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O FIM DA ORDEM

André Ranulfo

1- Os motivos

Desde que a perda das Terra Santa em 1291, os templários tiveram que viver na Europa. Logicamente, a "sua razão de ser", ou seja, a sua finalidade de proteção e braço armado permanente da cristandade no Outremer havia se perdido em um vazio. Consequentemente, a ordem - devido o seu poder econômico e prestígio - começou a focalizar sua influência na política e principalmente na economia européia como bancos e financiadores.

Não tendo qualquer base, ou quartel-general permanente. Suas únicas propriedades eram as comendadoiras, que eram apenas fazendas nas quais se produziam as provisões de subsistência e criação de cavalos para serem mandadas para o Outremer. Essas comendadorias não possuíam a infra-estrutura para acomodar um exército. Durante algum tempo, se instalaram em Chipre seguindo os passos de sua Ordem-irmã, os Cavaleiros Teutônicos, que se estabeleceram num principado independente na Prússia e no Báltico, bem ao norte, longe de qualquer interferência real ou papal. Os templários queriam fundar um principado aos mesmos moldes. Seus olhos voltavam-se para o Lanquedoc, palco de onde fora a Cruzada Albingense.

Nesse período, a vigilância dos valores morais da ordem, eram aos poucos minados pelos vícios da vida européia. Nessa época, a expressão:  "Beber como um templário" era comum para designar algum indivíduo que extrapolara no álcool. Além das bebedeiras, a arrogância da ordem se acentuava principalmente pelo motivado pelo seu poder econômico. Seus abusos de poder já haviam sido criticadas pelo Papa Inocêncio III, acusando-os de excessos e apostasia na bula Insolentia Templariorum.. Também não eram bem vistos pois aceitavam em seu seio, cavaleiros excomungados, em conseqüência, podiam receber um sepultamento em solo sagrado que é inadmissível perante a Igreja. Os templários eram conhecidos também pelas suas desobediência aos legados papais. Mas uma das coisas que mais afligiam a igreja, era a sua tolerância para com não-cristãos, principalmente como muçulmanos e judeus. Durante a Cruzada Albingense, (Na qual houve o genocídio dos seguidores da "seita herética" dos Cátaros) Os templários se mantiveram neutros ao invés de atacá-los. Posteriormente, deram refúgio em sua Ordem a um grande número de cátaros conhecidos.

Mesmo cheio de motivos, Filipe IV não era nenhum santo. (Como seu avô O Rei Luís IX, que foi canonizado como São Luis) Após a morte do Papa Benedito XI, no verão do ano seguinte Filipe IV, através de forma nada ortodoxa, impôs ao trono de São Pedro seu candidato: Bertrand de Goth, Arcebispo de Bordeaux. Tomou o nome de Clemente V. E para ficar com mais poder na Igreja, Filipe IV seqüestrou o Papado em 1309 e transferiu para Avignon. Isto é: a Igreja estava inteiramente nas suas mãos.

Mas Filipe tinha o poder da Igreja, mas para seu poder ficar consolidado, precisava de dinheiro. Em 1291, ordenara a prisão de todos os comerciantes e banqueiros italianos na França, cujas propriedades expropriara. Em 1306, expulsara os judeus de seu reino e confiscou suas propriedades.

Mesmo com todos esses confiscos, ainda precisava demais, A França ainda devia muito dinheiro. Um se seus maiores credores, (e mais poderosos) era a Ordem dos Cavaleiros Templários. Mas Filipe, o Belo, mesmo com motivos justos, não tinha desavenças com a Ordem. Tanto que, pediu para ingressar na Ordem, sendo que sua adesão como membro do Templo foi terminantemente negada.

Filipe, o Belo, não se sentia bem em saber que em seu reino havia um exército que só obedecia ao Papa ( e quando bem intendiam). Eram tolerante com não-cristãos e recebia em seu seios "hereges", estavam de olho em fundar um principado independente no Lanquedoc e além de tudo, como muita audácia, negaram-lhe o ingresso.

 

2 - AS ACUSAÇÕES

Mesmo com motivos plausíveis, a ganância pode ter sido o fator primordial para o ataque ao Templo. Para conseguir destruir a Ordem precisava de alguma razão legal para isso. Mas como destruir uma ordem que só deve obrigações aos Papa? A resposta e veio através da Inquisição - O departamento da Igreja que investigava os crimes de heresia - Felipe gozava de um ótimo relacionamento com o inquisidor Guillaume de Paris que era seu confessor particular.

