é, do mundo real) e liberdade de ação
dos seres, cada coisa criada se justificou no mundo e se uniu em um todo
harmônico, uma existência sistemática e plena, tornando-se uma criação boa e
pura, além de muito inteligente. 19 Schwaska tirou 10 na feira de ciências e se alegrou e bateu seus
labiozinhos de alegria. 20 Esse prazer foi o verdadeiro sopro de vida e aquilo que moveu a
ação nessa maravilhosa engrenagem que chamamos por Mundo Real, ou Efetividade.
Após isso, tudo que acontece no mundo é um movimento em busca de prazer e
saciação da vontade, ou o Tesão Cósmico. 21 Foi o Primeiro Orgasmo Existencial Múltiplo e Absoluto.
22 Ficou
condicionado que tudo aquilo que faz as coisas acontecerem, em função da natureza
deste sentimento Puro e Absoluto advindo da Criadora Absoluta, visa atingir o
Prazer, que é a verdadeira energia da existência e de todo movimento de
criação; 23 podemos encontrar a busca de prazer desde a saciação dos instintos
dos animais, que buscam atingir o seu Ideal condicionado agindo conforme foram
programados para fazê-lo, e assim, cumprindo seu dever na natureza de criar a
Harmonia Cósmica, e também nas plantas, que agem em conformidade com certas
leis de crescimento e agem através do fluxo de seiva, crescendo para os lados
que a Natureza as indica. 24 O que chamamos de Natureza em si é a executora dessa idéia,
é a força que busca o prazer, que é a harmônica desHarmonia do Todo Existente.
25 Após ter
criado os Unicórnios e Leprechaus no Planeta Vênus, a Demiurga, criadora de
todas as coisas efetivas presentes da real Efetividade, criou o ser Humano;
porém, em um momento de grande cansaço, a chamada Canseira Absoluta da
Schwaska. O prazer que ela sentira ao notar a harmonia de sua criação havia
gerado exaustão e cortado com certas possibilidades de criação de um ser dentro
de um sistema tão lógico e bem estruturado como o que ela havia criado. 26 Dessa
forma, o ser humano, último ser criado e único criado no período tétrico de
Canseira Absoluta, teve certos problemas de fabricação.
27 Tal ser e
problema de fabricação é objeto de análise e matéria de todo este livro, e os
seus motivos na Efetividade serão explicados sob autoridade que Schwaska deu a
mim, seu proveta escolhido. 28 O homem nasceu, ao contrário dos outros seres, como um ser
contraditório, avesso à harmônica desHarmonia, com uma necessidade de criação e
destruição que imitava o próprio movimento da Natureza que Schwaska criara.
Após criar a totalidade da natureza, Schwaska viu que recriara essa totalidade
de criação centrífuga, de harmonização destruidora, tudo em um só ser. 29 Assim, se
lamentou e viu que devia corrigir seu erro.
CAPÍTULO 2
O detrito da Schwaska
Mentes bitoladas e infestadas que mais
pareçam vespeiros da agudíssima ignorância infinita poderão se espantar e
dizer: “Como uma Deusa perfeita e boa, Ente Absoluto, pode cometer um erro e se
cansar? Isso é passível de seres limitados e maus!” 2 Porém, bons schwaskaístas, não ouçam tais caluniadores, pois são
maus e só desejam discutir um sistema não para conhecê-lo, mas para miná-lo
como detonadores natos que são.
Ilustração da Canseira Absoluta da Schwaska
3
Como sabemos, os chamados ‘deuses’ não devem
nem podem ser julgados conforme o juízo e arbítrio humano, já que não possuem
características humanas que permitam-nos dizer que são bons ou maus. 4 A
própria pretensão de querer dar atributos a um ser supremo é uma tentativa de
limitá-lo a certas características humanas, o que é absurdo e inconcebível.
5 Ignorem
tais pessoas e, se possível, arranque seus genitais imundos, estripe-as e
pendure suas peles no varal.
6 A Demiurga, criadora da Efetividade, errou e assumiu seu erro; ela
não pretendia modificar o homem de forma a torna-lo inconsciente de suas
limitações e incongruência com toda natureza. 7 Em relação a esta Natureza, a Demiurga deixou-a em sua liberdade de
ação, a agir ao léu. Porém, o Homem, que possuía em mãos uma infinita
contradição como condição de ser, passou a ser objeto de observação de sua
criadora. Ela sentia que devia atentar para o que ele fazia de forma a não
deixa-lo se destruir. 8 Teve
o trabalho e atenciosidade de inocular o vírus que chamamos Homem em diversos
planetas e pôs-se a observar em qual lugar ele se adaptaria melhor; porém este,
ingrato, destruiu tudo o que via em cada planeta onde a Schwaska o colocou,
inclusive os belos unicórnios de Vênus – pondo seus chifres mágicos à venda -,
assim como os Leprechaus, eternos guardiões do pote de ouro do arco-íris. 9
A maior contradição notada no homem por parte
da Schwaska foi uma tendência do homem de cultuar e simultaneamente querer ser
cultuado (transferência psicológica em cultos). Diferentemente, os animais e
plantas, ou seja, a Natureza propriamente dita, se saciava apenas em servir a
uma busca de prazer e harmonia cósmica universais através do cumprimento de
suas vontades condicionadas pela lógica sistemática efetiva. 10
O homem, assim, criou a moeda e as
ideologias. Produziu deuses para adorar e para, através deles, se sentirem
especiais como servos do(s) único(?) deus(es) verdadeiro(s) e, indiretamente,
adorarem à si próprios em uma comunidade cega e surda à tudo que fosse
contrário a ela. 11 Isso
é especificamente o conceito fechado criado por Xavascosa que se expressa de
diferentes formas em várias línguas; como Intolerância giocunda e ululante
dos gados humanos no nosso caso de falantes lusitanos.
12 O advento das civilizações em intercalação, das religiões
monoteístas, ideologias e sistemas político-econômicos foram todos anotados
pela Schwaska como oriundas desse gérmen de contradição e infâmia do homem, o
animal que por excelência corre atrás do rabo.
13 A conclusão que podemos chegar é que o homem nada mais é do que o
detrito e excrescência da Schwaska. Mas ele não está perdido.
CAPÍTULO 3
“Mas ele não está perdido”
No princípio a Deusa achou que um
conhecimento do que há de espiritual seria irrelevante para o homem, já que é
este ser vil e preocupado apenas com as coisas contingentes. 2
Está seria uma saída bastante fácil e sem
quaisquer resultados catastróficos; a única implicação seria que o homem se
tornaria um ser bitolado e sem capacidade de juízo se não tivesse um poder de
ter consciência de sua natureza. 3 Entretanto, pendurada de sua bolha de sabão nas regiões altíssimas,
notou Schwaska o pequenino mundo que ela outrora parira em movimento.
4
A visão que teve foi de um homem com vigor,
que, embora tivesse uma propensão alucinante para destruição e massificação de
opiniões, tinha seus lados positivos e atitudes espirituosas. A Demiurga
Xavascosa então deu a última chance ao homem e colocou-o no Pão de Mel que é o
segundo astro criado para alimentar os pássaros solares. 5
Ao colocar cada homem no então habitado
planeta, a Demiurga se cansou novamente, e essa foi a Segunda Canseira
Absoluta de Schwaska. 6 Porém,
uma canseira sem conseqüências inicialmente agravantes: ela se deitou no seu
plano Absoluto, ficando assim suspensa fora do plano físico da Efetividade
durante milênios, enquanto durasse seu Sono Absoluto. 7
A desvantagem de ser um ser absoluto é que
tudo que você faz absoluto; assim, quando você dorme, dorme muito. Foi o que
aconteceu com Schwaska.
8 O único indício de sua existência como criadora deixado no mundo
físico foi seu óculos que caiu no recheio do Pão de Mel no momento em que ela
se cansou, e que é o objeto pelo qual temos extremo fervor como servos fiéis à
memória e potência da única e absoluta Demiurga, criadora de toda Efetividade,
da Lógica, da Matemática e da sinuca. 9 Este objeto sagrado é aquele o qual designamos o Santo Óculos de
Graal, o único que pode provar fisicamente a existência daquela que fez existir
esse ‘fisicamente’, as provas, a existência, assim como as letras com as quais
escrevo no presente momento essa mensagem de salvação e harmônica desHarmonia
cósmica.
10 Quando Schwaska acordou, se deparou com um mundo inteiramente
mudado; o homem de fato agira por sua própria vontade de poderio e criou algo
chamado Civilização, que não se constitui como nada além de uma série de
postulados tidos como verdadeiros que justificam o poderio de alguns homens
sobre seus rebanhos de gado humano.
11 Schwaska se espantou e esse foi o Grande Primeiro Espanto
Absoluto de Schwaska Após Seu Longo Sono Absoluto. 12 Ela notou que o homem que ela criara, em todo seu poder, havia
criado uma nova raça, e não me refiro à dos clones, aos alimentos genéricos,
mas me refiro, não sem um nó na garganta, ao gado humano e as massas criadas e
impostas a um silêncio e obediência caninamente servil durante séculos, através
de poderes estabelecidos e dogmas sociais, mesclados em uma metafísica absurda
e uvas passas.
13 Schwaska relembrou-se depois de algum tempo desse dado e se espantou
novamente, e esse foi o Grande Segundo Espanto Absoluto de Schwaska Após Seu
Grande Primeira Espanto Absoluto.
CAPÍTULO 4
A nomeação dos provetas
Com o
advento dos monoteísmos gozadinhos dos séculos e das ideologias, foi necessário
um ensinamento da constituição do mundo espiritual a seus dois únicos provetas,
dois voluntários que se encontravam na platéia naquela noite de espetáculos de
demiurgia. Para eles foi reservado o destino de conhecer os segredos mais
íntimos e intenções misteriosas de Schwaska.
2 Schwaska selecionou entre tantos homens dois indivíduos puros, não
nascidos através do bom e velho entra-e-sai por motivos de aleatoriedade,
justamente os dois primeiros bebês de proveta do mundo contemporâneo. Daí seus
títulos religiosos de provetas. 3 O que os provetas falam é na realidade a autoridade da Schwaska
tornada carne falando, portanto ouvi e obedecei-os, assim, obedecer-la-ão.
4 O conhecimento do mundo espiritual, portanto, foi dado somente ao
proveta e deve ser crido somente se saído de sua boca. 5 Sua sabedoria teceu, em momento de sagrada inspiração, as seguintes
descrições:
A mensagem dos provetas
6 “Houve na tecitura de tudo que existe a divisão de três camadas de
existência”, e assim começa todo ensinamento de Schwaska.
7 Existir é o que se define pelo ato inicial e necessário de todo ente
que atinge realidade. 8 Existir é ser-no-tempo, e se define como o único imperativo do qual só
podemos fugir high on ketamine. 9 Imperativos devem todos ser dados pelas condições da natureza,
jamais por doutrinas morais absurdas. Se eu digo “seja moral”, “faça o bem”, e
tenho a possibilidade de fazer mal, meu imperativo é comprovadamente um
falseamento gozado da verdade; 10 se fosse de fato necessário fazer o bem e ser moral, então a
natureza nos haveria feito de forma a só podermos fazê-lo. 11 Aquilo que Schwaska nos determina está em nossas características
mais básicas e fundamentadoras.
12 “A existência dos Entes Absolutos, incluindo a Schwaska, se dá no
primeiro plano ou camada de existência citado anteriormente. O Demiurgo - ou Pai de Tudo que Existe – criou
Schwaska conforme viu que era necessário, como um ser livre e independente para
agir conforme seu próprio arbítrio. Para isso atribui uma inteligência absoluta
à tal Ente.”
13 O motivo de tal criação é um mistério que só a Schwaska pode
revelar. 14 Nossa mente pode conceber que toda a Realidade possível é um
edifício erigido desde as profundezas até às alturas inconcebíveis, e que para
cada andar superior há um inferior, sob o domínio do superior. 15 Assim nossa realidade, que consideraremos como o segundo andar do
edifício, é dominada pelas forças Absolutas do terceiro andar, onde habita
Schwaska de aluguel. 16 Acima de Schwaska há um flat do quarto andar que se constitui como
seu deus e criador, mas que não vem ao nosso caso. 17 Nosso interesse é o de reconhecer a força que nos rege e regermos o
primeiro andar, que é o mundo de nossa criação Absoluta e responsabilidade
eterna. 18 Ora, o primeiro andar do edifício e obra de nossa criação não é nada
mais que aquela região que chamamos de Pensamentos ou Céu dos Cachorros.
19 Os céus se abriram e desceu uma luz sobre o proveta José Patrick Morzelo,
que dizia: “Ouça as palavras sábias dadas Schwaska neste momento de
inspiração provética. 20 Há em todos os seres humanos duas possibilidades de criação: a
criação em sua própria dimensão de existência e na dimensão que está
subordinada a ele”, respectivamente,
o segundo andar, que é o Mundo real, e o primeiro, que é o Mundo dos
Pensamentos e dos Achados e Perdidos.
