clique aqui!
by Banner-Link

O Crânio de Sidon

Até que ponto é lenda, e até que ponto é verdade?

André Ranulfo

Uma grande dama de Maraclea era amada por um templário, um senhor de Sidon; mas ela morreu jovem, e na noite d seu enterro, esse amante imoral arrastou-se até a tumba, sesenterrou seu corpo e violou. Então uma voz do além conclamou-o a retornar em nove meses, pois encontraria um filho. Ele obedeceu e, na data marcada, abriu de novo a tumba e encontrou uma cabeça nos ossos da perna do esqueleto crânio e ossos em cruz). A mesma voz lhe disse: "Guarda bem isto, pois ém doador de todas as coisas boas. "Então, ele a carregou consigo. Ela tornou-se seu gênio protetor, e ele podia vencer seus inimigos simplesmente mostrando-lhes a cabeça mágica. no devido tempo, ela tornou-se posseção da Ordem.

 

Dá até vontade de rir, em saber que esse conto foi muito bem estudado e usado contra os Templários na Inquisição. Conta várias vezes nos altos do processo contra a Ordem do Templo. Esse cavaleiro necrófilo e o tal crânio é um assunto que poucos pesquisadores dão a atenção que lhe é de devido. Talvez da idéia absurda que seja.

1- De onde nasceu esse conto?

O primeiro conto que se tem notícia do "Crânio de Sidon", data do século XII (início da Ordem do Templo e dos contos do Rei Arthur), foi escrito por um tal Walter Map, sendo que Map, nem qualquer outro escritor que registrou esse conto, citou, comentou, insinuou, deu indícios, cogitou ou deu qualquer pista que o tal necrófilo era um templário. Mas após a Inquisição contra o Templo em 1307, o conto se tornou ligada intimamente com os Templários. E dois cavaleiros sobre interrogatório confirmaram terem ouvido falar no conto.

2- A Necromancia.

A necromancia é a atividade ocultista de se comunicar com os mortos - no caso espíritos - Pode ser usado para muitas finalidades: vingança, cura de doença, enriquecimento, relacionamentos amorosos, etc. Existem muitos rituais para invocar tais espíritos. O ocultista Eliphas Levi relata suas experiências e rituais no seu livro Dogma e Ritual da Alta Magia.

Rituais afros e afro-brasileiros e vodus usam tais práticas. Em todo mundo, muitos usam famoso Tabuleiro Oija também conhecido como a "Mágica do copo".

De primeira vista, o conto do Crânio de Sidon relata algum tipo de ritual necromante.

3- Uma alegoria iniciática.

Alguns vêem o conto do Crânio de Sidon, como algum tipo de síntese de um ritual iniciático.

Iniciações nada mais são do que dramatizações de alguma história, onde o neófito (o iniciante) é espectador ou até mesmo personagem central dessa "peça teatral". As iniciações tem como objetivo criar uma catarse, ou até mesmo, uma memória viva, uma experiência real de alguma lição de vida, que nunca esquecerá. Muitas das iniciações são uma alegoria da uma renascimento. Os iniciantes participam de mortes e renascimentos simbólicas. Essas práticas podem ser encontradas desde o Egito antigo, onde o neófito era obrigado a ficar num sarcófago dentro do templo. Nas Ordens de cavalaria da Idade-Média, o cavalariço deveria pernoitar rezando dentro da cripta vestido todo de branco, para que no outro dia, na aurora, o rei o sagrasse cavaleiro.

No caso do Crânio de Sidon, Um cronista chega a mencionar o nome da tal mulher - Yse, que poderia ser uma derivação de Ísis. A deusa Ísis muitas vezes é apontada como a origem do mito da deusa Kali dos hindus, que posteriormente seria cristianizada pela imagem da Santa Sara Kali dos ciganos.

Talvez a explicação esteja no Quadrado mágico templário. que tem uma numerologia voltada para o número 13. O número da necromancia.

4- A Virgem Negra.

Caso fosse verdade, isso explicaria o mistério da relíquia que fora encontrada dentro da ordem após a prisão do Templo que tinha o título Caput LVIIIm. Era uma escultura oca de uma cabeça feminina, dentro um crânio de uma jovem mulher envolto de prata. Muitos acreditam que o "m" na verdade fosse o símbolo astrológico de Virgem, sendo assim, na verdade Caput LVIIIc? - Cabeça 58 Vigem.

