Bens tombados destruídos no Brasil
    A. Bens tombados demolidos


      A.4. Igreja de Nossa Senhora do Rosário, Berilo, Minas Gerais (1991)



      Sumário
            Resumo
        A. Características
        B. Tombamento
        C. Saque e destruição
        D. Fotos
        Apêndice I. Pinturas no forro da Igreja do Rosário
        Apêndice II. Bens culturais edificados históricos em Berilo, Minas Gerais, Brasil
        Apêndice III. Notas históricas de Berilo e suas edificações
        E. Referências bibliográficas
        F. Endereços



      Resumo


        A igreja do Rosário, situada na cidade de Berilo, ex-Água Suja, na bacia do rio Araçuaí, afluente do rio Jequitinhonha, nordeste do Estado de Minas Gerais, foi edificada no século XVIII. Possuía características primitivas.
        Tombada pelo IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico Nacional) em 1974, quando já havia sido despojada por saque de seus bens artísticos, ruiu parcialmente em dezembro de 1988 e foi demolida em 1991.



      A. Características


        A.1. Foi edificada no século XVIII, provavelmente pela Irmandade do Rosário (hoje sem continuidade).

        A.2. É citada no Livro Tombo da paróquia, segundo informações de Helena Isolde Brans. De acordo com essa historiadora, na Igreja do Rosário foram inumadas pessoas brancas, entre as quais familiares do inconfidente José da Silva e Oliveira Rolim (padre Rolim, de Diamantina), que era proprietário em Água Suja (embora os Autos da Devassa não citem bens de sua propriedade nessa localidade; Jardim, 1989:295-300).

        A.3. Alguns moradores da cidade a conheciam como Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos, mas na década de 1970 já era conhecida apenas como Igreja de Nossa Senhora do Rosário.

        A.4. A pintura colonial de seu forro de tábuas de madeira, em policromia (têmpera) foi estudada pelo especialista Carlos Del Negro (Apêndice I).

        A.5. Encontra-se em Carrazzoni (1987:191-192), a única representação iconográfica publicada da igreja (desenho, baseado provavelmente em foto no cartório do IPHAN)

        A.6. A capela foi erigida na técnica da estrutura autônoma de madeira (gaiola), com paredes não-estruturais de adobes.

        A.8. Escreveu Carlos Del Negro (Del Negro, 1978:196) sobre a igreja:
            “O altar-mor faz parte do quarto grupo. Os suportes internos são colunas retilíneas em arco-pleno; os externos compõe-se de quartelões. Entre os suportes, nas peanhas com dosséis, estão uma Santa e um Santo pretos. A capela-mor abre-se, para cada lado, por meio de dois arcos. A igreja estava sem assoalho por ocasião da visita [a 13 jul. 1966]. Pertencem ao grupo mais antigo, de arquivoltas concêntricas, os altares-cruzeiros”.

        A.9. Segundo o arquiteto Sílvio de Vasconcelos, “pelas características dos altares laterais então existentes na capela, poderia ser talvez a mais antiga da região” (Carrazzoni, 1987:191-192).

        A.10. Carrazzoni (1987:191-192) traz breve descricão da igreja: “Estrutura de taipa e madeira, cobertura em duas águas e beirais em cachorros. O frontispício é singelo, compondo-se de porta principal e duas janelas a ela diagonais, na altura do coro. A capela é destituída de torres...”

        A.11. A análise do desenho na mesma publicação mostra que as envazaduras superiores (do coro) eram portas-janelas, não janelas; eram providas de balaustradas; as ombreiras possuíam arremate que ultrapassava a linha da soleira; as vergas eram retas, provavelmente encostadas no frechal; as ombreiras internas situavam-se fora do prolongamento das ombreiras da porta inferior (como na Matriz da Conceição).
            O beiral prolongava-se através da fachada fronteira, isolando o frontão, provido de óculo redondo. A porta principal tinha verga com a face inferior em arco abatido, e reto na face superior, na mesma altura das soleiras das portas-janelas. Havia socos nas ombreiras.
            Cada fachada lateral era vazada com dois óculos redondos e porta central com verga reta (ao menos na fachada esquerda).
            A sacristia possuía porta fronteira e duas janelas laterais.
            O telhado era de duas águas.
            Era desprovida de campanário externo ou torre-sineira.

