FAQ ANARQUISTA

BANDEIRAS E SÍMBOLOS ANARQUISTAS

Afinal, qual é a bandeira adotada pelos anarquistas? A bandera negra ou a bandeira vermelha e negra? Como surgiram estes símbolos? e o famoso A circulado? Quem inventou? Porque e onde surgiu? 

 

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1 Qual é a história da Bandeira Negra?  Existem muitas histórias que falam a respeito do uso de bandeiras negras pelos anarquistas. Provávelmente as mais famosas, foram dos companheiros de Nestor Makhno durante a Revolução Russa. Sob a bandeira negra, seu exército derrotou doze exércitos e tornou livre uma grande área da Ukrania do poder central por um bom número de anos (veja História do Movimento Makhnovista por Peter Arshimov para maiores detalhes deste importante movimento). A bandeira negra inspirou  "Liberdade da Morte" e "The Land to the Peasant, The Factories to the Workers." [Peter Marshall, Fazendo o Impossível, p. 475] Em 1910, Emiliano Zapata, o revolucionário mexicano, usou a bandeira negra com algumas figuras e o slogan "Tierra y Libertad".  Em 1925, um anarquista japonês formou a Jovem Liga Negra e, em 1945, quando reformava a federação anarquista, seu jornal foi denominado Kurohata (Bandeira Negra) Op. Cit., p. 525-6]. Mais recentemente, estudantes parisienses carregaram bandeiras negras (e vermelhas) durante a grande Greve Geral de 1968 da mesma forma o fizeram no mesmo ano os delegados durante a convenção nacional americana dos Estudantes por uma Sociedade Democrática (Studentes for a Democratic Society). Nesta época foi lançado, o magazine britânico Black Flag que reforçou ainda mais a idéia. Hoje, se você for a qualquer demonstração razoável normalmente verá uma bandeira negra nas mãos dos anarquistas presentes.

Mas as bandeiras negras anarquistas surgiram muito antes. A primeira menção é desconhecida. Parece que este crédito está reservado a Louise Michel, famosa participante da Comuna de Paris em 1871. De acordo com o historiador anarquista George Woodcock, Michel carregarva a banceira negra em 9 de março de 1883, durante manifestações de desempregados em Paris, França. Michel, juntamente com 500 pessoas exigiam "Pão e Trabalho!", eles saquearam tres empórios antes de serem presos pela polícia [Geoge Woodcock, Anarquism, pp. 251]. Não há nenhuma menção anterior relacionando anarquistas com bandeiras negras.   Pouco tempo depois, o símbolo negro se espalhou por toda a América. Paul Avrich reporta que em 27 de novembro de 1884, a bandeira negra foi desfraldada em Chicago em uma manifestação anarquista. Conforme o relato de Avrich, Augusto Spies, um dos famosos mártires de Haymarket, "aquela foi a primeira ocasião em que [a bandeira negra] foi desfraldada em solo Americano" [Paul Avrich, The Haymarket Tagedy, pp. 144-145].  Outro fato importante ocorreu em 13 de fevereiro de 1921, ocasião que marcou o fim das bandeiras negras na Rússia Soviética. Foi o dia do funeral de Peter Kropotkin em Moscou. Multidões que marchavam aos milhares, carregavam cartazes negros onde se lia, "Onde existir uma autoridade não existirá liberdade." [Paul Avrich, The Anarchists in the Russian Revolution, p. 26] Parece que a bandeira negra não mais apareceu na Rússia antes da fundação do movimento Chernoe Zhania ("cartaz negro") em 1905. Apenas duas semanas depois da marcha do funeral de Kropotkin, a rebelião do Kronstadt destruiu tudo e o anarquismo foi banido da Rússia Soviética.

