ERNST SCHNEIDER

 

A CURA E A SAÚDE
PELOS ALIMENTOS


versão eletrônica pelo Projeto Periferia



Capítulo 1 - As Nossas Deficiências de Saúde e a Sua Compensação Natural

Capítulo 2 - Frutos
Capítulo 3 - Legumes e Verduras
Capítulo 4 - Condimentos
Capítulo 5 -
Alimentos Fornecedores de Energia
Capítulo 6 - Alimentos de Origem Animal
Capítulo 7 - Regimes Depurativos
Capítulo 8 - Doenças do Sistema Circulatório
Capítulo 9 - Doenças do Aparelho Digestivo
Capítulo 10 - Doenças do Metabolismo
Capítulo 11 - Doenças da Pele
Capítulo 12 - Doenças do Sistema Nervoso
Capítulo 13 - Tuberculose
Capítulo 14 - A Alimentação na Gravidez
Capítulo 15 - A Alimentação na Criança Moderna
Capítulo 16 - O Câncer
Capítulo 17 - Comentário Final
Capítulo 18 - Normas Fundamentais Para a Preparação de um Regime Sadio
Capítulo 19 - Receitas Culinárias


Condimentos

Capítulo 4


Há um grande tesouro de bênçãos escondido nas plantas e oculto nas pedras. Oh! doce e excelsa Natureza, deixa-me seguir as tuas pegadas!...

Conde de Stolberg, 1775 «an die Natur» (À Natureza)


 


Açafrão

A origem do açafrão (Crocus sativus) tem de se procurar no Oriente. Pertence à família das Iridáceas. O que farmacêuticamente se conhece por açafrão (Crocus) são os estigmas secos e vermelhos que pendem em todo o seu comprimento das flores. Para um quilo de açafrão são necessárias 100.000 flores. Por isso o seu preço é muito elevado e falsifica-se com freqüência.

Composição e Aplicações -- As matérias ativas até hoje conhecidas são a crocina, a picroína, que dá origem a um óleo essencial, e ainda o caroteno, o licopeno e ricos hidrocarbonetos alifáticos (segundo Madaus).

0 açafrão mostra claros efeitos sobre a matriz. É receitado pelos médicos na dose pertinente nos casos de regras dolorosas e nas faltas de menstruação. Torna-se também eficaz nos fenômenos nervosos e espasmódicos.

Aplicações -- Como planta medicinal só segundo prescrição médica rio caso de regras dolorosas.

Como especiaria pode empregar-se em pastéis e sopas em quantidades muito pequenas (só alguns pistilos).


Alecrim

O alecrim (Rosmarinus officinalis) é freqüente nos lugares secos e pedregosos, charnecas e pinhais.

Pouco antes de dar flores, cortam-se cuidadosamente os rebentos e arrancam-se as folhas. Seca rapidamente, se se colocar num celeiro sombrio e ventilado. Durante todo o ano conserva o valor como condimento. Deve ser guardado em recipientes hermeticamente fechados.

Composição e Propriedades -- O óleo essencial (de 1 a 2,5 %), os terpenos, o ácido tânico e o aloés que contém constituem os principais elementos ativos do alecrim.

Aplicações Medicinais -- O alecrim possui um quádruplo campo de ação:

a) O aparelho gastrintestinal, cujas glândulas excita para maior atividade e cujos estados de espas-

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mos e cólicas resolve, impedindo desenvolvimento das bactérias prejudiciais. O emprego nos casos de má digestão, aerofagia e catarros gastrintestinais, é justificado e recomendável.

b) O sistema circulatório e, estreitamente ligado com ele, a ação sobre o sistema renal, intimamente relacionado com o anterior e complemento dele quanto à eficácia da planta. Influi, assim, favoravelmente nos casos de debilidade circulatória, especialmente depois de doenças infecciosas graves, fortalecendo ao mesmo tempo a circulação devido ao seu efeito diurético.

c) Os órgãos sexuais femininos, cuja irrigação sanguínea favorece, produzindo assim uni aumento ria expulsão de sangue durante a menstruação. Tem, igualmente, êxito a aplicação exterior da infusão de alecrim rio caso de erupções cutâneas persistentes, de cura difícil e Inflamadas.

Emprego Como Condimento -- Fresco e seco, o alecrim torna-se um condimento excelente em quase todos os pratos, molhos, saladas, regimes dietéticos e vegetais crus.


Alho

O alho (Allium sativum), pertence à família das Liláceas, procede da Europa Meridional e do Oriente. É planta de cultivo antiquíssimo e já gozava de consideração na antiga medicina indiana.

Composição e Propriedades -- Em toda a planta e na proporção de 0,005 a 0,009% apresenta-se o óleo essencial enxofrado do alho com 6% de alilpropilbisulfureto, 60 % de aliltrisulfureto e pequenas quantidades de aliltetrasulfureto. Estas combinações de enxofre são a causa da eficácia do alho.

O elemento ativo mais importante foi descoberto há poucos aos, em 1944, como substância oleaginosa e foi chamada alicina. Esta produz um cheiro forte e possui forte ação bactericida. Em 1947 conseguiu-se produzir alicina sinteticamente e conhecer-lhe a estrutura química.

Todos sabemos que o típico cheiro é débil nos dentes de alho frescos e sãos. Mas se se esfregarem ou se cortarem, o cheiro apresenta-se de forma intensa. O fato deve-se a um processo de desdobramento, em que o fermento alinase, um elemento que graficamente expressado atua no alho como «machado químico» especial, obtém a alicina a partir de um elemento inodoro, chamado ali-

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ina, que é desdobrado em duas porções. Mediante o dito fermento forma-se a inicial aliina que se obteve quimicamente pura ele unia forma totalmente sintética A aliina, ao contrário da alicina, não exerce eleitos bactericidas.

Fundamentos de Ação Terapêutica do Alho -- Aplicado na pele sã, o óleo provoca vermelhidão, inflamação e empola, e aplicado nas mucosas, vermelhidão e aumento da secreção glandular, especialmente nas mucosas gastrintestinais. Alem de maior secreção das glândulas digestivas, também aumenta a secreção de bílis. O alho também extermina as bactérias malignas do intestino, ao mesmo tempo que fomenta a reprodução de colibactérias, os agentes intestinais normais.

O alho é um calmante intestinal adstringente e um bactericida. A antiga crença popular de que o alho combate o câncer pôde comprovar-se em ensaios com animais, observando-se uma clara dificuldade de crescimento nas células cancerosas, transplantadas depois ele um tratamento com alho. Este efeito explica-se facilmente, porque hoje se vai chegando paulatinamente a considerar o câncer como um grave desvio metabólico, cuja origem se encontra, muitas vezes, no aparelho gastrintestinal.

Os elementos ativos do óleo do alho, como se pode verificar rapidamente pelo cheiro, eliminam-se através da pele e dos pulmões. Esta forma de eliminação é importante, porque os ditos elementos desenvolvem as suas atividades nas vias respiratórias, resolvendo congestões, aumentando as secreções e desinfetando.

O efeito sobre a tensão arterial tem sido aceito, rejeitado e de novo comprovado nos últimos tempos. Parece ponto assente que a tensão arterial diminui e o pulso se torna mais lento e tranqüilo, que se dilatam os vasos coronários, sendo por isso melhor alimentados os músculos cardíacos e, portanto, tornam-se mais fortes.

Apresenta-se finalmente, segundo a velha experiência e modernas provas experimentais, um aumento da resistência contra as infecções.

Também é muito freqüente a aplicação do alho contra nematóides e ascarídeos, em forma de irrigação.

Afecções em Que é útil o Seu Emprego -- Em afecções gastrintestinais: catarros do estômago e intestino com diarréia e prisão de ventre, tuberculose intestinal, flatulência, catarros intestinais crônicos, infecciosos e agudos, cólicas, inflamações do intestino grosso e do reto, diarréia, doenças hepáticas e biliares, disenteria amebiana, cólera, tifo e paratifo.

Em tumores cancerosos, embora neste caso o alho apenas desempenhe o papel de remédio auxiliar e nunca deva substituir ou retardar a aplicação de medidas determinadas pelo médico. Como elemento anticanceroso pode recomendar-se em todo o tempo.

