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ANTE OS TEMPOS
NOVOS Emmanuel
"Enquanto a história relaciona a intervenção de
fadas, referindo-se aos gênios tutelares, aos palácios ocultos
e às maravilhas da floresta desconhecida, as crianças escutam
atentas, estampando alegria e interesse no semblante feliz.
Todavia, quando o narrador modifica a palavra, fixando-a nas
realidades educativas, retrai-se a mente
infantil, contrafeita, cansada... Não compreende a
promessa da vida futura, com seus trabalhos e
responsabilidades. |
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Os corações, ainda tenros, amam o sonho,
aguardam heroísmo fácil, estimam o menor esforço, não
entendem, de pronto, o labor divino da perfeição eterna e, por
isso, afastam-se do ensinamento real, admirados, espantadiços.
A vida, porém, espera-os com as suas leis imutáveis e
revela-lhes a verdade, gradativamente, sem ruídos espetaculares, com serenidade de mãe. As páginas de André
Luiz recordam essa
imagem..." |
ALEXANDRE - Desejando aprimorar-se quanto à
mediunidade, recebe André Luiz o convite do bondoso mentor Alexandre
para acompanhá-lo ao seu núcleo, em momento oportuno. Alimentando
indisfarçável curiosidade, e surgida a oportunidade, André vale-se
da prestigiosa influência para ingressar no espaçoso e velho salão,
onde Alexandre desempenha atribuições na chefia.
O
PSICÓGRAFO - Conta André: "Entrei cauteloso, sem despertar atenção
na assembléia que ouvia, emocionadamente, a palavra generosa e
edificante do operoso instrutor da casa. Grande número de
cooperadores velavam, atentos. E, enquanto o devotado mentor falava
com o coração nas palavras, os dezoito companheiros encarnados
demoravam-se em rigorosa concentração do pensamento, elevado a
objetivos altos e puros. Era belo sentir-lhes a vibração particular.
Cada qual emitia raios luminosos, muito diferentes entre si, na
intensidade e na cor. Esses raios confundiam-se à distância
aproximada de sessenta centímetros dos corpos físicos e estabeleciam
uma corrente de força, bastante diversa das energias de nossa
esfera. Essa corrente não se limitava ao círculo movimentado. Em
certo ponto, despejava elementos vitais, à maneira de fonte
miraculosa, com origem nos corações e nos cérebros humanos que aí se
reuniam. As energias dos encarnados casavam-se aos fluidos vigorosos
dos trabalhadores de nosso plano de ação, congregados em vasto
número, formando precioso armazém de benefícios para os infelizes,
extremamente apegados ainda às sensações
fisiológicas. Semelhantes forças mentais não são ilusórias, como
pode parecer ao raciocínio terrestre, menos esclarecido quanto às
reservas infinitas de possibilidades além da matéria mais
grosseira." Solicitado por Alexandre junto aos serviços
mediúnicos, André fica inteirado da complexidade de uma comunicação.
O mentor designa um grupo de seis entidades, candidatas ao
intercâmbio, porém salienta que apenas um médium, em condições
perfeitas, se encontra presente à reunião. Objeta André Luiz:
"Julguei que o médium fosse a máquina, acima de tudo." "A máquina
também gasta - observa o instrutor - e estamos diante de maquinismo
demasiadamente delicado."
A EPÍFISE
- Conta André: Enquanto o nosso companheiro se aproveitava
da organização mediúnica, vali-me das forças magnéticas que o
Instrutor me fornecera, para fixar a máxima atenção no médium.