        O frontispício atravessado pelo prolongamento do beiral (como na Matriz de Sabará, na capela de São Sebastião de Mariana e na Matriz de Bento Rodrigues – Vasconcellos, 1944:87-8) a diferenciava das mais igrejas da região das Minas Novas.

        A.12. A igreja foi erigida na técnica da estrutura autônoma de madeira (gaiola), com paredes não-estruturais de adobes. Esse é o sistema construtivo dominante na região, como em outras regiões mineiras e no sul da Bahia nos períodos colonial e imperial (Paiva, 1998).

        A.13. Outros dados sobre a igreja estão disponíveis em IPHAN, como a informação de que o coro era guarnecido por treliças de madeira.



      B. Tombamento

        B.1. Tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) em 1974.

        B.2. Processo IPHAN 720-T-63.

        B.3. Bem inscrito sob o n.o 512, Livro de Belas-Artes volume I, folha 93, a 13 de março de 1974 (IPHAN, 1994:60).

        B.4. A igreja não foi destombada.

        B.5. Berilo pertence à jurisdição da 16.a Superintendência Regional II do IPHAN (Diamantina), vinculada à 13.a Coordenadoria Regional (Minas Gerais), esta com sede em Belo Horizonte (ver Apêndice III. Endereços).



      C. Saque e destruição

        C.1. Segundo relatos de informantes locais, as obras de arte da igreja do Rosário (três retábulos, forros pintados, portas almofadadas, peças das janelas, pia batismal de pedra) foram retirados e vendidos por mandatário político local para negociantes de antigüidades, entre 1972 e 1974, por CR$ 75000,00 (foram revendidos imediatamente por R$ 800000,00 pela negociante que as comprou).
            C.2.Os membros da Irmandade do Rosário não se mobilizaram para impedir a venda ilegal.
            C.3. Nessa época a paróquia estava sem cura, recebendo ocasionalmente sacerdote visitador, que fazia as dispensas e que autorizou irregularmente a venda.
            C.4. Note-se que a retirada das peças foi feita antes da efetivação do tombamento federal, e talvez apressado pela iminência deste.

        C.5. Carrazzoni (1987:191-192) informa que a igreja “já não mais possui sua antiga porta em almofadas”.

        C.6. A igreja do Rosário ruiu parcialmente (telhado, parede fronteira e parte anterior da nave-mãe) em dezembro de 1988, após longo período de abandono; os principais danos que levaram ao colapso estrutural foram causados por deterioração de madeiras por chuvas e cupins. Já estava, então, sem as portas e obras de arte, roubadas anteriormente.

        C.7. Anteriormente parte de uma das paredes laterais já havia ruído, o que levou pessoa residente em outro Estado a angariar materiais de construção para tentar reerguê-la, o que não foi feito.

        C.8. Foi arrasada em 1991 (demolida; Foto 1), ao que consta por funcionários da Prefeitura Municipal (gestão 1989/1992), novamente sem protestos dos irmãos da Irmandade do Rosário.

        C.9. A igreja nunca foi desconsagrada pela diocese.

        C.10. Muitas das peças da gaiola (estrutura autônoma de madeira), na época sem valor no mercado de antigüidades, ficaram vários anos no local da demolição (Foto 2).

        C.11. As obras de arte roubadas da igreja nunca foram arroladas na lista oficial de Bens culturais procurados do IPHAN, talvez por terem esses bens já sido roubados quando da abertura do processo de tombamento federal.