O primeiro passo era levantar alguma acusação. Elas pode ser divididas em 3 partes.

Os Inquisidores possuíam uma forma precisa de perguntas maliciosas. Foçando ao réu dizer o que eles querem ouvir. Confundiam a vítima com frases muito bem articuladas. Normalmente baseada de outros "testemunhos". Na maioria dos casos, outras acusações eram adicionadas no processo. 

Normalmente, uma simples acusação de bruxaria, se tornava em um processo com dezenas de outras acusações. Tais como: heresia, sodomia, necrofilia, simonia, conversar com demônios,  incesto, magia, etc.

Com os Templários não foi diferente, depois das entrevistas preliminares, outras acusações foram adicionadas. Algumas se repetem, chegando a redundância. Mas podemos catalogá-las da seguinte maneira:

1- Negar a Deus, a Virgem Maria, os Santos e Jesus Cristo como seus únicos salvador. Diziam que os Templários viam Cristo como um falso profeta, e que nenhuma redenção viria por ele. 
2- Pisar, cuspir, urinar, e arrastar a cruz com uma corda amarrada a cintura, fazendo uma paródia da paixão de Cristo.  
3- Idolatria, especialmente pela adoração de uma "cabeça", chamada Bafomé (Baphomet)
4- A renuncia do santo sacramento (a hóstia) e omissão de palavras de consagração em missas.
5- Beijos obscenos nos novos recrutas na boca, barriga, na parte inferior da espinha e nádegas.   
6- Sodomia e homossexualismo
7- Os grão-mestres, ou outros dignitários, absolviam os irmãos de seus pecados.
8- Busca ilegais de fundos para a Ordem.
9- Manter segredo em reuniões altamente fechadas. 

 

3- A PRISÃO

Algum tempo antes das prisões, um dosseus ministros de Filipe andara coletando e juntando provas contra o Templo. Isto é: Qualquer indício, comentário, má interpretação, boato, desenho, documento, escultura, presságio, etc. Essas "provas", sendo elas verdadeiras ou não, foram mantidas sob guarda dominicana, em Corbeil.

O Rei Felipe ordenou a prisão no dia 14 de setembro de 1307 (alguns historiadores citam a Sexta-feira 13 de setembro – E que essa é a origem da crença de que sextas-feiras 13 são dias de azar e mau agouro). Ele mandou cartas para toda a França contendo ordens expressas que só deveriam ser abertas na data citada. As cartas foram mantidas em segredo absoluto. Nestas cartas, clamava que era o defensor da fé, que iria purificar a França e o mundo daquela blasfêmia. Dizia também que pessoas de reconhecida idoneidade também regozijavam de suas denúncias.

Dentre eles podemos citar Guillaume de Nogaret um juiz real fanático anticlericalista que instaurou um  processo contra Bonifácio VII em nome de Filipe um ano antes. Era conhecido por sua fama de levantar "heresias" em qualquer lugar.

Veja um dos trechos da carta.

Uma coisa triste, uma coisa lamentável, uma coisa horrível de imaginar e terrível de ouvir, um crime detestável, um malefício execrável, uma obra abominável, uma desgraça detestável, uma coisa totalmente desumana, alheia a todo sentimento humanitário, chegou aos meus ouvidos, graças aos relato de algumas pessoas dignas de crédito, não sem nos causar grande espanto e nos fazer estremecer de horror violento, e, ao pesarmos em sua gravidade, uma imensa dor nos domina, ainda mais intensamente porque não há dúvida de ser uma ofensa à majestade divina, uma vergonha para a humanidade, um exemplo pernicioso de maldade e um escândalo universal.

Lizerand, Dossier, p.16.

Imagine o espanto de quem leu aquelas cartas. Logo após este parágrafo, ele continua:

Lobos em pele de cordeiro, culpados de uma assombrosa bestialidade, (bestialitate transcendens), crimes extremamente abomináveis, (scelerum summe nepharia), e recorreram à sensualidade de animais irracionais (refugit ipsarum irrationabilium sensualitas beastiarum).

Lizerand, Dossier, p.16.