Quanto mais lhe notava as singularidades do cérebro, mais admirava a
luz crescente que a epífise deixava perceber. Examinei
atentamente os demais encarnados. Em todos eles, a glândula
apresentava notas de luminosidade, mas em nenhum brilhava como no
intermediário em serviço. Sobre o núcleo, semelhante agora a flor
resplandecente, caíam luzes suaves, de Mais Alto, reconhecendo eu
que ali se encontravam em jogo vibrações delicadíssimas,
imperceptíveis para mim. Estudara a função da epífise nos meus
apagados serviços de médico terrestre. Segundo os orientadores
clássicos, circunscreviam-se suas atribuições ao controle sexual no
período infantil. Não passava de velador dos instintos, até que as
rodas da experiência sexual pudessem deslizar com regularidade, pelo
s caminhos da vida humana. Depois, decrescia em força, relaxava-se,
quase desaparecia, para que as glândulas genitais a sucedessem no
campo da energia plena. Alexandre o esclarece: - "Não se trata de
órgão morto, segundo velhas suposições. É a glândula da vida mental.
Ela acorda no organismo do homem, na puberdade, as forças criadoras
e, em seguida, continua a funcionar, como o mais avançado
laboratório de elementos psíquicos da criatura terrestre... Enquanto
no período do desenvolvimento infantil, fase de reajustamento desse
centro importante do corpo perispiritual preexistente, a epífise
parece constituir o freio às manifestações do sexo; entretanto há
que retificar observações. "Aos catorze anos, aproximadamente, de
posição estacionária, quanto às suas atribuições essenciais,
recomeça a funcionar no homem reencarnado. O que representava
controle é fonte criadora e válvula de escapamento. A glândula
pineal reajusta-se ao concerto orgânico e reabre seus mundos
maravilhosos de sensações e impressões na esfera emocional.
Entrega-se a criatura à recapitulação da sexualidade, examina o
inventário de suas paixões vividas noutra época, que reaparecem sob
fortes impulsos."
DESENVOLVIMENTO MEDIÚNICO - André Luiz, levado por
Alexandre, pode observar algumas demonstrações de desenvolvimento
mediúnico. Pode assim observar alguns candidatos e suas
particularidades: um, apresentava, não obstante o desejo sincero de
desenvolver-se para auxiliar, sinais iniludíveis da ingestão de
alcoólicos; outra senhora, candidata a psicógrafa, trazia o ventre
deformado tão repleto de alimentos, que André Luiz supôs enxergar
ali um vasto alambique, cheio de pastas de carne e caldos
gordurosos, cheirando a vinagre de condimentacão ativa; e em outro,
finalmente, "bacilos psíquicos de tortura sexual... "Fiquei estupefato." escreve ele. "As glândulas geradoras emitiam
fraquíssima luminosidade, que parecia abafada por aluviões de
corpúsculos negros, a se caracterizarem por espantosa mobilidade...
As mais vigorosas daquelas feras microscópicas situavam-se no
epidídimo, onde absorviam, famélicas, os embriões delicados da vida
orgânica... Que significava aquele acervo de pequeninos seres
escuros? Seriam expressões mal conhecidas da
sífilis?" Respondendo às suas indagações íntimas, Alexandre
esclarece: "Não, André, não temos sob os nossos olhos o espiroqueta
de Schaudinn, nem qualquer nova forma suscetível de análise material
por bacteriologistas humanos. São bacilos psíquicos da tortura
sexual, produzidos pela sede febril de prazeres inferiores... Tem
sido cultivados por esse companheiro, não só pela incontinência no
domínio das emoções próprias, através de experiências sexuais
variadas, senão também pelo contato com entidades grosseiras, que se
afinam com as predileções dele, entidades que o visitam com
freqüência, à maneira de imperceptíveis vampiros. ...A pretexto de
aceitar o império da razão pura, na esfera da lógica, admite que o
sexo nada tem a ver com a espiritualidade, como se esta não fosse a
existência em si... O erro de nosso amigo é o de todos os religiosos
que supõem a alma absolutamente separada do corpo físico, quando
todas as manifestações psicofísicas se derivam da influenciação
espiritual..."
VAMPIRISMO - Explica Alexandre: "Sem nos referirmos
aos morcegos sugadores, o vampiro, entre os homens, é o fantasma dos
mortos que se retira do sepulcro, altas horas, para alimentar-se do
sangue dos vivos. Não sei quem é o autor de semelhante definição,
mas. No fundo, não está errada. Apenas cumpre considerar que, entre
nós, vampiro é toda entidade ociosa que se vale, indebitamente, das
possibilidades alheias e, em se tratando de vampiros que visitam os
encarnados, é necessário reconhecer que eles atendem aos sinistros
propósitos a qualquer hora, desde que encontrem guarida no estojo de
carne dos homens."
