مهبل

A doutrina transcendental
do Pan-Schwaskismus

 

 

Por Joseph Patrick Morzelo

Anno 2007

 

Índice

 

Há anos vem sendo estudada a melhor forma de organizara os vários livros que compõe a doutrina da Schwaska,de forma a permitir ao leitor um entendimento mais adequado da mesma. De acordo com os schwaskagaris Joseph Patrick Morzelo e Umbrosus komprimierter Schwaskosus convencionou-se a seguinte forma:

 

Demiurgia ________________ 03
- base teórica e essencial
para compreensão da doutrina

Aporias __________________ 18
- a forma como a
doutrina deve ser lida

Pompoarismos ____________ 21
- ritos e costumes
>

Lixismo __________________ 21
- dieta e filosofia gastro-moral
Livro dos mistérios ________ 28
- rituais mágicos
<

 

 

 

Livro escrito pelo schwaskagari Joseph Patrick Morzelo durante o ano de 2007, se tendo feito impossível sem o valoroso apoio do schwaskagari Umbrosus komprimierter Schwaskosus e o bispo Botinhas, mais os demais envolvidos em nossa doutrina prática. Agradecemos Christina Calysto pela hospedagem e roupas episcopais.

            Pedimos que interessados e curiosos se encaminhem a nosso website http://www.oocities.org/tinacalysto e teçam seus interessantíssimos comentários por lá mesmo. Essa doutrina é uma doutrina sem templo, comunidade ou conta bancária; seus limites são o os limites do conjunto de pensamentos de paredes elásticas dos membros que se expressam por meio deste corpo, o corpo arquitetado pelo transe e articulado por desejos coletivos. Para evitarmos controvérsias a este respeito, há um FAQ em nosso website com questões concernentes à essência da doutrina.

 

 

Demiurgia

 

CAPÍTULO 1

Da composição de tudo que é efetivo

 Atenta a sabedoria inspiradora de nossa Deusa para a constituição do mundo espiritual.

                2 O início deste mundo se dá de forma nada especial. O mundo formou em toda sua complexidade, de Norte a Sul, de Oriente a Ocidente, através de um ato gratuito e espontâneo de um Ente supremo e absoluto, a quem chamamos Schwaska. 3 Schwaska criou o mundo pois nada mais natural pra Schwaska que criar mundos.    4 A função de todo deus ou ser supremo, e isso cada um de nós nasceu sabendo, é criar, e mundos são uma das muitas coisas possíveis e passíveis de serem criados dentro de um rol infinito de possibilidades. 5 Professar uma doutrina inclui não discutir coisas como estas, já que são fundamentos para qualquer tipo de contrato estabelecido socialmente, e a doutrina não é nada além de um conhecimento e valores culturais compactados e afirmados a partir de premissas indiscutíveis; primeiro devemos entender algo e só então fazer juízo de sua realidade, é o que nos ensinam os provetas.[1] O próximo conceito de religião para o Schwaskaismus é o ato de conhecer e compreender, de abarcar algo, e nada mais. Todo resto é cultismo e é avesso a qualquer ato de gente com um pingo de individualidade e bom-gosto.

6 A geração do mundo é a atitude mais básica que podemos depreender de uma deusa, e é o que podemos atribuir, sem muita dificuldade, a Schwaska. 7 Se podemos chegar a tal conclusão, é única e exclusivamente pela vontade suprema de nossa criadora, que eu nem preciso mais repetir o nome, a fim de evitar mal-gosto estilístico. O próprio conceito de mal-gosto estilístico é uma benção que Schwaska nos ensinou no momento de nosso parto, e devemos ser gratos a ela por isso.

                8 Cremos que muitas coisas saíram e ainda saem da Schwaska: de lá saíram inicialmente os mares diuréticos em um momento de aperto, mares estes que caíram numa infinitude de inexistência e tendiam a desaparecer conforme caíam, já que esta é sua primeira criação e nada mais havia. Essa parcela de matéria desperdiçada virou posteriormente tudo o que há de sujo no mundo e na realidade, e teve que ser recompensado com muito trabalho da Schwaska. Este é na verdade o primeiro ato de criação.

9 Ao adquirir maturidade em sua tarefa de Deusa, e, como Deusa, de Criadora Absoluta de Tudo que é Passível de Ser na Efetividade, assim Schwaska pariu as formas existentes até hoje, formas estas que poderiam conter e encobrir aquilo de desagradável que outrora Schwaska criara em sua imaturidade. 10 Criou o Sol e os pássaros que nele habitavam; 11 para alimentar os pássaros famintos e recém-criados, pariu um Pão de Mel. 12 Às 15h30, logo depois de criar o Pão de Mel, teve que sair para um compromisso. Voltando, viu que os pássaros eram cegos, já que ela não tinha criado olhos para eles, e em decorrência disso não haviam comido o pão de mel, morrendo da mais miserável fome. 13 Por isso, ela chorou amargamente. 14 Nem o Veterinário Absoluto resolveu tal provavelmente irreversível, coisa que Schwaska notou em toda sua Bondade: Tudo aquilo que ela criava e assim fazia existir, era passível também de envelhecer ou adoecer e inexistir, isso por causa do mar urinário e sujeira que fora anteriormente introduzidos no mundo.

                15 O pão de mel criado para os pássaros foi esquecido pela Schwaska, já que esta estava muito preocupada com os pássaros mortos, e ficou em um canto escuro das Regiões das Esferas, que é o mundo físico onde vivemos atualmente.

                16 Depois criou Schwaska os diversos planetas que conhecemos, e exaustivamente testou neles suas mais diversas criações de formas de vida; seu plano inicial era criar seres que pudessem pensar como a própria Schwaska pode e o faz muito bem, e agirem inteligentemente. Ela lembrou-se, em toda sua sabedoria, de que os pássaros que ela criou outrora, assim como todos os outros seres vivos que viria a criar, precisavam de olhos e órgãos receptores da Efetividade, caso contrário não conseguiriam voar ou agir adequadamente, nem ao menos comer para se manterem vivos. 17 E assim a Absoluta sabedoria aplicou no mundo Efetivo e em tudo aquilo que existe a Lógica e Causalidade, que é a Sintaxe dos mundos e tudo o que faz as coisas se moverem e se complementarem na Totalidade da harmônica desHarmonia Cósmica. Este foi o maior de criação de Schwaska, que não mais pretendia mover as coisas existentes como peças de tabuleiro, mas atribuir a elas uma força própria de criação de ações, que é o que entendemos por Liberdade. 18 Com os órgãos receptores da Efetividade (isto é, do mundo real) e liberdade de ação dos seres, cada coisa criada se justificou no mundo e se uniu em um todo harmônico, uma existência sistemática e plena, tornando-se uma criação boa e pura, além de muito inteligente. 19 Schwaska tirou 10 na feira de ciências e se alegrou e bateu seus labiozinhos de alegria. 20 Esse prazer foi o verdadeiro sopro de vida e aquilo que moveu a ação nessa maravilhosa engrenagem que chamamos por Mundo Real, ou Efetividade. Após isso, tudo que acontece no mundo é um movimento em busca de prazer e saciação da vontade, ou o Tesão Cósmico. 21 Foi o Primeiro Orgasmo Existencial Múltiplo e Absoluto.

22 Ficou condicionado que tudo aquilo que faz as coisas acontecerem, em função da natureza deste sentimento Puro e Absoluto advindo da Criadora Absoluta, visa atingir o Prazer, que é a verdadeira energia da existência e de todo movimento de criação; 23 podemos encontrar a busca de prazer desde a saciação dos instintos dos animais, que buscam atingir o seu Ideal condicionado agindo conforme foram programados para fazê-lo, e assim, cumprindo seu dever na natureza de criar a Harmonia Cósmica, e também nas plantas, que agem em conformidade com certas leis de crescimento e agem através do fluxo de seiva, crescendo para os lados que a Natureza as indica. 24 O que chamamos de Natureza em si é a executora dessa idéia, é a força que busca o prazer, que é a harmônica desHarmonia do Todo Existente.

25 Após ter criado os Unicórnios e Leprechaus no Planeta Vênus, a Demiurga, criadora de todas as coisas efetivas presentes da real Efetividade, criou o ser Humano; porém, em um momento de grande cansaço, a chamada Canseira Absoluta da Schwaska. O prazer que ela sentira ao notar a harmonia de sua criação havia gerado exaustão e cortado com certas possibilidades de criação de um ser dentro de um sistema tão lógico e bem estruturado como o que ela havia criado. 26 Dessa forma, o ser humano, último ser criado e único criado no período tétrico de Canseira Absoluta, teve certos problemas de fabricação.

27 Tal ser e problema de fabricação é objeto de análise e matéria de todo este livro, e os seus motivos na Efetividade serão explicados sob autoridade que Schwaska deu a mim, seu proveta escolhido. 28 O homem nasceu, ao contrário dos outros seres, como um ser contraditório, avesso à harmônica desHarmonia, com uma necessidade de criação e destruição que imitava o próprio movimento da Natureza que Schwaska criara. Após criar a totalidade da natureza, Schwaska viu que recriara essa totalidade de criação centrífuga, de harmonização destruidora, tudo em um só ser. 29 Assim, se lamentou e viu que devia corrigir seu erro.

 

CAPÍTULO 2

O detrito da Schwaska

Mentes bitoladas e infestadas que mais pareçam vespeiros da agudíssima ignorância infinita poderão se espantar e dizer: “Como uma Deusa perfeita e boa, Ente Absoluto, pode cometer um erro e se cansar? Isso é passível de seres limitados e maus!” 2 Porém, bons schwaskaístas, não ouçam tais caluniadores, pois são maus e só desejam discutir um sistema não para conhecê-lo, mas para miná-lo como detonadores natos que são.


Ilustração da Canseira Absoluta da Schwaska

 

                3 Como sabemos, os chamados ‘deuses’ não devem nem podem ser julgados conforme o juízo e arbítrio humano, já que não possuem características humanas que permitam-nos dizer que são bons ou maus.   4 A própria pretensão de querer dar atributos a um ser supremo é uma tentativa de limitá-lo a certas características humanas, o que é absurdo e inconcebível. 5 Ignorem tais pessoas e, se possível, arranque seus genitais imundos, estripe-as e pendure suas peles no varal.

6 A Demiurga, criadora da Efetividade, errou e assumiu seu erro; ela não pretendia modificar o homem de forma a torna-lo inconsciente de suas limitações e incongruência com toda natureza. 7 Em relação a esta Natureza, a Demiurga deixou-a em sua liberdade de ação, a agir ao léu. Porém, o Homem, que possuía em mãos uma infinita contradição como condição de ser, passou a ser objeto de observação de sua criadora. Ela sentia que devia atentar para o que ele fazia de forma a não deixa-lo se destruir. 8 Teve o trabalho e atenciosidade de inocular o vírus que chamamos Homem em diversos planetas e pôs-se a observar em qual lugar ele se adaptaria melhor; porém este, ingrato, destruiu tudo o que via em cada planeta onde a Schwaska o colocou, inclusive os belos unicórnios de Vênus – pondo seus chifres mágicos à venda -, assim como os Leprechaus, eternos guardiões do pote de ouro do arco-íris. 9 A maior contradição notada no homem por parte da Schwaska foi uma tendência do homem de cultuar e simultaneamente querer ser cultuado (transferência psicológica em cultos). Diferentemente, os animais e plantas, ou seja, a Natureza propriamente dita, se saciava apenas em servir a uma busca de prazer e harmonia cósmica universais através do cumprimento de suas vontades condicionadas pela lógica sistemática efetiva. 10 O homem, assim, criou a moeda e as ideologias. Produziu deuses para adorar e para, através deles, se sentirem especiais como servos do(s) único(?) deus(es) verdadeiro(s) e, indiretamente, adorarem à si próprios em uma comunidade cega e surda à tudo que fosse contrário a ela. 11 Isso é especificamente o conceito fechado criado por Xavascosa que se expressa de diferentes formas em várias línguas; como Intolerância giocunda e ululante dos gados humanos no nosso caso de falantes lusitanos.

12 O advento das civilizações em intercalação, das religiões monoteístas, ideologias e sistemas político-econômicos foram todos anotados pela Schwaska como oriundas desse gérmen de contradição e infâmia do homem, o animal que por excelência corre atrás do rabo.

13 A conclusão que podemos chegar é que o homem nada mais é do que o detrito e excrescência da Schwaska. Mas ele não está perdido.

 

CAPÍTULO 3

“Mas ele não está perdido”

No princípio a Deusa achou que um conhecimento do que há de espiritual seria irrelevante para o homem, já que é este ser vil e preocupado apenas com as coisas contingentes. 2 Está seria uma saída bastante fácil e sem quaisquer resultados catastróficos; a única implicação seria que o homem se tornaria um ser bitolado e sem capacidade de juízo se não tivesse um poder de ter consciência de sua natureza. Entretanto, pendurada de sua bolha de sabão nas regiões altíssimas, notou Schwaska o pequenino mundo que ela outrora parira em movimento.

                4 A visão que teve foi de um homem com vigor, que, embora tivesse uma propensão alucinante para destruição e massificação de opiniões, tinha seus lados positivos e atitudes espirituosas. A Demiurga Xavascosa então deu a última chance ao homem e colocou-o no Pão de Mel que é o segundo astro criado para alimentar os pássaros solares. 5 Ao colocar cada homem no então habitado planeta, a Demiurga se cansou novamente, e essa foi a Segunda Canseira Absoluta de Schwaska. 6 Porém, uma canseira sem conseqüências inicialmente agravantes: ela se deitou no seu plano Absoluto, ficando assim suspensa fora do plano físico da Efetividade durante milênios, enquanto durasse seu Sono Absoluto. 7 A desvantagem de ser um ser absoluto é que tudo que você faz absoluto; assim, quando você dorme, dorme muito. Foi o que aconteceu com Schwaska.

O único indício de sua existência como criadora deixado no mundo físico foi seu óculos que caiu no recheio do Pão de Mel no momento em que ela se cansou, e que é o objeto pelo qual temos extremo fervor como servos fiéis à memória e potência da única e absoluta Demiurga, criadora de toda Efetividade, da Lógica, da Matemática e da sinuca. Este objeto sagrado é aquele o qual designamos o Santo Óculos de Graal, o único que pode provar fisicamente a existência daquela que fez existir esse ‘fisicamente’, as provas, a existência, assim como as letras com as quais escrevo no presente momento essa mensagem de salvação e harmônica desHarmonia cósmica.