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Nas doenças elas vias respiratórias: catarros das vias respiratórias, enfisema pulmonar, tuberculose, gangrena pulmonar, asma pulmonar e bronquiesctasias.

Nas doenças da circulação: hipertensão, arteriosclerose de vasos coronários, debilidade dos músculos cardíacos, intoxicação de nicotina.

Num estado de debilidade geral, depois de doenças infecciosas ou de câncer. Em casos de lombrigas (oxiúros e ascarídeos).

Modo de Emprego -- Em todas as enfermidades, a melhor forma de aplicação é o consumo cru. Tomar diariamente de meio dente a um dente com pão, manteiga
e salsa ou cozido em leite, O incômodo do cheiro não se pode evitar por completo. Como vermífugo, prepara-se um líquido de irrigação cozendo 100 g de alho num litro de água e aplicando-o depois de esfriar. Pode também confeccionar-se um suco de alho que se conserva durante um ano: deixam-se em 100 g de álcool 40 g de dentes de alho descascados e picados durante dez dias, pelo menos, e agitando-os com freqüência. Filtra-se depois o líquido e junta-se-lhe para dissimular o cheiro 2 gotas de óleo de raiz, de Angélica. Tomar diariamente de quinze a vinte gotas.

Outros Usos -- O emprego do alho como condimento torna-se , portanto, de grande importância, por estimular o apetite, evitar a flatulência, limpar o intestino e excitar as glândulas digestivas.

Utiliza-se em pequena quantidade para saladas, legumes, alimentos crus e molhos. Para as saladas basta muitas vezes que a travessa seja esfregada com um dente de alho. Muitas pessoas preferem o alho picado em rodas no pão com manteiga.

É possível atenuar o cheiro do alho desde que se combine com leite, salsa e arruda. O alho muito picado, com cominhos e manjerona, constitui um excelente aditamento para as sopas de ervilhas, lentilhas e feijão.

Para o emprego prático do suco do alho, de cheiro menos forte, sobretudo para condimentos ou para preparar dietas para diabéticos, dispomos hoje de pequenos esmagadores baratos de manejo fácil.


Anis

A família das Umbelíferas proporciona-nos o anis ou erva-doce (Pimpinella anisum), originária do Oriente.

O anis figura entre os mais antigos medicamentos. Já Pitágoras louvava a sua influência. Nos es-

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tudos hipocráticos aparece tratado com freqüência.

Logo que os talos se tornam amarelos, cortam-se os cachos de flores, atam-se e dependuram-se ao ar para secar. Decorrido algum tempo, podem obter-se os frutos, sacudindo-os. O clima duro e úmido, assim como a zona costeira, não são lugares próprios para o seu cultivo. O melhor é cultivá-lo em solo de boa qualidade e predominantemente leve. Estrumar o campo, mas antes de se formarem os frutos. Não é de aconselhar o adubo com produtos industriais, porque a maioria desses adubos favorece a formação da folhagem com prejuízo dos frutos. A sementeira, à distância de 25 cm, precisa geralmente de 150-250 g de sementes por are. A germinação tem lugar de duas a três semanas depois, e a capacidade de germinação vem a ser de 70-90 %. Cortam-se os frutos e seguidamente trituram-se. Por cada are colhem-se de 6 a 8 quilos de fruto.

Composição -- Dos frutos obtém-se um óleo perfumado de odor doce e agradável (cerca de 2-3%) que no seu estado puro e por efeito do frio se solidifica como massa cristalina branca (Schulz). já no ano de 1820 se efetuaram as primeiras investigações sobre este óleo e a sua composição. Até hoje conhecemos como primeiros elementos: anetol, ácido de anis, aldeído de anis, acetona de anis e outras matérias complementares, tais como óleos, proteínas e açúcar .

Modo de Atuação e Emprego -- A sua eficácia está condicionada fundamentalmente à expulsão do óleo essencial pelos pulmões, o que fomenta as atividades vibráteis nas vias respiratórias. Pode utilizar-se portanto como meio expectorante. Tal atividade pode aumentar-se mediante a mistura com outras plantas como, por exemplo, verônica, saponária na proporção de 20 g, folhas de tussilagem, flores de sabugueiro na proporção de 15 g, e raiz de violeta, 10 g. Misturar, cozer unia colher de sopa numa xícara de água e beber quente. Esta especiaria encontra-se muitas vezes presente nas chamadas infusões peitorais, pulmonares e asmáticas. O óleo ainda desenvolve outros efeitos nas glândulas do tubo gastrintestinal, excitando a sua atividade, aumentando o apetite, facilitando a digestão e melhorando a eliminação biliar. Está, portanto, justificado o emprego desta especiaria como infusão para o estômago e a bexiga; resta, porém, confirmar se aumenta a produção do leite na mãe lactante.

Como planta medicinal emprega-se para a tosse, catarro bronquial, asma, inapetência, catarro gastrintestinal, espasmo de órgãos respiratórios e digestivos (cólicas).

Como condimento, empregam-se os pequenos frutos maduros que contêm de 2 a 3 % de óleo essencial.

0 anis em pó misturado com cenouras é muito conveniente para o tratamento de lombriga,

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nas crianças, assim como para combinar com elementos agridoces como couve-lombarda e pepinos. Mediante destilação pode obter-se óleo ou essência de anis a partir das folhas secas.

A família das Borragináceas proporciona-nos como saborosa especiaria vegetal a borrarem (Borrago officinalis).

Antes e durante a floração cortam-se as folhas à tesoura, pois só se empregam frescas como condimento ou como aditamento a uma salada. As folhas secas perdem sabor e são de conservação difícil. As flores, empregadas muitas vezes como elemento decorativo, também se colhem.

A sementeira faz-se na primavera, em filas; a distância entre os sulcos deve ser de 25 cm. O mais prático é fazer várias sementeiras seguidas, porque as folhas jovens são as mais fortes. A borragem multiplica-se rapidamente. O terreno onde se tiver semeado a borragem transforma-se facilmente em matagal. A germinação produz-se passados cinco ou seis dias, com uma capacidade de quase cem por cento.

Composição e Propriedades -- Com respeito a substâncias ativas, podemos dizer muito pouco. Atualmente Kroeber considera muito abundante na borragem o tanino; nas cinzas encontra-se manganês.

Autores mais antigos falam de mucilagem, resina, ácido acético, muitos sais, especialmente salitre e vestígios de um elemento de fragrância (óleo essencial).

Aplicações e Forma de Emprego -- Como planta medicinal a borragem não pode recomendar-se para determinadas enfermidades, porque o seu leite é pouco conhecido.

Como planta de salada e verdura tem sido, porém, muito recomendada. As folhas tenras e novas picam-se e temperam-se apenas com cebola, azeite e um pouco de sal como salada, ou misturam-se como alimento cru com pequena quantidade de salada, ficando assim com um sabor análogo ao do pepino.

Como especiaria é que a borragem adquire o seu maior significado. Pelo seu cheiro e sabor parecidos com os do pepino é um aditamento muito usado nas saladas, sobretudo nas de batatas ou verduras silvestres, alimentos cozidos ou crus, sopas e molhos. Juntamente com o endro não deve faltar em nenhuma salada de pepino e de outros vegetais verdes. Só se deve empregar cuida-

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dosamente combinada com outras especiarias, pois não se anula a eficácia destas. Com as suas folhas finalmente picadas, prepara-se um molho para as variedades de couve.

As flores azuis, de grato sabor, podem também empregar-se vantajosamente como aditamento a pratos frios e saladas de batatas. Como as folhas quando secam adquirem um tom pardo escuro, prepara-se para o inverno um sumo de borragern que deve ser esterilizado. Para o molho de ervas o melhor é empregar borragem, azedas, salsa e tomilho.


Canela

Com o nome de canela conhecem-se no comércio diferentes tipos de cascas que se empregam como condimento e se obtêm de diversos arbustos pertencentes à família das Lauráceas. A espécie melhor e mais utilizada é o Cinnamomum Ceylandicum, procedente do Ceilão, onde é abundantemente cultivado. Também é explorada noutros países, como Java, Sumatra e ria América do Sul. Das cascas dos ramos novos obtêm-se os delicados cilindros, pardo-avermelhados, utilizados no comércio. Caracterizam-se por um sabor fortemente aromático, algo picante e ao mesmo tempo doce.