INFLUENCIAÇÃO - Saindo da reunião de desenvolvimento,
André Luiz e Alexandre seguem alguns candidatos a caminho de casa,
notadamente o jovem rapaz torturado sexualmente, e qual se ligam
duas entidades profundamente inferiores, sua irmã, jovem madura e
equilibrada, e sua mãe, egoisticamente vampirizada pelo marido
desencarnado. Assim, conhece de perto a triste influenciação
espiritual de que são vítimas, mãe e filho, e da capacidade de
recepção de idéias superiores por parte da jovem, por manter-se ela
em padrão vibratório elevado. Alexandre a utiliza para esclarecer os
dois obsidiados, mas eles, desprezando a pouca idade e a
inexperiência da jovem, ignoram seus conselhos.
A
ORAÇÃO - Neste capítulo, tem André Luiz a feliz oportunidade de
compreender melhor os benefícios da oração. O lar do jovem
torturado, não obstante as infelizes e pertinazes companhias,
permanece fluidicamente protegido, em virtude de sua esposa cultivar
o hábito da oração e da vida reta. Amiga de Alexandre, a esposa
Cecília vai ao seu encontro, mais tarde, em espírito, e lhe pede
auxílio no amparo ao infeliz e desviado companheiro.
SOCORRO
ESPIRITUAL - Mais tarde, Alexandre e André são abordados por velha
amiga do Instrutor, Justina, que lhe implora auxílio para seu filho
Antônio, prestes a desencarnar. Antonio precisa de mais alguns meses
na carne, alega, e Alexandre dispõe-se a ajudá-la. Seguem para a
residência de Antônio e Alexandre o encontra a beira de mortal
apoplexia. Necessita do auxílio de um magnetizador encarnado e para
isso solicita o auxílio do irmão Francisco, diretor de um grupo
socorrista. Este, ciente da necessidade do momento, traz Afonso, em
espírito e, com Alexandre funcionando como verdadeiro magnetizador,
transfere para o moribundo os vigorosos fluidos do encarnado.
NO
PLANO DOS SONHOS - Conta André: "Após alguns minutos de conversação
encantadora, o irmão Francisco acercou-se do orientador, indagando
sobre os objetivos da reunião da noite. Segundo informações
anteriores, Alexandre dirigiria, naquela noite, pequena assembléia
de estudiosos. Quase ao início da preleção, Alexandre é
cientificado da ausência de dois companheiros, Vieira e Marcondes, e
solícito, manda averiguar o que houve. Destaca Sertório, para tanto,
enviando André em sua companhia. Chegando à casa de Vieira,
encontram-no apavorado, quase desencarnando de medo frente ao
"fantasma" de antigo companheiro, cuja presença evocara no jantar,
lembrando-lhe as más qualidades, levianamente. Sertório vem em seu
socorro, acordando-o, bruscamente. Marcondes encontra-se em pior
situação: entidades femininas da pior espécie, mantêm-no retido no
quarto e irritam-se com Sertório, quando este chega para saber do
companheiro o que impediu seu comparecimento a palestra da noite.
Marcondes desculpa-se, choroso, humilhado e Sertório o deixa ali, à
mercê das entidades infelizes, sem despertá-lo, para, na manhã
seguinte, a lembrança desagradável mostrar-se mais duradoura,
fortificando-lhe a repugnância pelo mal.
MEDIUNIDADE E FENÔMENO - André Luiz calcula em
aproximadamente pouco mais de cem encarnados, comparecendo ali pelo
desdobramento do sono, constatando, porém que o número de
desencarnados mostrava mais vasta expressão. Além do grupo do irmão
Francisco, que trouxera os tutelados, outras associações da mesma
natureza compareciam com os seus pupilos, interessados em novas
instruções. O tema escolhido para a noite: mediunidade e
fenômeno. E Alexandre exorta: "Não provoqueis o desenvolvimento
prematuro de vossas faculdades psíquicas! Ver sem compreender ou
ouvir sem discernir pode ocasionar desastres vultosos ao coração.