10 Quando Schwaska acordou, se deparou com um mundo inteiramente mudado; o homem de fato agira por sua própria vontade de poderio e criou algo chamado Civilização, que não se constitui como nada além de uma série de postulados tidos como verdadeiros que justificam o poderio de alguns homens sobre seus rebanhos de gado humano.

11 Schwaska se espantou e esse foi o Grande Primeiro Espanto Absoluto de Schwaska Após Seu Longo Sono Absoluto. 12 Ela notou que o homem que ela criara, em todo seu poder, havia criado uma nova raça, e não me refiro à dos clones, aos alimentos genéricos, mas me refiro, não sem um nó na garganta, ao gado humano e as massas criadas e impostas a um silêncio e obediência caninamente servil durante séculos, através de poderes estabelecidos e dogmas sociais, mesclados em uma metafísica absurda e uvas passas.

13 Schwaska relembrou-se depois de algum tempo desse dado e se espantou novamente, e esse foi o Grande Segundo Espanto Absoluto de Schwaska Após Seu Grande Primeira Espanto Absoluto.

 

CAPÍTULO 4

A nomeação dos provetas

 Com o advento dos monoteísmos gozadinhos dos séculos e das ideologias, foi necessário um ensinamento da constituição do mundo espiritual a seus dois únicos provetas, dois voluntários que se encontravam na platéia naquela noite de espetáculos de demiurgia. Para eles foi reservado o destino de conhecer os segredos mais íntimos e intenções misteriosas de Schwaska.

                Schwaska selecionou entre tantos homens dois indivíduos puros, não nascidos através do bom e velho entra-e-sai por motivos de aleatoriedade, justamente os dois primeiros bebês de proveta do mundo contemporâneo. Daí seus títulos religiosos de provetas.[2]   O que os provetas falam é na realidade a autoridade da Schwaska tornada carne falando, portanto ouvi e obedecei-os, assim, obedecer-la-ão.

O conhecimento do mundo espiritual, portanto, foi dado somente ao proveta e deve ser crido somente se saído de sua boca. Sua sabedoria teceu, em momento de sagrada inspiração, as seguintes descrições:

 

 

A mensagem dos provetas

                “Houve na tecitura de tudo que existe a divisão de três camadas de existência”, e assim começa todo ensinamento de Schwaska.

Existir é o que se define pelo ato inicial e necessário de todo ente que atinge realidade. Existir é ser-no-tempo, e se define como o único imperativo do qual só podemos fugir high on ketamine. Imperativos devem todos ser dados pelas condições da natureza, jamais por doutrinas morais absurdas. Se eu digo “seja moral”, “faça o bem”, e tenho a possibilidade de fazer mal, meu imperativo é comprovadamente um falseamento gozado da verdade; 10 se fosse de fato necessário fazer o bem e ser moral, então a natureza nos haveria feito de forma a só podermos fazê-lo. 11 Aquilo que Schwaska nos determina está em nossas características mais básicas e fundamentadoras.

12 “A existência dos Entes Absolutos, incluindo a Schwaska, se dá no primeiro plano ou camada de existência citado anteriormente. O  Demiurgo - ou Pai de Tudo que Existe – criou Schwaska conforme viu que era necessário, como um ser livre e independente para agir conforme seu próprio arbítrio. Para isso atribui uma inteligência absoluta à tal Ente.”

13 O motivo de tal criação é um mistério que só a Schwaska pode revelar. 14 Nossa mente pode conceber que toda a Realidade possível é um edifício erigido desde as profundezas até às alturas inconcebíveis, e que para cada andar superior há um inferior, sob o domínio do superior. 15 Assim nossa realidade, que consideraremos como o segundo andar do edifício, é dominada pelas forças Absolutas do terceiro andar, onde habita Schwaska de aluguel. 16 Acima de Schwaska há um flat do quarto andar que se constitui como seu deus e criador, mas que não vem ao nosso caso. 17 Nosso interesse é o de reconhecer a força que nos rege e regermos o primeiro andar, que é o mundo de nossa criação Absoluta e responsabilidade eterna. 18 Ora, o primeiro andar do edifício e obra de nossa criação não é nada mais que aquela região que chamamos de Pensamentos ou Céu dos Cachorros.

19 Os céus se abriram e desceu uma luz sobre o proveta José Patrick Morzelo, que dizia: “Ouça as palavras sábias dadas Schwaska neste momento de inspiração provética. 20 Há em todos os seres humanos duas possibilidades de criação: a criação em sua própria dimensão de existência e na dimensão que está subordinada a ele”, respectivamente, o segundo andar, que é o Mundo real, e o primeiro, que é o Mundo dos Pensamentos e dos Achados e Perdidos.

 

CAPÍTULO 5

A possibilidade de criação no Mundo Real

 Há no homem a capacidade que tomamos pelo nome de utensilidade, que é a capacidade de produzir planos, de forma que ele pode criar meios que multipliquem sua força e levem-no a produzir fins que, sozinho, ele jamais conseguiria. Criar é praticamente sinônimo para Ser enquanto indivíduo inteligente e inteligível. O exemplo clássico é da alavanca que o homem pode criar para levantar uma pedra grande, objeto que ele jamais levantaria em seus fracos braços e natural corpo de aborto de compleição semi-cadavérica. Isso vale para os halterofilistas também, que estupidamente entopem o rabo de anabolizantes para somar à sua capacidade física, ao passo que o homem utensilista e inteligente a multiplica, sem maiores danos no fígado. “É o que difere o homem do macaco”, assim diz Schwaska. A utensilidade permite o homem criar em seu mundo e subjugar os homens mais fracos. A maior utensilidade é àquela do pensamento; as religiões políticas e culturais de hoje em dia são o exemplo mais determinante do grande poderio que a utensilidade humana tem.

 

A contra-possibilidade de criação no Mundo Real

 Através de ilusionismo e pretensos deveres que elas pregam como naturais e necessários, incutindo-os através do medo do inferno e do limbo nas massas bovinas humanas, essas formas de utensilidade geram o domínio de poucas dezenas de homens sobre milhares de outros mais preguiçosos. Há também a utensilidade do sistema econômico, sistema que em nosso mundo, desenvolvido durante o sono Absoluto da Schwaska, se desencadeou produzindo o bem de alguns e a miséria de outros (o que é válido), mas estupidamente seus líderes esqueceram de tomar as rédeas de tal sistema e passaram a ser engolidos por ele próprio. Schwaska, ao acordar de seu sono absoluto, viu e ensinou aos profetas como se caracteriza tal sistema econômico e cultural, junto com todas suas manifestações e postulados. Foram dadas tais palavras, que teremos como os dez contra-mandamentos, isto é, o que devemos evitar se não queremos ser relegados a uma atitude ruminante:

 

O dez contra-mandamentos

10                   1º – AIDS é a moeda corrente que compra a neutralização e passagem para a realidade difundida. O conceito de valor que se abrangeu sobre todas as coisas (de modo de podemos dizer que uma pamonha, um carro, um momento ou uma pessoa são ‘valorosas’ ou ‘inúteis’, somente em escala diferentes);

11                   2º - os hábitos e repetição fatídica de tendências justapostas, que é a mera continuação do conceito anterior e que passou a domar e tirar de si a própria capacidade de ter um gosto e liberdade de escolha para o instante que se segue, de forma que as pessoas dizem que gostam de coisas que lhes são auto-impostas indiretamente pelo cacoete; é o que observamos em gostos artísticos, e até preferências sexuais e religiosas:

12                   3º - Pensar com os ouvidos é leproso. "Gostar de um algo que está em voga é quase exatamente o mesmo que reconhecê-lo", pela força da informação, "o mais conhecido é o mais famoso, e tem mais sucesso"[3]; por isso a falsa sensação de que ser um receptor de boca aberta de todas as novidades é aquilo que torna a vida impossível. Quem está aberto para receber toda informação e tendência que lhe chega, certamente não será quem gera tais informações ou tendências (idem para criação de religiões sintéticas, trânsitos de doenças venéreas, etc);––a "variedade" é instância do ecletismo acrítico que estraga meu jornal de domingo, subversão" é substrato da faísca, conflito, porrada e chute na porta;

 14 a humanidade viveu sem AIDS durante milênios, porém há gente que age como se viver sem sua AIDS seria como respirar sem oxigênio disponível;

15                   4º - a cabrita e o bezerro em voga é o padrão de beleza pra todas as outras bestas, e pro gosto sexual de cada um; negar tal padrão é afundar-se na “lama do homossexualismo” (segundo a terminologia cristã-monoteísta)[4]. Para nós, aceitar que a voga escolha suas preferências sociais é ser estuprado pela própria sexualidade e garantia de sucesso para dançarinas populares atuais.  Gosto pessoal como uma questão coletiva, e não individual (?!).16 A criação do gosto individual inclui experimentação laboratorial no mundo que se descortina perante nossos olhos de segunda a segunda para ser dissecado e analisado. Devemos antes ver se o que chamamos por nossos gostos são realmente nossos ou de nosso grupo e sociedade, e só em seguida eu recomendo que você faça o pedido do lanche, da revista, do carro, da mão em casamento, do divórcio, do encaminhamento de curriculum. No caso de perplexidade, jogue um dado de 6 (seis) faces e volte 3 (três) casas;

17                   5º - os valores religiosos são todos tidos como o que há de moralmente puro na natureza humana, e são postos como indiscutíveis, já que pretensos detentores da verdade. 18 Ora, se um sistema se diz como indiscutível, e quaisquer objeções a ele sempre serão tratadas como má-interpretação ou desvio de leitura dele, este sistema já se compromete simplesmente por este dado; 19 se o que eu falo é de fato a verdade, então não me causaria preocupação nenhuma se quisessem investigar o valor de verdade de minhas afirmações. 20 É por isso que cumpri-los é uma forma de testá-los de forma a aperfeiçoá-los, segui-los é questão de devoção. Santa Inquisição, argumentos empíricos, espirituais e carismáticos de esquizofrênicos líderes é uma forma de argumentação ligeiramente inferior segundo manuais de retórica mais conceituados. 21 A verdade como valor só existe se é fecundada pelo questionamento, e então gerar resultados palpáveis em alguns meses dependendo da espécie da fêmea. Tire 5 minutos para reflexão deste dado e guarde suas belas conclusões contigo. Pense também antes de escolher a espécie da fêmea. 22 Ela até pode ser uma bela cabrita, mas se é uma intocável, “então apertemos a descarga”, diz Schwaska;

23                   6º - o próprio conceito de prazer fora maculado com as forças culturais abortivas da inteligência humanas, esta que é a força cósmica e grande Dádiva Absoluta da poderosa Schwaska-uh-uh-a. 24 De forma que, na concepção atual, divertir-se é uma pseudo-atividade através do momento mímico. Não se dança nem se ouve música por sensualidade, muito menos a audição satisfaz à sensualidade, mas o que se faz é imitar gestos de pessoas sensuais.[5] 25 Não deixe de questionar as formas de atingir prazer. 26 Há possivelmente algo de errado se os momentos de diversão são dados como uma dádiva do sistema econômico para o trabalho full-time, sendo que essa seria sua condição atual, já que diversão é estar em plena sintonia com sua individualidade e satisfação de desejos reais, intrinsecamente individuais. 27 O prazer e o bem-viver é um direito natural do filho da Schwaska por se apresentar como possibilidade, já que seria sua harmonia com os lábios abrasadoras da Deusa do Hedonismo Sem Pudor em si. Aceitar uma extensão de sua vida para este prazer, aceitar a parte se é possível ter o todo, é justamente aceitar algumas horinhas na frente da televisão vendo programas de auditório tão bem humorados que é necessário ter risadas (canned laughter) da produção para saber a hora de se divertir e comover. 28 Sem contar festas cívicas, quermesses, almoços de domingo, parques de diversões (que são experimentações do corpo em movimento, meros testes de física elementar) onde a diversão se paga com ordem de fila e espera, seguindo o próprio modelo fechado burocrático. 29 A inversão desse mandamento seria: pratiquem o bom sexo e saibam se divertir através daquilo que lhe é intuído; e pensem se é realmente interessante trabalhar como escravo (i.e., anti-naturalmente, considerando que o trabalho sóbrio é sim um bom meio para conseguir as coisas) para ter dinheiro e com ele poder se divertir, se o tempo do trabalho  substitui o tempo onde seria possível diversão natural e criativa. 30 “Isso é uma escrotice”, atenta a Deusa, “como trocar as próprias mãos por luvas de boxe... usadas”, complementa a Deusa das Esferas e das Metáforas Bem-Elaboradas. 31 Poderíamos admitir essas duas máximas se houvesse em doutrina transcendental da Schwaska de ser uma doutrina de imperativos e mandamentos. Mas não, 32 nossas máximas devem ser todas feitas por nós mesmos[6].;

33                   ROW ROW, FIGHT DA POWAH!
34  7º - Seguindo o segundo e terceiro contra-mandamentos, houve, após a decadência do conceito de gosto e automatização dos interesses coletivos através das modas, uma tendência de produzir rotina (na concepção moderna da rotina, e não a aristocrática, para a qual o mundo era um eterno final de semana), para que um sistema coletivo cultural não sofresse oscilações de consumo muito grandes e a automatização fosse chave-mestra da produção em escala industrial. 34 A rotina garante o consumo bem-medido e automatiza os processos. Isso, que é um dado meramente relativo ao trabalho, teve que se igualar com o ato de consumir, levando a uma mudança até mesmo do próprio gosto das massas (pergunte à Schwaska como isso ocorreu). 35 "A renúncia à individualidade que se amolda à regularidade rotineira daquilo que tem sucesso, bem como o fazer o que todos fazem, seguem-se do fato básico de que a produção padronizada dos bens de consumo oferece praticamente os mesmos produtos a todo cidadão".[7] 36Falta de idiossincrasia e juízo para decidir o que é bom para cada um”, assim declara Schwaska, Criadora Absoluta dos orbes celestiais e do strip-pôquer, “é um problema a ser combatido como o câncer de mama e invasão maciça de gafanhotos numa plantação de um país praticamente agrário como o é a Indonésia e a Austrália”, metaforiza com maestria e perspicácia.