CAPÍTULO 5
A possibilidade de criação no Mundo Real
Há no
homem a capacidade que tomamos pelo nome de utensilidade, que é a
capacidade de produzir planos, de forma que ele pode criar meios que
multipliquem sua força e levem-no a produzir fins que, sozinho, ele jamais
conseguiria. 2 Criar é
praticamente sinônimo para Ser enquanto indivíduo inteligente e
inteligível. 3 O exemplo clássico é da alavanca que o homem pode criar para
levantar uma pedra grande, objeto que ele jamais levantaria em seus fracos
braços e natural corpo de aborto de compleição semi-cadavérica. Isso vale para
os halterofilistas também, que estupidamente entopem o rabo de anabolizantes
para somar à sua capacidade física, ao passo que o homem utensilista e
inteligente a multiplica, sem maiores danos no fígado. “É o que
difere o homem do macaco”, assim diz Schwaska. 4 A utensilidade permite o homem criar em seu mundo e subjugar os
homens mais fracos. 5 A maior utensilidade é àquela do pensamento; as religiões
políticas e culturais de hoje em dia são o exemplo mais determinante do grande
poderio que a utensilidade humana tem.
A
contra-possibilidade de criação no Mundo Real
6 Através de ilusionismo e pretensos deveres que elas pregam como
naturais e necessários, incutindo-os através do medo do inferno e do limbo nas
massas bovinas humanas, essas formas de utensilidade geram o domínio de poucas
dezenas de homens sobre milhares de outros mais preguiçosos. 7 Há também a utensilidade do sistema econômico, sistema que em
nosso mundo, desenvolvido durante o sono Absoluto da Schwaska, se desencadeou
produzindo o bem de alguns e a miséria de outros (o que é válido), mas
estupidamente seus líderes esqueceram de tomar as rédeas de tal sistema e
passaram a ser engolidos por ele próprio. 8 Schwaska, ao acordar de seu sono absoluto, viu e ensinou aos
profetas como se caracteriza tal sistema econômico e cultural, junto com todas
suas manifestações e postulados. 9 Foram dadas tais palavras, que teremos como os dez
contra-mandamentos, isto é, o que devemos evitar se não queremos ser relegados
a uma atitude ruminante:
O dez contra-mandamentos
10 1º –
AIDS é a moeda corrente que compra a neutralização e passagem para a
realidade difundida. O conceito de valor que se abrangeu sobre todas as coisas
(de modo de podemos dizer que uma pamonha, um carro, um momento ou uma pessoa
são ‘valorosas’ ou ‘inúteis’, somente em escala diferentes);
11 2º -
os hábitos e repetição fatídica de tendências justapostas, que é a mera
continuação do conceito anterior e que passou a domar e tirar de si a própria
capacidade de ter um gosto e liberdade de escolha para o instante que se segue,
de forma que as pessoas dizem que gostam de coisas que lhes são auto-impostas
indiretamente pelo cacoete; é o que observamos em gostos artísticos, e até
preferências sexuais e religiosas:
12 3º -
Pensar com os ouvidos é leproso. "Gostar de um algo que está em voga é
quase exatamente o mesmo que reconhecê-lo", pela força da informação,
"o mais conhecido é o mais famoso, e tem mais sucesso"; por isso a falsa sensação
de que ser um receptor de boca aberta de todas as novidades é aquilo que torna
a vida impossível. Quem está aberto para receber toda informação e tendência
que lhe chega, certamente não será quem gera tais informações ou tendências
(idem para criação de religiões sintéticas, trânsitos de doenças venéreas, etc);––a
"variedade" é instância do ecletismo acrítico que estraga meu jornal
de domingo, subversão" é substrato da faísca, conflito, porrada e chute na
porta;
14 a humanidade viveu sem AIDS durante milênios, porém há gente que
age como se viver sem sua AIDS seria como respirar sem oxigênio disponível;
15 4º -
a cabrita e o bezerro em voga é o padrão de beleza pra todas as outras bestas,
e pro gosto sexual de cada um; negar tal padrão é afundar-se na “lama do
homossexualismo” (segundo a terminologia cristã-monoteísta). Para nós, aceitar que a
voga escolha suas preferências sociais é ser estuprado pela própria sexualidade
e garantia de sucesso para dançarinas populares atuais. Gosto pessoal como uma questão
coletiva, e não individual (?!).16 A criação do gosto individual inclui experimentação laboratorial
no mundo que se descortina perante nossos olhos de segunda a segunda para ser
dissecado e analisado. Devemos antes ver se o que chamamos por nossos gostos
são realmente nossos ou de nosso grupo e sociedade, e só em seguida eu
recomendo que você faça o pedido do lanche, da revista, do carro, da mão em
casamento, do divórcio, do encaminhamento de curriculum. No caso de
perplexidade, jogue um dado de 6 (seis) faces e volte 3 (três) casas;
17 5º - os valores religiosos são todos tidos como o que há de
moralmente puro na natureza humana, e são postos como indiscutíveis, já
que pretensos detentores da verdade. 18 Ora, se um sistema se diz como indiscutível, e quaisquer objeções
a ele sempre serão tratadas como má-interpretação ou desvio de leitura dele,
este sistema já se compromete simplesmente por este dado; 19
se o que eu falo é de fato a
verdade, então não me causaria preocupação nenhuma se quisessem investigar o
valor de verdade de minhas afirmações. 20 É por isso que cumpri-los é uma forma de testá-los de forma a
aperfeiçoá-los, segui-los é questão de devoção. Santa Inquisição, argumentos
empíricos, espirituais e carismáticos de esquizofrênicos líderes é uma forma de
argumentação ligeiramente inferior segundo manuais de retórica mais
conceituados. 21 A verdade como valor só existe se é fecundada pelo questionamento,
e então gerar resultados palpáveis em alguns meses dependendo da espécie da
fêmea. Tire 5 minutos para reflexão deste dado e guarde suas belas conclusões
contigo. Pense também antes de escolher a espécie da fêmea. 22
Ela até pode ser uma bela
cabrita, mas se é uma intocável, “então apertemos a descarga”, diz Schwaska;
23 6º - o próprio conceito de prazer fora maculado com as forças culturais
abortivas da inteligência humanas, esta que é a força cósmica e grande Dádiva
Absoluta da poderosa Schwaska-uh-uh-a. 24 De forma que, na concepção atual, divertir-se é uma
pseudo-atividade através do momento mímico. Não se dança nem se ouve música por
sensualidade, muito menos a audição satisfaz à sensualidade, mas o que se
faz é imitar gestos de pessoas sensuais. 25
Não deixe de questionar as
formas de atingir prazer. 26 Há possivelmente algo de errado se os momentos de diversão são
dados como uma dádiva do sistema econômico para o trabalho full-time,
sendo que essa seria sua condição atual, já que diversão é estar em plena
sintonia com sua individualidade e satisfação de desejos reais, intrinsecamente
individuais. 27 O prazer e o bem-viver é um direito natural do filho da Schwaska
por se apresentar como possibilidade, já que seria sua harmonia com os lábios
abrasadoras da Deusa do Hedonismo Sem Pudor em si. Aceitar uma extensão de sua vida para este prazer, aceitar a
parte se é possível ter o todo, é justamente aceitar algumas
horinhas na frente da televisão vendo programas de auditório tão bem humorados
que é necessário ter risadas (canned laughter) da produção para saber a
hora de se divertir e comover. 28 Sem contar festas cívicas, quermesses, almoços de domingo, parques
de diversões (que são experimentações do corpo em movimento, meros testes de
física elementar) onde a diversão se paga com ordem de fila e espera, seguindo
o próprio modelo fechado burocrático. 29 A inversão desse mandamento seria: pratiquem o bom sexo e
saibam se divertir através daquilo que lhe é intuído; e pensem se é
realmente interessante trabalhar como escravo (i.e., anti-naturalmente,
considerando que o trabalho sóbrio é sim um bom meio para conseguir as coisas)
para ter dinheiro e com ele poder se divertir, se o tempo do
trabalho substitui o tempo onde seria
possível diversão natural e criativa. 30 “Isso é uma escrotice”, atenta a Deusa, “como trocar as próprias mãos por luvas de
boxe... usadas”, complementa a Deusa das Esferas e das Metáforas Bem-Elaboradas.
31 Poderíamos admitir essas duas máximas se houvesse em doutrina
transcendental da Schwaska de ser uma doutrina de imperativos e mandamentos.
Mas não, 32 nossas máximas devem ser todas feitas por nós mesmos.;
33 ROW ROW, FIGHT DA POWAH!
34 7º - Seguindo o segundo e terceiro contra-mandamentos, houve, após
a decadência do conceito de gosto e automatização dos interesses coletivos
através das modas, uma tendência de produzir rotina (na concepção
moderna da rotina, e não a aristocrática, para a qual o mundo era um eterno
final de semana), para que um sistema coletivo cultural não sofresse oscilações
de consumo muito grandes e a automatização fosse chave-mestra da produção em
escala industrial. 34 A rotina garante o consumo bem-medido e automatiza os processos.
Isso, que é um dado meramente relativo ao trabalho, teve que se igualar com o
ato de consumir, levando a uma mudança até mesmo do próprio gosto das massas
(pergunte à Schwaska como isso ocorreu). 35 "A renúncia à individualidade que se amolda à regularidade
rotineira daquilo que tem sucesso, bem como o fazer o que todos fazem,
seguem-se do fato básico de que a produção padronizada dos bens de consumo
oferece praticamente os mesmos produtos a todo cidadão". 36 “Falta de idiossincrasia e juízo para decidir o que é bom para
cada um”, assim declara Schwaska, Criadora Absoluta dos orbes celestiais e
do strip-pôquer, “é um problema a ser combatido como o câncer de mama e
invasão maciça de gafanhotos numa plantação de um país praticamente agrário
como o é a Indonésia e a Austrália”, metaforiza com maestria e perspicácia.
37 8º - A falta de consciência do gado humano faz com que aquilo para
o qual eles devem atentar - que é exatamente a extinção por fogo de toda sua
individualidade e bem estar individual – seja desviado, e problemas globais
casuais e muitas vezes ilusórios sejam tidos como catástrofes que devemos
corrigir ou pelo menos discutir até que aconteçam. 38 Assim é o Juízo Final ou Gehenna aguardado por muitos há milênios de
rabo entre as pernas, as milhares de ameaças de pestes que mendigos e leprosos
insanos gritam pelas ruas e que em breve estão sendo veiculadas na mídia de
massa, que é apenas uma variação in-folio e com logomarca da lepra e
mendicidade dos insanos paranóicos. 39 Atentai para o fato de que as inofensivas gripes e diarréias de
hoje anteriormente eram as pestes que “iam destruir a humanidade”, segundo os
paranóicos, e ainda estamos aqui. Schwaska ri-se disso. 40 A medicina humana, observou ela, em seu poder afiado de Observação
Absoluta, está minada destes preconceitos e paranóia chã, rasteira, mendiga. É
tudo que afasta o homem de sua verdadeira vida, é um prognóstico constante de
morte, prognóstico que muda como mudam as modas, (e que, como elas, é sempre
o constante retorno da mesma coisa com embalagem diferente), e que, portanto,
nunca acaba. 41 De forma que as pessoas existam pensando nas ameaças de morte. 42 “Preocupem-se”, ó fiéis, “não em sobreviverem às catástrofes, ao
aquecimento global, às inundações e vulcões e terremotos e tornados e doenças
aviárias e hemoptises catarrentas, aos acidentes de carro e quedas homéricas de
aviões, à pressão do mar e lei da gravidade que por vezes pode ser impiedosa,
aos animais selvagens muito famintos que habitam justamente os lugares pra onde
vocês querem viajar pra fazer Safári, aos bandidos e homens que vivem do
homicídio e que no fundo são canalhas idênticos a vocês; se vocês nem ao menos
têm uma maldita vida para protegerem, não adianta nada fugir da causalidade
e temerem uma morte física que é só a continuação do estado de necromorfismo e
suicídio intelectual que vocês se colocaram voluntariamente”, é o que declara
nossa Deusa e Musa inspiradora dos bons poetas como Hölderlin e Asbjørnsen, a
Absoluta Schwaska;
43 9º -
contra a futilidade e mal-uso do tempo de vida: o tempo é um mal gerado pela
Urina Absoluta que maculou o mundo de harmonia criado pela Deusa. 44 O tempo é nossa fatalidade e, com a causalidade, que
é sua irmã, nos joga de um lado pro outro, de situação em situação, sem que
possamos de fato escolher todas as situações que viveremos. 45 Tudo que podemos fazer é palpitar nos grandes ouvidos da
Causalidade, nesse caso. 46 A lei causal pode ser observada como correspondente ao que se
passa no pingue-pongue (onde seríamos a bolinha) e na flacidez mamária das
mulheres velhas (onde seríamos as mamas caídas). 47 Portanto aproveitem o tempo que lhes foi dado, e que é afinal o
único tempo possível para vocês; 48 ilusão do homem vulgar é sonhar com eternidades e tempos passados
imemoriáveis, ao passo que o passado é mera abstração e só tem significado real
se ajudar-nos a entender o presente e gera nossa ação neste. 49 A futilidade e o ato de entregar-se ao tédio é justamente um
suicidar-se em parcelas e não aproveitar o tempo de vida, não-retornável como
essas garrafas de refrigerante modernas. 50 Se vocês acham que o tédio é inevitável, matem-se de uma vez, como
os sábios estóicos acreditavam que devia ser feito. 51 Tédio é somente um círculo vicioso de acontecimentos e
expectativas frustradas, é o instante da não-perspectiva tornado eterno, pinto
no ponto-morto. Mas os acontecimentos, ah, os acontecimentos são justamente
aquilo que nossa ação gera e expectativas são nossas abstrações ideais
colocadas sobre o pano de fundo da ação. 52 Se você está entediado e ao mesmo tempo é o tipo que todo dia
escolhe o mesmo caminho pra ir pra casa, só entra nos mesmos sites ridículos,
lê os mesmos autores, compra roupa na mesma seção da loja, usa o mesmo nome,
não deixa crescer bigode nas férias nem dá identidades inusitadas, você é um
asno maldito, assim diz Schwaska. 53 Toda responsabilidade que o homem tem diz respeito a seu tempo,
que é o verdadeiro campo de batalha da individualidade para consigo mesma,
tempo de se tornar consciente para atingir uma maturidade intelectual e saber o
que fazer da própria vida. 54 Só assim é possível reger o mundo dos pensamentos como um bom
ditador, que é o primeiro andar do edifício, e no qual somos Deuses. 55 Fazer faculdade de direito e não querer sentir tédio é como chutar
uma bola e querer que ela role para trás. Essa é a palavra dos provetas e devem
(ou não) ser ouvidas.