        C.12. Não foi aberto processo pertinente pela polícia local, pelo IPHAN ou pela Polícia Federal. Trata-se de região onde as violências de fundo político ainda grassam; essa falta de garantias de segurança pode ter inviabilizado providências oficiais. As pessoas que promoveram os saques na igreja do Rosário ainda são ativas na política local.

        C.13. Nova igreja foi construída pelo Padre Nuno de Castro e Silva, sendo inaugurada em desagravo à santa em 1993, Praça da Matriz, agora sob a invocação de N. S. do Rosário de Fátima.
            O Padre Nuno, que chegou a Berilo em 1976, sempre lutou pela conservação da Igreja do Rosário e da Matriz da Conceição, contra comerciantes que visavam as antigüidades também desta.

        C.14. O mesmo padre desencorajou a continuação das atividades da Irmandade do Rosário de Berilo, por considerar os irmãos dessa irmandade coniventes com o desaparecimento de sua igreja.

        C.15. Segundo informantes, a pia batismal encontra-se em sala de visitas de médico em São Paulo (SP) e as portas estão hoje decorando boate na mesma cidade. Ignora-se o paradeiro dos forros pintados e retábulos.



      D. Fotos



        Foto 1. A igreja do Rosário (Berilo, Minas Gerais) na época de seu colapso em 1988/ 1989. Vê-se o arco-cruzeiro, o arco que levava à sacristia esquerda e, à esquerda, alguns cachorros da fachada direita. Veja a mesma imagem em ponto maior.





        Foto 2. Peças da gaiola da igreja do Rosário (Berilo) logo após sua demolição em 1991, em terreno adjacente ao sítio original.





      Apêndice I. Pinturas no forro da Igreja do Rosário

        A pintura colonial de seu forro de tábuas de madeira, em têmpera, foi estudada por Carlos Del Negro (Del Negro, 1978:196 e 233 e fotos 146-147). Escreveu:

        a) PINTURA DO FORRO DA NAVE (foto n.o 146)
            Decoração monocromática sobre fundo branco, pintada em grisaille, com tinta gris-azul. Na data da visita, 13/7/1966, havia, para ver, restos da decoração. Desenvolve o modelo das balaustradas retilíneas laterais, pintadas acima da cimalha da nave. De cada lado, estão sentados dois anjos sobre as molduras da balaustrada, trazendo numa das mãos um vaso de flores e, na outra, uma palma. Há, em correspondência com os anjos, um consolo ornamental para formar ressalto nas molduras.
            Ao centro, monstruosamente mutilada, a tarja circular, constituída de enrolamentos, acantos, concheados, querubins entre nuvens, ramos de flores e, rematada por molduras em forma de frontão, incluía a imagem de N. S. do Rosário.

        a) PINTURA DO TETO SOB O CORO (foto n.o 147)
            Pintada em grisaille, com tinta gris-azul sobre o fundo branco.
            Numa tarja aproximadamente oval, constituída de enrolamentos, acantos, concheados, com ramos de flores pendentes, vê-se uma torre, ao centro da perspectiva sugerida por fileiras de árvores (araucárias?). As áreas vazias na tarja, além de ser preenchidas por quadriculados, como é comum, mostram trançados de esteira e ainda outras texturas inventadas pela fantasia do artista. Além da queda de tábuas pelo apodrecimento, substituíram-se algumas com pinturas provenientes de outros lugares, como, por exemplo, na parte média da torre. Há uma inscrição por cima dela, pouco visível: MILLE CIPPEI PENDENT EX EA?” (:196).



      Apêndice II. Bens culturais edificados históricos em Berilo, Minas Gerais, Brasil

        1
        Matriz de Nossa Senhora da Conceição
            Séc. XVIII.
            Processo IPHAN 720-T-63.
            Inscrito sob número 511, Livro de Belas-Artes volume I, folha 93, a 13 de março de 1974 (IPHAN, 1994:60).

        Fotos, plantas e descrição estão disponíveis em SPHAN/ Pró-Memória, c. 1981, Carrazzoni (1987:191-192) e em IPHAN.

