1) O Dízimo revela-se um sistema divinamente inspirado de participação e cooperação dos fiéis na realidade concreta do Reino de Deus que acontece em cada comunidade paroquial. Por isso ele é justo e permite que cada um assuma a porção que lhe cabe na responsabilidade de todos, sem que ninguém fique sobrecarregado. O padre e demais agentes pastorais podem livremente realizar a missão de evangelizar, conduzir e animar o povo de Deus sem as amarras das urgências financeiras que poderiam imobilizar todo o apostolado na Igreja.
2) Uma comunidade tem, pelo menos, duas alternativas para alcançar a sua
subsistência:
A primeira é estabelecendo taxas para os serviços sagrados, criando equipes
de festas e eventos com a finalidade de arrecadar fundos, realizando bingos,
rifas, quermesses, jantares e chás beneficentes. Dispendendo, enfim, toda a
riqueza de seus recursos humanos e gastando tempo e talentos para poder
viabilizar a obra de evangelização que é a sua finalidade essencial. Não é
incomum acontecer que todos os recursos gerados desta forma, acabem sendo
gastos nestas atividades meio, sem conseguir atingir o fim.
A segunda alternativa é assumir o Dízimo como uma Pastoral, levar os fiéis a
uma clara consciência de sua corresponsabilidade na obra da evangelização,
de tal forma que todos se sintam encorajados a contribuir. Assim, a soma de
todos os talentos, tempo e bens materiais partilhados na forma de dízimos e
ofertas podem ser aplicados na essencial vocação e missão do ser igreja:
congregar, celebrar, evangelizar!
3) Tornar-se dizimista é um ato revestido de consequências que vai alcançar
toda a vida do cristão ao assumir essa opção de participação comunitária.
Vamos enumerar algumas:
- A primeira consequência é o enfoque novo do sentido de pertença que é
trazido pelo compromisso concretamente assumido pela opção dizimal.
- A segunda consequência é a libertação experimentada pelo dizimista em
relação a toda ganância e valorização excessiva do dinheiro. Afinal não é
fácil para ninguém vencer o apego aos bens, o preconceito do mundo e "abrir
mão" de uma parte considerável dos seus rendimentos.
- A terceira consequência é adquirir a clara consciência de que todos os bens
tem sua origem em Deus e que o seu bom uso promove uma revolução nas leis
aritméticas: o dizimista percebe claramente que realiza agora mais com
noventa do que antes conseguia com cem.
- A quarta é a clareza nítida de que o Dízimo não é uma moeda de troca: dar
alguma coisa para receber outra em dobro. Não, ser dizimista é ser alguém
que adquire consciência de seu papel na comunidade de irmãos: É responsável,
é consciente, é consequente, nada desperdiça, faz bom uso dos bens materiais
e espirituais, sente-se parte de um corpo e coopera com o corpo todo,
sabendo que o bem dos outros é o seu próprio bem. Para ele, prosperar corresponde a avançar no caminho da fé e não acumular patrimônio e saldo bancário. Compreende que o real sentido da existência experimenta-se na comunhão. Comunhão com Deus, consigo próprio, com a família e entre os irmãos na comunidade onde pode partilhar-se e tomar parte, integrado, feliz, bem-aventurado!