Mitologicamente o Povo Cigano está ligado à Kalí - a deusa negra da mitologia hindu, associada a figura de Santa Sara, cujo mistério envolve o das "virgens negras", que na iconografia cristã representa a figura de Sara, a serva (de origem núbia) que teria acompanhado as três Marias: Jacobina, Salomé e Madalena, e junto com José de Arimatéia fugido da Palestina numa pequena barca, transportando o Santo Graal, A lenda diz que desesperadas, as três Marias puseram-se a orar e a chorar. Aí então Sara retira o diklô (lenço) da cabeça, chama por Kristesko (Jesus Cristo) e promete que se todos se salvassem ela seria escrava de Jesus, e jamais andaria com a cabeça descoberta em sinal de respeito. Milagrosamente, a barca sem rumo e à mercê de todas as intempéries, atravessou o oceano e aportou com todos salvos na Gália (Hoje França) Na região de Marselha no porto de Camargue na cidade de Petit-Rhône, hoje Saintes-Maries-de-La-Mer, e posteriormente Sara teria sido levada a um antigo mosteiro da Bretanha. Sara cumpriu a promessa até o final dos seus dias. (Alguns acreditam que essa é a origem do costume das ciganas de usarem lenço)

Diz o mito que a barca teria perdido o rumo durante o trajeto e atracado no porto de Camargue, às margens do Mediterrâneo, que por sua vez ficou conhecido como "Saintes Maries de La Mer", transformando-se desde então num local de grande concentração do Povo Cigano. Além de trazer saúde e prosperidade, Sara Kali é cultuada também pelas ciganas por ajudá-las diante da dificuldade de engravidar. Muitas que não conseguiam ter filhos faziam promessas a ela, no sentido de que, se concebessem, iriam à cripta da Santa, em Saintes-Maries-de-La-Mer no sul da França, fariam uma noite de vigília e depositariam em seus pés como oferenda um diklô, o mais bonito que encontrassem. E lá existem centenas de lenços, como prova que muitas ciganas receberam esta graça. É de se notar que a fertilidade é; um dos maiores poderes atribuídos ao Santo Graal.

5- O mistério do número 13.

Como podemos ver no Quadrado mágico templário, existe uma forte influência do número 13 na Ordem do Templo, que por sua vez, o 13 está ligado com a morte.

Na Grécia, se comemorava o dia de Hécate (a deusa esposa de Hades, senhor do submundo). Eliphas Levi, em seu Dogma e Ritual da Alta Magia, numera o 13 como o número da necromancia.

13 também é o número de cantos do "Paraíso" da "Divina Comédia" do escritor Dante Alighieri, que foram escondidos pelo próprio autor que morreu sem revelá-los. Esses cantos estariam perdidos para sempre se não fosse o seu filho Jacobo, que sonhou com o pai já falecido. No sonho, Dante mostra o lugar onde estavam escondidos, e de fato, lá estavam. O mais interessante é que fortes indícios de que Dante Alighieri fora iniciado na Ordem dos Cavaleiros Templários e fez parte de uma ordem de livre pensadores denominados "Fiéis do Amor". É bem possível que parte dos "conhecimentos" templários, foram absorvidos pelos "Fiéis do Amor". Mas quanto aos 13 cantos, Dante e fiéis do amor, nada podemos afirmar de concreto a pesquisa do Crânio de Sidon, mas podemos fazer possíveis especulações.

No caso da relíquia Caput LVIIIm, ou melhor, Cabeça 58m, 5+8 =13. O mais interessante é que Caput LVIIIm, é muitas vezes relacionada com a Virgem Negra, ou Santa Sara Kali. E 13 é a carta da morte do tarot. É muito importante lembrarmos que o tarot mais famoso do mundo é o de Marselha - mesmo local onde Sara aportou junto com José de Arimatéia. Foi introduzido no final do século XV. Enquanto as lâminas dos baralhos "aristocratas" ostentavam desenhos elaboradíssimos, o popular Tarot de Marselha se destacava pela simplicidade de imagens, cujas cores são primárias, com a predominância do azul e do vermelho.

6- O Tarot a chave do mistério?

Acredita-se que foram os Templários que introduziram o jogo de Xadrez na Europa - alguns acreditam que o tarot também poderia ter sido introduzidos por eles. Sendo que jogos eram terminantemente proibidos pela Regra. Por isso essa afirmação é alvo de posições contrárias por alguns pesquisadores.