56 10º Os indivíduos se chateiam com o próprio círculo de convenções
sociais onde vive. 57 “Se uma abelha te pica, ó homem, use a mão que te dei no momento
de criação para esmaga-la; outras abelhas podem vir, mas é justamente pra isso
que existem inseticidas e roupas de apicultores”. 58 A diferença que Schwaska estabeleceu entre homens e macacos
reflete-se na utensilidade dos primeiros. Assim, temos meios para
negarmos ofensivas advindas de tudo que vêm de baixo. 59 Há uma tendência em homens bovinos de quererem a todo momento nos
jogar uma corda pra podermos estar com eles, dentro de seus sistemas de
pensamento cristalizados e pretensa paz do ‘estar dissolvido no nexo do coletivo’,
de respirar o mínimo denominador comum da opinião justa e objetiva. Porém, se
observamos bem, tudo que eles fazem é jogar uma corda de baixo para cima,
tentando puxar homens individuais para baixo, para a lama de onde vieram. 60 Se não pergardes a corda, ela cairá na cabeça deles. 61 Arrastar tudo para a lama é a tendência de porcos, observada por
Schwaska.
62 "[...]
para muitas mulheres, as situações de intimidade, em que tratam dos cabelos e
fazem a maquilagem, são mais agradáveis do que as situações de intimidade
familiar e conjugal para as quais se destinam o penteado e a maquilagem. A
relação com o que é destituído de relação trai a sua natureza social na
obediência. Tudo se movimenta e se faz segundo o mesmo comando: o casal de
automóvel, que passa o tempo a identificar cada carro com que cruza e
alegrar-se quando possui a marca e o modelo mais recentes; a moça cujo único
prazer consiste em observar que ela e seu parceiro "sejam elegantes";
o "juízo crítico" do entusiasta do jazz, que se legitima pelo fato de
estar ao corrente do que é moda inevitável. Diante dos caprichos teológicos das
mercadorias, os consumidores se transformam em escravos dóceis; os que em setor
algum se sujeitam a outros, neste setor conseguem abdicar de sua vontade,
deixando-se enganar totalmente.” 63 Tal texto, selecionado por Schwaska em suas horas de leitura na
Biblioteca Municipal, só mostram que geralmente quem está em determinado culto
da própria castração, não sente de fato prazer por isso, mas dá sua situação
como situação padrão, natural e imutável. Estável. Bem posicionado no
mercado de trabalho. Pró-ativo. Pluralista. Politicamente neutro. Peripatético,
antenado às novidades, perspicaz, retórico, de treinado em linguagem corporal,
engomado, consciente, aberto a novas experiências, aventureiro, não-prolixo,
funcional, amigável. Homopassivo. 64 Sua atitude de submissão se faz por um medo tétrico de não se
dissolver na cor local, mas que é um medo de enxames de criaturas minúsculas (i.e.
obscurantistas enfurecidos, com garfos e foices), e não de fato por medo de
algo ameaçador.
65 Esses
dez contra-mandamentos constituem uma parte da sabedoria dos provetas e deve
ser ensinado às crianças a aos velhos que porventura se esquecerem de alguma
coisa.
CAPÍTULO 6
A possibilidade de criação no Mundo dos Pensamentos
Havendo possibilidade de criação no Mundo Real, coisa que é
passível de ser feita apenas por homens se-vivos, que seguirem os
contra-mandamentos dados por Schwaska, então se abre uma segunda possibilidade
de ação, a saber, aquela da criação no andar de baixo, no Mundo dos Pensamentos
que é o mundo onde cada homem pode dominar e ser seu próprio deus. 2 Muitos podem perguntar-se do sentido dessa ligação, e dizerem:
“Não sei como o que vocês chamam de alienação pode impedir de que se domine o
Mundo dos Pensamentos”, o que é um absurdo e deve ser combatido a fogo e
paulada. 3 A forma dominação dos homens listada nos contra-mandamentos é
justamente um subjugamento dos pensamentos, é a imposição de limites na mente. 4 Homens alienados passam a crer que no mundo de pensamentos só
devem se passar coisas tidas como “morais” e conforme os padrões lógicos, sendo
que este mundo mental é justamente o palco de experimentação para todos os
tipos de pensamentos, justamente para não precisarmos repetir as coisas
absurdas que sentimos necessidade de pensar no Mundo Real e Efetivo, e assim
termos conseqüências negativas. De pintarmos os mamilos de crianças do hospital
de câncer com caneta esferográfica. Felicidade não-contraceptiva. Threesome
siamês. Fornicação jailbait. Schadenfreude em medidas de política
internacional. Pena de morte vigorada para fins esportivos. Geriatria
avant-garde. Eutanásia + roleta russa. Escravidão-bestiosado sob as asas da
lei.5 Assim, Schwaska é mais a deusa dos indivíduos com amigos
imaginários do que dos ascetas do pensamento; mais a deusa daqueles que se
deliciam com pensamentos de malabarismos eróticos e fundadores de haréns
mentais do que a deusa dos adolescentes espinhentos que engravidam frascos de
shampoo no chuveiro tentam conter seus impulsos eróticos naturais sob a
insígnia de uma santidade que é um conceito caduco e anti-humano, de indivíduos
que querem ser iguais aos deuses do terceiro andar. 6 Schwaska não é propriamente libertação, é natureza e eliminação
de inutilidades que atrasam geralmente cinco sextos das vidas dos homens,
que chegam à velhice inexperientes como crianças de colo, justamente porque se
privaram a vida inteira de experimentarem tudo que o mundo de possibilidades
oferece a eles, e se construírem assim em sua maturidade, ao menos no lugar
onde lhes é destino a agirem despoticamente: suas próprias e íntimas mentes,
lugar onde nenhum outro homem ou ser supremo pode colocar o bedelho.
Da negação da lógica formal
7 Existe um conjunto de leis que rege os processos no mundo real
chamado lógica. Há uma lógica natural e uma lógica humana de dimensões elástica.
8 A lógica natural é aquela que fundamenta os princípios mais ridiculamente
básicos das relações de todas as coisas que existe, como por exemplo o
princípio de contradição, que diz: Uma coisa não pode ser algo diferente de
ela mesma simultaneamente (exceção: presta atenção se ela não tem aspectos
diferentes, neste caso seus aspectos não são a mesma coisa). 9 Há outros conceitos bastante básicos também que, se nós, em nossa
arrogância, achamos que são coisas banais e óbvias demais, devem ser observadas
com parte da Criação Absoluta e que, sem elas, nada no mundo funcionaria. 10 Um conceito básico essencial é o Tempo (série de sucessões de
estados, que caminha em linha reta e nunca pode ser retomado) e o Espaço (a
idéia e palco da dimensionalidade das coisas, que permite o fenômeno da
localização). 11 Há, além deste, outros conceitos que serão estudos em outros
livros sagrados paridos por Schwaska.
12 A lógica humana, por sua vez, é um convencionalismo para que a
vida em sociedade seja possível. Essa é uma ‘lógica’ menos séria, que talvez
deva ser seguida caso nós tenhamos escolhido viver em sociedade. Se sim, ela
pode ser aplicada. 13 Nos habituamos, mais por vício do que por disciplina, a pensar
apenas mediante essa lógica; 14 o único resquício de um pensamento puro e natural que temos é
aquele que se manifesta em nossos sonhos e estados de consciência adquiridos
após treze doses de bombeirinho.
15 No que concerne à teoria da criação no Mundo dos Pensamentos ou
Bolhas de Sabão, essa segunda lógica não precisa ser seguida nele. 16 Uma limitação de nossa capacidade é justamente querer aplicar
regras formais e humanas para aquilo que é o campo de nossa criação, onde somos
nós mesmos o Ser Absoluto e Regedor Despótico Maquiavélico de Tudo que Subsiste
no Andar de Baixo (vulgo S.a.r.de.ma.tu.s.a). 17 Se queremos ser um Sardematusa para o andar de baixo e, assim
temos seres que nos adoram como adoramos à Poderosa Schwaska, a Sardematusa do
andar de cima, Criadora Absoluta de tudo que é há e que há de vir, do cinema
mudo e das frutas silvestres, então devemos criar nossas próprias regras. 18 É por experiência que digo que regras humanas não se aplicam a
pensamentos.
19 Conclusão: Nada nos impede de ser Napoleão Bonaparte.
A contra-possibilidade de criação no
Mundo dos Pensamentos
20 Como nos alerta o proveta Umbrosus Komprimierter Schwaskosus,
ungido pelos líquidos abrasadores de efeitos medicinais da única fonte de
harmonia contraceptiva, Schwaska, há certos atitudes para com o mundo do andar
de baixo que nos tira a possibilidade de controla-lo. 21 E isso é justamente o que se expressa nos dez contra-mandamentos
da Contra-possibilidade de Criação no Mundo dos Pensamentos, diferentes em
partes dos dez contra-mandamentos da Contra-possibilidade de Criação no Mundo
Real.
22 1º - Como já visto, sob a autoridade de nossa Demiurga, a primeira
contra-condição do regimento despótico do andar de baixo é justamente a falta
de liberdade de pensamento no seu próprio andar. 23 Ela revela: “Se não tenhais, porventura, domínio de vossos
próprios pensamentos em seu próprio andar, que é o vosso lar e onde vós morais,
então vós sois asníticos rastejantes de quinta categoria e não terão qualquer
possibilidade e desenvoltura para dominarem o andar de baixo. Educação se leva
de casa”, diz, não sem extrema sapiência;
23 2º - Apego à lógica humana é um limite para o desenvolvimento de
um bom mundo dos pensamentos, logo este é o único possível segundo
contra-mandamento;
24 3º - Para criar
um mundo intrínseco, devemos antes ter plena consciência de quem somos e como
somos, reconhecendo nossas falhas e limitações humanas. Sem essa consideração,
seremos como o homem que planeja sua casa e a constrói sem atentar para o
terreno sobre onde pretende construí-la. 26 Se o terreno for arenoso, for um pântano ou for o terreno das
próximas instalações de uma usina nuclear, então sua obra terá sido de toda
inútil e ele se frustrará. 27 É recomendável que crianças sejam educadas para desenvolverem
plenamente o auto-conhecimento; que sejam ensinadas a ficarem algumas horas
sozinhas na frente de um espelho estilhaçado ouvindo noisecore-rococó-Caravaggio
a milhão para poderem pensar em si, que tenham liberdade para desenvolverem
plenamente seus talentos e educarem seus vícios e impulsos desagradáveis; só
assim se construirá um adulto apto para ser Déspota Esclarecido de sua própria
metafísica, um verdadeiro Sardematusa;
28 4º - Saibam os limites da lógica de seu mundo; 29 a lógica analítica (aquela lógica natural de que falamos) é o
alicerce da possibilidade de um mundo. 30 Nunca tente criar um mundo sem tempo, espaço e causalidade, que
são as três regras essenciais da lógica natural. 31 “Caso contrário, você acabará como Salvador Dali”, revela a santa
aspiração;
32 5º - Meça o bem e o mal dentro de seu mundo, ambos conceitos são
justamente somente aplicáveis nesse movimento, uma atribuição de interioridade.
