Publicado no Jornal O Dia na Sexta, 31 de
março de 2000.
Funcionário do governo de Uganda
ocultou relatório contra as atividades de igreja
africana. Achados mais 80 corpos
O governo de Uganda prendeu na região
sudoeste do país uma autoridade suspeita de ter ligação
com a seita religiosa que matou mais de 700 pessoas no país.
Arnooti Mutazindwa é acusado de ter destruído um
relatório oficial, que afirmava que o culto Movimento
Para a Restauração dos Dez Mandamentos de Deus era
uma ameaça à segurança da região. A
seita contava com cerca de 6 mil membros. A polícia já
pediu a prisão também de quatro líderes da
seita, entre eles Cledonia Mwerinde e Joseph Kibwetere, um católico
excomungado. O casal teria previsto que o mundo acabaria em 31
de dezembro de 1999. Ontem, foram encontrados mais 80 corpos -
entre eles os de 44 crianças - em uma fossa na
propriedade de um seguidor da seita. A cova foi descoberta no pátio
da casa, nos arredores do povoado de Rushojwa, onde, dia 17 de
março, 400 fiéis morreram num incêndio
dentro de uma igreja. Até agora, foram encontrados 724
corpos, mas a agência de notícias Reuters afirma
que as vítimas podem chegar a 900.
Grupos chegavam à seita e
'evaporavam'
De acordo com a polícia ugandense,
o massacre religioso aconteceu por desobediência dos fiéis.
Ao prever o fim do mundo, o casal Cledonia e Joseph exigiu que
as riquezas dos fiéis fossem doadas à seita. Como
o mundo não acabou, as autoridades acreditam que os
membros da seita exigiram que suas propriedades fossem
devolvidas, rebelaram-se e foram assassinados. Segundo um dos
moradores de Rushojwa, Kensi Ntuaydubale, os fiéis
chegavam ao acampamento da seita e, depois de alguns dias, "evaporavam".
Outros acreditavam que as pessoas ficavam doentes e morriam.
Ntuaydubale argumenta: "Algumas pessoas poderiam morrer,
mas alguém pediria ajuda, ao menos para o funeral".
Suicídio coletivo
pode ter causado 600 mortes
Publicado no Jornal O Dia na Segunda, 20
de março de 2000.
Seguidores de seita em Uganda atearam
fogo no templo
O úmero de suicídios dos
seguidores da seita "Os Dez Mandamentos", em Uganda,
na África, pode chegar a 600, afirmou o porta-voz da polícia
Eric Naigambi. Ontem, as informações eram de que
entre 100 e 250 pessoas tinham morrido. Os seguidores da seita
colocaram fogo no templo, situado em Kanungu, a cerca de 320
quilômetros da capital Kampala, enquanto rezavam e
entoavam hinos religiosos.
Corpos dificilmente serão
identificados
Segundo o porta-voz da polícia, os
corpos carbonizados dificilmente poderão ser
identificados pelos médicos. "Os cadáveres
estão uns em cima dos outros. A cena é das mais
chocantes. É uma situação horrível",
disse Naigambi. Antes de colocar gasolina e outros produtos
inflamáveis e atear fogo, os seguidores da seita fecharam
portas e janelas do templo. De acordo com um dos investigadores,
não se pode excluir a hipótese de que o líder
da seita tenha iniciado o incêndio. No entanto, a polícia
não descarta outras alternativas e também trabalha
com a possibilidade de suicídio coletivo.
Seiscentas pessoas estavam no templo
A projeção inicial de 250
mortos foi feita pela polícia de Kanungu em função
do número de homens adultos que faziam parte da seita.
Habitantes da cidade, no entanto, informaram que no templo havia
cerca de 600 pessoas, inclusive mulheres e crianças.
Aparentemente, todos foram atraídos ao local pelo anúncio
dos líderes da seita "Os Dez Mandamentos" de
que haveria uma aparição da Virgem Maria.