Todos os eventos relatados acima são bem conhecidos, contudo, como já falamos anteriormente, não se sabe exatamente como se originou a bandeira negra anarquista. O que se sabe é que um grande número de grupos anarquistas já por volta de 1880 adotava nomes associados com o preto. Em julho de 1881, a Internacional Negra foi fundada em Londres, numa tentativa de reorganizar o pensamento anarquista em função da dissolvição da Primeira Internacional [George Woodcock, Op.Cit., p. 212-4]. Em outubro de 1881, um encontro em Chicago a trouxe para a Associação Internacional do PovoTrabalhador (International Working People's Association) que estava sendo formada na América do Norte. Esta organização, também conhecida como Internacional Negra (Black International), filiou-se à organização londrina. [Clifford Harper, Anarchy: A Graphic Guide, p. 76, Woodcock, Op. Cit. p. 393] A essas duas conferencias seguiu-se a manifestação de Michel (1883) e as bandeiras negras de Chicago (1884).   Reforçando esse período (cêrca de 1880) como o nascimento do símbolo está o nome de uma publicação Francesa: "Le Drapeuau Noir" (Bandeira Negra). De acordo com os relatos de Roderick Kedward, este jornal anarquista teve uma curta existência como os outros periódicos que datam de antes de outubro de 1882, quando uma bomba destruiu um café em Lyons [The Anarchists: the men who shocked an era, p. 35]. De acordo com esta teoria, consta que em 1884, a bandeira negra, "tornou-se o novo emblema anarquista" [Paul Avrich, The Haymarket Tragedy, p. 144] Reforçando essa idéia, Murry Bookchin reporta que "nos anos seguintes os anarquistas adotaram a bandeira negra" referindo-se ao movimento anarquista espanhol em junho de 1870 [Murray Bookchin, The Spanish Anarchists, p. 57].  Até esta época, os anarquistas sempre usavam a bandeira vermelha. Parece óbvio (mas não conclusivo) que foi nesse tempo que a bandeira negra tornou-se símbolo do anarquismo. Contudo, o uso da bandeira vermelha não desapareceu de uma hora para outra. Tanto que encontramos nos escritos de Kropotkin, "Words of a Rebel" (publicado em 1885, mas escrito entre 1880 e 1882) referências a "grupos anarquistas... carregando a bandeira vermelha da revolução." Woodcock acrescenta, a "bandeira negra não foi universalmente aceita pelos anarquistas daquela época. Muitos, como Kropotkin, consideravam-se a si mesmos como socialistas e a bandeira vermelha como suas também." [Words of a Rebel, p. 75, p. 225] Complementando, encontramos os anarquistas de Chicago usando tanto bandeiras negras como vermelhas por volta de 1880.  O que se acredita como sendo a época da mudança da bandeira vermelha para a bandeira negra precisa ser analizada dentro de um contexto histórico. Durante a última parte da década dos anos 1870 e nos anos da década de 1880 os movimentos socialistas passaram por mudanças. A social democracia marxista estava em alta, com o socialismo libertário em franco declínio em muitas áreas. Aos poucos, a bandeira vermelha passou a ser associada com o lado autoritario, o estatista e o reformista do movimento socialista, portanto, o uso da bandeira negra é perfeitamente compreensível. Não apenas foi um símbolo que a classe trabalhadora abraçou, como também foi o mesmo que originou em 1831 a revolta de Lyons [Bookchin, The Third Revolution, vol. 2, p. 65].  Bookchin define a bandeira negra como o "símbolo da miséria dos trabalhadores e como a expressão de sua ira e indignação" [Op. Cit., p. 57].  O Historiador Bruce C. Nelson proclamou a Bandeira Negra como "o emblema da revolta" quando foi enforcado em Chicago em 1884.   [Beyond the Martyrs: A Social History of Chicago's Anarchists, p. 141, p. 150]   Albert Meltzer sustenta que a associação entre a bandeira negra e a revolta da classe trabalhadora "originou-se em Theims [França] em 1831 ('Trabalho ou Morte') em uma manifestação de desempregados. "  [Albert Meltzer, The Anarcho-Quiz Book, p. 49]  Na verdade, ele argumenta que foram as manifestações de Michel em 1883 que solidificaram a associação. Como Murray Bookchin registrou, "... em 1831... Por um breve período eles realmente tomaram o controle da cidade, sob bandeiras vermelhas e negras - que fez dessa insurreição um memorável evento na história dos símbolos revolucionários. Eles usaram a palavra mutualismo para deixar claro o tipo de sociedade que anelavam construir e fizeram de sua insurreição um memorável evento na historia do pensamento anarquista, provavelmente houve um certo interesse de Proudhon com esses fatos pela sua breve estadia nesta cidade em 1843-4." [The Third Revolution, vol. 2, p. 157] 

