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ATUALIDADES

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CONGRESSO AMERICANO APOIA ATAQUE A PALESTINOS

Resoluções salientam aliança do sionismo com a direita cristã

Por Barry Grey

Na véspera da visita do primeiro-ministro israelense, Ariel Sharon, a Washington, e no mesmo dia em que o grupo de direitos humanos dos Estados Unidos, o Human Rights Watch, acusou Israel de crimes de guerra em Jenin, as duas casas do Congresso americano aprovaram, com esmagadora maioria, resoluções que dão apoio irrestrito à invasão da  Cisjordânia por Israel.

Democratas e republicanos se rivalizaram na aprovação dos maiores elogios a Israel e ao governo de Sharon, e nos  mais ameaçadores ataques a Arafat e à resistência palestina à ocupação israelense. As duas resoluções aprovadas no dia 2 de maio, usaram, separadamente,  quase que a mesma linguagem para declarar "solidariedade a Israel, que está adotando as medidas necessárias para dar segurança a seu povo, desmontando a infra-estrutura terrorista nas áreas palestinas."

O deputado Peter DeFazio (democrata do Oregon), um dos puocos a votar contra a versão da resolução apresentada pelo Congresso, disse achar "atordoante" que a Casa dos Representantes  registre a resolução que se posiciona a favor do "direito de Ariel Sharon e do Partido Likud." Uma avaliação mais apurada e honesta descreveria a medida como uma clara aprovação da política militarista e expansionista do regime israelense.

A Casa Branca de Bush fez uma demonstração de oposição ás resoluções como inoportunas incursões legislativas na política externa do poder executivo. Funcionários da administração pressionaram o republicano Tom DeLay, o primeiro a apresentar as resoluções, a adiar o voto até o presidente Bush se encontrar com o príncipe saudita, Abdullah, e assegurar um acordo para suspender o cerco israelense ao quartel-general de Arafat em Ramallah.

Mas, qualquer desconforto da Casa Branca em relação às resoluções foi só uma questão de tática. Sua essência estava inteiramente alinhada com a política de Bush, que no mês passado definiu Sharon como "um homem de paz" e atualmente mantém encontros com o arquiteto da invasão da Cisjordânia, mesmo quando trabalhadores continuam a procurar corpos nos escombros do campo de refugiados de Jenin, provocados pelas escavadeiras. Bush,  o secretário de Estado Colin Powell e a conselheira de Segurança Condoleeza Rice continuam a proferir declarações imputando a Arafat e aos palestinos, o ônus pelo banho de sangue em Israel e nos territórios ocupados, muito embora as perdas palestinas ultrapassem as dos israelenses.

A resolução patrocinada por   DeLay e pelo democrata californiano, Tom Lantos, foi aprovada por 352 votos contra 21 e a abstenção de 29 congressistas. O primeiro andamento da resolução foi através de Joseph Lieberman, de Connecticut, candidato democrata a vice-presidente na campanha de 2000. Seu co-patrocinador foi o republicado Gordon H. Smith, do Oregon. No Senado, ela foi aprovada por 94 a 2.

A resolução não faz referência aos 34 anos de ocupação isreaelense da Cisjordânia e Faixa de Gaza, em violação às resoluções da ONU, nem ao registro de provocações e atrocidades de Sharon contra os palestinos, inclusive sua política de assassinatos seletivos. Tão pouco há qualquer menção ao desafio de Israel do mês passado à decisão da ONU de enviar uma comissão de investigação ao devastado campo de refugiados de Jenin.

Pelo contrário, as resoluções saudaram Israel como o aliado de Washington na "guerra contra o terrorismo" mundial, equiparando, implicitamente, a resistência palestina ao ataque de setembro último ao WTC. Lieberman, falando no térreo do Senado, fez um amálgama explícito ao se centrar nos homens-bomba palestinos. Ele disse, "aqueles suicidas atacando israelenses inocentes nos supermercados, ônibus e nas ruas são partes da mesma roupagem do mal dos terroristas que transformaram aviões em armas e golpearam os Estados Unidos em 11 de setembro.