37                   8º - A falta de consciência do gado humano faz com que aquilo para o qual eles devem atentar - que é exatamente a extinção por fogo de toda sua individualidade e bem estar individual – seja desviado, e problemas globais casuais e muitas vezes ilusórios sejam tidos como catástrofes que devemos corrigir ou pelo menos discutir até que aconteçam. 38 Assim é o Juízo Final ou Gehenna aguardado por muitos há milênios de rabo entre as pernas, as milhares de ameaças de pestes que mendigos e leprosos insanos gritam pelas ruas e que em breve estão sendo veiculadas na mídia de massa, que é apenas uma variação in-folio e com logomarca da lepra e mendicidade dos insanos paranóicos. 39 Atentai para o fato de que as inofensivas gripes e diarréias de hoje anteriormente eram as pestes que “iam destruir a humanidade”, segundo os paranóicos, e ainda estamos aqui. Schwaska ri-se disso. 40 A medicina humana, observou ela, em seu poder afiado de Observação Absoluta, está minada destes preconceitos e paranóia chã, rasteira, mendiga. É tudo que afasta o homem de sua verdadeira vida, é um prognóstico constante de morte, prognóstico que muda como mudam as modas, (e que, como elas, é sempre o constante retorno da mesma coisa com embalagem diferente), e que, portanto, nunca acaba. 41 De forma que as pessoas existam pensando nas ameaças de morte. 42 “Preocupem-se”, ó fiéis, “não em sobreviverem às catástrofes, ao aquecimento global, às inundações e vulcões e terremotos e tornados e doenças aviárias e hemoptises catarrentas, aos acidentes de carro e quedas homéricas de aviões, à pressão do mar e lei da gravidade que por vezes pode ser impiedosa, aos animais selvagens muito famintos que habitam justamente os lugares pra onde vocês querem viajar pra fazer Safári, aos bandidos e homens que vivem do homicídio e que no fundo são canalhas idênticos a vocês; se vocês nem ao menos têm uma maldita vida para protegerem, não adianta nada fugir da causalidade e temerem uma morte física que é só a continuação do estado de necromorfismo e suicídio intelectual que vocês se colocaram voluntariamente”, é o que declara nossa Deusa e Musa inspiradora dos bons poetas como Hölderlin e Asbjørnsen, a Absoluta Schwaska;

43                   9º - contra a futilidade e mal-uso do tempo de vida: o tempo é um mal gerado pela Urina Absoluta que maculou o mundo de harmonia criado pela Deusa. 44 O tempo é nossa fatalidade e, com a causalidade, que é sua irmã, nos joga de um lado pro outro, de situação em situação, sem que possamos de fato escolher todas as situações que viveremos. 45 Tudo que podemos fazer é palpitar nos grandes ouvidos da Causalidade, nesse caso. 46 A lei causal pode ser observada como correspondente ao que se passa no pingue-pongue (onde seríamos a bolinha) e na flacidez mamária das mulheres velhas (onde seríamos as mamas caídas)[8]. 47 Portanto aproveitem o tempo que lhes foi dado, e que é afinal o único tempo possível para vocês; 48 ilusão do homem vulgar é sonhar com eternidades e tempos passados imemoriáveis, ao passo que o passado é mera abstração e só tem significado real se ajudar-nos a entender o presente e gera nossa ação neste.[9] 49 A futilidade e o ato de entregar-se ao tédio é justamente um suicidar-se em parcelas e não aproveitar o tempo de vida, não-retornável como essas garrafas de refrigerante modernas. 50 Se vocês acham que o tédio é inevitável, matem-se de uma vez, como os sábios estóicos acreditavam que devia ser feito. 51 Tédio é somente um círculo vicioso de acontecimentos e expectativas frustradas, é o instante da não-perspectiva tornado eterno, pinto no ponto-morto. Mas os acontecimentos, ah, os acontecimentos são justamente aquilo que nossa ação gera e expectativas são nossas abstrações ideais colocadas sobre o pano de fundo da ação. 52 Se você está entediado e ao mesmo tempo é o tipo que todo dia escolhe o mesmo caminho pra ir pra casa, só entra nos mesmos sites ridículos, lê os mesmos autores, compra roupa na mesma seção da loja, usa o mesmo nome, não deixa crescer bigode nas férias nem dá identidades inusitadas, você é um asno maldito, assim diz Schwaska. 53 Toda responsabilidade que o homem tem diz respeito a seu tempo, que é o verdadeiro campo de batalha da individualidade para consigo mesma, tempo de se tornar consciente para atingir uma maturidade intelectual e saber o que fazer da própria vida. 54 Só assim é possível reger o mundo dos pensamentos como um bom ditador, que é o primeiro andar do edifício, e no qual somos Deuses. 55 Fazer faculdade de direito e não querer sentir tédio é como chutar uma bola e querer que ela role para trás. Essa é a palavra dos provetas e devem (ou não) ser ouvidas.

56                     10º Os indivíduos se chateiam com o próprio círculo de convenções sociais onde vive. 57 “Se uma abelha te pica, ó homem, use a mão que te dei no momento de criação para esmaga-la; outras abelhas podem vir, mas é justamente pra isso que existem inseticidas e roupas de apicultores”. 58 A diferença que Schwaska estabeleceu entre homens e macacos reflete-se na utensilidade dos primeiros. Assim, temos meios para negarmos ofensivas advindas de tudo que vêm de baixo. 59 Há uma tendência em homens bovinos de quererem a todo momento nos jogar uma corda pra podermos estar com eles, dentro de seus sistemas de pensamento cristalizados e pretensa paz do ‘estar dissolvido no nexo do coletivo’, de respirar o mínimo denominador comum da opinião justa e objetiva. Porém, se observamos bem, tudo que eles fazem é jogar uma corda de baixo para cima, tentando puxar homens individuais para baixo, para a lama de onde vieram. 60 Se não pergardes a corda, ela cairá na cabeça deles. 61 Arrastar tudo para a lama é a tendência de porcos, observada por Schwaska.

62                   "[...] para muitas mulheres, as situações de intimidade, em que tratam dos cabelos e fazem a maquilagem, são mais agradáveis do que as situações de intimidade familiar e conjugal para as quais se destinam o penteado e a maquilagem. A relação com o que é destituído de relação trai a sua natureza social na obediência. Tudo se movimenta e se faz segundo o mesmo comando: o casal de automóvel, que passa o tempo a identificar cada carro com que cruza e alegrar-se quando possui a marca e o modelo mais recentes; a moça cujo único prazer consiste em observar que ela e seu parceiro "sejam elegantes"; o "juízo crítico" do entusiasta do jazz, que se legitima pelo fato de estar ao corrente do que é moda inevitável. Diante dos caprichos teológicos das mercadorias, os consumidores se transformam em escravos dóceis; os que em setor algum se sujeitam a outros, neste setor conseguem abdicar de sua vontade, deixando-se enganar totalmente.”[10] 63 Tal texto, selecionado por Schwaska em suas horas de leitura na Biblioteca Municipal, só mostram que geralmente quem está em determinado culto da própria castração, não sente de fato prazer por isso, mas dá sua situação como situação padrão, natural e imutável. Estável. Bem posicionado no mercado de trabalho. Pró-ativo. Pluralista. Politicamente neutro. Peripatético, antenado às novidades, perspicaz, retórico, de treinado em linguagem corporal, engomado, consciente, aberto a novas experiências, aventureiro, não-prolixo, funcional, amigável. Homopassivo. 64 Sua atitude de submissão se faz por um medo tétrico de não se dissolver na cor local, mas que é um medo de enxames de criaturas minúsculas (i.e. obscurantistas enfurecidos, com garfos e foices), e não de fato por medo de algo ameaçador.

 

65                   Esses dez contra-mandamentos constituem uma parte da sabedoria dos provetas e deve ser ensinado às crianças a aos velhos que porventura se esquecerem de alguma coisa.[11]

 

CAPÍTULO 6

A possibilidade de criação no Mundo dos Pensamentos

 Havendo possibilidade de criação no Mundo Real, coisa que é passível de ser feita apenas por homens se-vivos, que seguirem os contra-mandamentos dados por Schwaska, então se abre uma segunda possibilidade de ação, a saber, aquela da criação no andar de baixo, no Mundo dos Pensamentos que é o mundo onde cada homem pode dominar e ser seu próprio deus. Muitos podem perguntar-se do sentido dessa ligação, e dizerem: “Não sei como o que vocês chamam de alienação pode impedir de que se domine o Mundo dos Pensamentos”, o que é um absurdo e deve ser combatido a fogo e paulada. A forma dominação dos homens listada nos contra-mandamentos é justamente um subjugamento dos pensamentos, é a imposição de limites na mente. Homens alienados passam a crer que no mundo de pensamentos só devem se passar coisas tidas como “morais” e conforme os padrões lógicos, sendo que este mundo mental é justamente o palco de experimentação para todos os tipos de pensamentos, justamente para não precisarmos repetir as coisas absurdas que sentimos necessidade de pensar no Mundo Real e Efetivo, e assim termos conseqüências negativas. De pintarmos os mamilos de crianças do hospital de câncer com caneta esferográfica. Felicidade não-contraceptiva. Threesome siamês. Fornicação jailbait. Schadenfreude em medidas de política internacional. Pena de morte vigorada para fins esportivos. Geriatria avant-garde. Eutanásia + roleta russa. Escravidão-bestiosado sob as asas da lei.Assim, Schwaska é mais a deusa dos indivíduos com amigos imaginários do que dos ascetas do pensamento; mais a deusa daqueles que se deliciam com pensamentos de malabarismos eróticos e fundadores de haréns mentais do que a deusa dos adolescentes espinhentos que engravidam frascos de shampoo no chuveiro tentam conter seus impulsos eróticos naturais sob a insígnia de uma santidade que é um conceito caduco e anti-humano, de indivíduos que querem ser iguais aos deuses do terceiro andar. Schwaska não é propriamente libertação, é natureza e eliminação de inutilidades que atrasam geralmente cinco sextos das vidas dos homens, que chegam à velhice inexperientes como crianças de colo, justamente porque se privaram a vida inteira de experimentarem tudo que o mundo de possibilidades oferece a eles, e se construírem assim em sua maturidade, ao menos no lugar onde lhes é destino a agirem despoticamente: suas próprias e íntimas mentes, lugar onde nenhum outro homem ou ser supremo pode colocar o bedelho.

 

Da negação da lógica formal

Existe um conjunto de leis que rege os processos no mundo real chamado lógica. Há uma lógica natural e uma lógica humana de dimensões elástica.

                    A lógica natural é aquela que fundamenta os princípios mais ridiculamente básicos das relações de todas as coisas que existe, como por exemplo o princípio de contradição, que diz: Uma coisa não pode ser algo diferente de ela mesma simultaneamente (exceção: presta atenção se ela não tem aspectos diferentes, neste caso seus aspectos não são a mesma coisa). Há outros conceitos bastante básicos também que, se nós, em nossa arrogância, achamos que são coisas banais e óbvias demais, devem ser observadas com parte da Criação Absoluta e que, sem elas, nada no mundo funcionaria. 10 Um conceito básico essencial é o Tempo (série de sucessões de estados, que caminha em linha reta e nunca pode ser retomado) e o Espaço (a idéia e palco da dimensionalidade das coisas, que permite o fenômeno da localização).  11 Há, além deste, outros conceitos que serão estudos em outros livros sagrados paridos por Schwaska.

12                   A lógica humana, por sua vez, é um convencionalismo para que a vida em sociedade seja possível. Essa é uma ‘lógica’ menos séria, que talvez deva ser seguida caso nós tenhamos escolhido viver em sociedade. Se sim, ela pode ser aplicada. 13 Nos habituamos, mais por vício do que por disciplina, a pensar apenas mediante essa lógica; 14 o único resquício de um pensamento puro e natural que temos é aquele que se manifesta em nossos sonhos e estados de consciência adquiridos após treze doses de bombeirinho.[12]

15                   No que concerne à teoria da criação no Mundo dos Pensamentos ou Bolhas de Sabão, essa segunda lógica não precisa ser seguida nele. 16 Uma limitação de nossa capacidade é justamente querer aplicar regras formais e humanas para aquilo que é o campo de nossa criação, onde somos nós mesmos o Ser Absoluto e Regedor Despótico Maquiavélico de Tudo que Subsiste no Andar de Baixo (vulgo S.a.r.de.ma.tu.s.a). 17 Se queremos ser um Sardematusa para o andar de baixo e, assim temos seres que nos adoram como adoramos à Poderosa Schwaska, a Sardematusa do andar de cima, Criadora Absoluta de tudo que é há e que há de vir, do cinema mudo e das frutas silvestres, então devemos criar nossas próprias regras. 18 É por experiência que digo que regras humanas não se aplicam a pensamentos.

19                   Conclusão: Nada nos impede de ser Napoleão Bonaparte.

 

 

A contra-possibilidade de criação no Mundo dos Pensamentos

20 Como nos alerta o proveta Umbrosus Komprimierter Schwaskosus, ungido pelos líquidos abrasadores de efeitos medicinais da única fonte de harmonia contraceptiva, Schwaska, há certos atitudes para com o mundo do andar de baixo que nos tira a possibilidade de controla-lo. 21 E isso é justamente o que se expressa nos dez contra-mandamentos da Contra-possibilidade de Criação no Mundo dos Pensamentos, diferentes em partes dos dez contra-mandamentos da Contra-possibilidade de Criação no Mundo Real.