Não podemos esquecer que o jogo de tarot é muito relacionado com os ciganos, sendo que o baralho cigano (36 cartas) muito difere das lâminas do tarot (78 lâminas). Muitos pesquisadores acreditam que o tarot seja a chave dos mistérios do Santo Graal.

7- O segredo do Caput LVIII.

Como vimos acima, muita coisa se encaixa, e podemos até mesmo traçar um cenário:

A relíquia Caput LVIIIm, na verdade pode ser "Cabeça 58 Virgem". Sendo assim, pode-se fazer uma alusão ao mito da Santa Sara Kali. Que tem muitas ligações com as lendas do Santo Graal. Paralelamente, uma lenda chamada "O Crânio de Sidon", é usada contra o Ordem do Templo. Nessa lenda, um cavaleiro Templário, havia praticado necrofilia com o corpo de uma mulher chamada Yse. Esse nome poderia ser uma derivação do nome Ísis, muitas vezes é apontada como a origem do mito da deusa Kali dos hindus, que posteriormente seria cristianizada pela imagem da Santa Sara Kali dos ciganos. Isso converge o cenário novamente a Santa Sara, que aportou em Marcelha, depois levada para a Bretanha e provavelmente morreu na Europa.

Enquanto isso, os Templários possuíam várias simbologias própria, dentre elas o Quadrado Mágico dos Templários, que possui uma numerologia centralizada no número 13. Os Templários, depois de sua prisão, confissões "sob tortura" revelaram a idolatria de cabeças, e relatos de "cabeças misteriosas" despontaram de vários pontos da Europa. Sabemos também que os Cavaleiros do Templo faziam rituais secretos. E nesse ponto voltamos ao Caput LVIIIm, que possuía em seu interior oco, uma cabeça de uma jovem mulher.

Faço agora uma pausa. O visitante deste site poderá já entender aonde a minha linha de raciocínio vai chegar. Todos nós sabemos que na Idade-Média, relicários com pedaços de ossos e pertence dos santos e até mesmo do próprio Jesus eram disputados a tapas. Embustes, fraudes e até escândalos de roubos de igrejas para igrejas. No pensamento medieval, uma igreja teria mais ou menos prestígio dependendo da relíquia que eram guardadas em seus interior. Haviam tantas lascas de madeira e pregos da cruz verdadeira, que dariam para fazer uma ponte a lua! O Templários eram um dos maiores guardiões de relíquias sagradas. Dentro delas, podemos destacar o Santo Sudário. O que poderia negar a afirmativa de que Caput LVIIIm não seria um relicário contendo os restos mortais de grande Santa Sara Kali? Isso explicaria até mesmo as ligações entre os Templários e a lenda do Santo Graal, já que Sara foi uma das passageiras do barco de José de Arimatéia. Inclusive, um dos maiores poderes atribuídos ao Graal que é da fertilidade, é uma das graças mais requisitadas por ciganas a Santa Sara Kali, Tanto que a sua cripta em Saintes-Maries-de-la-mar é repleto de lenços ofertados a santa em troca da graça de engravidar, que é muito importante para a cultura cigana.

8- O mistério do "Crânio de Sidon" revelado?

Talvez essa lenda seja apenas uma alegoria para encobrir o mistério do Caput LVIII.

A mulher de nome Yse era da cidade de Maraclea, que muito bem poderia ser uma derivação do nome Ísis e anagrama do nome da cidade de Marselha. A mulher era jovem como Sara. Segundo a narrativa "esse amante imoral arrastou-se até a tumba. desenterrou seu corpo e violou", podemos facilmente interpretar como se os Templários violaram a tumba de Sara. Depois, "abriu de novo a tumba e encontrou uma cabeça nos ossos da perna do esqueleto (crânio e ossos em cruz.)" - Podemos interpretar como: pegaram alguns ossos, e criaram o relicário e inseriram os ossos. Quanto a proteção mágica da relíquia? era comum atribuir poderes a várias relíquias.

Se a teoria acima estiver correta, o Caput LVIIIm poderia ser um relicário com os restos da Santa Sara Kali.

Sara, está ligada diretamente com a lenda de José de Arimatéia. Santa Sara é reconhecida entre os ciganos como dar a graça da fertilidade, igualmente aos poderes do Santo Graal. Isso explicaria também, por que muito bem a ligação do tarot com as lendas do Graal.

 

 

Fonte de pesquisa

Este material faz parte do livro: Cavaleiros do Templo - Os segredos dos Templários - André Ranulfo (autor desse site) que será; publicado no próximo ano.

VOLTAR