Buscai, acima de tudo, progredir em virtude e aprimorar sentimentos.
Acentuai o próprio equilíbrio e o Senhor vos abrirá a porta dos
novos conhecimentos!"
MATERIALIZAÇÃO - Em companhia de Alexandre, André
Luiz tem a oportunidade de examinar de perto o fenômeno da
materialização, fato que lhe desperta imensa curiosidade. Observa os
extremos cuidados com o ambiente, com os assistentes e com a médium,
esquema este muito minucioso, envolvendo grande equipe de
trabalhadores espirituais. Mas da parte dos encarnados, nota André
que o fato não é levado muito à sério: os seus pensamentos, ansiosos
por soluções particulares, desequilibram o ambiente, e um
assistente, envolvido em emanações alcoólicas, precisa ser isolado
especialmente, para não prejudicar a tarefa em
curso.
INTERCESSÃO - Narra André: "Certa noite, finda a
dissertação que Alexandre consagrava aos companheiros, meu
orientador foi procurado por duas senhoras, que foram conduzidas, em
condições especialíssimas, àquele curso adiantado de
esclarecimentos, porquanto eram criaturas que ainda se encontravam
presas ao veículos de carne e que procuravam o instrutor,
temporariamente desligadas do corpo, por influência do sono. Eram
Etelvina e Ester. A primeira, conhecida de Alexandre, pedia os
obséquios do Instrutor para sua prima Ester, para solucionar a
estranha morte de seu esposo, em plena via pública. Alexandre se
dispõe a auxiliá-las. É cientificado por um humilde visitador
desencarnado, de que Raul, o esposo, havia cometido o suicídio. Em
companhia de André Luiz, localiza o recém-desencarnado,
semi-inconsciente, junto à uma temível horda de vampiros, nas
imediações de um frigorífico. O Benfeitor consegue subtraí-lo das
mãos dos infelizes e carrega Raul consigo, visando seu despertamento
para a nova realidade espiritual.
PREPARAÇÃO DE EXPERIÊNCIAS - Após desemcumbir-se da
tarefa intercessória, Alexandre foi procurado por Herculano,
companheiro de elevada expressão hierárquica, no sentido de
auxiliá-lo, e à sua equipe, no processo reencarnatório de
Segismundo, antigo e querido amigo de ambos. Segismundo, que
deveria reencarnar no lar de Raquel e Adelino, para resgatar pesados
débitos com o casal, encontrava-se terrivelmente abatido e temeroso,
pela reação hostil do futuro pai, que não lhe permitia a
aproximação. Alexandre esclarece: "O caso é típico. O drama de
Segismundo é demasiadamente complexo para ser comentando em poucas
palavras. Basta, todavia, recordar que ele, Adelino e Raquel são os
protagonistas culminantes de dolorosa tragédia, ocorrida ao tempo de
minha última peregrinação pela Crosta. Em seguida a uma paixão
desvairada, Adelino foi vítima de suicídio; Segismundo, do crime; e
Raquel, do prostíbulo." Desejando acompanhar o amoroso Benfeitor,
André Luiz é instruído a se preparar, previamente, acerca do
processo reencarnacionista. Em "Nosso Lar", conduzido por Alexandre,
André conhece o Centro de Planejamento de
Reencarnações.