Composição -- Um óleo essencial que atinge proporções de 0,5 a 4%.

Também contém uma suave resina aromática, um corante que tem ferro e gomas.

Aplicações Médicas -- A canela tem uma ação reguladora do apetite, fortalece o estômago, é estimulante e adstringente. Tem sido um remédio tradicional para a debilidade do estômago e do sistema digestivo em geral, especialmente nos casos de gastrite subácida, caracterizada pela escassa produção de suco gástrico, e na diarréia. Nas farmácias costuma-se preparar a «água de canela», a tintura de canela, o xarope e o óleo de canela. Infelizmente, estes preparados costumam empregar-se apenas para corrigir o sabor de outras receitas médicas, embora tenham certas propriedades muito aproveitáveis por si mesmas. A que se emprega mais freqüentemente é a tintura de canela, tomando-se uma colher de sopa, cheia, três vezes por dia. É muito recomendável na debilidade nervosa do estômago, na flatulência e nas gastrinterites.

Emprego Culinário -- Empregam-se tanto os «paus» inteiros como em pó, que deve ser o mais

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fino possível. Por causa da sua marcada ação adstringente, deve empregar-se o pó de canela com bastante parcimoma. Em pequenas quantidades regula a secreção salivar e a atividade das glândulas. É uma especiaria muito indicada para a preparação de pratos em cuja composição entre o arroz, as farinhas e o leite coalhado, assim como na pastelaria.


Coentro
Entre as Umbelíferas, encontra-se também o coentro (Coriandrum sativum), cultivado e subespontâneo entre as messes e campos de quase todo País.

O coentro semeia-se em filas de 25 cm de separação. O peso de mil sementes é de 9,1 a 9,8 g; a capacidade de germinação é de 77% em média; germinação em duas ou três semanas. Para 100 m2 calculam-se 250 g de semente, sendo a colheita nessa mesma extensão de uns dez a vinte quilos.

Quando os frutos começam a amadurecer cortam-se as plantas ou então debulham-se ou expõem-se ao sol sobre panos até os frutos caírem maduros. O coentro seco é de cor de castanha, cheira aromaticamente e é um pouco doce.

Na medida do possível deve ser conservado em latas bem fechadas, para não perder o aroma.

Composição e Propriedades -- Os elementos ativos até hoje conhecidos são os que se encontram nos frutos: 0,8-1,0% de óleo essencial de cilantro, óleo gordo, ácido málico, um pouco de tanino, açúcar, pectina, vitamina C e fécula.

O modo de atuação só se conhece empiricamente. Supõe-se que o coentro reforça o estômago, resolve os espasmos, faz desaparecer a flatulência, corta a diarréia e é vermífugo. A planta tem sido objeto de pouco estudo científico.

Emprego Como Condimento -- O cheiro a especiaria nos frutos frescos suaviza-se depois de secos e torna-se muito agradável. O seu emprego principal é o de pastelaria e confeitaria de todas as espécies, começando nos biscoitos e bolachas e acabando no pão, assim como em frutas ácidas e especiarias. Açucarados, os frutos constituem uma guloseima. O coentro combina além disso com hortaliças, como a couve, o repolho e os espinafres; também é compatível com os regimes dietéticos.


Cominho

0 cominho (Carum carvi) pertence como o coentro à família

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das Umbelíferas. No primeiro ano de cultivo recomenda-se que o terreno seja fortemente adubado com estrume. Como o cominho só pode ser colhido no segundo ano, o melhor é semeá-lo com outro intermediário que amadureça no princípio do verão (ervilhas, cevada, aveia) para que o cominho tenha tempo de sobra para a formação da sua folhagem. Mil grãos pesam 2,56 gramas.

A quantidade de semente por are em terreno aberto é de 100 gramas. A distância entre fila e plantas deve ser nos dois casos de 30 cm. Não é preciso recobrir a terra depois da colheita do fruto intermediário.

Normas Para a Sementeira e Para a Colheita -- Como os grãos, quando estão maduros, caem com facilidade, deve-se fazer a colheita quando estes começam a adquirir um tom castanho escuro. Cortam-se as plantas ainda cobertas de orvalho às primeiras horas da manhã com a foice ou a gadanha. Também se recomenda que se estendam lonas, quando se carrega, para poder recolher os numerosos frutos desprendidos. O teor de óleo essencial aumenta durante a armazenagem, de modo constante. Sob a designação de «cominho de primeira qualidade» entende-se como mínimo 90% de pureza e como máximo 14% de umidade. Os distribuidores que compram aos produtores devem por no mercado, para usos farmacêuticos e alimentares, apenas cominhos que possuam 98% de pureza e umidade máxima de 14%. O cominho que tenha grande quantidade de impurezas, especialmente ervas más, e que não atinja ou dificilmente consiga uma pureza de 98 %, só deve ser empregado em usos técnicos.

Na recolha do cominho silvestre cortam-se as umbelas com os seus talos, quando os grãos começam a amadurecer, e estendem-se sobre um fundo de papel ou dependura-se o molho para secar. Varejam-se os frutos maduros que não tiverem caído.

Composição e Propriedades -- As substâncias ativas até agora conhecidas são: óleo essencial de comicarveol e uma base aromática narcótica, assim como acetaldeído, álcool metílico, furfurol, e diacetil. Além do óleo essencial, encontra-se óleo gordo, cera, tanino, substâncias albuminóides, etc.

A eficácia do cominho é devida principalmente ao óleo essencial que estimula o estômago, mas atua sobre o intestino como sedativo carminativo.

Emprego Como Remédio -- Como planta medicinal, na de-

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bilidade gástrica, nos espasmos do estômago, na flatulência intestinal e noutras perturbações do intestino, especialmente nas crianças. Para isso recomendam-se as seguintes misturas:

Misturam-se 20 g de cominho em pó e outros 20 g de coentro e toma-se o que couber na ponta de uma faca, depois da refeição (Mayer). Ou então misturam-se, segundo fórmula farmacêutica, 10 g de cominhos com 30 g de camomila, 30 g de folhas de hortelã-pimenta e 30 g de raiz de valeriana; deita-se de cada vez uma colher pequena desta mistura num copo de água fervente e deixa-se repousar durante catorze minutos; bebem-se diariamente de duas a três xícaras.

Para as crianças também pode ser eficaz cozer os cominhos em leite, para as dores abdominais, cólicas intestinais, espasmos intestinais, más digestões ou flatos. Empregam-se então quatro gramas por litro.

Emprego Como Condimento -- O cominho, pela sua característica de favorecer a digestão, é um condimento sumamente apreciado e valioso. Em muitas regiões acrescenta-se à levedura do pão. Também é próprio para toda a espécie de queijos. Muitas variedades de hortaliças, especialmente as couves que provocam flatulência (repolho, couve, chucrute, couve-lombarda), deviam temperar-se sempre com cominhos, pois estes favorecem a sua digestão. Misturados com outras especiarias, dão excelente sabor às saladas, molhos, sopas, pratos dietéticos e verduras cruas. Também é conveniente o seu emprego na pastelaria. É conveniente não cozinhar os cominhos com os outros alimentos, mas acrescentá-los em pó ou triturados depois da cocção, pois do contrário perdem-se muitos dos seus efeitos como condimento.

As folhas frescas e tenras da planta têm o mesmo odor que os frutos. Podem acrescentar-se aos vegetais crus e às saladas.


Endro

O endro (Anethum graveolens) pertence à família das Umbelíferas. As plantas têm muita semelhança com o funcho. É possível o cultivo em toda a espécie de terrenos de horta, dada a falta de exigências desta planta para se desenvolver. A germinação apresenta-se na segunda ou terceira semana, com capacidade germinativa de até 80 %. É melhor semear várias vezes sucessivamente, para dispor sempre de folhas frescas de endro. O endro não suporta a transplantação. Pouco

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antes da floração, arranca-se toda a planta do solo e dependura-se para secar. Os frutos (sementes) colhem-se diretamente das plantas totalmente maduras.