O próprio Kropotkin declara que era continuamente usada pelo movimento operário francês. Ele relata no Paris Workers ''em junho [1848] elevaram suas bandeiras negras de 'Pão e Trabalho' [Act for Yourselves, p. 100]  O uso da bandeira negra por anarquistas, entretanto, é uma expressão de suas raízes e atividades no movimento operário na Europa, particularmente na França. A adoção anarquista da Bandeira Negra pelo movimento anarquista na década de 1880 reflete seu uso como "o tradicional símbolo da revolta, indignação e desespero" e que ela foi "desfraldada durante levantes populares na Europa como um sinal de não submissão e não rendimento." [Walter and Becker, Act for Yourselves, p. 128]  Estes fatos não são estranhos à natureza da política anarquista. Os anarquistas baseiam suas idéias na prática real da classe trabalhadora, como também baseiam seus símbolos em sua prática criativa. Por exemplo, Proudhon usava o termo "mutualismo" para definir trabalhadores radicais da ao passo que definia cooperativas formadas por "associações de trabalhadores" como "espontaneístas, sem compromissos na medida que seu  capital provinha de Paris e de Lyon... a isso se contrapõe uma prática consequente, uma prática revolucionária [mutualismo e organização do crédito e do trabalho]... " Ele considerava estas idéias, em outras palavras, a expressão da auto-suficiencia da classe trabalhadora. [No Gods, No Masters, vol. 1, pp. 59-60]   De acordo com K. Steven Vicent, existe "certa similaridade entre o ideal associativo de Prodhon... e o programa dos mutualistas de Lyon" e isso representa "uma notável convergência [entre as idéias], e é impressionante como Proudhon articulava seu programa de forma coerente e positiva por causa do exemplo dos trabalhadores de Lyon. O ideal socialista que ele perseguia já estava sendo realizado na prática." [Piere-Joseph Proudhon and the Rise of French Republican Socialism, p. 164]   Outros anarquistas tem feito argumentos parecidos referindo-se ao anarquismo como sendo a expressão das tendências progressivas da sociedade e das lutas das classes trabalhadoras, tanto que o uso de um símbolo tradicional dos trabalhadores torna-se a natural expressão desse aspecto de anarquismo. 
Mas existem outras possibilidades. 
O Negro é uma cor poderosa, mesmo sendo uma anti-cor. A década de 1880 foi uma época de extrema atividade anarquista. A Internacional Negra viu a introdução da "propaganda pela ação" como uma plataforma anarquista.