REENCARNAÇÃO - André Luiz: "Senti-me ditoso e
emocionado quando Alexandre me convidou a visitar, em companhia
dele, o ambiente doméstico de Adelino e Raquel, onde se verificaria
a reencarnação de Segismundo." Vencidas dificuldades de
aproximação entre pai e filho, os Espíritos Construtores dão início
ao fascinante processo reencarnacionista de Segismundo. Conta
André: "Meu amável instrutor, muito satisfeito com a nova situação,
passou a examinar os mapas cromossômicos, com a assistência dos
construtores presentes. Em vão procurava compreender aqueles
caracteres singulares, semelhantes a pequenos arabescos, francamente
indecifráveis ao meu olhar." Alexandre vem em seu socorro: "Este
não é um estudo que você possa compreender, por enquanto. Estou
examinando a geografia dos genes nas estrias cromossômicas, a fim de
certificar-me até que ponto poderemos colaborar em favor de nosso
amigo Segismundo, com recursos magnéticos para a organização das
propriedades hereditárias."
PROTEÇÃO - No dia imediato à ligação de Segismundo ao
novo corpo físico, André Luiz retornou ao lar de Raquel e Adelino,
não encontrado, porém, a jovem mulher bem disposta como na véspera.
Apuleio, o diretor da equipe de construtores esclareceu: "Nossa irmã
Raquel começa a sentir o esforço de adaptação. Por enquanto, e,
durante alguns dias, permanecerá indisposta; todavia, a ocorrência é
passageira." André observa que, embora mantivesse ela o corpo em
posição de repouso, mostrava-se superexcitada, inquieta. "Não
conseguirá dormir?" - pergunta. "Mais tarde - responde Apuleio; por
agora, terá o sono reduzido, até que se formem os folhetos
blastodérmicos. É o serviço inicial do feto e não podemos
dispensar-lhe a cooperação ativa." André Luiz tem a feliz
oportunidade de acompanhar a gestação de Raquel, e conta: "O
desenvolvimento da futura forma de Segismundo compelia Raquel a
verdadeiros sacrifícios orgânicos; contudo, em cada noite, pela
madrugada, repetiam-se as excursões espirituais que ela e o filho
recebiam dos afetos de nosso plano. O trabalho de Herculano mereceu
a cooperação de inúmeros amigos. Rara a noite em que não vinham
Espíritos, agradecidos a Segismundo, velar pela harmonia de sua nova
reencarnação, prestando à casa, aos pais e a ele os mais variados
auxílios."
FRACASSO - Verificando o aproveitamento de André no
caso Segismundo, Alexandre, sempre gentil, e procurando propiciar ao
pupilo novos esclarecimentos, busca saber de Apuleio de algum caso
de reencarnação junto a companheiros outros, distantes da
responsabilidade moral observados no lar de Raquel e Adelino. E
Apuleio lembra o caso Volpini. "Volpini -, diz - atingiu agora o
sétimo mês de gestação da nova forma física, mas a noite próxima
será decisiva para ele. Já recebi um apelo dos colaboradores que
ficaram nas imediações do caso, no sentido de evitar certas
extravagâncias da futura mãe, projetadas para hoje; entretanto, não
creio sejamos por ela obedecidos. A organização fetal não se
encontra em condições de suportar novos desequilíbrios, e, se a
pobrezinha não despertar para o dever, abrirá, ainda hoje, uma
terceira falência. Se André puder vir conosco, dar-nos-á muito
prazer. André Luiz acompanha a imensa luta por preservar o vida
de Volpini, porém a mãe, embriagada pelos prazeres fúteis, disposta
a gozar a vida a qualquer preço, sai novamente, para mais uma
noitada exótica. Então Volpini espírito é retirado da organização
fetal e Cesarina, no dia seguinte, é internada às pressas, em
gravíssimas condições. Fortemente impressionado, André fica sabendo
que a infeliz acabara de dar à luz uma criança
morta.
INCORPORAÇÃO - André Luiz: "Prosseguindo em meus
estudos sobre os fenômenos mediúnicos de variada expressão, sempre
que meus serviços habituais mo permitiam, regressava à Crosta,
aprendendo e cooperando no grupo em que Alexandre funcionava na
qualidade de orientador." Assim, ele tem a oportunidade de
apreciar, de perto, um caso de incorporação mediúnica. Dionísio,
antigo membro do grupo, já desencarnada, tem sua visita solicitada,
com insistência, pelos companheiros ainda encarnados. Alexandre
alerta para as dificuldades que poderão advir do intento. A médium
destacada para a tarefa é Otávia, cuja autenticidade mediúnica, em
outros tempos, fora posta em dúvida pelo próprio Dionísio.
