Taleban alega ter provas contra grupo humanitário

Publicado no Jornal O Estado de S. Paulo em 08/08/2001

CABUL - O movimento islâmico Taleban, que governa 95% do Afeganistão, rebateu ontem as críticas pela prisão de 24 funcionários de uma agência cristã de ajuda humanitária. O Taleban alega ter fortes evidências de que os detidos, entre eles oito estrangeiros, estavam promovendo o cristianismo entre a população muçulmana - "crime" punível com a morte sob a interpretação da lei islâmica pelo Taleban. (EFE)

Original em: http://www.estado.estadao.com.br/editorias/2001/08/08/int007.html

Regime talibã mantém estrangeiros presos e incomunicáveis

Quinta, 16 de agosto de 2001, 08h32

Os diplomatas ocidentais permanecem nesta quinta-feira em Cabul, capital do Afeganistão, à espera de uma autorização para reunirem-se com os oito estrangeiros encarcerados pelo regime talibã, sob a acusação de querer "propagar o cristianismo" no país. Há três dias os cônsules da Alemanha, Estados Unidos e Austrália tentam convencer as autoridades afegãs a lhes permitirem visitar dois homens e seis mulheres membros da organização não governamental (ONG) Shelter Now International (SNI).

A categórica rejeição de visita aos estrangeiros até que a investigação tenha terminado foi reiterada esta quinta-feira por um funcionário do Ministério de Relações Exteriores do regime talibã. "Fica estabelecido, de uma vez por todas, que ninguém será autorizado a reunir-se com esses prisioneiros", declarou um porta-voz do Ministério de Relações Exteriores, segundo a agência oficial afegã AIP.

O regime informou também que a investigação vai durar mais tempo que o previsto, porque suspeita que esses cooperadores - dois norte-americanos, dois australianos e quatro alemães - participaram em uma "ampla conspiração", cujo objetivo era minar o islamismo. Em Washington, o Departamento de Estado anunciou ontem que seu cônsul geral em Islamabad, David Donahue, e os diplomatas da Alemanha e Austrália permanecerão no Afeganistão com a esperança de que os talibãs lhes permitam reunir-se com os cidadãos detidos, acusados de difundir o cristianismo. Os três países envolvidos não têm representações diplomáticas no Afeganistão porque não reconhecem a milícia islâmica que tomou o poder em Cabul em 1996 e impôs um regime fundamentalista.

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