Composição e Propriedades -- As matérias ativas conhecidas até agora são o óleo essencial com taninos (30-60%), apiol de endro e minístico (Schimmel). O endro é carminativo e atua contra as flatulências, hidratante, sedativo, incrementador do leite e emenagogo, fomentando a menstruação. Todos estes efeitos se baseiam na experiência da medicina popular. A investigação científica pouco ou nada tem provado a este respeito.

Usos medicinais -- Na flatulência, na retenção de urina como conseqüência de transtornos cardíacos ou renais, aumento de produção de leite nas mães lactantes, na excitação do apetite, na ajuda da digestão e na insônia.

Receitas para a flatulência: duas colheres pequenas de sementes sobre as quais se deitam duas xícaras de água fervente; deixa-se repousar quinze minutos; bebe-se uma xícara durante o dia e outra à noite.

Em caso de insônia, emprega-se a mesma receita ou se misturam com 20 g de sementes de endro, 20 g de sementes de anis, 30 g de folhas de erva-cidreira e outros 30 g de flores de sabugueiro. Deita-se sobre uma colherada grande desta mistura uma xícara de água fervente; bebem-se ao anoitecer uma ou duas xícaras da infusão.

Para aumentar a produção de leite prepara-se a seguinte receita: 25 g de anis, 25 g de sementes de funcho, 25 g de endro e 25 g de folhas de manjerona. Tomar duas vezes por dia uma xícara da infusão que será feita assim: uma colherada grande da mistura por xícara de água fervente.

Emprego Como Condimento -- A planta nova presta-se muito bem como aditamento à salada de pepino, freqüentemente tão flatulenta, e também para a salada de alface e de batatas. As folhas pequenas recentes dão às saladas com bocadinhos de tomate ou requeijão, sopas e pratos crus, um sabor especial. Também se aproveita verde ou seco para refogados vegetais.

As sementes de endro apreciam-se, em geral, na preparação de pepinos, saladas de legumes e de repolhos ou de couve-lombarda O endro com cominhos e um pouco de alho é uma feliz combinação para condimentar o requeijão, pois o efeito flatulento do alho fica compensado com o endro e os cominhos, de modo que se produzem plenamente os efeitos das excelentes características destes condimentos.


Erva-Cidreira

A melissa ou erva-cidreira (Melissa officinalis) pertence às Labia-

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das e encontra-se cultivada e subespontânea em terrenos montanhosos e nos bosques.

Precisa de um lugar protegido, não muito seco, e de solo nutritivo. A reprodução pode fazer-se mediante a semeadura em canteiros ou por mudas de raiz. São precisos de dois a cinco gramas de sementes para 100 metros quadrados de terreno. A germinação dura quase quatro semanas. Os rebentos novos plantam-se à distância de 30 X 40 centímetros. A plantação deve renovar-se de cinco em cinco anos.

Antes de dar flor e em tempo seco e quente, cortam-se-lhe as folhas. Fazendo-o com freqüência multiplica-se-lhes o crescimento. Uma vez separadas todas as impurezas, secam-se as folhas o mais rapidamente possível num lugar arejado e sombrio. O tempo úmido durante a secagem prejudica o bom aspecto das folhas. A melhor maneira de conservar as folhas, uma vez secas, é guardá-Ias em recipientes hermeticamente fechados.

Composição e Propriedades -- As matérias ativas até agora conhecidas são: 0,15% de óleo essencial, assim como aloés, tanino, resina e mucilagem.

Emprego Medicinal -- O óleo essencial é capaz de atuar como dissolvente de congestões e como analgésico, sendo os seus efeitos muito semelhantes aos do óleo da hortelã-pimenta. A erva-cidreira é muito própria para mulheres e crianças delicadas e débeis.

O óleo e a essência de erva-cidreira, empregados exteriormente, amortecem as dores de dentes, dos ouvidos e da cabeça, assim como as enxaquecas. Para uso interno, 20 g de folhas tomadas em infusão diariamente acalmam os estados nevrálgicos e traumáticos, os estados gastrintestinais semelhantes à cólica e são um calmante para os vômitos nervosos das mulheres grávidas. Especialmente nas mulheres e nas jovens anêmicas, a erva-cidreira quase sempre influi favoravelmente nos períodos débeis e dolorosos. A sua eficácia deve atribuir-se à maior irrigação dos pequenos órgãos da pélvis. O efeito calmante e soporífero desta planta nos nervos e no cérebro e a considerável eficácia como antiespasmódico e como reconstituinte do aparelho gastrintestinal, do coração e da matriz, dão à erva-cidreira um lugar importante como planta medicinal.

Uso Como Condimento -- Em todos os cozidos que levem limão, podem também empregar-se folhas frescas de erva-cidreira, es-

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pecialmente em saladas, sopas, molhos, regime dietético, legumes crus, sopas de fruta, sobremesas de leite e sucos de frutas. A erva-cidreira não deve ser cozida com o alimento, pois perde o sabor.


Eucalipto
A família das Mirtáceas conta com numerosas espécies de Eucaliptos, gênero originário da Austrália e amplamente cultivado na Ásia e na América. Numerosas plantações destas árvores têm sido efetuadas com o objetivo de sanear os terrenos pantanosos, na luta contra o paludismo e no reflorestamento. O eucalipto é uma árvore que cresce rapidamente e pode atingir grande altura, chegando em casos de corpulência gigantesca a 155 metros.

Composição e Propriedades -- Da casca de eucalipto obtém-se, mediante incisões, uma resina que se torna muito espessa depois de algumas horas, endurecendo pela ação do sol. Este produto chama-se quina. A quina é uma espécie de goma que se obtém igualmente do Eucaliptus corymbosa, Euc. cetriodora, Euc. resinifera e do Pterocarpus marsupium, e que contém como produto ativo o ácido quinotânico, de cor parda, numa proporção de 75-80%. Este ácido, mediante, cocção com ácidos minerais diluídos, cinde-se em vermelho de quina e glicose. A quina entra também na composição de substâncias para curtir e para colorir, tendo ainda hoje muito valor.

As folhas de eucalipto (Folia eucalypti) têm um cheiro aromático muito agradável e são um pouco acres ao paladar. Contêm em média 1,5% de óleo essencial, além de tanino, substâncias amargas, resinas e 6 % de cinzas. Empregam-se estas folhas como infusão, em doses de 1 a 3 gramas com efeitos antissépticos e febrífugos nos catarros bronquiais e vesiculares, assim como combinadas com fricções no reumatismo.

O óleo de eucalipto obtém-se mediante destilação das folhas de diversas espécies de eucalipto. Forma um líquido transparente ou de cor levemente amarelada, de cheiro penetrante, mas de sabor refrescante. O óleo de eucalipto contém cineol ou eucaliptol até 70%, além de pineno, canfeno, sexquiterpenos e aldeído valérico.

Indicações Médicas -- O óleo de eucalipto, especialmente quando é empregado em forma de inalações, atua sobre as mucosas e a pele produzindo uma inflamação de caráter local, que decorre com intensa produção de mucosidade, no que se radica precisamen-

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te o seu efeito curativo. Emprega-se preferentemente no tratamento de bronquites agudas malignas e crônicas nas bronquites pútridas e na gangrena pulmonar, para inalações ou como prescrição para o interior. O seu caráter antisséptico e antipirético também o tornam muito útil no paludismo e no cólera, assim como também é de grande efeito terapêutico em fricções no caso de reumatismo. Tem dado nomeadamente bons resultados como vermífugo, administrado em doses diárias de 5-20 gotas.

O grande poder antisséptico e desodorante do óleo de eucalipto torna-o especialmente valioso nas lavagens da boca e no cuidado ordinário da dentadura.

Dosagem e Contra-Indicações -- A dosagem tem de se manter estritamente nas normas indicadas em cada caso, porque excedendo os três gramas podem aparecer sintomas de intoxicação e se a quantidade administrada exceder grandemente as doses toleradas podem chegar a produzir-se convulsões tônicocrônicas.

A dose prescrita para tomar oscila de 10 a 15 gotas, duas vezes por dia, com açúcar.

O eucaliptol ou cineol pode obter-se por destilação fracionada como um dos componentes mais importantes do óleo de eucalipto, e aparece como uni líquido incolor de aroma canforado e de sabor refrescante «sui generis». Costuma empregar-se nas receitas médicas como óleo de eucalipto em doses de 0,1-1,0 grama.


