FILMES PSICOSE E
VERTIGO E PSICANÁLISE
(Fonte: http://www.cinemagia.hpg.ig.com.br/psicose.htm)
Michael Foucault em seu livro
Doença Mental e a Psicologia, faz uma crítica que pode ser aplicada ao texto:
“Tratamento Anímico,Tratamento da Alma”, no qual, Freud cita os preconceitos da
Medicina com relação ao psiquismo, as doenças causadas e curadas por ele.
Foucault questiona: “se parece
tão difícil definir a saúde e a doença psicológicas, não é por que, em vão, se
aplicam conceitos destinados igualmente à medicina somática?... Além das
patologias mental e orgânica, há uma patologia geral e abstrata, que as domina,
impondo-lhe à maneira de prejuízos os mesmos conceitos, indicando-lhes os
mesmos métodos”.
Assim, ele continua: “tentar
decifrar doença, agrupando sintomas, realça correlações constantes ou
freqüentes entre doença e topo de manifestação. Por outro lado descreve as formas da doença, fase ou evolução,
variantes, etc.”
Com isso, Foucault faz uma
crítica aos postulados de Freud:
“Doença é essência, entidade específica indicada pelos sintomas que a
manifestam (abstração). Doença como espécie botânica, unidade de uma espécie
definida por seus caracteres permanentes e diversificada em seus sub grupos”.
Concluindo sua crítica Foucault diz que o problema da
unidade humana e da totalidade psicossomática, quando analisado pelo ponto de
vista freudiano, permanece inteiramente aberto. Assim poder-se-ia dizer
que: “A psicologia jamais poderá
oferecer para a psiquiatria o que a fisiologia ofereceu para a Medicina”.
Em uma entrevista ao jornal Folha
de São Paulo, Silva Mello critica Freud por considerar a religião uma ilusão.
Silva Mello é radicalmente contra a religião, ateu convicto, e ao contrário do
que se imagina nesta crítica, ou seja, imagina-se que ele vai defender o ponto
de vista da religião, ele ao contrário diz:
“Não é ilusão Freud, é um erro”
www.pdt.org.br/gigobul.htm
Já o conhecido Moreno,
considerado o criador do psicodrama, o qual foi aluno de Psicanálise e
psiquiatria de Freud, em uma aula com o mesmo, ele disse: “O senhor vê pessoas
em seu consultório, no ambiente artificial de seu gabinete. Eu as vejo na rua,
em casa, em seu ambiente natural...”
Em uma outra entrevista dada a
Folha de São Paulo, DER SPIEGEL critica Freud, atacando-lhe com a afirmativa de
que a histeria era a doença da moda no fim do século XIX, pois esta podia
provocar paralisia e provocações (hoje, por motivos ignorados, esse mal não
existe mais). Em maio de 1895, junto com Breuer, Freud publicou “Estudos sobre
histeria.”. Para Webster, os relatórios terapêuticos do chamado livro fundamental
da psicanálise, são contos de fada, ou seja, ele comprova com suas pesquisas
que nenhum dos pacientes de Freud foram definitivamente curados, inclusive o
seu caso mais famoso de Anna O.
Worfgong Marx também fala à Folha
de São Paulo : “o mito pôde, com a psicanálise, criar seu nicho ecológico no
progressista e antimítico século XIX, do qual até agora não foi expulso por
qualquer ciência natural e ele aí permanece, sitiado, sem no entanto estar
esgotado”. Folha de São Paulo 11.07.1998
No livro “Freud e a Psicanálise”,
Jung cita uma crítica feita a Freud por Aschaffenburg. Ele realça algumas
falhas cometidas por Freud, por exemplo: “O trauma físico e histeria da
aposentadoria, onde o trauma e perspectiva afetiva confluem, surge uma
concepção sentimental que talvez a concepção de Freud não seja válida”
“O fato de Freud não ter
formulado uma doutrina pronta e acabada a respeito da histeria, ou seja, ele
segue uma lógica baseada em resultados obtidos, apenas em experiências”.
“O método utilizado por Freud não
se aplicava em paciente sem traumas propriamente ditos, e pacientes passivos;
assim ocorre a crítica ao método, ou seja, o estado consciente não é um
pensamento dirigido, mas uma atenção solta.”
“A teoria deve ser diferente da
prática: complexo não se revela espontaneamente, ocorre o surgimento de elos
intermediários associativos, que não consegue se estabelecer relação com
complexos”
“A expressão verbal: duplo
sentido da linguagem é material de Freud que não se presta à formulação de
teorias universalmente válidas, ou seja, a histeria freudiana existe, mas não
pode ser aplicada a todas as histerias.”