Historicamente a cor vermelha tem sido associada com sangue -- especificamente, sangue derramado -- como a bandeira vermelha. Tanto tem a ver com rebelião de classe, como também é um simbolo do nihilismo do período (um nihilismo gerado pela retaliação depois da queda da Comuna de París de 1871). Os comunados da Comuna de Paris também usaram a bandeira negra dos anarquistas.   Negro "é a cor da manhã, [nas culturas ocidentais] isto simboliza nosso amanhecer diante dos camaradas mortos, daqueles cujas vidas foram tomadas pela guerra, pelas batalhas (entre os estados) ou nas ruas e nas fronteiras (entre as classes." [Chico, "letters", Freedom, vol. 48, No. 12, p. 10]   Depois dos 25.000 mortos na Comuna, muitos deles anarquistas e socialistas libertários, o uso da bandeira negra pelos anarquistas depois deste evento faz sentido. Sandino, o socialista libertário da Nicarágua (que usava as cores vermelho e negro) também disse que negro lembrava o amanhecer ("Vermelho para liberdade; negro para amanhecer."  [Donald C. Hodges, Sandino's Communism, p. 24]).   Existe uma possibilidade filofófica racional por tráz do uso da cor negra. Uma razão pela qual os anarquistas adotaram a bandeira negra pode ser por causa de sua natureza como um sinal de "negação". Muitos que escreveram sobre a bandeira negra mencionaram este aspecto, por exemplo Howard J. Ehrlich argúi que negro "é uma sombra de negação. A bandeira negra é a negação de todas as bandeiras." [Reinventing Anarchy, Again, p. 31] 

Como um símbolo de negação, a bandeira negra identifica-se com algumas das idéias de Bakunin -- particularmente suas idéias acêrca de progresso. Naturalmente influenciado por Hegel, Bakunin aceitava o método dialético de Hegel mas sempre estressava que o lado negativo era motivo de força entre ele (veja a introdução de Robert M. Culter em The Basic Bakunin para maiores detalhes). Ele define progresso como a negação da posição inicial (por exemplo, em Deus e o Estado, ele argumenta que "todo desenvolvimento... implica em negação de seu ponto de partida" [p.48]).   Há símbolo mais apropriado para o movimento anarquista que aquele que é a negação de todas as outras bandeiras quando esta negação significa o movimento em sua mais alta expressão de vida social?   A bandeira negra simbolizaria a negação desta sociedade atual, de todos os estados existentes, e o caminho para uma nova sociedade, uma sociedade livre. Portanto, ou aceitamos este fator como determinante para a adoção da bandeira negra ou reconhecemos que tudo não passou de uma coincidência.   Existe também uma interessante conecção entre a bandeira negra e piratas. Existe uma versão não oficial que reporta Louise Michel, liderando um batalhão de mulheres durante a Comuna de Paris de 1971.   Os piratas eram tidos como rebeldes, como espíritos livres, e eventualmente como assassinos fora da lei. Entre os piratas reinava uma grande diversidade, cada navio pirata tinha um capitão eleito. Em alguns casos o capitão era uma mulher, coisa bem unusual para a época. Ele ou ela foram "objetos de uma chamada", e vida a bordo de um navio pirata era certamente mais democrática que a vida a bordo de navios Britanicos, Americanos ou Franceses -- muito menos de navios mercantis.

Para piratas, a bandeira negra foi um símbolo de morte; caveira e ossos sobre um fundo negro. Um sinal equivalente a "renda-se ou morra!" Isso provocava pavor em suas vítimas fazendo-as submeter-se sem lutar. Provocava efeito semelhante aos exércitos de Ghengis Khan.   Muitos outros também adotaram a bandeira negra como um sinal de "renda-se ou morra!". Um oficial confederado chamado Quantrill durante a Guerra Civil Americana lutava sob uma bandeira negra. Ele foi conhecido por ser avesso em mostrar misericórdia com seus oponentes, da mesma forma que não esperava nenhuma misericórdia de seus adversários. Também, o General Santa Anna do México foi um notório adepto da bandeira negra, elevando-a muitas vezes no Álamo.  Tanto Khan, como Quantrill e o General Santa Anna, nenhum deles tem conecção com o anarquismo em si -- piratas, por outro lado, menos ainda. Todos eles foram rebeldes. Rebeldes sem um estado, isentos de qualquer código de lei com excessão das regras improvisadas por eles mesmos. Certamente os piratas não foram anarquistas conscientes. Mas o importante é como eles eram vistos. Eles incorporavam a rebelião e o espírito da revolta.  Isto pode ter sido suficiente para os oprimidos e desempregados levantarem a bandeira negra na revolta. De fato, qualquer um poderia conseguir um pedaço de pano preto ou vermelho em um motim. Conseguir esse material era fácil. Pintar um símbolo complicado nele tomava tempo. Então, uma bandeira rebelde improvisada levantada em um motim era apreciada justamente por possuir apenas uma cor. Estava claro para todos que a bandeira negra estava sem a caveira e os ossos porque ela foi necessáriamente produzida para um motim.  Nesta questão relativa à bandeira negra, Howard Ehrlich faz uma referência brilhante em  em seu livro Reinventing Anaghi, Again.