Somente um louco ou cínico aceitaria a idéia de que o apoio dos Estados Unidos à agressão israelense esteja diretamente ligado aos ataques suicidas a civis israelenses. Mas, de qualquer forma, não se deve ter que apoiar tais táticas terroristas para reagir com desgosto às pregações de um adepto do imperialismo americano que compara ações desesperadas de uma juventude brutalizada, enfrentando um opressor armado com tanques metralhadoras e bombas inteligentes fornecidas pelos Estados Unidos, com as mortes do 11 de setembro.

A resolução da Casa dos Representantes foi até mais longe do que a do Senado, atacando diretamente Arafat e declarando que suas ações não são compatíveis "com um parceiro viável para a paz".

No mesmo dia em que o Congresso aprovou a resolução, a Human Rights Watch divulgou seu relatório sobre os resultados da inspeção ao campo de refugiados de Jenin. A mídia americana deu ampla cobertura às declarações iniciais do grupo negando que tivesse ocorrido um massacre no campo, mas teve pouco a dizer sobre o resumo do relatório que continha conclusões prejudiciais no tocante ao papel do exército israelense.

O documento concluiu que houve "fortes evidências à primeira vista" de que os soldados israelenses "cometeram graves violações das Convenções de Genebra, ou crimes de guerra." Peter Bouckaert, antigo pesquisador do Human Rights, disse "não temos dúvida de que graves violações das leis de guerra foram cometidas. A prova é certamente forte o suficiante para justificar um investigação sobre crimes de guerra."

O Congresso americano certamente que não se incomoda com os crimes de guerra, quando cometidos pelas forças americanas ou pelos aliados de Washington. De qualquer modo, eles são um componente necessário de uma estratégia cujo objetivo final é "limpar" os territórios ocupados de árabes e torná-los parte da Grande Israel. Esta é a lógica da política de Sharon e o programa explícito da direita cristã, que exerce enorme influência sobre o Partido Republicano e a administração Bush.

Alguns dias antes da aprovação das resoluções, DeLay, um partidário evangélico da direita cristã, declarou que, de acordo com a Bíblia, a Cisjordânia, que ele chamou de Samaria judaica, pertencia a Israel e deveria ser incorporada ao estado de Israel. Em 1 de maio, seu companheiro texano, o líder republicano Dick Armey, reconheceu no programa de televisão da CNBC, ser   a favor da anexação da Cisjordânia a Israel e da expulsão de seus habitantes palestinos.

"Estou contente por Israel ter-se apossado de toda a Cisjordânia", disse Armey, acrescentando que ele achava que "os palestinos deveriam ir embora."

As resoluções do congresso enfatizam um fenômeno político da maior importância, a crescente aliança aberta de Israel e de seus adeptos sionistas americanos com a direita fundamentalista cristã. Esta aliança está repleta de uma ironia mórbida - as conhecidas propensões anti-semitas ao ambiente fascista que permeia os grupos fundamentalistas cristãos, organizações de defesa da supremacia branca e uniformes milicianos, todos com  estreitos laços com a ala direita do Partido Republicano.

No mês passado, DeLay, falando a um grupo de evangélicos cristãos em Pearland, Texas, declarou "o cristianismo é o único caminho". O homem da extrema direita no Congresso prosseguiu dizendo que ele era o instrumento de Deus para a promoção de "uma visão bíblica mundial" na política americana.

A ligação da direita cristã-sionista incorpora o papel profundamente reacionário desempenhado pelo estado israelense, não nó no Oriente Médio, mas também internacionalmente.  Uma outra demonstração recente de sua importância é o anúncio de meia página colocado no New York Times de 2 de maio pela Liga Antidifamação. O anúncio consiste de um artigo publicado sem comentários, de Ralph Reed, uma figura conhecida da direita cristã e atual presidente do Partido Republicano da Geórgia. O artigo traz o título "Nós, o Povo de Fé, estamos firmes com Israel."

Publicado no WSWS de 7/05/02

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