        Restaurada pelo IPHAN e pelo IEPHA em 1954/1955, 1959 e 1998 (SPHAN/ Pró-Memória, c. 1981).

        Estudada por Del Negro (1978:195 e fotos 144-145).

        Dessa igreja foi desviada (vendida para negociantes de arte) enorme cômoda da sacristia, por volta de 1974. Segundo informantes a cômoda teria cerca de sete metros de comprimento, não tendo sido fotografada antes do roubo.
            Houve movimentação nos meios políticos locais para sua demolição e venda das imagens, retábulos, forros pintados e mais obras de arte (nos moldes do acontecido com a Igreja do Rosário), mas os esforços do padre local (português de nascimento) não só impediram o saque como também promoveram o restauro da igreja e a fotografia de todas as peças pelo IPHAN.

        Página virtual: www.iphan.gov.br/bancodados/benstombados/mostrabenstombados.asp?CodBem=1279


        2
        Igreja de Nossa Senhora do Rosário
            Dados acima.

        3
        Conjunto urbano
            A localidade conta com um conjunto edificado (residências) dos séculos XVIII e XIX, de importância como patrimônio urbanístico-histórico (Paiva, 1998).

        A maioria dessas edificações encontra-se na Rua do Porto, e algumas próximas à Matriz e imediações.

        Esse conjunto histórico-edificado da cidade e arredores está sendo atualmente levantado pelo Eng.o Celso Lago Paiva e pela historiadora Isolde H. Brans.

        Ao menos uma edificação, a da grande residência colonial de dois pavimentos denominada localmente “Casa do Tiradentes” (Foto 3), merece tombamento federal (Paiva, 1998).
            Foi pedido para ela a proteção do tombamento estadual (IEPHA), em 1997.
            A edificação foi estudada por Carlos Del Negro, que a referiu como “casa de Abreu Vieira” e dela publicou foto (Del Negro, 1978:197, Foto 148), deixando escrito:
            “Na data da visita, 13/7/1966, encontramo-la desocupada. No salão principal e nos quartos, os tetos apainelados, em forma de pirâmide quadrangular truncada, e sem clarabóia, eram decorados. O forro da varanda voltada para o rio Arassuaí também ostentava pinturas [...]
            Segundo informações obtidas no local, O Serviço do Patrimônio reformou a casa há quatro anos, por intermédio do Sr. Isaías José do Rosário.
            Descortina-se, da varanda, belíssima vista do vale do Rio Arassuaí [...].”
            Documentação atualmente em pesquisa sugere ter sido a edificação erigida por Domingos de Abreu Vieira ou pelo padre Rolim.


        Foto 3. Residência setecentista à beira do Rio Araçuaí. Ao fundo e à esquerda, a matriz da Conceição. Foto de 1991.


        4
        Ruínas do antigo Registro colonial
            Ruínas de edificações em alvenaria de pedras situadas pouco abaixo da foz do Ribeirão do Bonito no Rio Jequitinhonha, na margem direita deste, no município de Berilo.
            São conhecidas por alguns moradores de Berilo como o “Quartel português”.
            Pohl registrou a existência de um “Quartel Velho de Santana” nas imediações (Pohl, 1976:327).
            Os topônimos “Guarda”, “Guarda Velha”, “Guardinha”, “Quartel”, “Quartel Geral”, “Registro” ou “Registro Velho” ocorrem ocasionalmente no Brasil, podendo indicar a existência pretérita desses estabelecimentos oficiais. São tão sugestivos para o arqueólogo e o historiador viário quanto “Porto” ou “Porto Velho”.
            Os registros sediavam no Brasil colonial os destacamentos responsáveis por tentar coibir o tráfico de ouro, diamantes e outros itens de transporte controlado (incluindo correspondência), por tentar limitar o trânsito de estrangeiros e sacerdotes (em certas regiões) e por controlar a entrada nos distritos diamantíferos. Os registros cobravam ainda direitos de passagens de pontes e interprovinciais.
            Dispunham de caserna, o que justifica o termo militar “Quartel”, ainda que exagerado. Daí os termos “Guarda” e “Guardinha”.
            Como caserna abrigavam temporariamente os soldados e oficiais das patrulhas em trânsito que policiavam os caminhos e faziam diligências oficiais (topônimo “Patrulha”).
            O sítio histórico-arqueológico do “Quartel português” ainda não foi descrito, pesquisado, escavado ou tombado.