Funcho
A família das Umbelíferas pertence o funcho (Foeniculum officinale), que no estado silvestre se encontra nas sebes, margens dos campos, entulhos e entre as rochas.

Corta-se a planta a 5 cm do solo, desenterram-se os renovos e dispõem-se atados numa cova que se recobre cuidadosamente com Palha ou terra. No segundo ano transplantam-se as plantas mais desenvolvidas para o campo propriamente dito, onde as flores e os frutos amadurecem. Plantam-se de dois em dois à distância de 50 a 70 centímetros. O tempo da germinação é de três semanas. As umbelas centrais, que são as primeiras, formam os melhores frutos. O teor de óleo essencial aumenta durante a conservação por todo o inverno.

Composição e Propriedades -- O óleo contido nos frutos na proporção de 4,5 % deve ser con-

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siderado o principal elemento ativo. Encontram-se, também, no funcho, de 9 a 12%, óleo gorduroso, proteína, fécula e açúcar. O óleo de funcho consiste sobretudo em 50 a 60% de anetol, um derivado de fenilpropano, além de diferentes compostos terpênicos, dpineno, dipenteno, canfeno, d-limonemo, etc. O pineno, numa proporção aproximada de 20 %, produz sabor amargo e conforado.

O efeito é principalmente determinado pelo óleo essencial, sobretudo pelo anetol que constitui um bom meio de expectoração. Acelera a atividade dos epitélios vibráteis das vias respiratórias. Além disso, o óleo possui a capacidade de eliminar as flatulências e fomentar a digestão. O efeito do emprego popular de cozimentos de funcho nas inflamações das pálpebras não está cientificamente comprovado.

Emprego Como Remédio -- O funcho é proveitoso no catarro bronquial, asma, tosse renitente, flatulência intestinal, astenia gastrintestinal e prisão de ventre crônica.

No emprego como infusão expectorante, misturam-se para maior eficácia 26 g de funcho, 25 g de líquen e 25 g de malvaísco; deita-se sobre uma colherada desta mistura uma xícara de água fervente; deixa-se repousar durante quinze minutos e bebem-se, durante o dia, várias xícaras quentes.

Para emprego como infusão contra as flatulências, misturam-se 25 g de funcho, 25 de anis, 25 de coentro e 25 de cominho; prepara-se uma infusão com uma colherada desta mistura, e tomam-se uma ou duas xícaras por dia.

Só com os frutos, prepara-se uma bebida com água ou leite, que as mães gostam de dar aos pequenos para combater os flatos e resfriados.

Emprego Como Condimento -- Os rebentos recentes empregam-se muito na Europa Meridional como verdura. Trata-se, quase sempre, não do funcho de especiaria (Foeniculum vulgare ou officinale), mas sim do chamado funcho comestível ou doce (Foeniculum dulce).

Como condimento, os frutos têm os requisitos necessários. Empregam-se inteiros, porque partidos ou moídos perdem o aroma. Os frutos ou o óleo que deles se obtém empregam-se como condimento popular, principalmente em confeitaria, sopas, flans, pudins. Também se empregam os frutos e os gomos meio maduros com agrado para juntar aos pepinos e ao chucrute, quase sempre em combinação com o endro e estragão. As folhas tenras e os gomos recentes constituem um acréscimo para saladas, pepinos e molhos de ervas. As folhas, sós, são uma boa guarnição para pratos frios.

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Loureiro -- Do autêntico loureiro (Laurus nobilis) cujos ramos e folhas empregam-se
desde a mais remota antiguidade como símbolo de honra.

O loureiro forma arbustos ou árvores que podem chegar a atingir 10 metros de altura.

Composição e Propriedades -- As folhas aromáticas contém na maior parte dos casos 1 % de óleos essenciais, substâncias aromáticas e 5 %, no máximo, de cinzas. Costumam empregar-se secas como condimento. Uma xícara de infusão feita na base de 5 g de folhas secas em 1/2 litro de água emprega-se como remédio nas dores de estômago e nos vômitos.

Os frutos contêm até 40 % de substâncias gordas com 1 % de cinzas. Também se empregam os frutos freqüentemente na cozinha como condimento. Na medicina emprega-se como regulador do apetite, devido às substâncias amargas que contém.

O pó de frutos de loureiro emprega-se como especiaria estomacal e diurética em uso interno, e no exterior como ungüento nas hemorróidas.

Forma de Emprego e Aplicações -- Mediante pressão e cocção obtém-se a partir dos frutos um ungüento ou óleo de loureiro que forma uma mistura de gorduras e de óleos essenciais, com aspecto de sebo verde. A cor verde provém da clorofila (que, como se sabe, é a substância fundamental das folhas verdes), que permanece no óleo. A composição do óleo é constituída por 2,5% de óleo essencial, clorofila, substâncias amargas e glicéridos dos ácidos láurico, palmítico e oléico (as gorduras são ésteres da glicerina com ácidos gordos).

O óleo essecial. é composto, por sua vez, por 50% de lineol ou eucaliptol, que é uma substância líquida, rica de oxigênio, incolor e com um cheiro parecido com o da cânfora e que tem a propriedade de ser facilmente solúvel em éter, clorofórmio, álcool, essência de terebintina e óleos gordos, sendo, além disso, antisséptica, expectorante e anti-helmíntica. As restantes substâncias contidas no óleo essencial também são muito ricas em oxigênio, como o é o metil-eugenol (fenol), o geraniol e o lineol. (alcoóis). Finalmente, contém o óleo à volta de 12 % de terpenos e sesquiterpenos que derivam do cimol, dando hidrocarboretos da série do cicloexano.

Outros Usos e Contra-Indicações -- 0 óleo de loureiro utiliza-se na medicina como massa-

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gem cutânea nas doenças reumáticas da pele e como meio protetor contra os insetos.

Pelo seu teor de óleos essenciais, o óleo de loureiro pode dar lugar a reações alérgicas. Também é, como acontece com o óleo de bergamota, um sensibilizador aos raios ultravioletas. Por uma forte irradiação solar pode originar-se a doença de Berloque, que consiste numa inflamação cutânea com uma estratificada coloração parda da pele, especialmente no pescoço, peito e braços.


Manjericão Grande

0 manjericão grande (Ocimum basílicum) pertence à família das Labiadas, sendo-lhe atribuídos como países de origem o Egito, as ilhas gregas, a Pérsia e a índia. Pode cultivar-se em vasos de barro para ter sempre uma folha à mão. As quantidades maiores cultivamse em pequenos talhões nas hortas. E preferível semeá-las em canteiros. A germinação produz-se decorridos dez a catorze dias. A capacidade germinativa é de 60 a 80 %. Esta planta é muito sensível às geadas. O cultivo só prospera em canteiros protegidos. Durante a floração, corta-se duas vezes a planta. Sacodem-se as folhas, selecionam-se e secam-se num local ventilado e sombrio, virando-as com freqüência.

As folhas secas devem conservar-se em recipientes bem fechados para não perderem as matérias aromáticas.

Composição e Propriedades -- Os componentes ativos até agora conhecidos são óleos essenciais (cerca de 1,5%) e tanino. O óleo essencial é a matéria mais valiosa desta planta e, como quase todos os óleos essenciais, excita a atividade da mucosa das vias respiratórias e gastrintestinais, dos rins e dos nervos, embora não possua nenhum valor curativo especial.

Aplicações e Forma de Emprego -- Influi beneficamente, combinada com outras plantas de efeito semelhante, na prisão de ventre crônica. Na realidade o emprego curativo desta planta é infinitamente menor do que a sua aplicação como condimento.

A planta, de forte aroma, emprega-se pelo seu teor em óleo essencial, como condimento em sopas, molhos, favas, pepinos. Bastam poucas folhas para dar às saladas de plantas silvestres, molho de salada e sopas um agradável aroma. Também não deve faltar o manjericão grande na manteiga vegetal. Pode empregar-se tanto seca como fresca.

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Manjerona
A manjerona (Origanum orana) pertence à família das Labiadas; é de origem africana.