22                   1º - Como já visto, sob a autoridade de nossa Demiurga, a primeira contra-condição do regimento despótico do andar de baixo é justamente a falta de liberdade de pensamento no seu próprio andar. 23 Ela revela: “Se não tenhais, porventura, domínio de vossos próprios pensamentos em seu próprio andar, que é o vosso lar e onde vós morais, então vós sois asníticos rastejantes de quinta categoria e não terão qualquer possibilidade e desenvoltura para dominarem o andar de baixo. Educação se leva de casa”, diz, não sem extrema sapiência;

23                   2º - Apego à lógica humana é um limite para o desenvolvimento de um bom mundo dos pensamentos, logo este é o único possível segundo contra-mandamento;

24             3º - Para criar um mundo intrínseco, devemos antes ter plena consciência de quem somos e como somos, reconhecendo nossas falhas e limitações humanas. Sem essa consideração, seremos como o homem que planeja sua casa e a constrói sem atentar para o terreno sobre onde pretende construí-la. 26 Se o terreno for arenoso, for um pântano ou for o terreno das próximas instalações de uma usina nuclear, então sua obra terá sido de toda inútil e ele se frustrará. 27 É recomendável que crianças sejam educadas para desenvolverem plenamente o auto-conhecimento; que sejam ensinadas a ficarem algumas horas sozinhas na frente de um espelho estilhaçado ouvindo noisecore-rococó-Caravaggio a milhão para poderem pensar em si, que tenham liberdade para desenvolverem plenamente seus talentos e educarem seus vícios e impulsos desagradáveis; só assim se construirá um adulto apto para ser Déspota Esclarecido de sua própria metafísica, um verdadeiro Sardematusa;

28                   4º - Saibam os limites da lógica de seu mundo; 29 a lógica analítica (aquela lógica natural de que falamos) é o alicerce da possibilidade de um mundo. 30 Nunca tente criar um mundo sem tempo, espaço e causalidade, que são as três regras essenciais da lógica natural. 31 “Caso contrário, você acabará como Salvador Dali”, revela a santa aspiração;

32                   5º - Meça o bem e o mal dentro de seu mundo, ambos conceitos são justamente somente aplicáveis nesse movimento, uma atribuição de interioridade. 33 O bem e o mal do mundo é o bem e o mal de si mesmo, e ele se realiza em seus pensamentos e mundos criados. 34 Saiba controlar para que seus pensamentos não tomem forma e se rebelem contra seu próprio criador. 34 A loucura é o sintoma mais desastroso de qualquer forma de criação, é a insurreição de pensamentos contra seu próprio criador. 35 Não se deixe perturbar a ponto que seus próprios pensamentos te forcem a querer sair pelo seu traseiro. Neste caso, o contra-exemplo é justamente o exemplo do louco e do paranóico, que afinal de contas é um homem sem controle sobre sua própria mente ovulante;

36             6º - O sexto contra-mandamento é extensão do terceiro e do quinto, que diz: eduque sua criação para que ela própria atinja um estágio maduro e passe a andar pelas próprias pernas, como Schwaska o fez na criação do mundo e no estabelecimento do Prazer como a Energia que Tudo Move. 37 Schwaska deve ser exemplo para vocês, ó seguidores de Sua excelsa sabedoria. 38 O contra-exemplo é o do homem que deixa seus pensamentos pairarem numa simplicidade que em nada o acrescenta (como todos os realistas e naturalistas, que se apegam a leis castradoras para sua criação, impedindo que haja transfiguração nela), embora esses pensamentos tenham uma estrutura bem ordenada;

39             7º - o princípio da Transfiguração é o ponto de partido para um dos mais altos estágios de uma criação qualquer que seja: é o estágio que qualquer mundo de Pensamentos criado atinge quando não só age por si próprio, mas passa a criar e acrescentar ao seu próprio Criador. 40 É o princípio de todas as artes do sublime, salvia e interpretações infinitas. 41 O contra-exemplo é o do Criador limitado que não gera Transfiguração, e que nunca aprende com sua própria criação;

42             8º - atingindo-se o estágio anteriormente citado, é necessário que a criatividade acompanhe o mundo criado. 43 A criatividade é a força criadora, é a condição, forma e meio de ação do atributo que faz de nós criadores. Assim, deve ser bem distinguida da criação em si, mas deve pegar carona com ela, quando oportuno for. 44 O contra-exemplo é o do homem que nunca pega carona e fica pra trás;

45             9º - após o oitavo estágio, podemos atingir o estágio do Gênio e dos Mistérios. 46 Quando a Criação envolve-se de uma aura de realidade alta o suficiente para poder ser real, estar apta para isso, então o Criador pode passar a viver nela. 47 Nesse exato momento em que ele de fato vive em seu mundo, que é o estágio que chamamos de Autismo Condicionado Absoluto (diferente do autismo incondicionado, que é uma patologia), seu Mundo de Pensamento sobe de andar, do primeiro para o segundo. 48 E, conseqüentemente, seu Criador, o próprio sujeito criador do Mundo Emancipado, sobe para o terceiro, e pode morar ao lado da Schwaska. 49 Este é o estágio de evolução e o princípio de conhecimento todos os mistérios, que deve ser aspirado e buscado pelos verdadeiros amantes de Schwaska. 50 O contra exemplo é do homem que teme a loucura e teme sair de seu mundo carnal aconchegante;

51             10º - o décimo estágio é justamente o estágio de adaptação ao novo andar. Os vizinhos são novos, e deve haver a humilde de começarmos como a mais baixa criatura de um novo estágio de evolução. 52 O contra-exemplo é o do mal vizinho que bate no teto com uma vassoura sem grandes motivos.

 

CAPÍTULO 7

A arte como forma de busca do Autismo

 Simpatizantes com tal teoria provavelmente serão todos artistas ou pretensos artistas, entusiastas avant-garde engraçadinhos, designers de entranhas e taxidermistas. A criação cósmica e a arte estão intimamente ligadas. A diferença de um pedaço de pedra e uma escultura é a aura e poder de assimilar e exalar historicidade, sentimentos e transfiguração da segunda. Um escritor, ao escrever sua obra, cria personagens e situações que não são nada além de um povoamento de sua própria Região dos Pensamentos. Isso é especulativo de um ponto de vista materialista, mas plenamente possível e efetivo. A fácil identificação de indivíduos a beira do Autismo Condicionado serão, portanto, geralmente artistas, zeroworkers, mutant bitches on motorcycles, SEMCP, anticultistas, caoístas, visionários, filósofos especulativos (e não malditos analíticos), excêntricos, chanites, e body snatchers e Jesus-velociraptors. Não se tem nenhuma notícia de um engenheiro ou auxiliar adminstrativo que tenha atingido tal estágio. A arte, para Schwaska, é exatamente a forma mais decente de utensilidade, e seu efeito transfigurador nos homens é a inspiração da criação, a veiculação da energia cósmica primordial, que é o Prazer que gerou o Orgasmo na Schwaska.


CAPÍTULO 8

 

Schwaska não depende de vocês

 Algumas últimas considerações se fazem necessária para que os ensinamentos de Schwaska não sejam deturpados ou se transformem em uma religião política monoteísta de baixo calão.

                Sabemos que Schwaska institui através de seus ensinamentos apenas contra-exemplos: tudo o que pode ser gerado de ensinamentos de tal natureza será, portanto, uma contra-religião. No top 15 das Divindades mais célebres de Hollywood, Schwaska é a quarta-pessoa do singular. Dar contra-mandamentos é alertar sobre um mal qualquer, ao passo que dar mandamentos é enfiar goela abaixo receitas de liberdade. Existe uma diferença imensa nisso, só quem é burro não vê, pois se condiciona como cego, e então é duas vezes um asnóide bacante bescheuert.

                Não existe em Schwaska uma necessidade de um séqüito de súditos sem vontade própria; suas palavras são fonte de consolo e ajuda para os homens e nada mais, nunca devem ser entendidas como regras. Isso ocorre pelo fato que Schwaska não depende de vocês. Não depende de sua adoração ou devoção, de um bem-dizer, nem de um mal dizer. Nem precisa de um nome. Se Deus é amor, Schwaska tem mais o que fazer. Seu nome não é infinito mas possui sete letras que bastam para expressar sua imponência cor-de-rosa; durante a história vimos ela sendo chamada de Schwaska, Xavascosa, Xavasca, Perseguida, Caverninha, Paxaxa, Bacurinha, Frubas, Sheelah-na-Gig, e assim por diante. Não existe correspondência direta e necessária a seu ser, pensar nela já é estar em contato com ela. Portanto ela afirma que, se querem criar uma religião monoteísta em que ela é a deusa, vão todos tomar nos seus [trecho perdido do papiro original] podres.

                Assim, sob o apaziguador abraço dos lábios de Schwaska eu, proveta inspirado sob sua Responsabilidade e Autoridade Absolutas, apago a chama de minha vela e deixo por terminado este livro introdutório que traz aos homens Demiurgia, dados a respeito da criação de todas as coisas efetivas e da natureza das leis que regem a Efetividade, assim como a natureza do edifício de criação que chamamos de Realidade (um plano acima da Efetividade). Schwaska os alerta disso para que sejam felizes, e não para que sejam santos, carolas, padres, homens exemplares, gentlemen, diáconos, autoridades episcopais, salafrários de quinta categoria, coroinhas, grão-maçons, cavaleiros templários, pai-de-santos, pau-mandado do bispo e ordenadores de missa. Como disse o Rei Salomão, “Vanitas vanitatum et omnia vanitas” (Vaidade das vaidades, é tudo vaidade). O Schwaskismus é uma doutrina de práxis, não de teorias falidas.

                Que a paz intumescente dos lábios acolhedores da Schwaska esteja com vocês.

 

 

Livro das Aporias

CAPÍTULO 1

Dos aspectos históricos de nossa doutrina: o anti-culto

 A primeira questão que poderá advir dos espíritos céticos e caluniadores não se expressaria diferentemente do que tais palavras trazem: “Que verdade pode trazer uma doutrina criada no auge da civilização humana, justo em um momento em que os deuses foram demolidos junto com todo seu dogmatismo alienante?”. 2 Porém as palavras de tais seres são amargas e trazidas para a disseminação do desespero e desalento do homem fiel, como a peste carregada pelo vento. 3 Ora, tempos estes chegarão em que vocês serão confrontados com tais perguntas, e vocês deverão, como meus fiéis, estar preparados para minar tais elucubrações funestas dos pretensos destruidores da Verdade Absoluta da Schwaska.

                4 A Verdade Absoluta é àquela diferente as verdades individuais, criadas por criaturas mefíticas e desesperadas que buscam estabelecer estatutos que os favoreçam e os torne pretensamente superiores, sem qualquer compromisso com o que há de Puro e Efetivo. 5 Diferentemente das religiões mono(tono)teístas que dão as atuais bases para a organização dos povos – e justamente por isso o mundo está fora de seus eixos[13] -, a doutrina de Schwaska não é mais uma doutrina de catalogação e etiquetamento de divindades.

6 Schwaska é um ser supremo anti-divino e anti-culto, já que é modesto; ao mesmo tempo é uma divindade em sentido não-estrito, fora de toda vulgaridade que a linguagem humana possa atribuir à seu nome sagrado; 7 afinal o próprio conceito de divindade é acompanhado vulgarmente de uma idéia de que o ser tido como Supremo é Único e Detentor de Toda Verdade. 8 Além disso, ao atribuir atributos humanos às suas Divindades, o homem teísta as limita a características puramente humanas. Todas as características humanas foram definidas pela Schwaska no momento de criação do homem, como limitações especificamente de homens e para os homens. 9 Assim, jamais devem ser usadas para caracterização do Ser Absoluto, mas somente para seres ditos ‘divinos’, ou seja, entidades humanizadas criadas para justificarem religiões falíveis como as monoteístas atuais, assim diz Schwaska em sua excelsa sabedoria. 10 As crenças mundanas atuais, assim, se constituem como abstrações perigosas; somos testemunhas de guerras e miséria sem fim pronunciadas em nome do único deus possível dos mulçumanos contra o único deus possível dos ocidentais; às vezes o único deus possível dos japoneses volta de férias e resolve incluir-se na briga. 11 Porém Schwaska não tira férias e entende de matemática, já que ela criou a possibilidade de o homem fazer matemática, e Schwaska sabe que 1+1+1 não é igual a 1, mas a três verdades únicas possíveis, o que constitui a Aporia Falida dos Monoteísmos Seculares.

12 Este é o primeiro princípio universal de sua doutrina e deve ser transmitido por aqueles que a professam, e deve ser transmitido às crianças e aos velhos.

 

CAPÍTULO 3
 
Dos aspectos metafísicos de nossa doutrina: As divindades seculares que habitam as Regiões do Pensamento Hipotético

 Dessa forma, Schwaska independe de adoradores e de uma religião que porventura entretê-la-ia; 2 Schwaska é criatura transcendente, ou seja, sua condição primária é aquela que seu pai a confiou, e que diz: “Você será ser transcendente, e viverá em um estado acima da existência física”[14]. 3 Contudo, em toda sua infinita sabedoria, Schwaska chegou à conclusão que todos os outros deuses que se admitiam únicos e verdadeiros também possuíam tal natureza, mas traziam ao mesmo tempo características de seres imanentes, ou seja, que dependem de uma ligação com o mundo físico. 4 “Tudo que é pensado é de certa forma transcendente; se eu difundir a existência de um deus das cascas de árvore ou do lixo reciclado e ele passar a ser de fato adorado e pensado por todas as pessoas, então ele é, ao menos em um nível hipoteticamente ontológico, um deus possível e transcendente, já que nunca se manifestará no plano físico, e que contudo habitará a Região das Idéias Hipotéticas”.

5 Ouçam, fiéis, estas palavras e princípios de infinita sabedoria, e guarda-as contigo. 6 O Schwaskismo é o reconhecimento de que tudo que é pensado está a um passo de se tornar real, já que os pensamentos dos homens habitam bolhas de sabão numa Região Transcendente dos Pensamentos, que fica geograficamente localizada a 5 milhas do Céu dos Cachorros.

7 A Região Transcendente dos Pensamentos – também designada por Região do Pensamento Hipotético - é lar de boas idéias, mas também de más idéias, já que é para onde tudo o que é pensado vai. Assim, se os deuses monoteístas – pretensamente unicamente-possíveis -habitam tal região, então não estão livres de serem entes malignos ou contraditórios. “Eles praticamente vivem em um aterro sanitário de Idéias”, afirma o discípulo fiel da Schwaska quando entrevistado pela mídia de massa.