33 O bem e o mal do mundo é o bem e o mal de si mesmo, e ele se
realiza em seus pensamentos e mundos criados. 34 Saiba controlar para que seus pensamentos não tomem forma e se
rebelem contra seu próprio criador. 34 A loucura é o sintoma mais desastroso de qualquer forma de
criação, é a insurreição de pensamentos contra seu próprio criador. 35 Não se deixe perturbar a ponto que seus próprios pensamentos te
forcem a querer sair pelo seu traseiro. Neste caso, o contra-exemplo é
justamente o exemplo do louco e do paranóico, que afinal de contas é um homem
sem controle sobre sua própria mente ovulante;
36 6º - O sexto
contra-mandamento é extensão do terceiro e do quinto, que diz: eduque sua
criação para que ela própria atinja um estágio maduro e passe a andar pelas
próprias pernas, como Schwaska o fez na criação do mundo e no estabelecimento
do Prazer como a Energia que Tudo Move. 37 Schwaska deve ser exemplo para vocês, ó seguidores de Sua excelsa
sabedoria. 38 O contra-exemplo é o do homem que deixa seus pensamentos pairarem
numa simplicidade que em nada o acrescenta (como todos os realistas e
naturalistas, que se apegam a leis castradoras para sua criação, impedindo que
haja transfiguração nela), embora esses pensamentos tenham uma estrutura bem
ordenada;
39 7º - o princípio
da Transfiguração é o ponto de partido para um dos mais altos estágios de uma
criação qualquer que seja: é o estágio que qualquer mundo de Pensamentos criado
atinge quando não só age por si próprio, mas passa a criar e acrescentar ao seu
próprio Criador. 40 É o princípio de todas as artes do sublime, salvia e
interpretações infinitas. 41 O contra-exemplo é o do Criador limitado que não gera
Transfiguração, e que nunca aprende com sua própria criação;
42 8º - atingindo-se
o estágio anteriormente citado, é necessário que a criatividade acompanhe o
mundo criado. 43 A criatividade é a força criadora, é a condição, forma e meio de
ação do atributo que faz de nós criadores. Assim, deve ser bem distinguida da criação
em si, mas deve pegar carona com ela, quando oportuno for. 44 O contra-exemplo é o do homem que nunca pega carona e fica pra
trás;
45 9º - após o
oitavo estágio, podemos atingir o estágio do Gênio e dos Mistérios. 46 Quando a Criação envolve-se de uma aura de realidade alta o
suficiente para poder ser real, estar apta para isso, então o Criador
pode passar a viver nela. 47 Nesse exato momento em que ele de fato vive em seu mundo, que é o
estágio que chamamos de Autismo Condicionado Absoluto (diferente do autismo
incondicionado, que é uma patologia), seu Mundo de Pensamento sobe de
andar, do primeiro para o segundo. 48 E, conseqüentemente, seu Criador, o próprio sujeito criador do
Mundo Emancipado, sobe para o terceiro, e pode morar ao lado da Schwaska. 49 Este é o estágio de evolução e o princípio de conhecimento todos
os mistérios, que deve ser aspirado e buscado pelos verdadeiros amantes de
Schwaska. 50 O contra exemplo é do homem que teme a loucura e teme sair de seu
mundo carnal aconchegante;
51 10º - o décimo
estágio é justamente o estágio de adaptação ao novo andar. Os vizinhos são
novos, e deve haver a humilde de começarmos como a mais baixa criatura de um
novo estágio de evolução. 52 O contra-exemplo é o do mal vizinho que bate no teto com uma
vassoura sem grandes motivos.
CAPÍTULO 7
A arte como forma de busca do Autismo
Simpatizantes com tal teoria provavelmente serão todos artistas ou
pretensos artistas, entusiastas avant-garde engraçadinhos, designers de
entranhas e taxidermistas. A criação cósmica e a arte estão intimamente
ligadas. A diferença de um pedaço de pedra e uma escultura é a aura e poder de
assimilar e exalar historicidade, sentimentos e transfiguração da segunda. Um
escritor, ao escrever sua obra, cria personagens e situações que não são nada
além de um povoamento de sua própria Região dos Pensamentos. Isso é
especulativo de um ponto de vista materialista, mas plenamente possível e
efetivo. A fácil identificação de indivíduos a beira do Autismo Condicionado
serão, portanto, geralmente artistas, zeroworkers, mutant bitches on
motorcycles, SEMCP, anticultistas, caoístas, visionários, filósofos
especulativos (e não malditos analíticos), excêntricos, chanites, e body
snatchers e Jesus-velociraptors. Não se tem nenhuma notícia de um engenheiro ou
auxiliar adminstrativo que tenha atingido tal estágio. A arte, para Schwaska, é
exatamente a forma mais decente de utensilidade, e seu efeito transfigurador
nos homens é a inspiração da criação, a veiculação da energia cósmica
primordial, que é o Prazer que gerou o Orgasmo na Schwaska.
CAPÍTULO 8
Schwaska não depende de vocês
Algumas últimas considerações se fazem necessária para que os
ensinamentos de Schwaska não sejam deturpados ou se transformem em uma religião
política monoteísta de baixo calão.
Sabemos que
Schwaska institui através de seus ensinamentos apenas contra-exemplos: tudo o
que pode ser gerado de ensinamentos de tal natureza será, portanto, uma
contra-religião. No top 15 das Divindades mais célebres de Hollywood, Schwaska
é a quarta-pessoa do singular. Dar contra-mandamentos é alertar sobre um mal qualquer,
ao passo que dar mandamentos é enfiar goela abaixo receitas de liberdade.
Existe uma diferença imensa nisso, só quem é burro não vê, pois se condiciona
como cego, e então é duas vezes um asnóide bacante bescheuert.
Não existe em
Schwaska uma necessidade de um séqüito de súditos sem vontade própria; suas
palavras são fonte de consolo e ajuda para os homens e nada mais, nunca devem
ser entendidas como regras. Isso ocorre pelo fato que Schwaska não depende de
vocês. Não depende de sua adoração ou devoção, de um bem-dizer, nem de um mal
dizer. Nem precisa de um nome. Se Deus é amor, Schwaska tem mais o que
fazer. Seu nome não é infinito mas possui sete letras que bastam para expressar
sua imponência cor-de-rosa; durante a história vimos ela sendo chamada de Schwaska,
Xavascosa, Xavasca, Perseguida, Caverninha, Paxaxa, Bacurinha, Frubas, Sheelah-na-Gig,
e assim por diante. Não existe correspondência direta e necessária a seu ser, pensar
nela já é estar em contato com ela. Portanto ela afirma que, se querem criar
uma religião monoteísta em que ela é a deusa, vão todos tomar nos seus [trecho
perdido do papiro original] podres.
Assim, sob o
apaziguador abraço dos lábios de Schwaska eu, proveta inspirado sob sua
Responsabilidade e Autoridade Absolutas, apago a chama de minha vela e deixo
por terminado este livro introdutório que traz aos homens Demiurgia, dados a
respeito da criação de todas as coisas efetivas e da natureza das leis que
regem a Efetividade, assim como a natureza do edifício de criação que chamamos
de Realidade (um plano acima da Efetividade). Schwaska os alerta disso para que
sejam felizes, e não para que sejam santos, carolas, padres, homens exemplares,
gentlemen, diáconos, autoridades episcopais, salafrários de quinta
categoria, coroinhas, grão-maçons, cavaleiros templários, pai-de-santos,
pau-mandado do bispo e ordenadores de missa. Como disse o Rei Salomão, “Vanitas
vanitatum et omnia vanitas” (Vaidade das vaidades,
é tudo vaidade). O Schwaskismus é uma doutrina de práxis, não de teorias
falidas.
Que a paz intumescente dos lábios acolhedores da Schwaska esteja
com vocês.
Livro das Aporias
CAPÍTULO 1
Dos aspectos históricos de nossa doutrina: o
anti-culto
A primeira questão que poderá advir dos espíritos céticos e
caluniadores não se expressaria diferentemente do que tais palavras trazem:
“Que verdade pode trazer uma doutrina criada no auge da civilização humana,
justo em um momento em que os deuses foram demolidos junto com todo seu
dogmatismo alienante?”. 2 Porém as palavras de tais
seres são amargas e trazidas para a disseminação do desespero e desalento do
homem fiel, como a peste carregada pelo vento. 3 Ora, tempos estes chegarão em
que vocês serão confrontados com tais perguntas, e vocês deverão, como meus
fiéis, estar preparados para minar tais elucubrações funestas dos pretensos
destruidores da Verdade Absoluta da Schwaska.
4 A Verdade Absoluta é àquela diferente as verdades individuais,
criadas por criaturas mefíticas e desesperadas que buscam estabelecer estatutos
que os favoreçam e os torne pretensamente superiores, sem qualquer compromisso
com o que há de Puro e Efetivo. 5 Diferentemente das religiões
mono(tono)teístas que dão as atuais bases para a organização dos povos – e
justamente por isso o mundo está fora de seus eixos -, a doutrina de Schwaska
não é mais uma doutrina de catalogação e etiquetamento de divindades.
6 Schwaska é um ser supremo anti-divino e anti-culto, já que é
modesto; ao mesmo tempo é uma divindade em sentido não-estrito, fora de toda
vulgaridade que a linguagem humana possa atribuir à seu nome sagrado; 7 afinal o próprio conceito de divindade é acompanhado vulgarmente
de uma idéia de que o ser tido como Supremo é Único e Detentor de Toda Verdade.
8 Além disso, ao atribuir
atributos humanos às suas Divindades, o homem teísta as limita a
características puramente humanas. Todas as características humanas foram
definidas pela Schwaska no momento de criação do homem, como limitações especificamente
de homens e para os homens. 9 Assim, jamais devem ser
usadas para caracterização do Ser Absoluto, mas somente para seres ditos
‘divinos’, ou seja, entidades humanizadas criadas para justificarem religiões
falíveis como as monoteístas atuais, assim diz Schwaska em sua excelsa
sabedoria. 10 As crenças mundanas atuais,
assim, se constituem como abstrações perigosas; somos testemunhas de guerras e
miséria sem fim pronunciadas em nome do único deus possível dos mulçumanos
contra o único deus possível dos ocidentais; às vezes o único deus possível dos
japoneses volta de férias e resolve incluir-se na briga. 11 Porém Schwaska não tira férias e entende de matemática, já que ela
criou a possibilidade de o homem fazer matemática, e Schwaska sabe que 1+1+1 não
é igual a 1, mas a três verdades únicas possíveis, o que constitui a Aporia
Falida dos Monoteísmos Seculares.
12 Este é o primeiro princípio universal de sua doutrina e deve ser
transmitido por aqueles que a professam, e deve ser transmitido às crianças e
aos velhos.
CAPÍTULO 3
Dos aspectos metafísicos de
nossa doutrina: As divindades seculares que habitam as Regiões do Pensamento
Hipotético
Dessa forma, Schwaska independe de adoradores e de uma religião que
porventura entretê-la-ia; 2 Schwaska é criatura
transcendente, ou seja, sua condição primária é aquela que seu pai a confiou, e
que diz: “Você será ser transcendente, e viverá em um estado acima da
existência física”. 3 Contudo, em toda sua infinita sabedoria, Schwaska chegou à
conclusão que todos os outros deuses que se admitiam únicos e verdadeiros
também possuíam tal natureza, mas traziam ao mesmo tempo características de
seres imanentes, ou seja, que dependem de uma ligação com o mundo físico. 4 “Tudo que é pensado é de certa forma transcendente; se eu difundir
a existência de um deus das cascas de árvore ou do lixo reciclado e ele passar
a ser de fato adorado e pensado por todas as pessoas, então ele é, ao menos em
um nível hipoteticamente ontológico, um deus possível e transcendente, já que nunca
se manifestará no plano físico, e que contudo habitará a Região das Idéias
Hipotéticas”.
5 Ouçam, fiéis, estas palavras e princípios de infinita sabedoria, e
guarda-as contigo. 6 O Schwaskismo é o
reconhecimento de que tudo que é pensado está a um passo de se tornar real, já
que os pensamentos dos homens habitam bolhas de sabão numa Região Transcendente
dos Pensamentos, que fica geograficamente localizada a 5 milhas do Céu dos Cachorros.
7 A Região Transcendente dos Pensamentos – também designada por
Região do Pensamento Hipotético - é lar de boas idéias, mas também de más
idéias, já que é para onde tudo o que é pensado vai. Assim, se os deuses
monoteístas – pretensamente unicamente-possíveis -habitam tal região,
então não estão livres de serem entes malignos ou contraditórios. “Eles
praticamente vivem em um aterro sanitário de Idéias”, afirma o discípulo fiel
da Schwaska quando entrevistado pela mídia de massa.
8 Ora, um homem preferiria se ater ao que é incerto e cuja aplicação
social produz catástrofes, ou àquilo que é evidente que e que está acima de
toda abstração? Eu lhes digo: se há algum bom-senso na humanidade e se
confiamos nele, então tal ato se constitui numa barbárie e leva o homem a
cometer suicídio intelectual. Apenas uma crença naquilo
que é puro e originário se faz consistente, assim.
9 Pensamentos são criações humanas, é um fato indiscutível, o
óbvio ululante que só os asnos e espécies mais vis de rastejantes discordariam.
10 Um homem que se contenta com
religiões exclusivamente culturais, e não químicas e solipsistas (aquelas que
definem e constituem unicamente na representação de conceitos de uma
comunidade, e que criam deuses para justificar tais valores) se contenta com
aquilo que o próprio homem, ser falível e mesquinho, criou.
11 A crença que pregamos não se constitui em um relativismo, como
podem as já citadas criaturas infiéis e elucubradoras de doença e podridão
cerebral afetada virem a afirmar em toda sua infâmia. O Schwaskismo mostra que
todo monoteísmo cria para si uma verdade absoluta individual – que é seu
deus -, ao tentar explica-lo através de atributos humanos. 12 Assim, para os monoteístas, num sentido prático, deus foi feito à
imagem e semelhança de cada homem, e não o contrário. Mesmo assim, sua doutrina
afirma o oposto, constituindo-se uma máscara sobre o bom-senso e levando os
monoteístas a criarem um rol de divindades que justifiquem suas vontades
individuais e infâmia historicamente comprovada.
13 O Schwaskismo parte do reconhecimento de que cada verdade habita a
Região Transcendente dos Pensamentos, e apenas isso. 14 Nossas intenções puras não devem se ocupar de meras especulações,
mas daquilo que é digno de ser adorado, a Entidade Pura e duplamente
Transcendente (ou seja, independente de uma existência e projeção de existência
através de adoradores submissos uma cordeiro na bíblia), a Entidade que habita
um nível superior de verdade, acima da região dos pensamentos hipotéticos e do
céu dos cachorros.