Uganda: massacre já é o
maior
Publicado no Jornal O Dia de Segunda, 3 de
abril de 2000.
O número de mortos da seita de fanáticos
religiosos de Uganda subiu para 924, superando o número
de vítimas do massacre de Jonestown, na Guiana, em 1978,
quando 913 pessoas morreram. Já é o pior massacre
no país. O aumento deve-se a recontagem das vítimas
do incêndio em uma igreja da seita, que iniciou o
assassinato coletivo dos fiéis em várias regiões
do país. Inicialmente, 330 pessoas tinham morrido
carbonizadas na igreja, segundo as autoridades. Agora, já
são 530. Ontem, a polícia encontrou Theresa
Kibwetere, católica fervorosa e mulher de um dos líderes
da seita, Joseph Kibwetere. Ela acredita que sue marido tenha
morrido em um dos incêndios nas igrejas da seita. Meninas
matam garoto com caco de vidro Duas garotas russas que estavam
fugindo de casa mataram um menino de 10 anos usando cacos de
vidro. Elas pensaram que a criança tinha lhes roubado o
equivalente a R$ 3. As meninas, que têm 13 e 14 anos de
idade, fugiram de suas casas e fizeram amizade com o menino, que
também vivia nas ruas. Após dias juntos, elas o
acusaram do roubo de 50 rublos (cerca de R$ 3) e usaram cacos de
vidro para matá-lo.
Nova suspeita
Uma ex-prostituta pode ter sido a mentora
da morte de cerca de 900 membros de uma seita em Uganda, África,
no último dia 17. A informação é de
Eric Mazima, ex-marido da acusada, identificada como Gredonia.
Ontem, o vice-presidente de Uganda, Speciosa Kazibwe, disse
acreditar que os líderes da seita estão vivos.
Obuchi é internado O primeiro-ministro japonês,
Keizo Obuchi, foi hospitalizado ontem, em Tóquio, com um
quadro de estresse profundo. As autoridades ainda não
divulgaram se a internação de Obuchi, 62 anos, está
relacionada com problemas cardíacos. O primeiro-ministro
usa um marcapasso.
Seitas assassinas
Doutrinas pregam o fim do mundo, enganam e
matam seus fiéis em busca de dinheiro
O caso da seita africana Restauração
dos 10 Mandamentos de Deus - responsável pelo maior
massacre religioso da história, com mais de mil mortos em
um ritual macabro - deu o sinal de alerta para um fenômeno
que se agrava: o do crescimento das seitas assassinas. Com
promessas de redenção e conforto espiritual, elas
só querem se aproveitar da boa fé de seus discípulos.
Em Uganda, não foi diferente.
Segundo o governo, seu líder, Josephn Kibwetere, abusou
da ingenuidade de seus devotos para manipulá-los e
enriquecer. Mais de duas semanas depois do massacre em Kanungu,
os testemunhos daqueles que conheceram o "profeta"
Kibwetere e Credonia Mwerinde (sua conselheira e visionária)
ajudam a descobrir como e porquê o crime foi cometido.
Night Nalongo declarou ter sido descartada
porque não podia juntar 250 mil shillings (cerca de 70 dólares)
de "direito de entrada". Credonia disse a ela que não
havia lugar para os pobres no culto. Sempre evocando a Virgem,
Credonia também exigia aos futuros membros a venda de
todos os seus bens em benefício da seita.
Os dirigentes planejaram o assassinato em
massa devido à crescente desconfiança entre os fiéis
e aos pedidos de que o dinheiro fosse devolvido. A dois quilômetros
de Kanungu, na aldeia de Shunga, Eric Mazima, de 70 anos,
ex-marido de Credonia, assegurou estar convencido de que sua
ex-mulher era "o cabeça" da seita. Mazima se
separou de Credonia quando ela tentou mostrar-lhe, no buraco de
uma rocha, a Virgem, que segundo a agora fugitiva aparecia e
falava.