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Bafomé, o bode da Maçonaria?

A farsa de Leo Taxil

André Ranulfo

De todas as crendices que referente a maçonaria, talvez a maior seja de que haja um "bode" dentro da maçonaria. Se os Templários fizeram parte das origens da maçonaria, poderia Bafomé ser esse bode?

Os personagem

Albert Pike (1809-1891) - à esquerda - foi o Grande Comendador do Rito Escocês Antigo e Aceito da Jurisdição do Sul dos EUA. Para muitos maçons, ele é considerado um gênio no assunto maçonaria. Autor do livro "Morals and Dogma" - Morais e Dogmas, no qual definiu palavras relacionadas a filosofia e religião. Pike acreditava que se uma pessoa soubesse a origem de um conceito, não poderia negar o conceito. Este livro ainda é encontrado em livrarias de todo o mundo, assim como nas bibliotecas pessoais de muitos maçons. Esse livro foi muito criticado, como poderemos ver a seguir.

Leo Taxil - à direita - nasceu Gabriel Antoine Jogand-Pages, era um "livre-pensador" que ganhava a vida com literatura pornográfica. "Livre-pensador" era um termo usado para definir o indivíduo que ia de encontro com a instituições e dogmas sociais, especialmente se viesse de uma autoridade religiosa. Taxil foi conhecido também pela sua literatura anti-maçonica e anti-católica. Tempos antes, foi iniciado na maçonaria, mas foi expulso da ordem. Seja lá qual foi o motivo, começou a redigir seus textos anti-maçônicos. Talvez pois ficara magoado com a sua expulsão, eu esse era sua intenção desde o início. Mas o que ele fez, foi provocar uma reação em cadeia, onde para sempre a maçonaria iria ser vista como demoníaca.

Os documentos falsos


A seguir um dos documentos forjados por Leo Taxil usando o nome de Albert Pike para que todos acreditassem em suas mentiras. Consta de uma carta endereçado ao Grande Inspetor do Rito Escocês Antigo e Aceito. Mesmo que depois de algum tempo Taxil tenha desmentido tudo, para sempre seria usada contra a Maçonaria até hoje.

Albert Pike 33°


"Como podemos dizer todos - Nós adoramos a Deus, mas é o Deus em que se adora sem superstições.

Para tu, Venerável Grande Inspetor, nós dizemos o que deves repetir para o 32°, 31° e 30°. A religião maçônica deve ser, para todos os iniciados de graus elevados, mantidos na pureza da doutrina luciferana.

Se Lúcifer não é Deus, será Adonay que provou sua crueldade, perversidade e ódio do homem, barbárie e repulsa da ciência, Poderia Adonay e seus padres caluniá-los?

Sim, Lúcifer é Deus, mas infelizmente Adonay também é deus. Pela eterna lei que não há luz sem sombras, nenhuma beleza sem feiura, nem branco sem negro, para o absoluto poder existir como dois deuses: trevas são necessárias para a estátua, e o freio para a locomotiva.

Assim, a doutrina do satanismo é uma heresia, e a verdadeira e pura religião filosófica é a crença em Lúcifer, é igual de Adonay, Mas Lúcifer, Deus da Luz e Deus do Bem, é esmagado pela humanidade contra Adonay, o Deus das Trevas e do Mal."

Instruções para o XXIII Supremo Conselho Mundial,14 Julho de 1889.

Extraído do livro de A.C. De La Rive em "La Femme et l'Enfant dans la FrancMaconnerie"- Universelle página 588

 

Taxil Admite os a farsa dos documentos

Em 17 de abril de 1897, (22 anos após ter criado a farsa) Ele admitiu a fraude em uma assembléia na Sala de Geografia de Paris. Taxil disse a platéia que nas últimas décadas, as literaturas anti-maçônicas foram forjadas por ele para ganhar dinheiro dos crédulos. A platéia que esperava ouvir mais informações "infames" contra a maçonaria se decepcionou e Taxil teve que sair agachado do salão.

Mesmo que a notícia da farsa tenha sido muito bem documentada, inclusive em jornais, esses documentos ainda são usados para confundir as pessoas que não conhecem os fundamentos da maçonaria.

O Bafomé entra na história

O que Taxil escrevera em seus livros, era que ele estava revelando os "segredos" de uma Maçonaria chamada "Palladium". (que só existia na cabeça dele) Ele dizia que além da adoração ao demônio, também eram cometidos assassinatos e outras brutalidades de natureza sexual. Seus trabalhos foram publicados em 1885 e 1886 onde ficou muito popular, com o público descobrindo os "horrores" da Maçonaria. Na capa de seu livro "Les Mysteries Franc Maconnerie" - Os mistério da Franco-Maçonaria - ( a esquerda) Taxil usa a imagem do Bafomé de Levi e um grupo de maçons ao lado dele. Abaixo a esquerda, vemos outro mistério ligado a Bafomé: Uma cabeça barbada decepada. Também vemos a imagem da "Dama ou Mãe de Sangue" que seria a representação da noiva de Satã. Nesta tradição, a cabeça decepada é a de um homem de aspecto sinistro. Dizem que a cabeça foi decepada depois de um ato sexual com Bafomé.