        Nenhuma edificação foi ainda tombada em Berilo (MG) pelo IEPHA.


        Nota. A identidade de diversos pessoas que forneceram informações para esta página, de Berilo e de outras localidades, foi preservada no interesse de sua segurança, a seu pedido.



      Apêndice III. Notas históricas de Berilo e suas edificações

        1. Aires de Casal (1754?–1821?) escreveu sobre Água Suja (denominação antiga de Berilo) em 1817 (Casal, 1976):
            “Quatro léguas ao nordeste do precedente [Arraial e Freguesia de Santa Cruz da Chapada], e 7 do Fanado [Minas Novas], está o considerável Arraial e Paróquia de Água Suja, junto à confluência da ribeira do seu nome com o Arassuaí, ornado com uma igreja matriz dedicada a N. Senhora da Conceição.

        2. O botânico francês Auguste de Saint-Hilaire (1779–1853) escreveu sobre Água Suja, onde esteve a 26 de junho de 1817 (Saint-Hilaire, 1975:289):
            “Água Suja, cabeça de uma paróquia, está situada ao pé de uma colina, no lugar em que um córrego também chamado Água Suja se lança no Araçuai.
            Essa povoação é principalmente constituída de uma rua que se estende abaixo da confluência, ao longo do Araçuai, e que, formando um cotovelo, remonta um pouco sobre a margem do Água Suja. A rua é estreita e calçada.
            As casas são em geral baixas, pequenas e quadradas; todas são cobertas de telhas; a maioria é construída de adobes; tem poucas janelas, e os tetos, adiantando-se muito para fora das paredes das casas, tornam a rua um tanto sombria.
            Além desta última, duas igrejas e algumas casas esparsas alteiam-se sobre a encosta de um pequeno morro que domina a maior parte da povoação [...]
            A maioria das casas de Água Suja pertencem [sic] a lavradores que só vem ao povoado aos domingos; por isso encontrei-as quase todas fechadas [...]
            Fui alojado em uma bela casa que pertencia ao juiz de Fora de Vila do Fanado; e da varanda dessa casa podia descortinar perfeitamente a encantadora posição do povoado.
            Segundo o autor das Memórias históricas do Rio de Janeiro, vol. VIII, parte II [Pizarro], Água Suja foi fundada em 1728, e elevada a paróquia em 1729; [...] contam-se aí 95 fogos e 760 habitantes [...]”

        3. O médico, mineralogista e botânico austríaco Johann Emanuel Pohl (1840–1917) esteve em Água Suja a 20 de agosto de 1820 e sobre ela escreveu (Pohl, 1976:336):
            “[...] chegamos ao ribeirão Água Suja que [...] deságua no Rio Araçuaí [...] Depois de atravessarmos esse ribeirão, alcançamos o arraial de mesmo nome, edificado na confluência dos referidos cursos de água, que fica a três léguas e três quartos da Chapada.
            Grande parte deste lugar ocupa a encosta oriental, o restante forma uma rua ao longo da margem do rio. Deve haver, ao todo, umas sessenta casas, entre as quais algumas assobradadas. As ruas são mal calçadas.
            A igreja matriz é um dos melhores edifícios.
            Embora sua situação não seja das melhores, é preferível, contudo, à do Fanado.
            Na ausência do Comandante, um alferes muito atencioso nos deu para residência um sobrado que tinha pertencido ao falecido Juiz de Fora de Fanado. Estava inteiramente abandonado e nele encontramos espaçoso abrigo com o devido mobiliário e uma rica coleção de livros jurídicos em língua portuguesa, que enchia todo um aposento.”
            Pohl informou que nessa época a jurisdição eclesiástica do julgado de Minas Novas, da qual dependia Água Suja, pertencia ao Arcebispado da Bahia (op. cit.:321)