A manjerona necessita de um solo leve, mas nutritivo. E excelente o solo pantanoso ou semi-pantanoso No cultivo da horta, semeiam-se as sementes (que é melhor misturar com areia) em canteiros. Depois das geadas faz-se a transplantação para terreno livre, distanciando a planta 20 a 40 centímetros. Com bom tempo são possíveis duas colheitas em média. Nas zonas que oferecem perigo de geadas pode proceder-se à sementeira direta em sulcos, na primavera.

A capacidade germinativa é de 70 a 90%. A germinação produz-se na terceira semana. A quantidade de sementeira é de 100 g por are. A distância entre as filas deve ser de 25 centímetros.

No cultivo em campo aberto, sega-se com a foice toda a planta, antes de dar flor, a uns 5 centímetros do solo, e deixa-se secar em pequenos ramos no mesmo campo, fazendo-se a transladação alguns dias depois, para se estender numa camada ligeira ou dependurar-se em feixes até secar completamente.

As plantas cortadas não devem ficar expostas à chuva, porque perdem a cor e assim dificilmente se vendem. A colheita, por 100 m2, é de 24-32 quilos de planta seca. O terreno só pode voltar a semear-se de manjerona anos depois.

A manjerona é própria também para o cultivo em vasilhame ou caixotes, tanto mais que para uma família média bastam algumas plantas.

Cumpre observar o tempo da colheita, que é imediatamente antes de dar flor, porque a planta possui então maior' força como condimento. Os talos maiores e mais grossos separam-se, quer antes quer depois de secos. Se a separação tiver sido bem feita, a manjerona não deve apresentar manchas pardacentas. A conservação das folhas secas consegue-se nas melhores condições mediante recipientes fechados hermeticamente, para não se perder o aroma.

Composição e Propriedades -- As matérias ativas conhecidas até agora são: 3,5% de óleo essencial na planta seca, 4,5% de tanino, aloés e pentosanas. O óleo essencial contém 60% de óleo de terpineol e 40% de outros terpenos.

De acordo com os nossos conhecimentos e experiências atuais e por causa do seu teor de óleo essencial e de aloés, a manjerona contém:

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1. Elementos dissolventes de mucosidades (expectorantes).

2. Elementos facilitadores da expulsão de água (diuréticos).

3. Elementos que facilitam a expulsão de suor (diaforéticos).

4. Elementos reconstituintes do estômago (estomacais).

5. Elementos analgésicos para aplicação externa em neuralgias.

6. Elementos sedativos sobre o estômago e intestino (carminativos).

7. Elementos que aumentam a produção de leite nas mães lactantes.

Aplicações -- Como planta medicinal, a manjerona é um meio suplementar na debilidade digestiva, nas flatulências, cólicas gástricas e intestinais, nas regras defeituosas, nos transtornos na expulsão da urina e nos resfriados. Nas corizas crônicas e para o tratamento de feridas pode utilizar-se um ungüento de manjerona, tal como é preparado nas farmácias. É popular o emprego do óleo de manjerona nas varizes, na gota, no reumatismo e nas doenças glandulares.

Como especiaria, a manjerona possui forte cheiro aromático e pronunciado sabor de especiaria. Consome-se gostosamente como condimento nos purês de legumes, lentilhas e feijão, juntamente com tomilho e basílico, assim como para a confecção de molhos. Também não é rara a sua utilização em saladas e legumes, verduras cruas e regimes dietéticos. Deve, porém, ser empregada em pequenas doses, para não se notar excessivamente o seu sabor.


Mostarda Negra
A mostardeira negra (Brassica nigra) é da família das Crucíferas.

Em pequenas quantidades, cortam-se e atam-se em feixes os talos, depois de as bainhas adquirirem um tom amarelado; estendem-se em seguida num pano. Os grãos de cor pardacenta-amarelada caídos conservam-se secos em recipientes de vidro, devendo com freqüência ser observados e agitados. A mostarda negra costuma cultivar-se também em terrenos pobres e climas duros; mas é melhor o solo arenoso que tenha húmus. A umidade do terreno encharcado é prejudicial. O esterco de animal fresco afeta a formação do fruto, favorecendo o desenvolvimento da folhagem. A sementeira efetua-se logo que não haja a recear as geadas. Semeiam-se em filas de 15 cm de distância, uns 100 ou 120 g em 100 m2. A germinação produz-se uns dez dias depois. A colheita por 100 m2 é de 7 a 14 quilos.


Nas grandes superfícies de cul-

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tivo, ceifa-se e enfeixa-se a mostarda madura, colocando em grandes panos sobre escadas. Para evitar que caiam muitas sementes, começa-se a sega às primeiras horas da manhã, enquanto as plantas ainda estão cobertas de orvalho. Colocando lonas, é possível evitar a perda de sementes.

Composição -- As sementes contêm óleo essencial, constituído por 90% de óleo de alho e de mostarda e de outras quantidades reduzidas de combinações sulfúricas ricas orgânicas, além de uns 26 a 28% de óleo gordo com ácido erúcico, oléico, linólico, linoléico, palmítico e lignocérico, o glicósido sinigrina, enzimas, o alcalóide sinapina, pentosanas e ácidos orgânicos.

Aplicações Médicas -- Conhece-se a sua eficácia em diversas doenças dos órgãos digestivos, normalizando os estados catarrais e equilibrando o funcionamento insuficiente. A sua eficácia deve-se principalmente ao aumento da circulação sanguínea nas mucosas gastrintestinais e nos órgãos glandulares. Além disso, é próprio das sementes de mostarda um efeito favorável no metabolismo.

Uma cura de sementes de mostarda é recomendável em todos transtornos funcionais de órgãos digestivos, isto é, para eructações, acidez, gastrite, úlcera do estômago e duodeno, dores e cólicas hepáticas, congestões e esclerose do fígado, inflamações crônicas dos condutos biliares, cálculos biliares, flatulências, catarros intestinais, prisão de ventre, oclusão e lombrigas. E também para todas as doenças causadas por auto-intoxicação intestinal que produz enjôo, dor de cabeça, subida do sangue à cabeça, cansaço, doenças cardíacas, etc. Para isso toma-se, uma hora antes das refeições, uma colher pequena de grãos de mostarda brancos, inteiros, com um pouco de água fria. Vai-se aumentando a quantidade nos dias seguintes até se produzir uma ligeira diarréia, eventualmente até três colheres pequenas três vezes por dia. Esta dose pode conservar-se durante várias semanas.

Emprego Como Revulsivo -- Emprega-se também exteriormente a mostarda para banhos parciais, pedilúvios ou sinapismos. Para isso, envolve-se todo o corpo numa toalha umedecida em água quente, à qual se juntaram duas ou três colheres grandes de mostarda em pó. Na forma de sinapismo, remexem-se sementes de mostarda pulverizada (farinha de mostarda) em água e aplica-se na parte do organismo que se vai tratar.

Um bom linimento para reumatismo muscular e nervoso é a mistura seguinte:

Óleo de mostarda ........11,00 g
Cânfora ...........................2,25 g
Óleo de rícino .................5,00 g
Extrato de trovisco..........0,75 g
Álcool.............................31,00 g

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O glicósido do óleo de mostarda no uso externo exerce um grande efeito revulsivo na pele, que se faz notar, passado pouco tempo, por queimadura e vermelhidão. A mostarda em pó e o óleo de mostarda são, portanto, meios importantes para sistemas de cura revulsivos, que se aplicam no reumatismo articular e nervoso, assim como nas inflamações da pleura. Também nas bronquites agudas, inflamações febris e pneumonias, o sinapismo de farinha de mostarda produz rapidamente alívio nos órgãos congestionados e estimula a respiração e a circulação.


Pimentões
O pimentão (Capsicum annuum) é nativo da América.

Os frutos apresentam grandes diferenças entre si no que diz respeito à forma, tamanho, cor e especialmente pelo teor e classe do seu princípio ativo, a picante capsaicina.

Com o nome de pimentão comum ou pimentão-doce conhece-se uma variedade de sabor suave, frutos de grande tamanho, verdes e muito saborosos, que se empregam como refrescante. Quando esta variedade chega à maturidade o seu gosto torna-se picante.

Outra variedade doce, de cor vermelho-escura, forma um prato exótico podendo também comer-se crua.

