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Padres estupraram freiras, admite Vaticano

Publicado no Jornal O Estado de São Paulo em 21/03/2001

Relatório reconhece que missionários obrigaram religiosas a tomar pílula e abortar

CIDADE DO VATICANO - O Vaticano admitiu ontem a existência de um relatório segundo o qual alguns padres e missionários forçaram freiras a fazer sexo com eles e, em alguns casos, cometeram estupro e obrigaram as vítimas a abortarem. Algumas freiras foram forçadas a tomar a pílula, segundo o informe citado pelo jornal La Repubblica. O Vaticano declarou que o problema estava restrito a uma área geográfica específica, mas o relatório menciona casos em 23 países, incluindo o Brasil, Estados Unidos, Itália, Irlanda, Índia e Filipinas.

A declaração do Vaticano informa: "Em relação às notícias sobre casos de abuso sexual contra freiras, cometidos por sacerdotes e missionários, o principal porta-voz do Vaticano, Joaquín Navarro-Valls, informa o seguinte:

`Temos conhecimento do problema e ele está restrito a determinada área geográfica. A Santa Sé está tratando dessa questão, em colaboração com bispos, com a União de Supervisores Gerais (associação de dirigentes de ordens religiosas masculinas) e a União Internacional de Superioras Gerais (dirigentes de ordens religiosas femininas)'."

Embora o Vaticano não tenha designado a área geográfica pelo nome, o relatório afirma que a maioria dos incidentes de abuso sexual mencionados ocorreu na África, onde as freiras foram identificadas como "ilesas", após a disseminação da aids no continente.

Denúncias - Acusações feitas no relatório, contendo assinaturas com nomes e sobrenomes, foram levadas ao conhecimento das autoridades eclesiásticas, em várias ocasiões durante a década de 90, afirma o artigo do La Repubblica, assinado por Marco Politi, um respeitado correspondente no Vaticano.

A autora do relatório é a freira e médica Maura O'Donohue, que o apresentou ao diretor da Congregação do Vaticano para as Santas Ordens, cardeal Martinez Somalo, em fevereiro de 1995. O cardeal determinou que um grupo de trabalho da congregação estudasse o problema com a freira, que coordenava o Fundo Católico-Romano para o Desenvolvimento no Exterior (Cafod).

Maura fez referências específicas a determinados casos, num dos quais um padre obrigou uma freira a fazer um aborto, depois do qual ela morreu. A missa de réquiem para ela foi realizada pelo próprio padre.

O relatório informa que, na África, certos padres procuram freiras "por medo de contrair aids com prostitutas".

Num dos casos citados, 20 freiras da mesma comunidade ficaram grávidas ao mesmo tempo. Em outro, uma madre superiora foi continuamente ignorada pelo bispo local quando reclamou que os padres da diocese haviam engravidado 29 das freiras do seu convento. O bispo afastou a religiosa do cargo. (Reuters)

Vaticano confirma violências sexuais cometidas por sacerdotes

Folha de São Paulo 20/03/2001

da France Presse, na Cidade do Vaticano

O porta-voz do Vaticano, Joaquín Navarro Valls, confirmou hoje que sacerdotes cometeram violências sexuais contra religiosas de vários países, incluindo o Brasil, sem precisar todas as nacionalidades.

O caso, denunciado há seis anos, foi citado novamente pelo jornal americano "National Catholic Reporter", que publicou trechos do relatório enviado ao Vaticano, em 95, pela religiosa americana Mary O'Donohue.

"O assunto é conhecido e envolve uma zona geográfica limitada", afirmou Navarro.

"A Santa Sé se ocupa do assunto com a colaboração de bispos, da União de Superiores Gerais (as ordens religiosas) e da União Internacional dos Superiores Gerais", acrescentou.

Segundo o informe de Mary O'Donohue, casos de assédio e violências sexuais foram registrados em 23 países do mundo, entre eles Brasil e Colômbia, na América Latina, além da África, Ásia, Europa e Estados Unidos.

A religiosa norte-americana citou inclusive o caso de um sacerdote "que celebrou pessoalmente os funerais de uma religiosa que morreu depois de ter feito um aborto, a seu pedido".

Outro caso citado foi o de um grupo de vinte religiosas que ficaram grávidas ao mesmo tempo.

Segundo O'Donohue, as religiosas são com frequência escolhidas como parceiras "seguras" pelos sacerdotes que temem contrair Aids mantendo relações com prostitutas.

Líderes de ordens conheciam casos de abuso sexual

Publicado no Jornal O Estado de São Paulo, 22 de março de 2001

CIDADE DO VATICANO - Superiores de ordens religiosas masculinas e femininas disseram ontem que conhecem os casos de abusos sexuais cometidos por sacerdotes e missionários contra freiras e que estão tomando medidas concretas contra essa situação. Mas ressaltaram que casos isolados não podem ofuscar o importante trabalho realizado por milhares de pessoas que consagram sua vida à divulgação do Evangelho.

Essas afirmações foram feitas num comunicado conjunto, assinado pela União de Superiores Gerais e a União Internacional de Superiores Gerais, que representam 200 mil padres e um milhão de freiras.

O comunicado foi divulgado um dia após o Vaticano ter reconhecido a existência de abusos sexuais cometidos por padres contra missionárias. O Vaticano tomou essa decisão após a divulgação, pela revista americana National Catholic Reporter, de relatórios sobre casos de violência ocorridos em 23 países, a maioria deles africanos. Segundo a publicação, esses relatórios haviam sido encaminhados ao Vaticano em 1994.

Pensamento: "Encontramos muitos livros...e já que eles continham apenas superstições e falsidades do Diabo nós queimamos todos eles." Bispo Católico Diego de Landa, após queimar livros inestimáveis da história e da ciência Maia, Julho de 1952

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