        4. Em 1830 o “Arraial e Matriz da Agoa çuja”, pertencente ao Termo e Villa de Bom Sucesso de Minas Novas, possuía 130 fogos na povoação (Relação, 1897:27).

        5. O político, militar e historiador Raimundo José da Cunha Matos (1776–1839) (Matos, 1981, vol. 1:194 e vol. 2:168) citou em 1837 a paróquia de “N. Sra. da Conceição do Arraial de Água Suja” como igreja filial curada extramuros da paróquia de “São Pedro da Vila de Bom Sucesso de Minas Novas”, esta ainda subordinada à jurisdição do Arcebispado da Bahia. A paróquia da Conceição tinha então como igreja filial outra de mesmo orago, no arraial de Sucuriú.

        6. José Joaquim da Silva (Silva, 1878:104-5) citou a “Freguezia de Nossa Senhora da Conceição d’Agua Suja” como filial do município de Minas Novas (“Freguezia de S. Pedro do Fanado de Minas-Novas”), sendo esta freguesia cabeça da Comarca de Jequitinhonha.

        7. O pesquisador de história mineira Waldemar de Almeida Barbosa (1907–1999) acrescenta mais dados históricos (Barbosa, 1995: 48).
            Com a decadência da mineração, a freguesia foi transferida em 1846 para o vizinho arraial de Sucuriú (lei 312 de 8 de abril); criada novamente a paróquia, veio a ser suprimida pela Lei 1479, de 9 de julho de 1868.
            Mais uma vez reinstaurada, teve sua denominação alterada para Água Limpa, pela Lei 2419, de 5 de novembro de 1877.
            O nome Berilo foi imposto a 7 de setembro de 1923 pela Lei 843. Tornou-se município a 30 de dezembro de 1962, por força da Lei 2764.



      E. Referências bibliográficas

      1. BARBOSA, Waldemar de Almeida, 1995. Dicionário histórico geográfico de Minas Gerais. Belo Horizonte, Itatiaia, 382 p. 2 ed. (1.ed., 1971. B. Horizonte, Promoção da Família).

      2. CARRAZONI, Maria Elisa, coord., 1987. Guia dos bens tombados Brasil. Rio de Janeiro, Expressão e Cultura, 534 p., il., 2.ed. (1.ed. 1980).

      3. CASAL, Manuel Aires de, 1976. Comarca do Serro-Frio. P. 178-182 in: Corografia brasílica ou relação historico-geografica do reino do Brasil. Belo Horizonte, Itatiaia/ São Paulo, EDUSP, 342 p. (1.ed., 1817, Rio de Janeiro, Impressão Regia). (Reconquista do Brasil, 27).

      4. DEL NEGRO, Carlos, 1978. Nova contribuição ao estudo da pintura mineira (norte de Minas): pintura dos tetos de igrejas. Rio de Janeiro, IPHAN, 431 p., il. Nota prévia de Renato Soeiro. (Publicações do IPHAN, 29).

      5. IPHAN, 1994. Bens móveis e imóveis inscritos nos Livros do Tombo do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Rio de Janeiro, Ministério da Cultura, Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, XVII + 251 p. 4. ed. revista e atualizada.

      6. JARDIM, Márcio, 1989. A Inconfidência Mineira: uma síntese factual. Rio de Janeiro, Biblioteca do Exército, 415 p. (Coleção General Benício 268).

      7. MATOS, Raimundo José da Cunha, 1981. Corografia histórica da Província de Minas Gerais (1837). Belo Horizonte, Itatiaia/ São Paulo, EDUSP, vol. 1, 403 p., vol. 2, 337 p. [1. ed., 1979 e 1981].