Junto, constava na carta algumas ordens do Rei Felipe:

Jacques de Molay, (grão-mestre na ocasião) fora informado de dessas acusações, contra a Ordem, e insiste que deveria ser feito uma investigação papal. Mas Molay estava em Poitiers totalmente cego pelo fanatismo, discutindo com o Papa Clemente V, a possibilidade de uma nova cruzada e negando uma possível união de todas as Ordens. E Felipe por sua vez, queria impedir qualquer investigação papal. 

Na noite de sexta-feira 13 de outubro 1307, (ou Sábado 14 como dizem outros historiadores) os homens de Filipe IV entram na captura. Foi um sucesso. Somente 12 Templários escaparam, dentre eles Gérard de Villiers, preceptor da França. De fato, Filipe IV prendeu em sua maioria: velhos cavaleiros, doentes, servos, clérigos e membros de menor importância.

Estava então a Ordem Templária sob a custódia da coroa Francesa. Em seguida Filipe IV manda cartas para reis vizinhos para fazer o mesmo. Cada país reagiu de uma maneira.

A ação contra os templários era mais freqüente, onde a lei da Inquisição tinha mais eficácia - na França, Itália, em algumas partes da Áustria e da Alemanha. Em outras partes, o processo de inquisição era pró-forma.

Na Alemanha - Os Templários desafiaram a todos para provar sua inocência. Recorreram as armas. Intimidados, os juizes os declararam inocentes. Os templário da Alemanha gradualmente foram se aglutinando em ordens como os hospitalários e os Cavaleiros Teutônicos. Vale a pena ressaltar que, em 1522 a progênie dos templários prussianos, os Cavaleiros Teutônicos se secularizou, repudiou a sua lealdade a Roma e lançou seu apoio a um novo rebelde com novas idéias chamado Martinho Luthero. Lutando a favor do protestantismo contra a mesma Igreja que antes havia destruído os templários.

Na Inglaterra - Torturas eram proibidas pelas leis Inglesas, a primeira execução por inquisição em solo Inglês foi de um Cavaleiro do Templo. nenhum deles confessaram. Aliás, Filipe, o Belo, exortou o seu recém coroado sobrinho, o Rei Eduardo II, a ir de contra os templários. Eduardo II por sua vez ficou tão indignado com o pedido de seu tio, que mandou uma carta aos monarcas de Aragão, Portugal, Castela e Sicília, encorajando-os a ignorar as idéias de Filipe IV. Eis um trecho da carta:

..."façam ouvidos moucos às calúnias de homens de má natureza, que não são movidos, acredito , pelo zelo da retidão, mas por um espírito de cupidez e inveja"

Rei Eduardo II

Sendo a implacável importunação de Filipe, Eduardo acabou cedendo e, em janeiro de 1308, simbolicamente prendeu 10 templários. Não se fez nenhum esforço sério para menter-los sob guarda. ao contrário, deixaram-nos andar a solta, em trajes seculares, entrando e saindo a bel-prazer dos castelos onde deviam estar presos,

Em 1309, 2 anos após as prisões na França, A Inquisição pôs pela primeira vez os pés na Inglaterra, com objetivo específico de processar os templários. Sendo que o Rei Eduardo os proibiu de usar a tortura. Os Inquisidores não gostaram de tal acolhida, e foram se queixar ao Papa e a Filipe. Sob pressão desses dois lados, Eduardo, em dezembro, concordou em sancionar "limitada" tortura.

Com essas relutância de Eduardo, a Inquisição propuseram alternativas. Minar a comida, até subsistirem apenas com água. Depois sugeriram levá-los a França, onde poderiam fazer o que bem quisessem. Somente em meados de 1310, contra sua vontade, sob pressão renovada do Papa, a tortura aos moldes da França foram aplicadas.

No fim, menos de cem templários foram presos na Inglaterra, e só obtiveram 3 confissões. Esses 3 réus-confessos não foram queimados. No máximo, tiveram que confessar em praça pública suas "heresias". Os outros templários, viveram os restos de seus dias em outros mosteiros, recebendo pensões.