8 Ora, um homem preferiria se ater ao que é incerto e cuja aplicação social produz catástrofes, ou àquilo que é evidente que e que está acima de toda abstração? Eu lhes digo: se há algum bom-senso na humanidade e se confiamos nele, então tal ato se constitui numa barbárie e leva o homem a cometer suicídio intelectual.[15] Apenas uma crença naquilo que é puro e originário se faz consistente, assim.

9 Pensamentos são criações humanas, é um fato indiscutível, o óbvio ululante que só os asnos e espécies mais vis de rastejantes discordariam. 10 Um homem que se contenta com religiões exclusivamente culturais, e não químicas e solipsistas (aquelas que definem e constituem unicamente na representação de conceitos de uma comunidade, e que criam deuses para justificar tais valores) se contenta com aquilo que o próprio homem, ser falível e mesquinho, criou.

11 A crença que pregamos não se constitui em um relativismo, como podem as já citadas criaturas infiéis e elucubradoras de doença e podridão cerebral afetada virem a afirmar em toda sua infâmia. O Schwaskismo mostra que todo monoteísmo cria para si uma verdade absoluta individual – que é seu deus -, ao tentar explica-lo através de atributos humanos. 12 Assim, para os monoteístas, num sentido prático, deus foi feito à imagem e semelhança de cada homem, e não o contrário. Mesmo assim, sua doutrina afirma o oposto, constituindo-se uma máscara sobre o bom-senso e levando os monoteístas a criarem um rol de divindades que justifiquem suas vontades individuais e infâmia historicamente comprovada.

13 O Schwaskismo parte do reconhecimento de que cada verdade habita a Região Transcendente dos Pensamentos, e apenas isso. 14 Nossas intenções puras não devem se ocupar de meras especulações, mas daquilo que é digno de ser adorado, a Entidade Pura e duplamente Transcendente (ou seja, independente de uma existência e projeção de existência através de adoradores submissos uma cordeiro na bíblia), a Entidade que habita um nível superior de verdade, acima da região dos pensamentos hipotéticos e do céu dos cachorros.

15 Que a paz intumescente dos lábios acolhedores da Schwaska esteja com vocês, fiéis.

 

CAPÍTULO 3

Dos aspectos culturais de nossa doutrina: A Sátira

 Não há melhor palavra para definir o que nossa Schwaska cor-de-rosa quer com sua doutrina: sátira. A sátira foi a última coisa a ser criada no mundo, dada pra ser o combustível que o moveria. Os homens querem ser felizes e evitarem aquilo que faz mal, mas suas ações mostram exatamente o contrário. Na verdade os homens querem ser sérios, aceitando algum mal como recompensa pra isso.

                Contra toda conquista boçal de seriedade, santidade e vaidade social, temos a oferecer somente sátira. Nossas fórmulas mágicas, encantamentos, maldições, invectivas, ofensas verbais não são sátira, no sentido que a palavra é geralmente usada, mas ao invés disso são o substrato da sátira, o mundo da indignação verbal e violência que sempre existe numa multidão de formas extra-literárias situadas bem ao lado das formas da arte. Sociedades civilizadas, quando afirmam que é uma inutilidade soltarmos invectivas e maldições contra ela e tudo que existe, estão na verdade tentando nervosamente evitar os perigos de uma agressividade descontrolada e fúrias desencadeadas podem causar à sua estrutura falível. A história mostra o poder ativo da palavra e da ofensa desde a Antigüidade, como casos em que homens humilhados publicamente foram para suas casas e morreram, e outros casos de brigas verbais onde os oponentes se xingavam até o mais fraco ter sua pele rasgada e enfim ser triturado pela simples força da palavra ofensiva.

 A frase do grande comediógrafo romano Juvenal Si natura negat, facit indignatio versum (“Embora a natureza possa negar isso, minha poesia é dilapidada pela indignação") mostra o que há por debaixo do burlesco e cômico na sátira: a mais pulsante destruição do que há de débil no mundo, nada senão a voluptuosidade dos que lutam por ação e contra a estagnação necromórfica, a entrega prematura a um leito de morte calmo e sereno, sem ossos quebrados, pinos no cotovelo ou história pra contar pros companheiros de abrigo nuclear. Há uma frase entre a comunidade de free-thought norueguesa que diz “Jeg tror på et liv før døden”, exatamente “Eu creio em uma vida antes da morte”, como oposição ao chavão esotérico da vida após a morte. A frase expressa bem a negação por especulações espirituais vazias atrás de respostas a respeito de santidade, existência da alma ou até mesmo de uma divindade, feitas durante a vida inteira por indivíduos que deixam de viver afundados em dúvidas que simplesmente não precisam ser respondidas. Problemáticas falsas se inserem da seguinte forma: eu crio o conceito de alma, coloco explicações, fermento e propriedades para tal, deixo correr o relógio por uns milênios, e vejo o que fizeram dele. Pessoas estarão se descabelando tentando negar ou afirmar tal conceito, sendo que a PROBLEMÁTICA deve ser negada, já que se trata de uma ficção e passa-tempo meus. Ateístas e teístas caem na mesma trama neste ponto.

   Já, solipsismo espiritual em nome de ninguém transforma a multiplicação desenfreada de problemáticas em um parque de diversões. Crer na possibilidade de ter efetivamente uma vida antes da morte é encarar o sorriso desdentado do futuro como uma medida zombeteira da abstração mental que se torna possível para nós na condição de seres inteligentes. Todo inferno é imaginável; não significa que o acesso a eles é compulsório. Seis meses de coma são um ticket pro futuro.
     Essa é a única idéia condicional para que essa doutrina faça sentido para você. Se não há uma necessidade ou vontade de viver, mas de automatizar a vida para que uma morte esperançosa chegue logo, então este livro lhe funcionará com um ótimo calço de piano. A grande verdade é a própria vida e sua finitude, só. O que este livro trata por Aporia é justamente essa cultura de auto-entrega à morte fácil, a cultura da inação, dos padres (velhos-de-saia) repetindo fórmulas todos os dias, donas de casa assoviantes e cães dormindo o dia todo no quintal; dos gordos engravatados dando ordens pelo sem-fio, secretárias de pernas cruzadas jogando SuDoKu e crianças tendo seus cérebros chupados por canudinho, teens de frango-assado à putanesca.

É justamente essa a nossa mágica, o xingamento e sátira, e a única coisa que há de 'sobrenatural' nela; digo sobrenatural pois parece que realmente o que temíamos aconteceu: o livre pensamento deixou de ser algo natural na humanidade.

 

 

Pico-Perfeitismo

Alvo: desenvolver métodos e estratégias visando a saturação dos significados de um texto correndo solto pelo ar. Desde que se possa atribuir uma cor a ele. Da minha fala. Falar asneira suficiente por milissegundo com roupagem pedante de modo a fundir os fusíveis cerebrais dos mobrais, fazer seus olhos derreterem na contemplação de um quadro onde tudo é inconcebível e o significante destrona o significado. Aplicar formas de bombardeamento do sentido, da outline, até daquele "do que a gente tava falando mesmo:", esse momento horrível de consciência que estraga meus cafés da manhã e horários de almoço. Pela semiorragia: signos e significados escorrendo violentamente do buraco de bala na sua testa.

 

CAPÍTULO 0

Da Bad Trip sem porta de saída ao Pico Perfeitismo

 Se vejo uma salsicha anunciada numa tabuleta como uma salsicha caseira velha e dura, imagino que a estou mordendo com todos os dentes e engolindo bem rápido, sem pensar, com dentadas regulares como uma máquina. O desespero que é a conseqüência imediata desse ato imaginário aumenta minha pressa. Entucho longas crostas de carne de lombo pela boca e as retira por trás rasgando estômago e intestino. Devoro tudo o que encontro em vendas imundas. Empanturro-me de arenque, pepino e toda sorte de comida picante velha e ruim. Latas de balas inteiras são esvaziadas dentro de mim como chuva de granizo. Nisso desfruto não do bom estado de minha saúde, mas também de um sofrimento que é indolor e que pode passar rápido.

(Diário, 30 de outubro de 1911)


Noite de insônia. A terceira em seguida. Adormeço rápido, mas acordo uma hora depois, como se tivesse enfiado a cabeça no buraco errado. [...]

(Diário, 2 de outubro de 1911)

Quando estava deitado hoje à tarde, alguém rapidamente virou uma chave na fechadura e por um instante senti fechaduras no corpo inteiro, como se estivesse vestido para um baile a fantasia; o tempo todo abriam ou fechavam uma fechadura, ora aqui, ora ali.

(Diário, 30 de agosto de 1912)

 

A janela estava aberta, em meus pensamentos desconexos eu me jogava da janela de quinze em quinze minutos, continuamente, aí vinha um trem, os vagões iam passando sobre meu corpo estirado nos trilhos, aprofundando e alargando os dois cortes, no pescoço e nas pernas.

(Carta a Felice Bauer, 28 de março de 1913)

 

Na penúltima ou antepenúltima noite sonhei com dentes sem parar: não com dentes alinhados na dentadura, mas formando uma massa, é isso, dentes encaixados como em brinquedos para criança montar, e que eram guiados por meus maxilares num movimento corrediço. [...]

(Carta a Felice Bauer, 4/5 de abril de 1913)

 

Desesperado. Hoje à tarde meio dormindo: esse sofrimento vai acabar explodindo minha cabeça. Bem nas têmporas. Ao imaginar isso, o que de fato vi foi uma ferida de bala, só que as bordas do rombo estavam abertas para fora e tinham as pontas afiadas como uma lata aberta com violência.

(Diário, 15 de outubro de 1913)

 

CAPÍTULO 1

Motim no paraíso

Quando Flaxaflói entrou na sala após duas horas de atraso, nem ao menos um esforço pra conter o riso. Mas ninguém notou sua presença, o que significava que ele continuaria a estar ausente se permanecesse ali, por mais alto que tentasse gritar.

Poderia virar o avesso, nada sobre o firmamento o permitiria provar sua existência ali, já que ele era puro vulto, reconhecido só no momento marcado, onde todos forçam para reconhecer uns aos outros de forma a cumprir com o totalitarismo dos ponteiros do relógio e permitir que o fluxo do tempo nos contassem nossas histórias por anos a fio.

Voltou-se a suas companhias mais caras; certamente elas notariam a presença e alertariam a professora a respeito do novo convidado... Inútil. Enquanto gritava em seus ouvidos, já claramente impaciente, pode ser aproximar de uma forma que o decoro não havia permitido. Para notar que, curiosamente, seus atos pareciam até mesmo se repetir, como se estivessem distraídos o suficiente para repetir a mesma piada de ontem, até a mesma ordem de gestos; a única diferença era que agora Flaxaflói não estava mais ali entre seus colegas. Assim, se ontem neste exato momento o amigo lhe cutucara pra mostrar um desenho, fazia agora para outro amigo. O princípio que mantinha aquele microcosmo do mundo fixo em seus alicerces era a manutenção concatenada de gestos comedidos. Por dentre as sutis alterações de um ou outro gesto, Flaxaflói notava fendas a materialidade de toda aquela sala.... por detrás das quais cores inexploradas se revelavam convulsionantes, de feixe em feixe misturando-se e perdendo-se num fluxo caótico, para delírio globocular, um gozo indescritível... pelas extremidades das fendas elas tentavam irromper o ambiente –

para então serem encobertas por gestos abruptos dos figurantes daquela sala. Era o motivo de haverem seres vivos se atuando e comendo e bebendo a cada dia. Não estavam interagindo com o mundo mas consertando a imperativa ordem dos relógios na posição de complemento da paisagem sóbria do dia-a-dia.

Ora uma folha de papel caía casualmente cobrindo uma fenda no chão. Agora determinada pessoa se senta sobre outra. Tudo pareceria obra acaso em outra situação. Talvez fossem os prédios fincados na terra e paisagens meras colagens também, superfícies cobrindo o fluxo de uma substância inteiramente inédita a nossas mentes correndo descarrilhada pelas nervuras de tudo o que existe, uma arquitetura inspirada pelo vácuo: Cenas urbanas fixas massas andando de lá pra cá o mundo que se alterava em nome do progresso parentes que se mudavam de cidade para cidade crianças nascendo a cada instante em que o corpo cresce com árvores plantadas a noite que se adentrava pelas persianas; eram todos instantes necessários para ocultar aquilo sempre abaixo de nossos olhos, conclui. A história que se tece a partir desses momentos é a narrativa deste processo redundante de sustentar uma paisagem de materialidade.

E a vida acaba se a história acaba.  

Entrar nessa sala é somente sentar para ouvir a narrativa, notou. Esteve fazendo isso desde que se entendia por gente. Isso significava que Flaxaflói estava livre de ouvi-la naquela tarde que não mais constava no calendário.

Notou que qualquer reprimenda por atraso que outros, nunca ele, receberam porventura era somente uma forma de incitamento à sombra que deveria preencher seus lugares, seus corpos, suas camas diariamente; não era nada pessoal. O tapa na cara no último verão da ex-namorada, nada pessoal. Foi à sua sombra. A sombra como forma pura, inversão concreta da mecanística de suas ações cristalizadas no hábito que construía cada camada daquela sala; a própria materialidade parecia se esfarelar em suas mãos suadas agora que ela se revelara somente um condicionamento de um costume mantido em coletivo. Por pessoas que mal existiam, afinal.

Cada peão no tabuleiro preenche espaços dentro de um funcionamento programático, entrelaçados em meio a mecanismos de um relógio que há por detrás de tudo o que vemos quando as palavras empesteiam o ar. Notou que mesmo que não estivesse lá, a professora continuaria a fazer perguntas para o vazio de sua cadeira. Preenchido pelo delineamento de seu espectro. Esta cumpria bem o papel para qual foi designada; ele não precisaria fazer nada além de funcionar como um dêitico – assim como as pessoas falam ‘cima’, ‘baixo’, ‘aqui’, ‘agora’ para designar meras referências dependentes de contextos, nunca sentidos em si mesmo, articular as cinco letras de seu nome era articular a forma fantasmática inflada por seu corpo até então.
     Continuou ruidosamente pela sala, se pôs a frente de seu fantasma, que retrucava o olhar zombeteiramente, como alguém que acaba de ser descoberto por uma maquinação antiga. “Você nem cara tem. Você é uma silhueta andante. Quando você anda na rua, as pessoas passam reto e nem te vêem se você tá de perfil”.

