Campinas - Pessoas sem habilitação
profissional estão usando de forma inadequada a técnica
da regressão de memória como terapia psicológica.
Com isso, em vez de ajudarem os pacientes, podem agravar os
sintomas e deixar seqüelas físicas, emocionais e
mentais. O alerta é feito dos psicólogos
Antonio Carlos Abreu e Leila Rocha Abreu, integrantes da
Associação Luso Brasileira de Transpessoal
(Alubrat), que está tentando chamar a atenção
para o charlatanismo no setor.
"Pessoas sem o menor preparo estão
colocando em risco a saúde dos pacientes",
afirma o psicólogo. Segundo ele, embora não
existam estatísticas, é cada vez maior o número
de pacientes que têm seu estado agravado depois de
passar por pessoas que se apresentam como terapeutas, mas não
têm qualificação para exercer a
atividade. Uma das conseqüências, segundo ele, é
o surgimento de doenças psicossomáticas. "O
paciente pode apresentar taquicardia, sudorese, mal estar físico,
confusão mental ou manchas pelo corpo", explica.
"Isso ocorre porque pessoas despreparadas levam o
paciente a reviver momentos traumáticos, mas depois não
sabem aplicar a psicoterapia necessária para tratá-lo".
Os dois psicólogos colecionam casos absurdos de
pacientes que buscaram seu consultório, em Campinas,
depois de se submeterem a técnicas que agravaram os
sintomas. Como exemplo, citam uma dona de casa, que resolveu
submeter sua empregada à regressão de memória,
depois de conhecer a técnica através de um CD
vendido em bancas de jornais. "A empregada entrou em
crise", conta.
Abreu, que adota o método
conhecido como Psicoterapia Regressiva Transpessoal (PRT),
diz que a regressão deve ser usada apenas como
ferramenta dentro de um contexto terapêutico. "Não
há mágicas" , diz. Segundo ele, quando
aplicado corretamente, o método tem produzido bons
resultados em casos de fobias, pânico, depressão,
doenças psicossomáticas, frigidez e impotência
sexual. Durante as sessões, o paciente é
levado a recordar situações que, segundo
Abreu, ficam registradas no inconsciente. "Por ser
atemporal, o inconsciente pode trazer experiências
recentes, antigas, do período gestativo ou histórias
intrigantes que parecem transcender o tempo e o espaço",
explica. Segundo ele, porém, apenas médicos e
psicólogos com formação específica
estão habilitados a realizar esse tipo de terapia.
De acordo Abreu, em muitos casos o
trabalho não dispensa o acompanhamento médico.
"Principalmente naqueles em que há uma base orgânica
para o distúrbio", explicam os dois psicólogos
que, a partir de março, irão coordenar um
curso de dois anos sobre PRT para médicos, psicólogos,
e alunos do último ano de medicina e psicologia. "O
objetivo é habilitar o profissional para a aplicação
da técnica regressiva com fins terapêuticos",
explica. |