Na Espanha e Portugal - Talvez, seguindo os conselhos do Rei Eduardo II, a Ordem continuou ativa na guerra contra os muçulmanos, Foi fundada por D. Dinis de Portugal, a Ordem de Cristo, que era a mesma coisa, mas com outro nome. posteriormente já no século XV Infante D. Henrique se torna grão-mestre da Ordem de Cristo e inicia as Grandes Navegações Portuguesas. Essa Ordem funcionou até o século XVI (inclusive no Brasil, no período colonial)

Na Escócia - Esse país estava sobre intervenção papal, e sei rei, o grande Robert the Bruce, fora excomungado, em conseqüência, a lei papal lá não valia. A Escócia foi o refúgio de muitos templários. Posteriormente, os ex-templários escoceses, iriam lutar ao lado de Robert de Bruce, na batalha de Bannockburn, em 1314. Lendas afirmam que os templários se mantiveram coesos na Escócia por 4 séculos..

Vale a pena lembrar que muitos dos Templários que foram presos eram homens rurais, que nunca viram um muçulmano na vida, ou lutado contra um. A maneira que foram torturados foi de puro desespero e terror. Assim Filipe - o belo conseguiu várias confissões.

4- TORTURAS E CONFISSÕES

Agora com a Ordem em suas garras, Filipe IV precisaria provar a "veracidade" de seus atos. Cada templário, ouviria a leitura formal das acusações contra ele; e a cada um se prometeria perdão se confessasse culpado das acusações e retornasse ao seio da Igreja. Em caso de se recusasse a confessar, seria enviado o mais prontamente ao rei, que por sua vez iria para os calabouços se submeter a tortura. Os templários foram submetidos a:

Foram dias negros. E os templários deram uma lição de fraternidade, honra e coragem. suportaram até os limites da carne e do espírito em nome de seus juramentos.

As entrevistas levavam horas. Os templários eram mal alimentado, e as vezes pernoitados. Sofriam um jogo psicológico com o intuito de confundir o réu. Na maioria das vezes eram perguntas imperativas, feitas várias e várias vezes e de maneiras diferentes. Eis o exemplo

Esse exemplo referisse a suposta acusação de sodomia e homossexualismo.

    • "Cite, que a iniciações dos irmãos da dita Ordem ou naquela hora, às vezes o iniciado e às vezes o iniciador eram beijados na boca, no umbigo, ou na boca do estômago, e nas nádegas ou na base da espinha!
    • Cite, às vezes no umbigo!
    • Cite, às vezes na base da espinha!
    • Cite, às vezes no pênis!"  

O próximo exemplo, obrigavam ao Templário citar o nome de outros irmãos que praticavam tais heresias nas iniciações a ordem. Note as repetidas vezes que as mesmas perguntas foram feitas.

    • "Nomeie aquele que nas suas iniciações, ou em um tempo depois, ou em uma breve ocasião que fosse encaixado na iniciação, negavam Cristo, e as vezes a Virgem Maria, e às vezes todos os santos de Deus. Aconselhado por aqueles que o iniciaram;
    • Nomeie, Os irmãos que o fizeram;
    • Cite, que a maioria.(que o fez);
    • Cite, que (o fizeram) também nas iniciações;
    • Cite, Que os iniciadores disseram e ensinaram aqueles que estavam se iniciando, que Cristo, ou às vezes Jesus, ou às vezes Cristo crucificado, não é o verdadeiro Deus;
    • Cite, que eles disseram aqueles que se iniciavam, que ele (Jesus) era um falso profeta;
    • Cite, que ele (Jesus) não sofreu quando foi crucificado pela redenção da raça humana, mas para pagar os seus (próprios) pecados;
    • Cite, que nenhum dos iniciadores nem os que se iniciavam, tinham a esperança de alcançar a salvação através de Jesus, e eles o disseram, ou equivalente ou similar, para aqueles que se iniciavam;
    • Cite, que eles fizeram aqueles que se iniciavam a cuspir na cruz, ou uma representação ou escultura da cruz com a imagem de Cristo, ou então às vezes, aqueles que estavam se iniciando cuspir próximo (da cruz);
    • Cite, que os irmãos que estavam se iniciando, às vezes pulavam na cruz;
    • Cite, que às vezes eles urinavam e pulavam, e faziam outros urinarem, nessa cruz, e várias vezes eles o fizeram na sexta-feira Santa;
    • Cite, que alguns deles, naquele mesmo dia, ou em outra Semana-Santa, foram acostumados a se reunir para como já dito pular e urinar." 