"Mas, porque nossa bandeira é negra? Negro é a marca da negação. A bandeira negra é a negação de todas as bandeiras. É a negação da nacionalidade que coloca a raça humana contra si mesma e destrói a unidade de toda raça humana. Negro é um grito de revolta e ira contra todos os crimes odientos contra a humanidade perpretrados em nome de eleitos por ou outro estado."   Ela representa a revolta e a ira contra o insulto à inteligência humana reduzida a pertences, hipocrisias, e caprichos de governantes... Negra é também a cor da manhã; a bandeira negra que anela por um novo amanhecer onde não se produzam as milhões de vítimas das guerras assassinas, externas e internas, para a grande glória e estabilidade de alguns estados sangrentos.  Um amanhecer para aqueles cujo fruto do trabalho é roubado, taxado, para pagar a escravidão e a opressão de outros seres humanos. Um amanhecer não apenas para a morte do corpo mas para a elevação do espírito sob o autoritarismo e sistemas hierárquicos; um amanhecer para milhões de pessoas que nunca tiveram qualquer chance neste mundo.   "Mas negro é também maravilhoso. É a cor da determinação, da resolução, da força, a cor pela qual todos as outras são esclarecidas e definidas. Negra é a misteriosa mágica da germinação, da fertilidade, o desabrochar de uma nova vida que sempre ressurge, renovada, arejada, e que reproduz a si mesma na escuridão. A semente que brota na terra, a estranha jornada do esperma, o crescimento secreto do embrião. "   "Negro é negação, é ira, é manhã, é beleza, é esperança, é o dispontar e o alvorecer de uma nova forma de vida humana e de relacionamento uns com os outros e com esta terra. A bandeira negra significa todas estas coisas. Essa é a bandeira que levantamos, até que chegue o dia em que nenhum símbolo seja mais necessário."  [Reinventing Anarchy, Again, pp. 31-2] 