15 Que a paz intumescente dos lábios acolhedores da Schwaska esteja
com vocês, fiéis.
CAPÍTULO 3
Dos aspectos culturais de nossa doutrina: A
Sátira
Não há melhor palavra para definir o que nossa Schwaska cor-de-rosa
quer com sua doutrina: sátira. A sátira foi a última coisa a ser criada no
mundo, dada pra ser o combustível que o moveria. Os homens querem ser felizes e
evitarem aquilo que faz mal, mas suas ações mostram exatamente o contrário. Na
verdade os homens querem ser sérios, aceitando algum mal como recompensa pra
isso.
Contra toda
conquista boçal de seriedade, santidade e vaidade social, temos a oferecer
somente sátira. Nossas fórmulas mágicas, encantamentos, maldições, invectivas,
ofensas verbais não são sátira, no sentido que a palavra é geralmente usada,
mas ao invés disso são o substrato da sátira, o mundo da indignação verbal e
violência que sempre existe numa multidão de formas extra-literárias situadas
bem ao lado das formas da arte. Sociedades civilizadas, quando afirmam que é
uma inutilidade soltarmos invectivas e maldições contra ela e tudo que existe,
estão na verdade tentando nervosamente evitar os perigos de uma agressividade
descontrolada e fúrias desencadeadas podem causar à sua estrutura falível. A
história mostra o poder ativo da palavra e da ofensa desde a Antigüidade, como
casos em que homens humilhados publicamente foram para suas casas e morreram, e
outros casos de brigas verbais onde os oponentes se xingavam até o mais fraco
ter sua pele rasgada e enfim ser triturado pela simples força da palavra
ofensiva.
A frase do grande
comediógrafo romano Juvenal Si natura negat, facit indignatio versum
(“Embora a natureza possa negar isso, minha poesia é dilapidada pela
indignação") mostra o que há por debaixo do burlesco e cômico na sátira: a
mais pulsante destruição do que há de débil no mundo, nada senão a
voluptuosidade dos que lutam por ação e contra a estagnação
necromórfica, a entrega prematura a um leito de morte calmo e sereno, sem ossos
quebrados, pinos no cotovelo ou história pra contar pros companheiros de abrigo
nuclear. Há uma frase entre a comunidade de free-thought norueguesa que diz “Jeg
tror på et liv før døden”, exatamente “Eu
creio em uma vida antes da morte”, como oposição ao chavão esotérico da vida
após a morte. A frase expressa bem a negação por especulações espirituais
vazias atrás de respostas a respeito de santidade, existência da alma
ou até mesmo de uma divindade, feitas durante a vida inteira por
indivíduos que deixam de viver afundados em dúvidas que simplesmente não
precisam ser respondidas. Problemáticas falsas se inserem da seguinte
forma: eu crio o conceito de alma, coloco explicações, fermento e propriedades
para tal, deixo correr o relógio por uns milênios, e vejo o que fizeram dele.
Pessoas estarão se descabelando tentando negar ou afirmar tal conceito, sendo
que a PROBLEMÁTICA deve ser negada, já que se trata de uma ficção e passa-tempo
meus. Ateístas e teístas caem na mesma trama neste ponto.
Já, solipsismo espiritual em nome de ninguém
transforma a multiplicação desenfreada de problemáticas em um parque de diversões.
Crer na possibilidade de ter efetivamente uma vida antes da morte é encarar o
sorriso desdentado do futuro como uma medida zombeteira da abstração mental que
se torna possível para nós na condição de seres inteligentes. Todo inferno é
imaginável; não significa que o acesso a eles é compulsório. Seis meses de coma
são um ticket pro futuro.
Essa é a única idéia condicional para que essa
doutrina faça sentido para você. Se não há uma necessidade ou vontade de viver,
mas de automatizar a vida para que uma morte esperançosa chegue logo, então
este livro lhe funcionará com um ótimo calço de piano. A grande verdade é a
própria vida e sua finitude, só. O que este livro trata por Aporia é
justamente essa cultura de auto-entrega à morte fácil, a cultura da inação, dos
padres (velhos-de-saia) repetindo fórmulas todos os dias, donas de casa
assoviantes e cães dormindo o dia todo no quintal; dos gordos engravatados
dando ordens pelo sem-fio, secretárias de pernas cruzadas jogando SuDoKu e
crianças tendo seus cérebros chupados por canudinho, teens de frango-assado à
putanesca.
É justamente essa a nossa mágica, o xingamento e sátira, e a única
coisa que há de 'sobrenatural' nela; digo sobrenatural pois
parece que realmente o que temíamos aconteceu: o livre pensamento deixou de ser
algo natural na humanidade.
Pico-Perfeitismo
Alvo: desenvolver métodos e estratégias visando a saturação dos
significados de um texto correndo solto pelo ar. Desde que se possa atribuir
uma cor a ele. Da minha fala. Falar asneira suficiente por milissegundo com
roupagem pedante de modo a fundir os fusíveis cerebrais dos mobrais, fazer seus
olhos derreterem na contemplação de um quadro onde tudo é inconcebível e o
significante destrona o significado. Aplicar formas de bombardeamento do sentido,
da outline, até daquele "do que a gente tava falando mesmo:",
esse momento horrível de consciência que estraga meus cafés da manhã e horários
de almoço. Pela semiorragia: signos e significados escorrendo
violentamente do buraco de bala na sua testa.
CAPÍTULO 0
Da Bad Trip sem porta de saída ao Pico
Perfeitismo
Se vejo uma salsicha anunciada numa tabuleta como uma
salsicha caseira velha e dura, imagino que a estou mordendo com todos os dentes
e engolindo bem rápido, sem pensar, com dentadas regulares como uma máquina. O
desespero que é a conseqüência imediata desse ato imaginário aumenta minha
pressa. Entucho longas crostas de carne de lombo pela boca e as retira por trás
rasgando estômago e intestino. Devoro tudo o que encontro em vendas imundas. Empanturro-me
de arenque, pepino e toda sorte de comida picante velha e ruim. Latas de balas
inteiras são esvaziadas dentro de mim como chuva de granizo. Nisso desfruto não
do bom estado de minha saúde, mas também de um sofrimento que é indolor e que
pode passar rápido.
(Diário,
30 de outubro de 1911)
Noite de insônia. A terceira em seguida. Adormeço rápido, mas acordo uma hora
depois, como se tivesse enfiado a cabeça no buraco errado. [...]
(Diário,
2 de outubro de 1911)
Quando
estava deitado hoje à tarde, alguém rapidamente virou uma chave na fechadura e
por um instante senti fechaduras no corpo inteiro, como se estivesse vestido
para um baile a fantasia; o tempo todo abriam ou fechavam uma fechadura, ora
aqui, ora ali.
(Diário,
30 de agosto de 1912)
A
janela estava aberta, em meus pensamentos desconexos eu me jogava da janela de
quinze em quinze minutos, continuamente, aí vinha um trem, os vagões iam
passando sobre meu corpo estirado nos trilhos, aprofundando e alargando os dois
cortes, no pescoço e nas pernas.
(Carta
a Felice Bauer, 28 de março de 1913)
Na
penúltima ou antepenúltima noite sonhei com dentes sem parar: não com dentes
alinhados na dentadura, mas formando uma massa, é isso, dentes encaixados como
em brinquedos para criança montar, e que eram guiados por meus maxilares num
movimento corrediço. [...]
(Carta
a Felice Bauer, 4/5 de abril de 1913)
Desesperado.
Hoje à tarde meio dormindo: esse sofrimento vai acabar explodindo minha cabeça.
Bem nas têmporas. Ao imaginar isso, o que de fato vi foi uma ferida de bala, só
que as bordas do rombo estavam abertas para fora e tinham as pontas afiadas
como uma lata aberta com violência.
(Diário,
15 de outubro de 1913)
CAPÍTULO 1
Motim no paraíso
Quando Flaxaflói entrou na
sala após duas horas de atraso, nem ao menos um esforço pra conter o riso. Mas
ninguém notou sua presença, o que significava que ele continuaria a estar
ausente se permanecesse ali, por mais alto que tentasse gritar.
Poderia virar o avesso, nada sobre o firmamento o permitiria
provar sua existência ali, já que ele era puro vulto, reconhecido só no momento
marcado, onde todos forçam para reconhecer uns aos outros de forma a cumprir
com o totalitarismo dos ponteiros do relógio e permitir que o fluxo do tempo
nos contassem nossas histórias por anos a fio.
Voltou-se a suas companhias mais caras; certamente elas notariam a
presença e alertariam a professora a respeito do novo convidado... Inútil. Enquanto
gritava em seus ouvidos, já claramente impaciente, pode ser aproximar de uma
forma que o decoro não havia permitido. Para notar que, curiosamente, seus atos
pareciam até mesmo se repetir, como se estivessem distraídos o suficiente para
repetir a mesma piada de ontem, até a mesma ordem de gestos; a única diferença
era que agora Flaxaflói não estava mais ali entre seus colegas. Assim, se ontem
neste exato momento o amigo lhe cutucara pra mostrar um desenho, fazia agora
para outro amigo. O princípio que mantinha aquele microcosmo do mundo fixo em
seus alicerces era a manutenção concatenada de gestos comedidos. Por dentre as
sutis alterações de um ou outro gesto, Flaxaflói notava fendas a materialidade
de toda aquela sala.... por detrás das quais cores inexploradas se revelavam
convulsionantes, de feixe em feixe misturando-se e perdendo-se num fluxo caótico,
para delírio globocular, um gozo indescritível... pelas extremidades das fendas
elas tentavam irromper o ambiente –
para então serem encobertas por gestos abruptos dos figurantes
daquela sala. Era o motivo de haverem seres vivos se atuando e comendo e
bebendo a cada dia. Não estavam interagindo com o mundo mas consertando a
imperativa ordem dos relógios na posição de complemento da paisagem sóbria do
dia-a-dia.
Ora uma folha de papel caía casualmente cobrindo uma fenda no
chão. Agora determinada pessoa se senta sobre outra. Tudo pareceria obra acaso
em outra situação. Talvez fossem os prédios fincados na terra e paisagens meras
colagens também, superfícies cobrindo o fluxo de uma substância inteiramente
inédita a nossas mentes correndo descarrilhada pelas nervuras de tudo o que
existe, uma arquitetura inspirada pelo vácuo: Cenas urbanas fixas massas
andando de lá pra cá o mundo que se alterava em nome do progresso parentes que
se mudavam de cidade para cidade crianças nascendo a cada instante em que o
corpo cresce com árvores plantadas a noite que se adentrava pelas persianas;
eram todos instantes necessários para ocultar aquilo sempre abaixo de nossos
olhos, conclui. A história que se tece a partir desses momentos é a narrativa
deste processo redundante de sustentar uma paisagem de materialidade.
E a vida acaba se a história acaba.
Entrar nessa sala é somente sentar para ouvir a narrativa, notou. Esteve
fazendo isso desde que se entendia por gente. Isso significava que Flaxaflói
estava livre de ouvi-la naquela tarde que não mais constava no calendário.
Notou que qualquer reprimenda por atraso que outros, nunca ele,
receberam porventura era somente uma forma de incitamento à sombra que deveria
preencher seus lugares, seus corpos, suas camas diariamente; não era nada
pessoal. O tapa na cara no último verão da ex-namorada, nada pessoal. Foi à sua
sombra. A sombra como forma pura, inversão concreta da mecanística de suas
ações cristalizadas no hábito que construía cada camada daquela sala; a própria
materialidade parecia se esfarelar em suas mãos suadas agora que ela se
revelara somente um condicionamento de um costume mantido em coletivo. Por
pessoas que mal existiam, afinal.
Cada peão no tabuleiro preenche espaços dentro de um funcionamento
programático, entrelaçados em meio a mecanismos de um relógio que há por detrás
de tudo o que vemos quando as palavras empesteiam o ar. Notou que mesmo que não
estivesse lá, a professora continuaria a fazer perguntas para o vazio de sua
cadeira. Preenchido pelo delineamento de seu espectro. Esta cumpria bem o papel
para qual foi designada; ele não precisaria fazer nada além de funcionar como
um dêitico – assim como as pessoas falam ‘cima’, ‘baixo’, ‘aqui’, ‘agora’ para
designar meras referências dependentes de contextos, nunca sentidos em si
mesmo, articular as cinco letras de seu nome era articular a forma fantasmática
inflada por seu corpo até então.
Continuou ruidosamente pela sala, se pôs a frente
de seu fantasma, que retrucava o olhar zombeteiramente, como alguém que acaba
de ser descoberto por uma maquinação antiga. “Você nem cara tem. Você é uma
silhueta andante. Quando você anda na rua, as pessoas passam reto e nem te vêem
se você tá de perfil”.
E saiu alegremente da sala, passando por dentro dos objetos, pelo
corpo da professora, pela lixeira e mesa. Nem se deu o trabalho de abrir a
porta de madeira pesada, nada era suficiente para delimitar seu novo corpo
desubstanciado do mecanismo coletivo, desentranhado pela teia do tédio feito
corpo.
Ao mergulhar por através da porta, caiu em um abismo de cores sem fim
ou horizonte.