E saiu alegremente da sala, passando por dentro dos objetos, pelo corpo da professora, pela lixeira e mesa. Nem se deu o trabalho de abrir a porta de madeira pesada, nada era suficiente para delimitar seu novo corpo desubstanciado do mecanismo coletivo, desentranhado pela teia do tédio feito corpo.

Ao mergulhar por através da porta, caiu em um abismo de cores sem fim ou horizonte.

CAPÍTULO 2

Causalidade (conversa de telefone)

 A própria idéia de dar uma história por acabada é absurdo, como se houvesse uma ordenação de eventos e tudo esperasse pra ocorrer em linha reta, rumo a nosso sorriso cheio de dentes de “clientes da vida  satisfeitos com o serviço”. Não, somos acidentes da natureza em meio a tsunamis e eventos diversos em si (índios, pequeno-burgueses e rappers, por sua vez, são a radicalização desse acidente). Na vida efetiva, tudo acontece amontoadamente e é conseqüência do piparote que um cara lá de Beijing, na China, deu no seu cachorro, que saiu correndo, derrubou a mulher que andava com sacolas de compras na rua, que gritou, e assim acordou uma criança que dormia numa determinada casa, coisa que atrapalhou a conversa de telefone de sua mãe, que teve que desligar pra acudir a criança. O telefonema é para seu marido que trabalha em Aix-en-Provence, na França, empresa de turismo sabe como é que é depois de tantos anos desempregado não dava pra negar o trabalho tão longe de casa, e que agora tinha 15 minutos a mais no horário de almoço, já que sua mulher teve que desligar o telefone. Dessa forma, ele lembrou-se que estava ainda com um pouco de fome e arriscou comer mais um Kebab na rua. Mas a comida estava estragado e ele teve que aumentar seu tempo de almoço (dentro do banheiro). Seu patrão achou isso o cúmulo e chamou sua atenção, dando o cargo superior não mais para ele, mas para seu colega de sala. Coisa decidida de última hora. Esse colega, um gordo doente do coração, ficou tão feliz que chamou todos os amigos pra beber, em função de sua promoção. Infelizmente bebeu demais, na volta pra casa porrou o carro e morreu do coração, deu problema no marca-passo ou algo assim. Assim, sua irmã, única parente com quem ainda tinha contato, teve que viajar de Montreal para a França a fim de velar o pobre (ainda que promovido) homem. Na ocasião, a filha de 14 anos da mulher aproveitou da ausência da mãe solteira e chamou o namorado em casa pra dormirem juntos, ocasião em que engravidou. Ao saber da gravidez, desesperou-se e pediu conselho para uma brasileira de Palmas que conheceu através do intercâmbio, via e-mail. A brasileira acalmou a menina, mas, ao desligar o computador, lembrou-se de que há muito dormia com o namorado, confiando no anti-concepcional. Ela ficou paranóica "e se não funcionar..?", o que a levou a comprar um daqueles exames de gravidez de farmácia. Mas tal exame foi fabricado pela empresa chinesa que empregava aquela primeira mulher dessa história, que no dia ficou chateada por não poder falar muito tempo com o marido, de quem tanto gostava. Então trabalhou mal naquele dia, e o tal exame estava com problema. Acusou positivo. A mulher do Brasil ficou puta da vida, e passou a tratar todo mundo naquele dia terrivelmente mal. Na ocasião, ela trabalha na mesma empresa que meu pai, que naquele dia havia viajado para Palmas resolver um problema. Ela foi intransigente, o que estragou o humor do meu pai, que voltou para casa com dor de cabeça. Em função disso, ele esqueceu de depositar o dinheiro que estava me devendo de volta na minha conta, e eu fiquei sem grana pra pagar o aluguel pro proprietário da minha casa, o Seu L****.

         Essa mania escrota de enxergar ordenação nos fatos é nossa, não do fluxo menstrual da vida. Tudo que faço gera inúmeras ações e implicações, mas eu não tenho controle nem de 1% delas. A partir daí que pode-se teorizar a inocência de se achar que existe total liberdade pro ser humano, já que ele tem em mãos, a cada em segundo, situações que a vida o joga, como num jogo de pinball.”

Ao dizer isso tudo pra minha amiga, ela acabou por concordar comigo. Mas depois mostrou que não entendeu nada de nada quando contou seu "causo" e justificou em certa altura "eu não pude fazer nada! Não foi minha culpa se acabei com a vida de X pessoa!"

Pro caralho você e seu problemas com causalidade. Se essas duas frases premiadas pudessem ser ditas no nível em que ela disse, eu poderia perfeitamente justificar o atraso do meu aluguel pro proprietário assim: "Olha, a culpa não foi minha, eu não pude evitar que aquele chinês [o do começo da história] batesse em seu cachorro, foi realmente uma fatalidade."

 

CAPÍTULO 3

Sonho fictício

 Eu deveria estar dormindo", era o que pulsava em minha cabeça. Mas fazia uma porção de coisas pela cidade, andava num bairro da luz vermelha, trabalhava como sushiman e casualmente conversava com outros andarilhos, certo de que aquela expressão grave que encontrava estampada em seus rostos significava o mesmo que me afligia, aquela necessidade de se estar dormindo e não estar. Conversar com eles era só uma forma de conseguir timidamente o máximo de indícios inadmissíveis dessa culpa que todos nós parecíamos carregar como estigma, aquela culpa que tornava nossos passos ligeiros sobre as ruas reluzentes, como se fossemos culpados por um crime hediondo. Sabendo do pecado do outro, expurga-se o nosso próprio, ao menos parcialmente. E qualquer gradação de purificação nos seria, naquele estágio, um extremo bem-estar, tinha o mesmo significado que três segundos de oxigênio tem para alguém que morre afogado.

Eu procurava portas incansavelmente, até que achei a porta para o sono, aquela que me trazia de volta a meu dever sóbrio e me tirava toda culpa que antes cria imperdoável. Abri-a e acordei.

 

CAPÍTULO 4

Sonho fictício II
Pré-Trip

 Eu bati a cabeça. Eram 3 da manhã, e ninguém acordou nem mesmo com o barulho e dor que ecoava pelos quatro cantos da sala. Estive deitado por umas 2 horas, levantei e comecei a tratar de assuntos da minha própria vida. Coisas pequenas. Marquei dentista, comprei coisas que precisava, li os livros inacabados, organizei trabalhos, meu armário, tingi as roupas. Nunca estive desta forma, em tão boas mãos. E tenho uma entrevista de emprego daqui a 10 horas. Já tenho planos para gastar meus próximos dez salários.

Eu elaborei uma pulsão que começou numa tarde de domingo como uma coceira, medi sua possibilidade de desdobramentos e hoje cheguei aqui.

Assim, pensar qualquer coisa está sendo frustrante, já que o pensamento se torna diluído em sentimentalismo atiçado pelo clima frio. Todo mês de outubro perde um pouco de sua veia crítica, a capacidade de pensar triadicamente. Hoje eu saio muito, bebo um pouco mais também, seguindo um tipo de felicidade ao estilo outono em NY - felicidade organizada em carreiras divididas por uma gilete enferrujada.

 

CAPÍTULO 5

Comentário sobre “Sonho fictício I”

 Há algo de deslocado quando se toca a perfeição, a exata saciação de nossos desejos. Esses desejos de certa forma se definham, sua casca protetora que é sua aura de perfeição cai por terra e o que se revela é um núcleo enrugado imperfeito que é uma criança recém-nascida. Essa criança recém-nascida tem um cordão umbilical ligado a sua própria boca, é um ser que se nutre e que revela um importante dado: que lá, no que achávamos ser a perfeição, mora o segredo de todas as coisas, um desejo que nutre a si mesmo e não serve pra nada mais além de ser um "desejo a ser nutrido". Perfeição é redundante, só sua idéia é que existe. Ela só serve pra servir de ideal que presta enquanto nunca for atingido, ah. A criança do núcleo que se nutre talvez cresça se for vacinada e vire um adulto mirabolantemente formal, distanciadamente míope e sem rebolado como Flaxaflói.

 

 A atomística antiga acreditava que em cada mínima partícula do universo (como o átomo) existe a perfeição e esse núcleo que é a criança-redundante. Cada átomo é uma coisa que existe simplesmente por existir, que se nutre se mata ao mesmo tempo para cumprir a tarefa de agir. No dia em que cientistas inventarem um microscópico fodidão que permitir que enxerguemos átomos, eles não acreditarão em seus olhos: lá haverá uma criança roxa em posição fetal, enrugada como uma ameixa, peladinha e estranhamente idosa, sugando seu próprio cordão umbilical com sua boca de ventosa. Seu nome é Flaxaflói.

 Há uma criança em cada átomo disposta a florescer ou não. Tudo o que muda e dá sentido a ela é o que se decide pra ela.

 

CAPÍTULO 6

A Caminho do Pico-Perfeitismo:
o profeta Josias, profeta da doutrina do eterno pico-perfeitismo

 Quando macaco Josias completou 33 anos, desceu do edifício onde trabalhava na Bela Vista para ensinar para os homens sua

 

CAPÍTULO 7

O Louco

 Eu

 

CAPÍTULO 8

Cacique Ji-Paraná

 E Todos os dias são um cacique de cidade grande de cabelos grisalhos com um casaco velho e uma lata na mão, batucando através das ruas chuvosas para ver as belas laranjas e cães neste dia grandioso, agora que os cães saíram às ruas.

"Cacique ser um verme que sai da bunda das crianças da Somália" - ass: Cacica Jeca-Pirama.

Cacique roubou fogo dos deuses e o prometeu para Prometeu. Ele gosta de cavalos e outros animais falantes. Todos os funcionários do mês são gentis como um cordeiro na Bíblia.

- Todos os caciques odeiam Sócrates e Anaximandro, todos seus correlatos, influenciados e fãs.

Sobre você: uma boca movendo-se equipada com duas pernas jeans e um telefone celular no bolso de trás. Essa boca busca a verdade absoluta e encontra 20, e fica confusa em quais escolher, torcendo pra ver uma falha nessa, um pêlo naquela. Sem conclusão até sacanear pra si mesma e dizer 'vou pegar essa'; todas suas verdades são verdadeiras, absolutamente certas, justamente porque a gente nasce PhD em sintetização de verdades conforme o gosto e temporada. Falta entender que a vida está longe de ser buscar por verdades eternas, ideais transfiguradores, 9 semanas e meia de amor, conhecimento total de algo. Tudo o que RESISTE a isso parece ser a fagulha que incendeia a vida.

Cacique funcionário do mês por saber disso. Dionísio transformará o mundo num eterno final de semana.

 

CAPÍTULO 9

Comentário sobre o sucesso mundial do Pan-Schwaskaísmo
Explicação teórica

 

"No fundo, a transcrição e o balanço 'objetivo' de um sistema global não têm mais sentido do que a avaliação do peso da terra em milhões de milhares de toneladas, cifra destituída de sentido fora de um cálculo pertinente ao sistema terrestre.

Metafisicamente, é a mesma coisa: os valores, as finalidades e as causas que circunscrevemos só valem para um pensamento humano, demasiado humano. São irrelevantes em relação a qualquer outra realidade que seja." (L'échange impossible, p.11)

 

 

CAPÍTULO 10

Comentário sobre o sucesso mundial do Pan-Schwaskaísmo
Carta romântica a Schwaska

 Qual a sua religião agora? O Schwaskaísmo se desenvolveu. Vou ter que mudar a doutrina que esta no livro religioso, a desculpa disso pros outros schwaskaístas é que a deusa apareceu pra mim ou algo assim. Você foi esperta em colocar seus desejos no papel de carta, talvez haja algo de mágico se eu carregar seus desejos e você os meus. (No fundo você carrega meu desejo [i.e. você mesma] desde que nasceu, mas não quero ser romântico hoje, então não vou poder falar isso fora das aspas). Gosto muito de símbolos mágicos embora eu seja da turma da teoria do Caos e do perspectivismo epistemológico. Não consigo acreditar em nada disso, nem me esforço, oh. Entretanto é bom carregar isso como uma piada, e isso faz nossa religião criptoteísta (Schwaska, legendary pink lip-peace movement) de pé: A única coisa abstrata e evidente que existe pra mim é o humor e desejo. São duas forcas extra-corporais que enchem minhas calças e roupas, ninguém nega no mundo, não tem como. Nunca ninguém discutiu se existe algo como humor ou algo como desejo. Sendo duas forcas imperativas e obvias, a gente tinha que parar pra pensar no seguinte ponto: Toda vida é guiada por desejo (tudo que a gente faz, para pra pensar), mas e o humor? É só acessório? Eu não acho: acho que ele pode ser usado pra gente burlar nossa psicologia que por vezes pode ser meio crappy. Sentimentos em geral sã auto-frustrantes, a gente desenvolve um monte de traumas e medos, trata as pessoas mal por fenômeno de transferência psicológica, e tudo isso por causa da confusão interna da estrutura psicológica. Isso porque nossa civilização não se treinou pra ter humor: humor é uma questão de passatempo, você tem quando volta do trabalho, liga a televisão e não tem NADA pra fazer. Mesmo o humor que as pessoas consomem é sem graça, no fundo.

  O desejo é uma forca de ordem positiva (ele se faz via causa e conseqüência, desejos podem ser explicados via lógica), o humor é justamente o oposto (de ordem negativa, ele mora onde a ordem se contradiz, onde nascem coisas como ornitorrincos, nas coisas estranhas, nas falhas de linguagem e jogos de palavras, nos puns que você solta nos lugares indevidos). Portanto, ele é essencial, pois esta lá.

  Por isso humor é essencial pra uma religião. Melhor, humor É a única religião possível. Religiões que adoram deuses abstratos (meros espíritos, sem forma alguma) ou chatos (pessoas) não prestam. Elas só trabalham numa cadeia linear, extremamente entediante. Eu gosto dos grupos aqui nos EUA como Church of Euthanasia (de Boston), Church of the Motherfucker, adoradores do Flying Spaghetti Monster, do Pink Invisible Unicorn e do deus Palito, etc

boas ideias se adiando a todo mometo de virs

 

CAPÍTULO 11

Comentário sobre o sucesso mundial do Pan-Schwaskaísmo
Nomeação do papa sem nome

Em homenagem ao Papa Adrianus 37th.