 

CURIOSIDADE: O próprio Filipe, deu expressas ordens, que até os gemidos dos réus em entrevista (incluindo sob tortura) deveriam se registrados no papel.

Extraído de artigos da acusação

Livres para usar todas as formas de torturas imagináveis, A Imaginação dos açougueiros da Inquisições criavam asas. (de demônios claro!) 

Um exemplo: O preceptor da casa templária de La Chapelle, Ato de Salvigny, Ficou suspenso por corrente por 4 semanas antes de sua confissão.

A inquisição não precisou trabalhar tão duro, pois muitos dos Templários presos eram homens rurais e clérigos. não habituados a dor.

As formas de torturas mais usadas foram:

Dá para ter uma idéia como Filipe conseguiu extrair as confissões. 

Os números são consideráveis:

Foram 138 Templários

Os 138 questionados em Paris admitiam as acusações inteiramente ou em partes. Logicamente os números de confissões não se repetiram onde a Inquisição não tinha jurisdição. Os confessores diziam que cometeram o crime ore et non corde. - Na boca mas não no coração - em vão para se salvarem do suplício das torturas. Posteriormente muitos se arriscarão para defender a Ordem.

Vejam os números

Fonte: Gabrielle M. Spiegel

5- A ORDEM SE DEFENDE

Uma comissão foi aberta para ouvir os Templários. Foi um levante de mais de 500 Templários que haviam sido torturados pela Inquisição. se ofereceram para depor. Em fevereiro seu número passa para 532 e em março chega a 599.

Desses 599 Templários vale apenas citar 2. Pierre de Bolonha e Renaud de Provins, juntos prepararam  declarações  que criticavam a maneira como foram tratados. Pelo que tudo indica, Pierre - Procurador Templário da corte papal - Tenha estudado Direito na Universidade de Bolonha. Sabia muito bem como usar a retórica e se embrenhar nos processos legais.

Veja partes um dos seus documentos.

"a ordem do Templo foi criada e fundada na caridade e no amor de uma fraternidade verdadeira e que está (...) perto de Deus Pai, uma ordem santa e imaculada, livre de todas as manchas e vícios, na qual há e sempre haverá com vigor uma doutrina regular, uma prática saudável, e que como tal, é aprovada, confirmada e agraciada com inúmeros privilégios da Santa Sé.

Pierre de Bolonha

Lizerand, Dossier, p.182.

Bolonha também disse:

"o desamparo da vítima, independente de quão eminete fosse, depois que a acusação fatal de heresia lhe fosse imposta; e era imposta por meio da Inquisição".

Piers Paul Read, Os Templários - pág 325

Parecia que os esforços desses verdadeiros defensores da Ordem estava dando resultados. Todo esse otimismo foi calado por Filipe no dia 10 de maio de 1310, Próximo a Paris, 54 Templários foram queimados vivos. (alguns autores chegam afirmar 75) Isso acabou com todo aquele levante. Muitos Templários preferiram se recolheram e se calar. Aimery de Villiers-le-Duc, foi interrogado dois dias depois, e declara que "preferia manter as confissões a morrer a estaca."

 

6- JULGAMENTO & SUPRESSÃO

O julgamento se arrastou por 7 anos. É impraticável por os detalhes do julgamento no site, mas espero que seja o bastante. (Lembre-se, existem bibliotecas públicas!!!)

Em 1308 o Papa Clemente V anuncia o Concílio Geral de Viena.(Sul da França) em maio de 1310. Foi aberto em outubro de 1311. O Papa pediu que todos as dados coletados pela Europa fossem mandados para ele com antecedência. A idéia era que tanto o Papa quanto Filipe V pudessem justificar seus atos.

Mas 9 Templários que escaparam (O mesmo número de Cavaleiros que fundaram a Ordem) se levantam para se defender. Mas foram logo presos por Filipe V.

Depois de muita discussão, tiveram permissão para falar. Os comentários começaram, muitos no conselho, defendiam o direto de defesa da Ordem do Templo, e que aqueles 9 cavaleiros deveriam falar. O Papa Clemente começa então a perder controle do Concílio. Que para Felipe não era nada bom. Como homem-de-armas que era, pôs seus exércitos fora de Viena em 20  março de 1312 ordenando a imediata condenação da Ordem. O Papa-fantoche usa então de sua posição máxima na Igreja Católica para começar a votação do veredicto.