      8. PAIVA, Celso Lago, 1998. Relevância cultural e recomendação de tombamento e conservação a título perene de sobradão colonial sito em Berilo, Minas Gerais. Parecer Técnico 16/1998, de 23 mar. 1998. 16 p., il. Manuscrito.

      9. POHL, Johann Emanuel, 1976. Viagem no interior do Brasil. Belo Horizonte, Itatiaia/ São Paulo, EDUSP, 417 p. Trad. Milton Amado e Eugênio Amado. Apresentação e notas de Mário G. Ferri. Nota de Milton Amado (Reconquista do Brasil, 14).

      10. 1897. RELAÇÃO das cidades, villas e povoações da Província de Minas Geraes com declaração do numero de fogos de cada uma (1830). Revista do Archivo Publico Mineiro 2(1):18-28.

      11. SAINT-HILAIRE, Auguste de, 1975. Viagem pelas Províncias do Rio de Janeiro e Minas Gerais. Belo Horizonte, Itatiaia/ São Paulo, EDUSP, 378 p., il. 1.ed. francesa, [1830]. Trad. Vivaldi Moreira. Nota de Edison Moreira. Apresentação de Mário Guimarães Ferri. (Reconquista do Brasil, 4).

      12. SILVA, José Joaquim da, 1878. Tratado de geographia descriptiva especial da Provincia de Minas-Geraes. Rio de Janeiro, E. & H. Laemmert, 177 p. + XV.

      13. SPHAN/ Pró-Memória, c. 1981. Igreja de N. S. da Conceição, Berilo. P. 10-11 in: Programa de obras urgentes. Memórias de Restauração 3:1-20.

      14. VASCONCELLOS, Salomão de, 1944. Bandeirismo. B. Horizonte, Bibl. Mineira de Cultura, 131 p. + 2 mapas, il.



      F. Endereços

        1
        Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico NacionalIPHAN 16.a Superintendência Regional II (Diamantina)
            Til Costa Pestana (historiadora)
            Paulo Elias Gomes
        Casa Chica da Silva
        Praça Lobo de Mesquita 266
        Diamantina MG
        39100-000
            Fone/ fax (0 xx 38) 531-2491
        http://www.iphan.gov.br/iphan/end-srs.htm

        2
        IPHAN13.a Coordenadoria Regional (Minas Gerais)
            S.ra Monica Elis, chefe do Arquivo
            (0 xx 31) 335-0747, ramal 37
        Sede principal
        Rua Bernardo Guimarães 2551
        Santo Agostinho
        Belo Horizonte MG
        30140-082
            (0 xx 31) 335-0747, ramal 37 e 335-0724
            Fax (031) 335.0625
        http://www.iphan.gov.br/iphan/end-crs.htm

        3
        Paróquia de Nossa Senhora da ConceiçãoBerilo MG
            Padre José Nuno de Castro e Silva
        Berilo MG
        39640-000
            0 xx 33 737-1106

        4
        Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de MGIEPHA
            Prof. Flávio Lemos Carsalade, Presidente
        Praça da Liberdade
        Edifício da Secretaria de Transportes e Obras Públicas
        4.o andar
        Belo Horizonte MG
        30140-010
            (0 xx 31) 213-6000; fax 213-5999 e 5939
            (0 xx 31) 213-5940, 213-5946
        http://www.iepha.mg.gov.br/



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            Bens tombados destruídos no Brasil  



      Referência bibliográfica desta página

        PAIVA, Celso Lago, 2000. Bens tombados destruídos no Brasil. A. Bens demolidos. 4. Igreja de Nossa Senhora do Rosário, Berilo, Minas Gerais. Disponível na Internet: http://www.oocities.org/lagopaiva/rosario.htm. 13 ago. 2000 (publicação).

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        Editor deste sítio: Celso Lago Paiva,
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