2. De onde surgiu a bandeira vermelha e negra?
A bandeira vermelha e negra tem sido associada com anarquismo. Murray Bookchin dá como certa sua orígem na Espanha:   "A" presença de bandeiras negras juntamente com vermelha tornou-se marca registrada de manifestações anarquistas através da Europa e Américas. Com a fundação da CNT [em 1910], uma única bandeira com o vermelho e o negro separados em diagonal, foi adotada e usada em toda a Espanha. [The Spanish Anarchists, p. 57] 
Contudo, existem evidencias que sugerem que a bandeira vermelho e negra espalhou-se por outros países, particularmente aqueles que tinham fortes ligações com a Espanha (como os paises latinos). Por exemplo, durante os "Dois Anos Vermelhos" na Itália que culminaram com as ocupações de fábricas em 1920, a bandeira vermelho e negra foi levantada por trabalhadores em revolta  [Gwyn A. Williams, Proletarian Order, p. 241]  De forma similar, Augusto Sandino, o miliciano radical que lutava pela libertação  da Nicarágua inspirou-se no exemplo dos anarco sindicalistas mexicanos durante a revolução mexicana que baseou a bandeira de seu movimeno no vermelho e preto (a bandeira sandinista é dividida horizontalmente, em vez de diagonalmente). O historiador Donald C Hodges destaca que "a bandeira vermelho e negra tinha uma orígem anarco sindicalista, tendo sido introduzida no México pelos imigrantes." Não surpreendeu ninguém que "esta bandeira de trabalhadores representasse suas lutas por libertação". (Hodges se refere a Sandino como "um tipo peculiar de anarco comunismo" sugerindo que a apropriação da bandeira indica uma forte atração pelo tema libertário em sua política). [Intellectual Foundations of the Nicaraguan Revolution, p. 49, p. 137, p. 19]   Nos países de lingua inglesa, o uso da bandeira vermelho e negra pelos anarquistas parece remontar da publicidade gerada pela Revolução Espanhola e pela Guerra Civil em 1936. Com a divulgação das informações da CNT-FAI através do mundo, a familiaridade da CNT inspirou a bandeira vermelho e negro de tal forma que tornou-se um símbolo comum para anarquistas e anarco sindicalistas em todas as cidades.  Para alguns, a bandeira vermelho e negro é associada mais com anarco sindicalismo que com anarquismo. Conforme relata Albert Meltzer, "a bandeira do movimento operário (não necessáriamente apenas do socialismo) é vermelha. A CNT da Espanha originou-se do vermelho e negro do anarcosindicalismo (anarquismo enquanto movimento operário)."
[Anarcho-Quiz Book, p. 50] 
Donald C. Hodges apresenta algo semelhante, quando afirma que "na insignea da Casa do México dos Trabalhadores do Mundo [o sindicato anarco sindicalista mexicano], a banda vermelha significa a luta econômica dos trabalhadores contra as classes dos proprietários, e o preto significa a luta pela insurreição." [Sandino's Communism, p. 22]   George Woodcock também relata a orígem espanhola da bandeira:  "A bandeira anarco-sindicalista na Espanha tem as cores negra e vermelha, dividida diagonalmente. Nestes dias a [Primeira] Internacional de anarquistas, como outros setores socialistas, possuiam a bandeira vermelha, mas depois eles tentaram substituí-la pela bandeira negra. A bandeira negra e vermelha simboliza a tentativa de unir o espírito do anarquismo com o apelo popular da Internacional. "  [Anarchism, p. 325f] 
3. Qual a orígem do A circulado?
O A circulado tornou-se mais famoso que a bandeira Negra e a bandeira Vermelha e Negra como um símbolo anarquista (provavelmente pelo uso do graffiti). De acordo com Peter Marshall o "A circulado" representa a máxima de Proudhon "Anarquia é Órdem."  [Demanding the Impossible p. 558] Peter Peterson também observa que o círculo é o "símbolo da unidade e da determinação" que "traz em si a auto-proclamação da idéia da solidariedade anarquista internacional."    ["Flag, Torch, and Fist: The Symbols of Anarchism", Freedom, vol. 48, No. 11, pp. 8]   Contudo, a orígem do "A circulado" como símbolo anarquista é menos claro. Muitos acham que isso começou com o movimento punk nos anos 1970, mas isso remonta a um período bem anterior. De acordo com Peter Marshall, "em 1964 um grupo francês, Jeunesse Libertaire, deu um novo ímpeto ao slogan 'Anarquia é Órdem' pela criação do A circulado como símbolo que rápidamente proliferou através do mundo"   [Op. Cit., p. 445] 
Em 25 de novembro de 1956, em sua fundação em Bruxelas, a Alliance Ouvriere Anarchiste (AOA) adotou este símbolo. Algum tempo depois, um documentário da Gerra Civil Espanhola mostra com clareza um miliciano anarquista com um "A circulado" nas costas de sua jaqueta. Antes disso, pouco se sabe sobre a orígem do "A circulado".   Hoje o A circulado é uma das imágens mais bem divulgadas do campo do simbolismo político. Sua "incrível simplicidade e precisão tornou-o o símbolo mais popular do movimento anarquista depois da revolta de 1968". Para a maior parte das línguas do mundo anarquia começa com a letra A. [Peter Peterson, Op. Cit., p. 8]