CAPÍTULO 2
Causalidade (conversa de telefone)
“A própria idéia de dar uma história por acabada é absurdo,
como se houvesse uma ordenação de eventos e tudo esperasse pra ocorrer em linha
reta, rumo a nosso sorriso cheio de dentes de “clientes da vida satisfeitos com o serviço”. Não, somos acidentes
da natureza em meio a tsunamis e eventos diversos em si (índios, pequeno-burgueses
e rappers, por sua vez, são a radicalização desse acidente). Na vida efetiva,
tudo acontece amontoadamente e é conseqüência do piparote que um cara lá de
Beijing, na China, deu no seu cachorro, que saiu correndo, derrubou a mulher
que andava com sacolas de compras na rua, que gritou, e assim acordou uma
criança que dormia numa determinada casa, coisa que atrapalhou a conversa de
telefone de sua mãe, que teve que desligar pra acudir a criança. O telefonema é
para seu marido que trabalha em Aix-en-Provence, na França, empresa de turismo
sabe como é que é depois de tantos anos desempregado não dava pra negar o
trabalho tão longe de casa, e que agora tinha 15 minutos a mais no horário de
almoço, já que sua mulher teve que desligar o telefone. Dessa forma, ele
lembrou-se que estava ainda com um pouco de fome e arriscou comer mais um Kebab
na rua. Mas a comida estava estragado e ele teve que aumentar seu tempo de
almoço (dentro do banheiro). Seu patrão achou isso o cúmulo e chamou sua
atenção, dando o cargo superior não mais para ele, mas para seu colega de sala.
Coisa decidida de última hora. Esse colega, um gordo doente do coração, ficou
tão feliz que chamou todos os amigos pra beber, em função de sua promoção.
Infelizmente bebeu demais, na volta pra casa porrou o carro e morreu do
coração, deu problema no marca-passo ou algo assim. Assim, sua irmã, única
parente com quem ainda tinha contato, teve que viajar de Montreal para a França
a fim de velar o pobre (ainda que promovido) homem. Na ocasião, a filha de 14
anos da mulher aproveitou da ausência da mãe solteira e chamou o namorado em
casa pra dormirem juntos, ocasião em que engravidou. Ao saber da gravidez,
desesperou-se e pediu conselho para uma brasileira de Palmas que conheceu
através do intercâmbio, via e-mail. A brasileira acalmou a menina, mas, ao
desligar o computador, lembrou-se de que há muito dormia com o namorado,
confiando no anti-concepcional. Ela ficou paranóica "e se não
funcionar..?", o que a levou a comprar um daqueles exames de gravidez de
farmácia. Mas tal exame foi fabricado pela empresa chinesa que empregava aquela
primeira mulher dessa história, que no dia ficou chateada por não poder falar
muito tempo com o marido, de quem tanto gostava. Então trabalhou mal naquele
dia, e o tal exame estava com problema. Acusou positivo. A mulher do Brasil
ficou puta da vida, e passou a tratar todo mundo naquele dia terrivelmente mal.
Na ocasião, ela trabalha na mesma empresa que meu pai, que naquele dia havia
viajado para Palmas resolver um problema. Ela foi intransigente, o que estragou
o humor do meu pai, que voltou para casa com dor de cabeça. Em função disso,
ele esqueceu de depositar o dinheiro que estava me devendo de volta na minha
conta, e eu fiquei sem grana pra pagar o aluguel pro proprietário da minha
casa, o Seu L****.
Essa mania escrota de enxergar ordenação
nos fatos é nossa, não do fluxo menstrual da vida. Tudo que faço gera inúmeras
ações e implicações, mas eu não tenho controle nem de 1% delas. A partir daí
que pode-se teorizar a inocência de se achar que existe total liberdade pro ser
humano, já que ele tem em mãos, a cada em segundo, situações que a vida o joga,
como num jogo de pinball.”
Ao dizer isso
tudo pra minha amiga, ela acabou por concordar comigo. Mas depois mostrou que
não entendeu nada de nada quando contou seu "causo" e justificou em
certa altura "eu não pude fazer nada! Não foi minha culpa se acabei com a
vida de X pessoa!"
Pro caralho
você e seu problemas com causalidade. Se essas duas frases premiadas pudessem
ser ditas no nível em que ela disse, eu poderia perfeitamente justificar o
atraso do meu aluguel pro proprietário assim: "Olha, a culpa não foi
minha, eu não pude evitar que aquele chinês [o do começo da história] batesse
em seu cachorro, foi realmente uma fatalidade."
CAPÍTULO 3
Sonho fictício
“Eu deveria
estar dormindo", era o que pulsava em minha cabeça. Mas fazia uma porção
de coisas pela cidade, andava num bairro da luz vermelha, trabalhava como sushiman
e casualmente conversava com outros andarilhos, certo de que aquela expressão
grave que encontrava estampada em seus rostos significava o mesmo que me
afligia, aquela necessidade de se estar dormindo e não estar. Conversar com
eles era só uma forma de conseguir timidamente o máximo de indícios
inadmissíveis dessa culpa que todos nós parecíamos carregar como estigma, aquela
culpa que tornava nossos passos ligeiros sobre as ruas reluzentes, como se
fossemos culpados por um crime hediondo. Sabendo do pecado do outro, expurga-se
o nosso próprio, ao menos parcialmente. E qualquer gradação de purificação nos
seria, naquele estágio, um extremo bem-estar, tinha o mesmo significado que
três segundos de oxigênio tem para alguém que morre afogado.
Eu procurava portas
incansavelmente, até que achei a porta para o sono, aquela que me trazia de
volta a meu dever sóbrio e me tirava toda culpa que antes cria imperdoável.
Abri-a e acordei.
CAPÍTULO 4
Sonho fictício II
Pré-Trip
Eu bati a
cabeça. Eram 3 da manhã, e ninguém acordou nem mesmo com o barulho e dor que
ecoava pelos quatro cantos da sala. Estive deitado por umas 2 horas, levantei e
comecei a tratar de assuntos da minha própria vida. Coisas pequenas. Marquei
dentista, comprei coisas que precisava, li os livros inacabados, organizei
trabalhos, meu armário, tingi as roupas. Nunca estive desta forma, em tão boas
mãos. E tenho uma entrevista de emprego daqui a 10 horas. Já tenho planos para
gastar meus próximos dez salários.
Eu elaborei uma pulsão que começou numa tarde de domingo como uma
coceira, medi sua possibilidade de desdobramentos e hoje cheguei aqui.
Assim, pensar qualquer coisa está sendo frustrante, já que o
pensamento se torna diluído em sentimentalismo atiçado pelo clima frio. Todo
mês de outubro perde um pouco de sua veia crítica, a capacidade de pensar
triadicamente. Hoje eu saio muito, bebo um pouco mais também, seguindo um tipo
de felicidade ao estilo outono em NY - felicidade organizada em carreiras
divididas por uma gilete enferrujada.
CAPÍTULO 5
Comentário sobre “Sonho fictício I”
Há algo de deslocado quando se toca a perfeição, a exata saciação
de nossos desejos. Esses desejos de certa forma se definham, sua casca
protetora que é sua aura de perfeição cai por terra e o que se revela é um
núcleo enrugado imperfeito que é uma criança recém-nascida. Essa criança
recém-nascida tem um cordão umbilical ligado a sua própria boca, é um ser que
se nutre e que revela um importante dado: que lá, no que achávamos ser a
perfeição, mora o segredo de todas as coisas, um desejo que nutre a si mesmo e
não serve pra nada mais além de ser um "desejo a ser nutrido". Perfeição
é redundante, só sua idéia é que existe. Ela só serve pra servir de ideal que
presta enquanto nunca for atingido, ah. A criança do núcleo que se nutre talvez
cresça se for vacinada e vire um adulto mirabolantemente formal,
distanciadamente míope e sem rebolado como Flaxaflói.
A atomística antiga
acreditava que em cada mínima partícula do universo (como o átomo) existe a
perfeição e esse núcleo que é a criança-redundante. Cada átomo é uma coisa que
existe simplesmente por existir, que se nutre se mata ao mesmo tempo para
cumprir a tarefa de agir. No dia em que cientistas inventarem um microscópico
fodidão que permitir que enxerguemos átomos, eles não acreditarão em seus
olhos: lá haverá uma criança roxa em posição fetal, enrugada como uma ameixa,
peladinha e estranhamente idosa, sugando seu próprio cordão umbilical com sua
boca de ventosa. Seu nome é Flaxaflói.
Há uma criança em cada
átomo disposta a florescer ou não. Tudo o que muda e dá sentido a ela é o que
se decide pra ela.
CAPÍTULO 6
A Caminho do Pico-Perfeitismo:
o profeta Josias, profeta da doutrina do eterno pico-perfeitismo
Quando macaco
Josias completou 33 anos, desceu do edifício onde trabalhava na Bela Vista para
ensinar para os homens sua
CAPÍTULO 7
O Louco
“Eu
CAPÍTULO 8
Cacique Ji-Paraná
E Todos
os dias são um cacique de cidade grande de cabelos grisalhos com um casaco
velho e uma lata na mão, batucando através das ruas chuvosas para ver as belas
laranjas e cães neste dia grandioso, agora que os cães saíram às ruas.
"Cacique
ser um verme que sai da bunda das crianças da Somália" - ass: Cacica
Jeca-Pirama.
Cacique roubou
fogo dos deuses e o prometeu para Prometeu. Ele gosta de cavalos e outros
animais falantes. Todos os funcionários do mês são gentis como um cordeiro na
Bíblia.
- Todos os
caciques odeiam Sócrates e Anaximandro, todos seus correlatos, influenciados e
fãs.
Sobre você:
uma boca movendo-se equipada com duas pernas jeans e um telefone celular no
bolso de trás. Essa boca busca a verdade absoluta e encontra 20, e fica confusa
em quais escolher, torcendo pra ver uma falha nessa, um pêlo naquela. Sem
conclusão até sacanear pra si mesma e dizer 'vou pegar essa'; todas suas
verdades são verdadeiras, absolutamente certas, justamente porque a gente nasce
PhD em sintetização de verdades conforme o gosto e temporada. Falta entender
que a vida está longe de ser buscar por verdades eternas, ideais
transfiguradores, 9 semanas e meia de amor, conhecimento total de algo. Tudo o
que RESISTE a isso parece ser a fagulha que incendeia a vida.
Cacique funcionário
do mês por saber disso. Dionísio transformará o mundo num eterno final de
semana.
CAPÍTULO 9
Comentário sobre o sucesso mundial do
Pan-Schwaskaísmo
Explicação teórica
"No
fundo, a transcrição e o balanço 'objetivo' de um sistema global não têm mais
sentido do que a avaliação do peso da terra em milhões de milhares de
toneladas, cifra destituída de sentido fora de um cálculo pertinente ao sistema
terrestre.
Metafisicamente,
é a mesma coisa: os valores, as finalidades e as causas que circunscrevemos só
valem para um pensamento humano, demasiado humano. São irrelevantes em relação
a qualquer outra realidade que seja." (L'échange impossible,
p.11)
CAPÍTULO 10
Comentário sobre o sucesso mundial do
Pan-Schwaskaísmo
Carta romântica a Schwaska
Qual a sua religião agora? O Schwaskaísmo se desenvolveu. Vou ter
que mudar a doutrina que esta no livro religioso, a desculpa disso pros outros
schwaskaístas é que a deusa apareceu pra mim ou algo assim. Você foi esperta em
colocar seus desejos no papel de carta, talvez haja algo de mágico se eu
carregar seus desejos e você os meus. (No fundo você carrega meu desejo [i.e.
você mesma] desde que nasceu, mas não quero ser romântico hoje, então não vou
poder falar isso fora das aspas). Gosto muito de símbolos mágicos embora eu
seja da turma da teoria do Caos e do perspectivismo epistemológico. Não consigo
acreditar em nada disso, nem me esforço, oh. Entretanto é bom carregar isso
como uma piada, e isso faz nossa religião criptoteísta (Schwaska, legendary
pink lip-peace movement) de pé: A única coisa abstrata e evidente que
existe pra mim é o humor e desejo. São duas forcas extra-corporais que enchem
minhas calças e roupas, ninguém nega no mundo, não tem como. Nunca ninguém
discutiu se existe algo como humor ou algo como desejo. Sendo duas forcas
imperativas e obvias, a gente tinha que parar pra pensar no seguinte ponto:
Toda vida é guiada por desejo (tudo que a gente faz, para pra pensar), mas e o
humor? É só acessório? Eu não acho: acho que ele pode ser usado pra gente
burlar nossa psicologia que por vezes pode ser meio crappy. Sentimentos em
geral sã auto-frustrantes, a gente desenvolve um monte de traumas e medos,
trata as pessoas mal por fenômeno de transferência psicológica, e tudo isso por
causa da confusão interna da estrutura psicológica. Isso porque nossa civilização
não se treinou pra ter humor: humor é uma questão de passatempo, você tem
quando volta do trabalho, liga a televisão e não tem NADA pra fazer. Mesmo o
humor que as pessoas consomem é sem graça, no fundo.
O desejo é uma forca de
ordem positiva (ele se faz via causa e conseqüência, desejos podem ser
explicados via lógica), o humor é justamente o oposto (de ordem negativa, ele
mora onde a ordem se contradiz, onde nascem coisas como ornitorrincos, nas
coisas estranhas, nas falhas de linguagem e jogos de palavras, nos puns que você
solta nos lugares indevidos). Portanto, ele é essencial, pois esta lá.