A variedade de frutos pequenos, vermelhos, malaguetas, é de um sabor tão picante como a pimenta, e só pode ser empregada como medicamento.

Composição e Propriedades -- Das bagas vermelhas e pequenas, isolou-se até agora uma série de princípios ativos, especialmente a capsaicina, grande quantidade de vitaminas C e P e, além disso, a e b caroteno (provitaminas A). As sementes não contêm capsaicina.

As cinzas atingem como máximo 8%.


A capsaicina, a substância picante, não só irrita as terminações nervosas das mucosas como também pode provocar, pela sua aplicação repetida, intensa e duradoura anestesia perante numerosas substâncias químicas irritantes. O farmacólogo húngaro, Prof. Jancso, tirou por isso a conclusão de que podem existir na pele e na mucosa do homem e dos animais duas classes distintas de terminações nervosas sensíveis à dor: umas que reagiriam especialmente aos excitantes químicos, e as outras aos físicos. Estas observações originaram o emprego por parte dos homeopatas do

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Capsicum annuum nos ardores das úlceras gástricas e duodenais como remédio.

O Capsicum annuum tem aqui o mesmo papel que a pimenta (Piper nigrum), que se emprega na cura de emagrecimento e também em homeopatia nas dores causadas por úlcera.

O pimentão atua desinfetando as mucosas bucal e do estômago; no intestino destrói os germes patógenos sem prejudicar as colibactérias normais, que muito se podem favorecer na sua função e desenvolvimento.

Emprego Medicinal e Alimentício -- Em medicina usam-se os frutos maduros e secos, pulverizados em quantidades de 0,05-0,5 g, como estomacais e carminativos. Também se emprega em pó (especialmente na forma de emplastro) como revulsivo (que atua sem hiperemia), no reumatismo e nas pleurisias.

Um bom remédio contra as doenças reumáticas consiste em misturar 65 ml de tintura de pimentão, 20 ml de extrato de mostarda, 5 ml de álcool canforado, 5 ml de espírito de sal de amoníaco e 5 ml de álcool de alecrim.

Como gargarejo usa-se 1/2 colher das de café de tintura de pimentões a 10 % num copo de água, para as anginas.

A homeopatia prepara uma tintura a partir dos frutos maduros secos, que emprega na diátese úrica, reumatismo, nevralgias e hemorróidas. Às vezes, utiliza-se esta tintura como remédio nas inflamações dos ouvidos (otite média) e nas faringites.

O suco espremido do pimentão fresco pode usar-se na dose de 10-15 ml para excitar e esvaziar a vesícula biliar.

O pimentão picante serve em muitos cozidos como substituto da pimenta. Os pimentões doces são um alimento dietético para os doentes do estômago e do intestino, com alterações na formação de sucos e ácidos.


Salsa

A salsa (Petroselinum sativum) conta-se entre as Umbelíferas.

Cumpre distinguir entre a salsa frisada e a de condimento. Da primeira, fazem-se várias sementeiras seguidas. Semeia-se à profundidade oportuna em carreiras, à distância entre si de 20 centímetros. O corte freqüente do talo das folhas, rente com o solo, aumenta a densidade da folhagem na planta. Consegue-se em grande quantidade quando se transplantam as raízes para sulcos especiais à distância de 30 centímetros.

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Composição e Propriedades -- As sementes de salsa, de emprego sobretudo medicinal, contêm um óleo com terpenos e apiol e 20 % de óleo. As folhas e as raízes são também ricas em óleo essencial. O teor da salsa em apiol, além de um pequeno estímulo no processo digestivo e nas regras, produz considerável aumento na atividade dos rins, devido à dilatação dos vasos renais. Provavelmente, porém, também são excitadas as células renais, de modo direto.

Emprego Medicinal -- O consumo de salsa é, portanto, de utilidade sobretudo no inchaço hidropésico nas pernas, nas cavidades abdominais e torácicas e no pericárdio, como conseqüência de debilidade cardíaca e de alterações metabólicas, assim como por deficiência da função renal, quando não se apresenta processo inflamatório agudo. As sementes de salsa (tanto como as suas folhas e raízes) preparam-se como infusão de uma colher pequena para uma xícara de água, bebendo-se três xícaras por dia. Se não se produzir nenhum efeito diurético, é inútil aumentar a dose, pois poderia dar lugar a uma irritação dos rins.

0 suco de folhas de salsa é um meio excelente e totalmente inofensivo contra as picadas de insetos. Pode empregar-se até em criancinhas. Basta apanhar um punhado de folhas frescas de salsa e esfregar com elas as partes do corpo a descoberto. Mas não só protege das picadas, como também as cura, porque se lhe atribui um efeito antisséptico e de reação circulatória ao apiol que contém. Quando se ativa a circulação sanguínea, anula-se rapidamente a toxicidade do veneno do inseto.

Sete gramas de salsa ou 150 gramas de alface crua bastam para satisfazer as necessidades orgânicas diárias de vitamina C.

Como condimento, toda a dona de casa conhece perfeitamente a série de múltiplos empregos da salsa, na cozinha e na mesa.


Salva

A salva (Salvia officinalis) é um representante da família das Labiadas. O cultivo é possível em qualquer terreno, porque a planta não é muito exigente. A reprodução efetua-se mediante mudas de plantas antigas ou por sementes. sementeira tem de ser feita em campos livres ou em canteiros. Com 20 g de sementes conseguem-se plantas para uma superfície de 100 m2. O peso de mil grãos de semente vem a ser de 5,8 a 8,9 gramas. Os cortes

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repetidos e abundantes favorecem o crescimento da folhagem. A partir do segundo ano conseguem-se normalmente colheitas abundantes. Num are podem colher-se de 20 a 25 quilos de produtos. Passados quatro ou cinco anos, deve-se mudar de. terreno. As plantas isoladas podem cultivar-se facilmente em vasos ou em caixotes.

Depois da floração, desenvolvem-se a partir da parte inferior rebentos de folhas muito fortes, que se cortam em tempo seco. Arrancam-se as folhas e estendem-se numa camada fina no chão de um sótão ventilado e sombrio, virando-as de tempos a tempos até secarem. Conservam-se em recipientes fortemente fechados. As folhas secas devem ficar com uma cor verde acinzentada e cheirar a especiaria.

Aplicações Medicinais -- A infusão de salva tem efeitos bactericidas e utiliza-se como calmante e remédio nas cáries e doenças das gengivas, especialmente inflamatórias. Para isso é muito boa em combinações com a camomila, que é sumamente eficaz contra as inflamações.

A sua aplicação interna mais importante é como antisudorífero.

Portanto, quando há suor excessivo como sintoma secundário na tuberculose, ou depois de enfermidades infecciosas, funcionamento excessivo da tireóide
(tireotoxicose) ou estados nervosos -- a salva está no seu lugar; também na maior parte dos casos é preferível à atropina, que é o remédio mais utilizado. Como antisudorífero pode preparar-se a infusão numa xícara de água fervente, de uma colher de sopa da mistura de 80 g de salva com 10 g de cavalinha e 10 g de raiz de valeriaria.

Emprego Como Condimento -- As folhas de salva são um bom condimento para empadões e são muito apreciadas como condimento para guisados, molhos, legumes secos, sopas, saladas, regime dietético e hortaliças cruas. A salva seca tem sabor mais forte do que a fresca. Também se emprega em pó.


Segurelha
A segurelha comum (Saturela hortensis), da família das Labiadas, é cultivada e apresenta-se como subespontânea em diversos pontos da Terra.

A planta corta-se durante a floração, dependura-se em ramos e põe-se a secar num lugar ventilado. A força de especiaria é maior quando só se cortam e secam as

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folhas arrancadas dos talos. Os ramos da segurelha conservam-se num lugar seco ou cortados dentro de latas bem fechadas.

Esta planta não tem grandes exigências com respeito à espécie do solo. Semeia-se em filas a 20 cm de distância; germina em catorze dias, sendo a capacidade de germinação aproximadamente de 70 %. A colheita faz-se durante o período da floração.

Composição e Propriedades -- As matérias ativas conhecidas até hoje são: tanino (4,17-7,9 %), cimol, terpenos e fenol.