 

It's such a shame

the Pope with no name

She doesn't know what she's called

Closure confusion

it's so sad

Delusions of grandeur

she must be mad

 

One day my head will grow

into a mighty Papal Dome shape

I shall awake old

Mitre Man Mitre Man

 

Pope Joan in the 7th Century

Rentum tormentum Virgin birth

 

HABEMUS PAPAM!

 

CAPÍTULO 12

Dos aspectos morais de nossa doutrina
The true immoralist never tries to defend even his virtues.

Truth, like a coin, has an obverse and a reverse side. One is a platitude, the other a paradox. (Clark Ashton Smith)

 

 

Esquizoterismo

 

CAPÍTULO 1

Horóscopo Schwakaísta

 Programa: Signos definidos por dia de nascimento, e não mês. Isso cobre a falta do sistema de doze signos em tentar fazer uma taxionomia nojentamente positivista (isso foi um pleonasmo) da personalidade humana. Para potencializar a quantidade de características, cada signo terá sua ascendência no signo da pessoa ou lugar em que o cliente estiver pensando no momento. Isso possibilita uma visão realista do fato que nossas personalidades se moldam a e são agentes de molde de acordo com as pessoas com as quais escolhemos estar juntos e/ou trocar fluidos. Uma bolada para esquizofrênicos ou pessoas ecléticas.

 

Consulte aqui seu signo para JANEIRO (fonte: BIDU, João. "Horóscopo Pan-Schwaskaísta". São Paulo: Madras, 2007).

 

01/Jan Água-viva

02/Jan Cerragem

03/Jan Pinheiro

04/Jan Biotech is Godzilla

05/Jan Carne de porco

06/Jan Auto-estrada

07/Jan Taça de vinho

08/Jan Relógio Cuco

09/Jan Jogos Olímpicos

10/Jan Slush

11/Jan BigMac

12/Jan Ozônio

13/Jan Morango

14/Jan Uva passas

15/Jan Lordose

16/Jan Merlusa

17/Jan Sopa de mexilhão

18/Jan Kipah

19/Jan Lua de cristal

20/Jan Vala aberta

21/Jan Otorrinolaringologia

22/Jan Carro envenenado

23/Jan Vírus de computador

24/Jan Side-bag

25/Jan Câncer no pulmão

26/Jan Joe Coleman

27/Jan Nicholas Cage

28/Jan Paganismo pitagórico

29/Jan Espanto original merleau-pontiano

30/Jan carangueijo ensopado

31/Jan bobó de camarão

 

 

01/Fev Empregada doméstica

02/Fev Pinho-bril

03/Fev Break

04/Fev Derrapada de bike

05/Fev Bótcha

06/Fev Nevasca

07/Fev Depressão química

08/Fev Merla

09/Fev Bolsa de valores

10/Fev GURPS Fantasy

11/Fev Ilhas Faroe

12/Fev XXX tailandês

13/Fev Idealismo transcedental

14/Fev Pastiche

15/Fev Pastel de palmito

16/Fev Sombra de árvore

17/Fev Botinhas

18/Fev Vegans nervosos

19/Fev Jimmy Hendrix

20/Fev Conotação agressiva

21/Fev Rins desobedientes

22/Fev Fralda Geriátrica

23/Fev Grant Kidney Revolution

24/Fev Trip-hop

25/Fev Lâmpada do gênio

26/Fev Bolha de Sabão

27/Fev Solo de bateria

28/Fev Fetiche por pés

29/Fev* Ruivas bissextas

 

 

01/Mar Juros compostos

02/Mar Unidade transcedental da apercepção

03/Mar Caminhãozinho de plástico

04/Mar Whisky on the rocks

05/Mar Pão de batata

06/Mar Crediário Casas-Bahia

07/Mar Tecla H do teclado

08/Mar Tour de ônibus

09/Mar Clips de papel

10/Mar Charlie o unicórnio

11/Mar Muffins

12/Mar Animador de festa

13/Mar Cuca

14/Mar Turismo sexual

15/Mar Despedida de solteiro

16/Mar "Lêparcú"

17/Mar Gambá

18/Mar Mexilhões

19/Mar Bruxa Baratuxa

20/Mar Pixorra Zarrota

21/Mar Piñata tricerátops

22/Mar Show de mágica

23/Mar Picles de Boteco

24/Mar Mosh

25/Mar Coturnada

26/Mar Gengivite

27/Mar Asteróide

28/Mar Balé russo

29/Mar Cubismo

30/Mar Tsunami

31/Mar Ovos mexidos

 

01/Abr Faísca

02/Abr Cera de carnaúba

03/Abr Caiaque

04/Abr Goteira no teto

05/Abr Descobrimento do Brasil

06/Abr Invasão Alien

07/Abr Calendário Maia

08/Abr Régua 15cm

09/Abr Mãe postiça

10/Abr Canguru perneta

11/Abr Incesto

12/Abr Vida monástica

13/Abr Calculadora de bolsa

14/Abr Caderneta

15/Abr Escapamento solto

16/Abr Elucubração

17/Abr Cauda

18/Abr Ecstasy

19/Abr Trip de Salvia

20/Abr Yuppies

21/Abr Comunismo

22/Abr Cacho de uva

23/Abr Cola Pritt

24/Abr Virada Cultural

25/Abr Equinócio

26/Abr Batata sotê

27/Abr Ingresso

28/Abr Écran

29/Abr Lombada de livro

30/Abr Cupim

 

 

01/Mai Pedofilia

02/Mai Celibato

03/Mai Menininhas ímpuberes

04/Mai Fotofobia

05/Mai Desinteria

06/Mai Marionete

07/Mai Tarot

08/Mai Amarração

09/Mai Chaveco de pedreiro

10/Mai Anti-semitismo

 

11/Mai Jornal inglês

12/Mai Chá da tarde

13/Mai Banner 486x60

14/Mai Futebol de botão

15/Mai Hotdog

16/Mai Psicopatia sexual

17/Mai Grama sintética

18/Mai Peitos de silicone

19/Mai Iconoclastia

20/Mai Felicidade contraceptiva

21/Mai Barriga D'água

22/Mai Chinelo de dedo

23/Mai Suor na testa

24/Mai Defensor da lei

25/Mai Pebolim

26/Mai KISS

27/Mai Menopausa

28/Mai Má pronúncia

29/Mai Dedilhado

 

30/Mai Calos

 

 

01/Jun Olho gordo fominha desgraçado

02/Jun Haiku

03/Jun Carnivorismo

04/Jun Cegueira

05/Jun Sine qua non

06/Jun Tiro ao alvo

07/Jun Deus do trovão

08/Jun Crista de galo

09/Jun Truco no boteco

10/Jun Miçanguinha no umbigo

11/Jun Rato

12/Jun Cartão de crédito

13/Jun Obesidade

14/Jun Paixão louca e pegação

15/Jun Ferveção-a-mil

16/Jun Balãdã-e-novela-malhação

17/Jun Viagem pra praia com amigos

18/Jun Sexo na van

19/Jun Chuva de verão

20/Jun Telefonema na madrugada

21/Jun Morte

22/Jun Bad juju

23/Jun Voodoo é pra jacú

24/Jun Zorra Total

25/Jun Século XX

26/Jun Anos 80

27/Jun Martelada no dedo

28/Jun Cheiro do ralo

29/Jun Crash de 29

30/Jun Ziguezague

 

 

01/Jul Profilaxia

02/Jul Cocô no matinho

03/Jul Mania de limpeza

04/Jul Cachorro louco

05/Jul Internet lenta

06/Jul Loirice aguda

07/Jul Sardas

08/Jul Robalo

09/Jul Faca de Sushi

10/Jul Churrasco na casa do Oleno

11/Jul Anúncio de venda de carro

12/Jul Disk-denúncia

13/Jul Cine Saci

14/Jul Pau-de-arara

15/Jul Angela Rô-Rô

16/Jul Risada

17/Jul Pederastia

18/Jul Capote de Skate

19/Jul Kipper

20/Jul Corcovado

21/Jul Muralha da China

22/Jul Porta de Bradenburgo

23/Jul Torre Eifel

24/Jul Alpes suíços

25/Jul Furo financeiro

26/Jul Cu de Peixe

27/Jul Português de Portugal

28/Jul Rodo

29/Jul Caveirismo

30/Jul Gangue do cavalo

31/Jul Charrete

 

 

01/Ago Atum coqueiro

02/Ago Repolho

03/Ago Aflição

04/Ago Meias vivarina

05/Ago Olho do homem do dólar

06/Ago Anna Rickman aranha-com-pernas

07/Ago Piñata

08/Ago Promoção no trabalho

09/Ago Burocracia

10/Ago Pindaíba

11/Ago Tubarão

12/Ago Lixa de unha

13/Ago Cutícula

14/Ago Mania de Calígula

15/Ago Fala que eu te escuto

16/Ago Lagartixa

17/Ago Vouyerismo

18/Ago Tráfico internacional

19/Ago Achado não é roubado

20/Ago Frango

21/Ago Cunilíngua

22/Ago Posto de saúde

23/Ago Barro na bota

24/Ago Morro do Jararipe

25/Ago Cárie

26/Ago Chulé na teta

27/Ago Pousada

28/Ago Estátua grega

29/Ago Canal no dente

30/Ago Casca de árvore

31/Ago Lavanderia

 

 

01/Set Cu de cabrito

02/Set Cu de ostra

03/Set Conto de fadas norueguês

04/Set Arara de hospital

05/Set Cabideiro

06/Set Macaco Josias

07/Set Árvore púbere

08/Set Bicho de goiaba

09/Set Pés de menininhas

10/Set Sushi erótico

11/Set Bonanza depois da tempestade

12/Set Dança de roda

13/Set Picadeiro

14/Set Catapulta

15/Set Erro de ortografia

16/Set Sofisma

17/Set Condor

18/Set Dia da Bandeira

19/Set Coroa de espinhos

20/Set Papai do céu te fode

21/Set Horror B safado

22/Set Pornochanchada

23/Set Paulo César Peréio

24/Set Colírio alucinógeno

25/Set Inimizade

26/Set Búzios

27/Set Abuziuzi

28/Set Metranca de tambor

29/Set Furo no pneu

30/Set Bico de pena

31/Set Nachos

 

 

01/Out Árbitro de Leilão

02/Out Bafômetro

03/Out Fungos

04/Out Monóculos

05/Out Piroquinha ****** em homenagem ao Mazo

06/Out Perna de pau

07/Out Navio Pirata

08/Out Tapa olho

09/Out Queijo Cheddar

10/Out Vaca nordestina  ***** em homenagem a trois à Skinny

11/Out Alcaçuz

12/Out Marmita de pedreiro

13/Out Caldo de cana

14/Out Churrasco Grego

15/Out Lumpen de condomínio fechado

16/Out Lanterna japonesa

17/Out Alcachofra

18/Out Castanha do Pará

19/Out Musa do Verão

20/Out Caldo de feijão

21/Out Tutu de feijão

22/Out Cigarrinho de chocolate

23/Out Paçoca Rolha

24/Out Tiete de rolê

25/Out Ironia

 

26/Out Visú de lagosta

27/Out Visú de peixe

28/Out GWAR!

29/Out Guerra dos 100 anos

30/Out Chute na porta

31/Out Estapeamento

 

 

01/Nov Onanismo

02/Nov Santo do pau louco

03/Nov Barraca de acampamento

04/Nov Fidelismo

05/Nov Lord of Tubaréu

06/Nov Lord Bacalhau

07/Nov Dança com a parede

08/Nov Aquela lá do Sisters

09/Nov Suicídio com faca de rocambole

10/Nov Paxaxa

11/Nov Esmalte de unha

12/Nov Crack no potinho de Yakult

13/Nov Intelectualóides

14/Nov Doce de compota

15/Nov Pororoca

16/Nov Café na taça

17/Nov Tupper-ware

18/Nov Flunfa (sujeira de umbigo)

19/Nov Proscolhos

20/Nov Jânio Quadros

21/Nov Drizzycórnio

22/Nov Karlicórnio

23/Nov Proscratinação aguda

24/Nov Dengue

25/Nov Santana Roubado

 

26/Nov Ypióca

27/Nov Velhinho que derreteu

28/Nov Dívida no CERASA

29/Nov Bruxismo

30/Nov Óculos remendado com fita crepe

 

 

01/Dez Surfista de Brasília (geralmente calhorda)

02/Dez Sófocles

03/Dez Sífilis

04/Dez Cozinheiro sacana

05/Dez Lasanha de microondas

06/Dez Vasilhame

07/Dez Piscinão de Ramos

08/Dez Perfume de Rameira

09/Dez Eau de Xuca

10/Dez Covarde

11/Dez Pônei Mandrião

12/Dez Cavaroca

13/Dez Coporóca

14/Dez Xicanéca

15/Dez Logodréca

16/Dez Pipitóra

17/Dez Voçoroca

18/Dez Nanismo onanista

19/Dez Van Halen

20/Dez Cavaleiros do Zodíaco

21/Dez Tanguinha

22/Dez Saqueira de hockey

23/Dez Instalação da Bienal

24/Dez MPB remixado em Drum'n Bass

25/Dez Nazareno

 

26/Dez Nuca suja

27/Dez Mancha de mingau

28/Dez Pipoqueiros Anônimos

29/Dez Carta de suicídio

30/Dez Zeba Zeba

31/Dez fim de tudo (buraco negro)

 

 

 

* Sobre a interpretação dos signos (para ciganas e videntes da Praça da República):

Vocês devem entender que toda linguagem proferida pelos lábios da Schwaska se articula (com contato com oxigênio) de forma metafórica ou metonímica. Note que o Yourick ser do signo Lorde of Tubaréu demonstra um pouco de ser destino. Lorde of Tubaréu é um nome satírico do Lord A, ou Arara, ou Napa, ou Ladrão de oxigênio de sobretudo. Logo, Yourick está de certa forma destinado a ser a sátira dessa pessoa em sua vida, uma espécie de sátira com pernas.