Por isso humor é essencial
pra uma religião. Melhor, humor É a única religião possível. Religiões que
adoram deuses abstratos (meros espíritos, sem forma alguma) ou chatos (pessoas)
não prestam. Elas só trabalham numa cadeia linear, extremamente entediante. Eu
gosto dos grupos aqui nos EUA como Church of Euthanasia (de Boston), Church of
the Motherfucker, adoradores do Flying Spaghetti Monster, do Pink Invisible
Unicorn e do deus Palito, etc
boas ideias se adiando a todo mometo de virs
CAPÍTULO 11
Comentário sobre o sucesso mundial do
Pan-Schwaskaísmo
Nomeação do papa sem nome
Em homenagem ao Papa Adrianus 37th.
It's such a shame
the Pope with no name
She doesn't know what she's called
Closure confusion
it's so sad
Delusions of grandeur
she must be mad
One day my head will grow
into a mighty Papal Dome shape
I shall awake old
Mitre Man Mitre Man
Pope Joan in the 7th Century
Rentum
tormentum Virgin birth
HABEMUS
PAPAM!
CAPÍTULO 12
Dos aspectos morais de nossa doutrina
The true immoralist never tries to defend
even his virtues.
Truth, like a coin, has
an obverse and a reverse side. One is a platitude, the other a paradox. (Clark
Ashton Smith)
Esquizoterismo
CAPÍTULO 1
Horóscopo Schwakaísta
Programa: Signos definidos por dia de nascimento, e não mês. Isso
cobre a falta do sistema de doze signos em tentar fazer uma taxionomia
nojentamente positivista (isso foi um pleonasmo) da personalidade humana. Para
potencializar a quantidade de características, cada signo terá sua ascendência
no signo da pessoa ou lugar em que o cliente estiver pensando no momento. Isso
possibilita uma visão realista do fato que nossas personalidades se moldam a e
são agentes de molde de acordo com as pessoas com as quais escolhemos estar
juntos e/ou trocar fluidos. Uma bolada para esquizofrênicos ou pessoas ecléticas.
Consulte aqui seu signo para JANEIRO (fonte: BIDU, João.
"Horóscopo Pan-Schwaskaísta". São Paulo: Madras, 2007).
01/Jan Água-viva
02/Jan Cerragem
03/Jan Pinheiro
04/Jan Biotech is Godzilla
05/Jan Carne de porco
06/Jan Auto-estrada
07/Jan Taça de vinho
08/Jan Relógio Cuco
09/Jan Jogos Olímpicos
10/Jan Slush
11/Jan BigMac
12/Jan Ozônio
13/Jan Morango
14/Jan Uva passas
15/Jan Lordose
16/Jan Merlusa
17/Jan Sopa de mexilhão
18/Jan Kipah
19/Jan Lua de cristal
20/Jan Vala aberta
21/Jan Otorrinolaringologia
22/Jan Carro envenenado
23/Jan Vírus de computador
24/Jan Side-bag
25/Jan Câncer no pulmão
26/Jan Joe Coleman
27/Jan Nicholas Cage
28/Jan Paganismo pitagórico
29/Jan Espanto original merleau-pontiano
30/Jan carangueijo ensopado
31/Jan bobó de camarão
01/Fev Empregada doméstica
02/Fev Pinho-bril
03/Fev Break
04/Fev Derrapada de bike
05/Fev Bótcha
06/Fev Nevasca
07/Fev Depressão química
08/Fev Merla
09/Fev Bolsa de valores
10/Fev GURPS Fantasy
11/Fev Ilhas Faroe
12/Fev XXX tailandês
13/Fev Idealismo transcedental
14/Fev Pastiche
15/Fev Pastel de palmito
16/Fev Sombra de árvore
17/Fev Botinhas
18/Fev Vegans nervosos
19/Fev Jimmy Hendrix
20/Fev Conotação agressiva
21/Fev Rins desobedientes
22/Fev Fralda Geriátrica
23/Fev Grant Kidney Revolution
24/Fev Trip-hop
25/Fev Lâmpada do gênio
26/Fev Bolha de Sabão
27/Fev Solo de bateria
28/Fev Fetiche por pés
29/Fev* Ruivas bissextas
01/Mar Juros compostos
02/Mar Unidade transcedental da apercepção
03/Mar Caminhãozinho de plástico
04/Mar Whisky on the rocks
05/Mar Pão de batata
06/Mar Crediário Casas-Bahia
07/Mar Tecla H do teclado
08/Mar Tour de ônibus
09/Mar Clips de papel
10/Mar Charlie o unicórnio
11/Mar Muffins
12/Mar Animador de festa
13/Mar Cuca
14/Mar Turismo sexual
15/Mar Despedida de solteiro
16/Mar "Lêparcú"
17/Mar Gambá
18/Mar Mexilhões
19/Mar Bruxa Baratuxa
20/Mar Pixorra Zarrota
21/Mar Piñata tricerátops
22/Mar Show de mágica
23/Mar Picles de Boteco
24/Mar Mosh
25/Mar Coturnada
26/Mar Gengivite
27/Mar Asteróide
28/Mar Balé russo
29/Mar Cubismo
30/Mar Tsunami
31/Mar Ovos mexidos
01/Abr Faísca
02/Abr Cera de carnaúba
03/Abr Caiaque
04/Abr Goteira no teto
05/Abr Descobrimento do Brasil
06/Abr Invasão Alien
07/Abr Calendário Maia
08/Abr Régua 15cm
09/Abr Mãe postiça
10/Abr Canguru perneta
11/Abr Incesto
12/Abr Vida monástica
13/Abr Calculadora de bolsa
14/Abr Caderneta
15/Abr Escapamento solto
16/Abr Elucubração
17/Abr Cauda
18/Abr Ecstasy
19/Abr Trip de Salvia
20/Abr Yuppies
21/Abr Comunismo
22/Abr Cacho de uva
23/Abr Cola Pritt
24/Abr Virada Cultural
25/Abr Equinócio
26/Abr Batata sotê
27/Abr Ingresso
28/Abr Écran
29/Abr Lombada de livro
30/Abr Cupim
01/Mai Pedofilia
02/Mai Celibato
03/Mai Menininhas ímpuberes
04/Mai Fotofobia
05/Mai Desinteria
06/Mai Marionete
07/Mai Tarot
08/Mai Amarração
09/Mai Chaveco de pedreiro
10/Mai Anti-semitismo
11/Mai Jornal inglês
12/Mai Chá da tarde
13/Mai Banner 486x60
14/Mai Futebol de botão
15/Mai Hotdog
16/Mai Psicopatia sexual
17/Mai Grama sintética
18/Mai Peitos de silicone
19/Mai Iconoclastia
20/Mai Felicidade contraceptiva
21/Mai Barriga D'água
22/Mai Chinelo de dedo
23/Mai Suor na testa
24/Mai Defensor da lei
25/Mai Pebolim
26/Mai KISS
27/Mai Menopausa
28/Mai Má pronúncia
29/Mai Dedilhado
30/Mai Calos
01/Jun Olho gordo fominha desgraçado
02/Jun Haiku
03/Jun Carnivorismo
04/Jun Cegueira
05/Jun Sine qua non
06/Jun Tiro ao alvo
07/Jun Deus do trovão
08/Jun Crista de galo
09/Jun Truco no boteco
10/Jun Miçanguinha no umbigo
11/Jun Rato
12/Jun Cartão de crédito
13/Jun Obesidade
14/Jun Paixão louca e pegação
15/Jun Ferveção-a-mil
16/Jun Balãdã-e-novela-malhação
17/Jun Viagem pra praia com amigos
18/Jun Sexo na van
19/Jun Chuva de verão
20/Jun Telefonema na madrugada
21/Jun Morte
22/Jun Bad juju
23/Jun Voodoo é pra jacú
24/Jun Zorra Total
25/Jun Século XX
26/Jun Anos 80
27/Jun Martelada no dedo
28/Jun Cheiro do ralo
29/Jun Crash de 29
30/Jun Ziguezague
01/Jul Profilaxia
02/Jul Cocô no matinho
03/Jul Mania de limpeza
04/Jul Cachorro louco
05/Jul Internet lenta
06/Jul Loirice aguda
07/Jul Sardas
08/Jul Robalo
09/Jul Faca de Sushi
10/Jul Churrasco na casa do Oleno
11/Jul Anúncio de venda de carro
12/Jul Disk-denúncia
13/Jul Cine Saci
14/Jul Pau-de-arara
15/Jul Angela Rô-Rô
16/Jul Risada
17/Jul Pederastia
18/Jul Capote de Skate
19/Jul Kipper
20/Jul Corcovado
21/Jul Muralha da China
22/Jul Porta de Bradenburgo
23/Jul Torre Eifel
24/Jul Alpes suíços
25/Jul Furo financeiro
26/Jul Cu de Peixe
27/Jul Português de Portugal
28/Jul Rodo
29/Jul Caveirismo
30/Jul Gangue do cavalo
31/Jul Charrete
01/Ago Atum coqueiro
02/Ago Repolho
03/Ago Aflição
04/Ago Meias vivarina
05/Ago Olho do homem do dólar
06/Ago Anna Rickman aranha-com-pernas
07/Ago Piñata
08/Ago Promoção no trabalho
09/Ago Burocracia
10/Ago Pindaíba
11/Ago Tubarão
12/Ago Lixa de unha
13/Ago Cutícula
14/Ago Mania de Calígula
15/Ago Fala que eu te escuto
16/Ago Lagartixa
17/Ago Vouyerismo
18/Ago Tráfico internacional
19/Ago Achado não é roubado
20/Ago Frango
21/Ago Cunilíngua
22/Ago Posto de saúde
23/Ago Barro na bota
24/Ago Morro do Jararipe
25/Ago Cárie
26/Ago Chulé na teta
27/Ago Pousada
28/Ago Estátua grega
29/Ago Canal no dente
30/Ago Casca de árvore
31/Ago Lavanderia
01/Set Cu de cabrito
02/Set Cu de ostra
03/Set Conto de fadas norueguês
04/Set Arara de hospital
05/Set Cabideiro
06/Set Macaco Josias
07/Set Árvore púbere
08/Set Bicho de goiaba
09/Set Pés de menininhas
10/Set Sushi erótico
11/Set Bonanza depois da tempestade
12/Set Dança de roda
13/Set Picadeiro
14/Set Catapulta
15/Set Erro de ortografia
16/Set Sofisma
17/Set Condor
18/Set Dia da Bandeira
19/Set Coroa de espinhos
20/Set Papai do céu te fode
21/Set Horror B safado
22/Set Pornochanchada
23/Set Paulo César Peréio
24/Set Colírio alucinógeno
25/Set Inimizade
26/Set Búzios
27/Set Abuziuzi
28/Set Metranca de tambor
29/Set Furo no pneu
30/Set Bico de pena
31/Set Nachos
01/Out Árbitro de Leilão
02/Out Bafômetro
03/Out Fungos
04/Out Monóculos
05/Out Piroquinha ****** em homenagem ao Mazo
06/Out Perna de pau
07/Out Navio Pirata
08/Out Tapa olho
09/Out Queijo Cheddar
10/Out Vaca nordestina
***** em homenagem a trois à Skinny
11/Out Alcaçuz
12/Out Marmita de pedreiro
13/Out Caldo de cana
14/Out Churrasco Grego
15/Out Lumpen de condomínio fechado
16/Out Lanterna japonesa
17/Out Alcachofra
18/Out Castanha do Pará
19/Out Musa do Verão
20/Out Caldo de feijão
21/Out Tutu de feijão
22/Out Cigarrinho de chocolate
23/Out Paçoca Rolha
24/Out Tiete de rolê
25/Out Ironia
26/Out Visú de lagosta
27/Out Visú de peixe
28/Out GWAR!
29/Out Guerra dos 100 anos
30/Out Chute na porta
31/Out Estapeamento
01/Nov Onanismo
02/Nov Santo do pau louco
03/Nov Barraca de acampamento
04/Nov Fidelismo
05/Nov Lord of Tubaréu
06/Nov Lord Bacalhau
07/Nov Dança com a parede
08/Nov Aquela lá do Sisters
09/Nov Suicídio com faca de rocambole
10/Nov Paxaxa
11/Nov Esmalte de unha
12/Nov Crack no potinho de Yakult
13/Nov Intelectualóides
14/Nov Doce de compota
15/Nov Pororoca
16/Nov Café na taça
17/Nov Tupper-ware
18/Nov Flunfa (sujeira de umbigo)
19/Nov Proscolhos
20/Nov Jânio Quadros
21/Nov Drizzycórnio
22/Nov Karlicórnio
23/Nov Proscratinação aguda
24/Nov Dengue
25/Nov Santana Roubado
26/Nov Ypióca
27/Nov Velhinho que derreteu
28/Nov Dívida no CERASA
29/Nov Bruxismo
30/Nov Óculos remendado com fita crepe
01/Dez Surfista de Brasília (geralmente calhorda)
02/Dez Sófocles
03/Dez Sífilis
04/Dez Cozinheiro sacana
05/Dez Lasanha de microondas
06/Dez Vasilhame
07/Dez Piscinão de Ramos
08/Dez Perfume de Rameira
09/Dez Eau de Xuca
10/Dez Covarde
11/Dez Pônei Mandrião
12/Dez Cavaroca
13/Dez Coporóca
14/Dez Xicanéca
15/Dez Logodréca
16/Dez Pipitóra
17/Dez Voçoroca
18/Dez Nanismo onanista
19/Dez Van Halen
20/Dez Cavaleiros do Zodíaco
21/Dez Tanguinha
22/Dez Saqueira de hockey
23/Dez Instalação da Bienal
24/Dez MPB remixado em Drum'n Bass
25/Dez Nazareno
26/Dez Nuca suja
27/Dez Mancha de mingau
28/Dez Pipoqueiros Anônimos
29/Dez Carta de suicídio
30/Dez Zeba Zeba
31/Dez fim de tudo (buraco negro)
* Sobre a interpretação dos signos (para ciganas e videntes da
Praça da República):
Vocês devem entender que toda linguagem proferida pelos lábios da
Schwaska se articula (com contato com oxigênio) de forma metafórica ou
metonímica. Note que o Yourick ser do signo Lorde of Tubaréu demonstra um pouco
de ser destino. Lorde of Tubaréu é um nome satírico do Lord A, ou Arara, ou
Napa, ou Ladrão de oxigênio de sobretudo. Logo, Yourick está de certa forma
destinado a ser a sátira dessa pessoa em sua vida, uma espécie de sátira com
pernas.