O teor relativamente alto de tanino produz um efeito adstringente, que se citava nos textos de herborologia medievais e foi confirmado pela moderna investigação de plantas medicinais. Por isso, conta-se hoje com a segurelha como remédio entre as drogas de efeitos adstringentes.

Emprego Medicinal -- A segurelha aplica-se nas diarréias ligeiras e nos catarros gastrintestinais. Também influi beneficamente nas cólicas intestinais. Em tais casos prepara-se uma infusão de segurelha fresca, ou melhor, seca, deitando uma colherada grande do vegetal seco numa xícara de água fervente, deixando-a repousar tapada durante quinze minutos; filtra-se seguidamente e bebe-se quente várias vezes por dia.

Emprego Como Condimento -- Em todas as partes onde se aconselha pela antiga cozinha o uso de pimenta pode empregar-se segurelha, que nalgumas regiões se chama pimenta silvestre. Acrescenta-se muitas vezes aos legumes verdes frescos (feijão verde), legumes secos, pepino, assados vegetarianos, hortaliças e molhos. Nos legumes secos e variedades de couves produz efeitos antiflatulentos. Nas saladas de batata ou de pepino e nas sopas de legumes secos ou de batatas acrescenta-se segurelha fresca muito picada. Seca e pulverizada pode empregar-se para o purê de tomate, nas saladas de ervas, maionese, guisados de cogumelo e nas saladas verdes. Também não devem faltar algumas folhas nas saladas de plantas silvestres e alimentos crus.


Tomilho
0 tomilho (Thymus vulgaris) é comum sobretudo nas zonas mais ou menos áridas.

Pouco antes de florir, coram-se-lhes as folhas em dias quentes e cheios de sol, a partir do meio-dia, e rente ao chão. Para o consumo culinário basta colher geral-

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mente algumas folhas soltas. Num sótão arejado secam-se rapidamente as folhas arrancadas dos talos, virando-as com freqüência. O tomilho seco adquire forte cor verde e tem um cheiro marcado de especiaria.

A conservação efetua-se em caixas, latas ou recipientes de vidro hermeticamente fechados.

Composição -- Os elementos ativos até agora conhecidos são o óleo essencial até 1,7 %, que contém sobretudo uns 50% de timol, um pouco de aloés, tanino, resina, saponina e pentosanas.

Aplicações Como Planta Medicinal -- O timol, dificilmente solúvel na água, possui grande eficácia como desinfetante; por isso, desenvolve o tomilho os seus efeitos nos processos orgânicos do aparelho gastrintestinal, pulmões e vias urinarias.

Mais pormenorizadamente é de recomendar a sua aplicação nas enfermidades febris agudas das vias respiratórias (bronquite), pulmões (pneumonia, bronquiectasias, tosse renitente), atuando ao mesmo tempo como redutor de secreções e dissolvente de congestões, nos processos infecciosos de rins e pélvis renal (pielonefrite, pielite, cistite) e no catarro gastrintestinal infeccioso, assim como em infestações por lombrigas (incluindo os ancilóstomos). Para a tosse renitente prepara-se uma infusão de uma colher grande de folhas numa xícara de água. Adoçada com mel e tomando-se à razão de uma colher grande cada quarto de hora produz rapidamente um grande alívio.

Exteriormente se emprega em água para enxaguar a boca e em pasta dentifrícia.

Emprego Como Condimento -- O tomilho de cultivo emprega-se, tanto fresco como seco, para guisados, vegetais crus, saladas e molhos. Devido, porém, ao seu forte sabor a especiaria só é utilizada em pequenas quantidades, por exemplo no guisado de favas, em sopas de ervilhas e de batatas, manteiga vegetal, de preferência com muita salsa.


Preparação e Conservação de Condimentos

Normas Gerais -- A maioria das ervas e verduras silvestres utilizadas como condimentos conservam-se em seco. Já demos normas completas para a sua colheita e conservação, quando tratamos de cada uma delas. A maioria das ervas podem secar-se muito bem, conservando a sua força como condimentos, que às vezes até aumenta depois da secagem. As plantas que vão agora ser mencionadas não servem para serem conservadas a seco ou então suportam-no muito mal e só perdendo muito da sua força como

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condimentos, pelo que têm de ser consumidas, frescas, na medida do possível: alho de urso, borragem, agrião, alho-porro e alho.

Todas estas ervas se conservam em lugares sombrios e ventilados (quase sempre sótãos), bem pendurados aos molhos ou em simples camadas estendidas no chão, e postas a secar em cima de folhas de papel. Os raios solares, durante o processo da secagem, descoloram as plantas e diminuem o aroma. Depois de uma secagem perfeita, trituram-se, pulverizam-se ou maceram-se as ervas que depois se conservam em recipientes metálicos ou de porcelana hermeticamente fechados, formando determinadas misturas. Os molhos de ervas de grande tamanho podem envolver-se num saco limpo e dependurar-se num lugar seco e arejado.

Salgadura -- Mediante a salgadura podemos conservar ervas frescas. As folhas ou raízes frescas picam-se, cortando-as o mais possível, não sobre uma tábua mas numa superfície de porcelana ou numa lousa. As ervas picadas misturam-se depois com sal (para 1 quilo de ervas, 150 g de sal), apertam-se fortemente em frascos de vidro ou de barro e recobrem-se com uma camada de sal. Fecham-se os recipientes com celofane ou papel-manteiga e colocam-se em lugares frescos e secos. Assim é possível ter ervas frescas, salgadas, como condimentos para saladas. Não é preciso deitar sal nos alimentos quando se cozinham, para não lhes prejudicar o sabor.

É de recomendar não pôr de conserva todas as folhas e raízes num recipiente, mas só as mais importantes, ou separadamente ou com determinadas misturas; por exemplo, um recipiente com folhas para saladas, como borragem, erva-doce, endro, estragão, agrião, manjericão e erva-cidreira, e outro com ervas para sopa, como salsa, manjerona, tomilho, folhas de aipo, segurelha, e um terceiro com raízes, como cenouras, aipo, raízes de salsa, etc. Há, ainda, muitas outras combinações que a dona de casa pode experimentar, conforme o seu gosto, até chegar a dominar a arte puramente pessoal dos condimentos.

Esterilização -- Mediante o processo de esterilização podem conservar-se verduras silvestres e sucos de ervas. As primeiras esterilizam-se exatamente como os espinafres e outras verduras. As ervas passam-se por um espremedor de sucos ou, no caso de se não dispor deste, passam-se várias vezes pela máquina de carne, filtrando o suco através de um pano. É claro que é melhor e mais rápido com uma centrifugadora elétrica. Uma vez clarificado o suco pela filtração, enchem-se cuidadosamente garrafas e frascos que se fecham pela forma mais corrente, e esterilizam-se como os sucos de fruta (num mínimo de vinte minutos a 800). Como nestes casos se trata de um suco extremamente concentrado, só deve

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empregar-se como condimento lavadas, escorridas e molhadas durante o inverno com um conta gotas.

Conserva em Azeite -- E possível conseguir a conserva de ervas também em azeite. Para isso são bons todos os condimentos de folha e raiz, separadamente, em determinadas misturas. As ervas, depois de bem lavadas e escorridas, picam-se e colocam-se soltas em garrafas pequenas ou frascos. Deita-se-lhes depois azeite puro até que as ervas fiquem ensopadas e recobertas. As garrafas fecham-se com rolhas de cortiça, celofane e cápsulas de borracha.

Escarcha (conserva em açúcar) -- As flores da perfumada violeta, tal como as da borragem, podem escarchar-se. As flores são numa solução de açúcar quente; põem-se a secar depois num papel poroso ou num prato de louça.

Envasadura -- Podemos ter sempre em casa um reduzido número de plantas para condimentos se as plantarmos em vasos (envasadura) e as deixarmos desenvolver-se num local iluminado e quente, junto da janela.

Conserva em mel -- A conserva de frutas frescas em mel ou xarope de açúcar concentrado é um dos métodos de conserva mais antigos, e mais saborosos. Deve fazer-se maior uso deste método simples e biologicamente perfeito para a conservação de bagas e de frutos de caroço.

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Fim do Capítulo 4 de A Cura e a Saúde Pelos Alimentos


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