 

Quanto ao signo de cauda, tente pensar como caudas e extremidades saindo do seu traseiro tem ligação com sua vida. A cauda pode ser algo que todo ser humano quer ter com inveja do cachorro (assim como, para Freud, a mulher tem inveja do pênis, o humano tem inveja da cauda do totó segundo o psicanalista e empalhador Joseph Patrick Morzelo). Você pode ter um talento que nenhum humano tem. Ou pode ser 'rabudo' (Sortudo). Ou pode ser o que o frango falou: cauda é o fiofó.

 

Divirtam-se

 

Sobre o belo signo Monóculo

Os monoculistas são pessoas que aparentemente tem uma visão focada demais em um só ponto de vista, mas que demonstram habilidade profunda de interpretação daquilo para o qual seus corações estão engatilhados. O monoculista é atencioso, caridoso, paciente, embora possa ter diversas rixas com pessoas do signo de sopa de mexilhão por ser perfecionista, por vezes.

 

Sobre o signo Colírio Alucinógeno

Meu amigo Botinhas é um colírioalucinógeno. Possui uma habilidade ardilosa de induzir pessoas a visões lisérgicas do mundo, como faz um bom colírio alucinógeno. Exemplo de conversa dele hoje, nessa manhã chuvosa em São Paulo:

 

Touch Of Angels diz:

cara, tem uma menina que senta próximo a mim. Ela parece uma cebolinha em conserva

nao eh uma cebola, achei que fosse

Touch Of Angels diz:

mas ela parece uma cebola em conserva mesmo, se vc olhar vai concordar comigo

pode parecer absurdo

mas ela parece uma cebola em concerva

Touch Of Angels diz:

E EU A AMO

 

Os colírios alucinógenos podem ser muito emotivos, por vezes, e carregar rixas para com pessoas com ascendência em Rins Desobedientes.

 

Coincidências

É claro que o signo do dia de hoje afetará as coisas que acontecerão com você. Notem a coincidência que eu e o Frango notamos:

 

Frango [sobre o Fred]:

ele tava xeirocando n sei o q, dai ele disse que foi promovido ontem pra ficar em uma sala lendo livro

Crisis:

HOJE, 08/08, é dia do signo da promoção do trabalho! FUNCIONA FUNCIONAAAAAA

 

Outra prova de que o horóscopo do milhão é verdade

27 de Março de 1578. Uma chuva de grandes ratos amarelos caiu sobre a cidade norueguesa de Bergen .

 

A carta do Conde de Trømso enviada para o príncipe Jørgen Rathuset sobre o evento

"Esta nuvem trovejou sobre o caminho, a umas sessenta toesas de onde estávamos. Dois cavalheiros que vinham de Kristiania, nosso destino, e que estiveram expostos à tormenta, viram-se obrigados a usar os seus abrigos; mas a tormenta os surpreendeu e os assustou, já que se viram vítimas de uma chuva de ratos amarelos! Aceleraram a sua marcha e apressaram-se; ao encontrar a diligência contaram-nos o que lhes acabava de acontecer. Vi então que a sacudir seus abrigos diante de nós, caíram pequenos ratos."

Por um acaso dia 27 de março é dia do signo de Asteróide. E neste mesmo dia toda cidade se põs a trabalhar para o casamento do príncipe Jørgen no dia 11/06, por um acaso dia do signo de rato! Coincidência? Você decide!

 

Mais sobre o evento: http://pt.wikipedia.org/wiki/Chuva_de_animais

 

O Signo Tiete de Rolê

Não minha querida, você é do signo de tiete de rolê. Eu não sou um leão só porque nasci em agosto, segundo o (falso) horóscopo tradicional.

A tiete de rolê é uma figura mítica. Ela pode ser a maria-cabine ou maria-guitarra. Ela é expansiva quando sai, tímida, comedida e geralmente se diverte visando sempre possibilidades futuras. Se foca em um objetivo e o segue a qualquer custo. Tem rixas sérias com pessoas de signo Canguru Perneta e Vida Monástica.

 

Desdobrem os sentidos de seus signos; como diz o sábio schwaskagari no capítulo de Pico Perfeitismo da Bíblia Pan-Schwaskaísta, "Alvo: desenvolver métodos e estratégias visando a saturação dos significados de um texto. Da minha fala. Falar asneira suficiente por milissegundo com roupagem pedante de modo a fundir os fusíveis cerebrais dos mobrais, fazer seus olhos derreterem na contemplação de um quadro onde tudo é inconcebível. Aplicar formas de bombardeamento do sentido, da outline, até daquele "do que a gente tava falando mesmo:", esse momento horrível de consciência que estraga meus cafés da manhã e horários de almoço. Pela semiorragia': signos e sgnificados escorrendo violentamente do buraco de bala na sua testa." (Macaco Josias Capítulo 4:25)

 

 

Sondas Anais
Uma tragédia

 

Parte I

Introitus

 E fingi ficar dois meses
trancado num hospital

Enquanto deslizava por saturno

numa nave espacial

E o povo raeliano me implantou’ma sonda anal

quando ligam o microondas, saio logo e passo mal

 

e quando em frente ao espelho,

num momento de comoção

se aperto meus mamilos

vai sair uma canção 

 

são sondas anais que salvarão a música popular

os costumes, a cultura que não saem do lugar

e movidos por ordens do espaço podereremos produzir

uma nova renascença das artes e o porvir

 

Michelangelo em sua glória

todo homem ideal

num primevo raio X mostraria

uma sonda anal

 

batizada por bispos verdes da sexta paróquia de São Francisco segunda à esquerda no espaço sideral

 

 

advindas do espaço

direto pro seu coração

me tocando no espelho

vai sair uma canção

 

Parte II

Uma planície

 

Do Oiapóque ao Chuí
vou cantando, vou dançando...

Minhas ancas ardilosas
pelo pasto alançando... 

e o raiar desse sol d’esponja
com minhas garras vou laçar 

esse é mais um belo dia
para um nóia espancar

 

Dom Crixote...! e Tiago Pança!

 

Buscando a alvorada de um dia passa-mal

regados por metileno e berrando uma lembrança

do Frango sorridente balangando o meu (!)

Deitemos todos juntos nus de meia nessa dança 

 

Mergulhemos no arco irís psicodélico!

Em busca de um eterno fim de semana!

Eu tomo doce e não sei com quem vou pra cama

nessa vida a paz hippie me levar! 

 

Parte III

Ditirambos em C# com pé quebrado na 2ª

rolo pela relva com qualquer uma

minha vida há muito começou a se tornar

uma epopéia off-road de adoração de natureza

eu me olho no espelho e não sinto mais pesar

 

e o que vejo não é um yuppie

um safado pilantrão

ou um punk, caloteiro

um calhorda ou um ladrão

 

o que miro em harmonia

no ambiente que me cerca

sou um hippie craquento

não que pára de cantar

 

(vozes femininas e masculinas) + violinos

Com estrelinha do PT
na camisa há muito rota

chinelinho de dedo
mostra a unha encravada do pé

a minha vida é muito simples,
bem mais simples que minha roupa

no meu mundo toca Raul,
você sabe como é quié

 

nos domingos peço esmola

nas segundas faço feira

bem terça me consolam,

dessa fome, de maneira

que me pego bem na quarta

entortando pulseirinha

na pracinha da república

onde todos podem andar

 

e me alegro com a ternura

a beleza brasileira

tantas cores, e loucura

crianças com caganeira

 

de viver tão pé-rapado,

enquanto o moço do meu lado

tá com o bolso abarrotado

mas é triste seu olhar 

 

 

Parte III

"Ode libertina" em hexâmetros dactílicos com muleta na 4ª

eu sendo livre assim

eu posso ser gay

posso ser flanêur, posso ser dândi

ocasionalmente uma mulher

 

posso fumar pedra

na escadaria da FFLCH

posso ser o Chacrinha

e posso ser chacrete

 

se sinto que posso voar,

nada vai me impedir disso

porque que ninguém vai me segurar

se eu ameaçar um suicídio

 

e isso faz de mim um homem livre

livre pra dançar à meia-noite

entre as relvas e ruínas da história

na escuridão da clarabóia

 

então eu viro g ó t i c o

[clima de suspense, violinos e violencelos apenas] 

 

Foi numa noite de inverno

Em São Tomé das Letras

na multidão de roupa preta

que eu me encontrei com o capeta

 

só era um hippie inocente

rumo a São Tomé das Letras

quando um ônibus pára ao meu lado

e desce uma corja indecente

 

todos de preto, maquiados,

mil pentagramas de metal

para ficarem mais ridículos

só com luzes de natal

 

e perguntaram o caminho

pra velha São Tomé das Letras

não acreditei em minh’cidade

possuída por essa renca

 

e pra não morrer na praia

me uni ao inimigo,

tomei chapinha, pintei o olho,

um piercingzinho no umbigo

 

galocha preta do meu vô

botei tudo na bicicleta

pra costurar meu sobretudo

deixei o cachorro sem coberta

 

(Refrão)

e fui com o ônibus rumo à Woodgothic!

 

Lá chegando vinho tinto

que mais parecia vinagrete

tipinhos estranhos, recatados

entre a multidão, a minha amada Begorete

 

(Interlúdio lírico com três lágrimas, homenagem ao Lord A.)


Begorete! Quantas lembranças

teço do resplandecente véu

que encobre teu rosto!

 

Chupou meu sangue, desgraçada

só me deu dívida, desgosto!

Agora és bela, ó sim és

 

Muito mais bela de quando eras hippie

mas ainda sou um pobre novo-gótico

não tenho a marca de tua estirpe!

 

Só conheço Lacrimosa, Sisters,

que me mostraram lá no ônibus

Minha roupa é estranha, e a tinta

que pinto a boca é um tosco

borrão de graxa, guache e sangue

dos murros que já levei de graça

daqueles meninos Oleno e Yourick

que são as verdadeiras ameaças

para as almas góticas...

(segundo meu pai Kipper)

 

(Refrão)

e foi aos murros que te trombei na Woodgothic!

 

Interlúdio Scherzzo em Mi#

I

Sentado da ladeira

Observando o milharal

Observando uma fogueira

Acesa: O Festival.

 

Uma moçada bonita

Falando sobre arte

Com cara de Maria Rita

Velejando num iate

 

E eu me ignorei

Finjí cancros mil

Fui pra São João Del Rey

Com min'alma febril

 

(Órgão por dois minutos, até que entra Frango disfarçado de Fausto)

 

Ó, singela dama bella,

Já não vivo mais sem ti!

Sim, por ti, virgem branquela,

Doce amor eu senti!

 

E minh'alma, que dirá

N'Os Vales de São Thomé?

Mil olhares perceberás...

Por que mijas de pé?

 

(Volta ao ritmo inicial, uma multidão de preto canta o coro)

 

São Thomé, Ó São Thomé!

Entre gládios e presságios e dor e licor e fé!

São Thomé, Ó São Thomé!

Desmaio entre raios e moças mijando de pé!

 

(Sátiro:)

São Thomé, Ó São Thomé!

Me encastas quando danças as danças d'O Jacaré!

 

(ouve-se, da multidão, uma tímida e mórbida vaia)

 

II

(Fecham-se as cortinas, abrindo depois de 7 segundos. Violinos e violoncelos iniciam. Entr'A Gótica d'O Busão:)

 

keor curti 1 son

o mias goitco de toods ok!1^^

el curt mtas band gotca

i odio metal!!1!!111 ò.ó

sol mto gtinha kkkkkk miau =^.^=

+ gost msm eh d sang ok1

 

curt poezia gotca

i naum keor q me juguen

pla minha aparemssia!!!111

 

el odio a çossiedad precomsseituoza

els flam q sol loukka

+ nemligo 'u.u

els naum sabem da minia

fiolosfia d vida ok!1 >.<

imgnoramts q naum me intemden!111

 

(Entra Kipper Jr.)

 

Pálida, à luz da lampada sombria!

Não corras na areia

Não corras assim.

Donzela, onde vais?

Tens pena de mim!

 

Samuel Bockett

(ressoar de canhões, bailarinas, GÓTICO I sentado em uma elevação tenta tirar seu coturno. Não consegue. Tenta novamente. Desiste de novo.)

 

GÓTICO I

Nada a fazer.



[1] Nota do proveta. Na verdade quem nos ensina isso é Gilles Deleuze.

[2] Não confundir com profetas, título dotado de uma religiosidade aparente pelos Monoteísmos atuais a homens inspirados pelo(s) único(s) deus(es) único(s) possívei(s).

[3] J.P.Rosenbaum, O fetichismo e a regressão da parte pudenda, pp.67 e 75.

[4] Dicionário de termos técnicos monoteístas, p.578.

[5] Morzelo, J.P. A doutrina transcendental do PanSchwaskaísmo, São Paulo: Madras, 2007:X.

[6] [...] não nos é dado observar nosso próprio espírito com outra intuição que não seja a do nosso sentido interno”; assim o bem/mal, o prazer/desprazer só pode ser intuído por nós mesmos, que estamos em nosso lugar e que somos possuidores do arquétipo. A citação é de Kant (Crítica da Razão Pura, “Nota a respeito da anfibolia dos conceitos da reflexão”), e o que se segue é uma total deturpação de Kant. Schwaska é despótica e não respeita os filósofos do Iluminismo tardio. Principalmente os malditos prussianos. De Königsberg, pior.

[7] Rosenbaum, opus cit., p.80.

[8]O caimento das mamas também é artifício da causalidade”, Boletim médico Dr.House, ANNO VIII, ed. XV,p.27.

[9] “Viver é desenhar sem borracha”, Millôr Fernandes, grande cartunista brasileiro.

[10] Rosenbaum, op.cit. pp.89-90.

[11] N.E.: “It is only shallow people who do not judge by appearances. The mystery of the world is the visible, not the invisible.” (Oscar Wilde, em uma carta à Schwaska)

[12] Bebida alcoólica constituída basicamente por groselha vitaminada Milani e pinga de 2ª categoria, muito difundida no Brasil e originada da sabedoria cigana. (DRUNKARD, Justinus. “Origem do bombeirinho”, p.2)

[13] The world is out of its joints”, in: Hamlet de Shakespeare.

[14] Doutrina Transcedental do pai da Schwaska, Cap.XI-112.

[15] N.E.: Ver listas de tipos de suicídios que a Schwaska aconselha que seus fiéis não cometam, adiante.