Foi no dia 2 de Abril de 1312 que o Papa  leu sua bula Vox in Excelso. - Estava ao lado de Filipe IV, que talvez queria ter certeza que o papa não voltasse com sua palavra - O ponto crucial da bula, dizia que a Ordem dos Pobres Cavaleiros de Cristo e do Templo do Rei Salomão foi dissolvida e não condenada. Por essa escolha de palavra. O Papa Clemente indica a evidência da inocência da Ordem.

 

7- A EXECUÇÃO

Felipe IV não gostou da sentença do Conselho de Viena. E o tão lendário tesouro templário não foi encontrado.  Uma coisa foi positiva: As propriedades da Ordem. Filipe IV teve uma solução para se apoderar delas. Fundou uma nova Ordem e seu filho tomava o lugar de grão-mestre. Mas depois desistiu da idéia.

O destino das propriedades da Ordem, tiveram seu caminhos traçados pelo Papa Clemente, Transferiu todas as propriedades aos Hospitalários com a bula Ad providam em 2 de maio de 1312. O único lugar onde os Hospitalários não ocupou foi na Península Ibérica. Onde Felipe tinha umas dívidas a pagar. Aliás, Filipe IV devia tudo a todos.

Filipe IV não pôs as mãos no lendário "Tesouro templário". Talvez nem mais existia. Com a perda de Acre e a ida subseqüente para Chipre deve ter provocado rombos enormes nas reservas do Templo. Há também fortes indícios de que uma esquadra templária zarpou da Europa levando consigo o tesouro do Templo.

Mas o que fazer com os Templários ainda sob custódia nos calabouços? A solução veio no dia 6 de maio pela bula Considerantes dudum. Os líderes deveriam ser julgados pelas autoridades do Papa. E os outros irmãos estariam as mãos das autoridades locais.

Os irmão de cargos menores, puderam residir nas antigas casas templárias com fundos da própria Ordem. Em 1317, ex-templários tiveram permissão de entrar na Ordem dos Hospitalários. Em 1318 monges franciscanos e dominicanos de Nápoles acolhiam antigos templários.

Em Portugal, Foi fundada a Ordem de Cristo. que era a mesma coisa com novo nome.

Havia documentos de templários vivendo nos pontos mais espalhados da Europa. Por exemplo: 12 templários ainda recebiam pensão na Inglaterra em 1338.

Em 1350, Berengaz dez Coll ainda vivia na preceptoria de Mass Deu, em  Roussillon - França.

Os líderes tinham esperança de um retorno da Ordem.(Mesmo que clandestinamente) Eram eles:

Foram levados a uma comissão  especiais com 3 cardeais em 18 de março de 1314, em Paris. Quando foram a uma audiência com os representantes do Papa, surpreendentemente, Molay e Charnay negaram tudo que haviam confessado sob tortura.

O fato que a Ordem havia sido "dissolvida". E eles pegaram prisão perpétua, que na concepção da época, não era um castigo, mas uma penitência. (sendo assim, deveriam ficar felizes) No caso, negar suas confissões era considerado uma reincidência a heresia. (Aliás tudo era heresia)

Veja parte do documento em que ele nega seus testemunhos

"Acho que o único direito nesse momento solene, quando minha tem um caminho curto. (estava com aproximadamente 70 anos) Eu deva revelar a decepção que foi praticada e falo a  verdade.

Perante o Céu (firmamento) e a Terra e com todos aqui  como minhas testemunhas, eu admito que eu fui culpado da mais vil culpa. Mas a culpa e que em tenha mentido e admitido as pérfidas acusações contra a Ordem. Eu declaro, e devo declarar, que a ordem é inocente. Sua pureza e santidade está além de questão."

Jacques de Molay

Foram presos, e no dia 18 de Março de 1314. Numa pequena ilha no Rio Sena, Molay e Charney estavam cobertos de trapos velhos. Marchando sob vaias e palavrões para serem amarrados queimados a estacas.

Relatos e documentos da época, dizem que Jacques de Molay aparentava uma calma de assombrar. (que deu margens a lendas)  

Foram queimados vivos, aos olhos do povo, de Papa e do Rei.

 

Fonte de pesquisa

Este material faz parte do livro: Cavaleiros do Templo - Os segredos dos Templários - André Ranulfo (autor desse site) que será; publicado no próximo ano.

 

 

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