“Outra crítica revela-se contra a
Psicanálise como todo. Ele utiliza-se de provas empíricas através de fatos
empíricos e daí surge o questionamento: existem estes fatos?”
Em um arquivo extraído do site:
www.sarabizarro@yahoo.com , encontra-se uma crítica de Sara Bizarro à
Psicanálise. Ela inicia a crítica citando os passos de Freud. Segundo o que ela
diz, nos seus primeiros textos, Freud defendia a psicanálise enquanto terapia,
ou seja, se funcionasse seria uma boa terapia. Quanto a isto ela critica: saber
se a psicanálise era uma boa teoria sobre a mente humana, seria uma questão em
aberto. Ela continua dizendo que, mais tarde, Freud afirmaria que mesmo perante
falhas a psicanálise era uma boa teoria acerca da mente humana.
Para criticar de maneira mais
consistente Freud e a Psicanálise, Sara Bizarro utiliza-se de dois filmes de
Hitchcock : “Vertigo” e “Psyco”. Com relação ao primeiro filme, ela extrai a
crítica ao método da repetição compulsiva utilizado por Freud como forma de
tornar reais os traumas psíquicos para viver uma vez mais uma repetição destes
traumas. Freud diz que “a repetição compulsiva localiza-se no inconsciente,
baseia-se em atividades primitivas e provavelmente está embutido na própria
natureza dos instintos, é um princípio tão poderoso que consegue derrubar o
princípio do prazer, dando a algumas partes da mente o seu caráter demoníaco”
(Freud: Dictionary of Psychoanalysis, p.157).
Vários tipos de repetições
compulsivas podem ser encontrados no filme, objetivando uma crítica a este tipo
de método. O filme demonstra que, a repetição de experiências dolorosas pode
levar a mais experiências dolorosas e não há garantia de que isso tenha algum
valor terapêutico. Se esse método for exercido fora do divã do psiquiatra, as
conseqüências podem ser desastrosas. No fim do filme a morte de Judy=Madleine
representa a seriedade das conseqüências deste método. Scotty utiliza
Madleine=Judy na tentativa de curar a sua neurose, tanto a da acrofobia como a
sua neurose amorosa, e o resultado desta tentativa é a de que embora a
acrofobia desapareça, os problemas que ficam são muito mais sérios que a
neurose original.
Isto é o oposto do que Freud
pretendia quando desenvolveu o seu método psicanalítico: "A finalidade de
todo o trabalho de Freud era a de ajudar as pessoas a compreenderem-se a si
mesmas, de maneira que nós não fossemos guiados por forças desconhecidas,
vivendo vidas de descontentamento, ou mesmo de total infelicidade, e tornando
as outras também infelizes, o que também nos prejudica a nós" (Bruno
Bettelheim, Freud and Man's Soul).
Até agora vimos o filme Vertigo
como apontando para os problemas envolvidos na tentativa de utilização da
psicanálise sem supervisionamento médico. O potencial catastrófico desse tipo
de atividade está bem representado nesse filme.
O psicanalista está correndo um
risco muito grande ao incentivar a repetição de acontecimentos traumáticos
anteriores. Talvez neste ramo da medicina, tal como nos outros, a solução mais
inteligente é a de desistir de fazer com que os pacientes voltem à "normalidade"
e em vez disso ensinar-lhes e procurar com eles formas de aproveitarem as suas
"anormalidades" de um modo positiva. É muito provável que Hitchcock
sofresse também de "repetição compulsiva" e isso está patente, por
exemplo, na semelhança de estilo entre os seus filmes, na fixação no campo dos
filmes de suspense, no tipo de personagens que criava, etc. Mas Hitchcock usou
essa tendência de uma forma artística produtiva e isto pode ser considerado a
outra "moral" do filme Vertigo - a perfeição artística do filme
mostra como se pode usar uma personalidade obsessiva para construir uma obra de
arte.
No filme Psycho há um
questionamento da teoria psicanalítica. Um dos princípios formativos da
psicanálise é o de que "não existe nenhuma distinção qualitativa entre
estados de saúde e estados de neurose" (Freud, Três Ensaios,1905). A
psicanálise propõe uma teoria da mente humana e do seu desenvolvimento, que se
aplica tanto às mentes sãs como às mentes perturbadas: "… as pessoas
saudáveis têm de enfrentar as mesmas dificuldades no controle da libido - só
que têm mais sucesso do que as não saudáveis" (idem). Este assunto foge do
nosso objetivo imediato de estudo.