Em outro livro onde se vê Bafomé ligado a Maçonaria é "La Femme et L'Enfant dans la Franc-Maconnerie Universal" - A Fêmea e a Criança na Franco-maçonaria - Por Abbe Clarin de la Rive, Podemos ver Bafomé seduzindo uma mulher entre as colunas da Maçonaria. Neste livro, o falso documento de Albert Pike é mencionado, mas mesmo reconhecido como falso, alguns autores contemporâneos usam a imagemm de Bafomé para condenar a maçonaria. Principalmente, grupos fundamentalistas cristãos (de todos os segmentos, católicos ou não).

 

O Bafomé, do outro lado da luz

Um bom exemplo é o famoso livro "Masonry - beyond the light" - No Brasil tem o título de "Maçonaria – do outro lado da luz" de William Schnoebelen. ( que a propósito estou com ele no meu colo enquanto escrevo esse ensaio)

Primeiramente, Schnoebelen afirma com todas as letras que os Templários adoravem Bafomé. Isso é muito difícil de afirmar, pois nem mesmo a inquisição conseguiu extrair "sobre tortura" uma definição concreta desse ídolo. (falavam em cabeças, barbadas, inbérbie, com chifres, sem chifres, etc.) Assim como, a Inquisição não tinha certeza se eles o adoraram ou não. tanto que a Ordem do Templo foi suprimida e não condenada.

Segundo ele afirma que os templários adquiriram os conhecimentos "heréticos" da "Seita dos Assassinos" e levou para a Europa. Isso é tolice, ignorância, e falta de conhecimento sobre o assunto. Os templários, realmente eram muito tolerantes, tanto para com judeus e muçulmanos. Há rumores (eu disse "rumores" nada comprovado) de que os templários usavam dos serviços dessa seita para cometer assassínios. Mas daí afirmar, Schnoebelen deveria dar provas e documentos que comprovassem isso. Outros aspecto que mostra a ignorância de Schnoebelen, é a de que os muçulmanos adoravam o ídolo Bafomé. Isso é um absurdo, pois os muçulmanos não podem construir, esculpir, desenhar, bordar ou representar qualquer outra forma imagens, pois diz o Alcorão que ninguém pode reproduzir o que Alá fez com perfeição.

Terceiro lugar, é que nem mesmo os historiadores maçons de hoje, têm certeza se os templários contribuíram com a formação da maçonaria, ou não. Então, como que, se os próprios maçons não tem certeza disso, Schnoebelen é catedrático em afirmar tal coisa? Simples, tentar confundir o leitor.

E por último ele omite descaradamente a fraude admitida por Leo Taxil. Para quê? Para que seu discurso de ex-maçon arrependido não caia ao solo, como todos os seus outros argumentos falhos, pífios, infames de um perjuro traidor que é.

Como Schnoebelen, existem outros, que por total ignorância, denigrem a imagem de uma instituição que tem apenas por fim o desenvolvimento da humanidade. E a maçonaria muito contribuiu para o engrandecimento da humanidade com atos sublimes como a independência das Américas, a constituição dos Estados Unidos ( a primeira onde dizia que todo homem é livre sem distinção) A Revolução Francesa, a independência do Brasil, abolição da escravatura do Brasil, proclamação da república do Brasil, dentre outras mais.

O bode visto pelos maçons do século XXI

A Maioria dos maçons desconhecem totalmente sobre Bafomé, sua conexão com os templários, e da farsa de Taxil. pelo contrário, quando ingressam na maçonaria, descobre que não há bode nenhum. Daí, muitos não se interessam em saber a origem dessa crendice.

Sendo que, o povo ainda acredita nessa tolice. E os maçons por brincadeira ( que eu acho que deveria parar) alimenta essa fantasia, ou por diversão, ou para manter longe pessoas indesejadas e muitas vezes até mesmo para testar se o candidato a maçonaria se deixa levar por essas baboseiras.

Também é comum, entre os próprios maçons (digo, nos maços brasileiros) referirsse se refererem a maçons como bode. ex.:

Outra brincadeira comum, é uma expressão dita ao candidato que está prestes a ingressar na ordem.

"_Estás preparado para sentar no bode? "

Realmente, parece assustador de primeira mão. Mas essa expressão é usada para testar se o candidato se deixa levar pelas crendices. Na verdade quer dizer: "Estas preparado para ingressar na maçonaria?"

Assim como em palavras o bode virou mania entre os maçons. Adesivos de carro, chaveiros, camisas, bonés, bonecos e até estatuetas são visto entre o meios maçônico. Hoje, o fantasma do bode, virou uma brincadeira. que eu mesmo não aprovo que o façam, mas não tenho como mudar a cabeça de todos os maçons do mundo.

E se tu fores maçon, pense bem antes de fazer uma brincadeira dessas, pois são com essas "brincadeiras inofensivas" que a anti-maçonaria se arma. E leve esse trabalho para a sua Loja.

E se não fores maçon, pense bem no que acabara de ler, e não deixe que fundamentalistas fanáticos induzam a sua visão contra a Maçonaria.

 

 

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