Quanto ao signo de cauda, tente pensar como caudas e extremidades
saindo do seu traseiro tem ligação com sua vida. A cauda pode ser algo que todo
ser humano quer ter com inveja do cachorro (assim como, para Freud, a mulher
tem inveja do pênis, o humano tem inveja da cauda do totó segundo o
psicanalista e empalhador Joseph Patrick Morzelo). Você pode ter um talento que
nenhum humano tem. Ou pode ser 'rabudo' (Sortudo). Ou pode ser o que o frango
falou: cauda é o fiofó.
Divirtam-se
Sobre o belo signo Monóculo
Os monoculistas são pessoas que aparentemente tem uma visão focada
demais em um só ponto de vista, mas que demonstram habilidade profunda de
interpretação daquilo para o qual seus corações estão engatilhados. O
monoculista é atencioso, caridoso, paciente, embora possa ter diversas rixas
com pessoas do signo de sopa de mexilhão por ser perfecionista, por vezes.
Sobre o signo Colírio Alucinógeno
Meu amigo Botinhas é um colírioalucinógeno. Possui uma habilidade
ardilosa de induzir pessoas a visões lisérgicas do mundo, como faz um bom
colírio alucinógeno. Exemplo de conversa dele hoje, nessa manhã chuvosa em São
Paulo:
Touch Of Angels diz:
cara, tem uma menina que senta próximo a mim. Ela parece uma cebolinha
em conserva
nao eh uma cebola, achei que fosse
Touch Of Angels diz:
mas ela parece uma cebola em conserva mesmo, se vc olhar vai
concordar comigo
pode parecer absurdo
mas ela parece uma cebola em concerva
Touch Of Angels diz:
E EU A AMO
Os colírios alucinógenos podem ser muito emotivos, por vezes, e
carregar rixas para com pessoas com ascendência em Rins Desobedientes.
Coincidências
É claro que o signo do dia de hoje afetará as coisas que
acontecerão com você. Notem a coincidência que eu e o Frango notamos:
Frango [sobre o Fred]:
ele tava xeirocando n sei o q, dai ele disse que foi promovido
ontem pra ficar em uma sala lendo livro
Crisis:
HOJE, 08/08, é dia do signo da promoção do trabalho! FUNCIONA
FUNCIONAAAAAA
Outra prova de que o horóscopo do milhão é verdade
27 de Março de 1578. Uma chuva de grandes ratos amarelos caiu
sobre a cidade norueguesa de Bergen .
A carta do Conde de Trømso enviada para o príncipe Jørgen Rathuset
sobre o evento
"Esta nuvem trovejou sobre o caminho, a umas sessenta toesas
de onde estávamos. Dois cavalheiros que vinham de Kristiania, nosso destino, e
que estiveram expostos à tormenta, viram-se obrigados a usar os seus abrigos;
mas a tormenta os surpreendeu e os assustou, já que se viram vítimas de uma
chuva de ratos amarelos! Aceleraram a sua marcha e apressaram-se; ao encontrar
a diligência contaram-nos o que lhes acabava de acontecer. Vi então que a
sacudir seus abrigos diante de nós, caíram pequenos ratos."
Por um acaso dia 27 de março é dia do signo de Asteróide. E neste
mesmo dia toda cidade se põs a trabalhar para o casamento do príncipe Jørgen no
dia 11/06, por um acaso dia do signo de rato! Coincidência? Você decide!
Mais sobre o evento: http://pt.wikipedia.org/wiki/Chuva_de_animais
O Signo Tiete de Rolê
Não minha querida, você é do signo de tiete de rolê. Eu não sou um
leão só porque nasci em agosto, segundo o (falso) horóscopo tradicional.
A tiete de rolê é uma figura mítica. Ela pode ser a maria-cabine
ou maria-guitarra. Ela é expansiva quando sai, tímida, comedida e geralmente se
diverte visando sempre possibilidades futuras. Se foca em um objetivo e o segue
a qualquer custo. Tem rixas sérias com pessoas de signo Canguru Perneta e Vida
Monástica.
Desdobrem os sentidos de seus signos; como diz o sábio schwaskagari
no capítulo de Pico Perfeitismo da Bíblia Pan-Schwaskaísta, "Alvo:
desenvolver métodos e estratégias visando a saturação dos significados de um
texto. Da minha fala. Falar asneira suficiente por milissegundo com roupagem
pedante de modo a fundir os fusíveis cerebrais dos mobrais, fazer seus olhos
derreterem na contemplação de um quadro onde tudo é inconcebível. Aplicar
formas de bombardeamento do sentido, da outline, até daquele "do que a
gente tava falando mesmo:", esse momento horrível de consciência que
estraga meus cafés da manhã e horários de almoço. Pela semiorragia': signos e
sgnificados escorrendo violentamente do buraco de bala na sua testa."
(Macaco Josias Capítulo 4:25)
Sondas Anais
Uma tragédia
Parte I
Introitus
E fingi ficar dois meses
trancado num hospital
Enquanto deslizava por saturno
numa nave espacial
E o povo raeliano me implantou’ma sonda anal
quando ligam o microondas, saio logo e passo mal
e quando em frente ao espelho,
num momento de comoção
se aperto meus mamilos
vai sair uma canção
são sondas anais que salvarão a música popular
os costumes, a cultura que não saem do lugar
e movidos por ordens do espaço podereremos produzir
uma nova renascença das artes e o porvir
Michelangelo em sua glória
todo homem ideal
num primevo raio X mostraria
uma sonda anal
batizada por bispos verdes da sexta
paróquia de São Francisco segunda à esquerda no espaço sideral
advindas do espaço
direto pro seu coração
me tocando no espelho
vai sair uma canção
Parte II
Uma planície
Do Oiapóque ao Chuí
vou cantando, vou dançando...
Minhas ancas ardilosas
pelo pasto alançando...
e o raiar desse sol d’esponja
com minhas garras vou laçar
esse é mais um belo dia
para um nóia espancar
Dom Crixote...!
e Tiago Pança!
Buscando a
alvorada de um dia passa-mal
regados por metileno e berrando uma lembrança
do Frango sorridente balangando o meu (!)
Deitemos todos
juntos nus de meia nessa dança
Mergulhemos no
arco irís psicodélico!
Em busca de um
eterno fim de semana!
Eu tomo doce e
não sei com quem vou pra cama
nessa vida a
paz hippie me levar!
Parte III
Ditirambos
em C# com pé quebrado na 2ª
rolo pela relva
com qualquer uma
minha vida há
muito começou a se tornar
uma epopéia
off-road de adoração de natureza
eu me olho no
espelho e não sinto mais pesar
e o que vejo
não é um yuppie
um safado
pilantrão
ou um punk, caloteiro
um calhorda ou
um ladrão
o que miro em
harmonia
no ambiente que
me cerca
sou um hippie
craquento
não que pára de
cantar
(vozes femininas e masculinas) + violinos
Com estrelinha do PT
na camisa há muito rota
chinelinho de dedo
mostra a unha encravada do pé
a minha vida é muito simples,
bem mais simples que minha roupa
no meu mundo toca Raul,
você sabe como é quié
nos domingos
peço esmola
nas segundas
faço feira
bem terça me
consolam,
dessa fome, de
maneira
que me pego bem
na quarta
entortando
pulseirinha
na pracinha da
república
onde todos
podem andar
e me alegro com
a ternura
a beleza
brasileira
tantas cores, e
loucura
crianças com
caganeira
de viver tão pé-rapado,
enquanto o moço
do meu lado
tá com o bolso
abarrotado
mas é triste
seu olhar
Parte III
"Ode libertina"
em hexâmetros dactílicos com muleta na 4ª
eu sendo livre
assim
eu posso ser
gay
posso ser
flanêur, posso ser dândi
ocasionalmente
uma mulher
posso fumar
pedra
na escadaria da
FFLCH
posso ser o
Chacrinha
e posso ser
chacrete
se sinto que
posso voar,
nada vai me
impedir disso
porque que
ninguém vai me segurar
se eu ameaçar
um suicídio
e isso faz de
mim um homem livre
livre pra
dançar à meia-noite
entre as relvas
e ruínas da história
na escuridão da
clarabóia
então eu viro g
ó t i c o
[clima de
suspense, violinos e violencelos apenas]
Foi numa noite
de inverno
Em São Tomé das
Letras
na multidão de
roupa preta
que eu me
encontrei com o capeta
só era um
hippie inocente
rumo a São Tomé
das Letras
quando um
ônibus pára ao meu lado
e desce uma
corja indecente
todos de preto,
maquiados,
mil pentagramas
de metal
para ficarem
mais ridículos
só com luzes de
natal
e perguntaram o
caminho
pra velha São Tomé
das Letras
não acreditei em
minh’cidade
possuída por
essa renca
e pra não
morrer na praia
me uni ao
inimigo,
tomei chapinha,
pintei o olho,
um
piercingzinho no umbigo
galocha preta
do meu vô
botei tudo na
bicicleta
pra costurar
meu sobretudo
deixei o
cachorro sem coberta
(Refrão)
e fui com o
ônibus rumo à Woodgothic!
Lá chegando
vinho tinto
que mais
parecia vinagrete
tipinhos
estranhos, recatados
entre a
multidão, a minha amada Begorete
(Interlúdio
lírico com três lágrimas, homenagem ao Lord A.)
Begorete! Quantas lembranças
teço do
resplandecente véu
que encobre teu
rosto!
Chupou meu
sangue, desgraçada
só me deu
dívida, desgosto!
Agora és bela,
ó sim és
Muito mais bela
de quando eras hippie
mas ainda sou
um pobre novo-gótico
não tenho a
marca de tua estirpe!
Só conheço
Lacrimosa, Sisters,
que me
mostraram lá no ônibus
Minha roupa é
estranha, e a tinta
que pinto a
boca é um tosco
borrão de
graxa, guache e sangue
dos murros que
já levei de graça
daqueles
meninos Oleno e Yourick
que são as verdadeiras
ameaças
para as almas
góticas...
(segundo meu
pai Kipper)
(Refrão)
e foi aos
murros que te trombei na Woodgothic!
Interlúdio
Scherzzo em Mi#
I
Sentado da
ladeira
Observando o
milharal
Observando uma
fogueira
Acesa: O
Festival.
Uma moçada
bonita
Falando sobre
arte
Com cara de
Maria Rita
Velejando num
iate
E eu me ignorei
Finjí cancros
mil
Fui pra São
João Del Rey
Com min'alma
febril
(Órgão por
dois minutos, até que entra Frango disfarçado de Fausto)
Ó, singela dama
bella,
Já não vivo
mais sem ti!
Sim, por ti,
virgem branquela,
Doce amor eu
senti!
E minh'alma,
que dirá
N'Os Vales de
São Thomé?
Mil olhares
perceberás...
Por que mijas
de pé?
(Volta ao
ritmo inicial, uma multidão de preto canta o coro)
São Thomé, Ó
São Thomé!
Entre gládios e
presságios e dor e licor e fé!
São Thomé, Ó
São Thomé!
Desmaio entre
raios e moças mijando de pé!
(Sátiro:)
São Thomé, Ó
São Thomé!
Me encastas
quando danças as danças d'O Jacaré!
(ouve-se, da
multidão, uma tímida e mórbida vaia)
II
(Fecham-se
as cortinas, abrindo depois de 7 segundos. Violinos e violoncelos iniciam.
Entr'A Gótica d'O Busão:)
keor curti 1
son
o mias goitco
de toods ok!1^^
el curt mtas
band gotca
i odio
metal!!1!!111 ò.ó
sol mto gtinha
kkkkkk miau =^.^=
+ gost msm eh d sang ok1
curt poezia
gotca
i naum keor q
me juguen
pla minha
aparemssia!!!111
el odio a
çossiedad precomsseituoza
els flam q sol
loukka
+ nemligo 'u.u
els naum sabem
da minia
fiolosfia d
vida ok!1 >.<
imgnoramts q
naum me intemden!111
(Entra
Kipper Jr.)
Pálida, à luz da
lampada sombria!
Não corras na
areia
Não corras
assim.
Donzela, onde
vais?
Tens pena de
mim!
Samuel Bockett
(ressoar de
canhões, bailarinas, GÓTICO I sentado em uma elevação tenta tirar seu coturno.
Não consegue. Tenta novamente. Desiste de novo.)
GÓTICO I
Nada a fazer.