Acertados todos os detalhes, Dionísio é conduzido para a
residência de Otávia, poucas horas antes da reunião. André Luiz,
surpreso, conta que a médium se encontrava em delicado estado
emocional, devido às agressões de seu marido Leonardo, homem
violento e obsidiado. Restauradas suas forças, e perfeitamente
sintonizada com o comunicante da noite, a reunião é levada a efeito,
com Dionísio expressando-se emocionadamente através de
Otávia. Mas, para decepção geral, amigos e parentes do
desencarnado duvidam da manifestação mediúnica, insinuando tratar-se
de mistificação.
DOUTRINAÇÃO - Terminavam os trabalhos de uma das
reuniões comuns de estudos evangélicos, quando uma entidade muito
simpática acercou-se de Alexandre e André Luiz: era mãe afetuosa, em
busca do auxílio do abnegado Instrutor, visando uma nova doutrinação
para Marinho, seu filho, e que fora padre na Crosta. A pobre mulher
declara-se cansada, em profunda exaustão espiritual e Alexandre,
penalizado, dispõe-se a auxiliá-la. Alexandre destaca Necésio,
habilidoso trabalhador desencarnado, e experiente na tarefa de
estabelecer contatos preliminares com entidades revoltadas. Marinho,
triste habitante de ruínas sombrias, com outros companheiros de
batina, deixa-se envolver pela simpatia e pelos argumentos de
Necésio. Conduzido à uma Casa de doutrinação, revolta-se e tenta
retroceder, mas os benfeitores organizam elementos para a
materialização de sua mãe, quedando-se Marinho, afinal, em lágrimas
ardentes de arrependimento e desejo de renovação.
OBSESSÃO - André: "A conselho de orientadores
experimentados, o agrupamento a que Alexandre prestava preciosa
colaboração, reunia-se, em noites previamente determinadas, para
atender aos casos de obsessão. Era necessário reduzir, tanto quanto
possível, a heterogeneidade vibratória do ambiente, o que compelia a
direção da casa a limitar o número de encarnados nos serviços de
benefício espiritual." "Todo obsidiado é um médium, na acepção
legítima do termo?" - pergunta André, e Alexandre esclarece:
"Médiuns, meu amigo, inclusive nós outros, os desencarnados, todos o
somos, em vista de serviços intermediários do bem que procede de
mais alto, ou portadores do mal, colhido nas zonas inferiores,
quando caímos em desequilíbrio. O obsidiado, porém, acima de médium
de energias perturbadas, é quase sempre um enfermo, representando
uma legião de doentes invisíveis ao olhar humano. Por isso mesmo,
constitui, em todas as circunstâncias, um caso especial, exigindo
muita atenção, prudência e carinho." Na reunião, presentes os
obsidiados, em número de cinco: dois deles, uma senhora
relativamente jovem e um cavalheiro maduro, demonstravam enorme
agitação, dois outros, ambos moços e irmãos pelo sangue, pareciam
completamente imbecilizados, e, por fim, uma jovem que se controlava
com esforço, ante o assédio de que era vítima. Do grupo, ressalta
Alexandre que apenas a jovem obterá algum benefício da reunião, por
estar ela procurando a restauração das forças psíquicas, por si
mesma. "Não está esperando o milagre da cura sem esforço e, não
obstante terrivelmente perseguida por seres inferiores, vem
aproveitando toda espécie de ajuda que os amigos de nosso plano
projetam em seu círculo pessoal." - esclarece o
Instrutor.
PASSES
- Em companhia de Alexandre, André tem igualmente a oportunidade de
assistir ao trabalho de passes. Observando os trabalhadores
espirituais, envoltos em túnicas muito alvas, como enfermeiros
vigilantes, André indaga de Alexandre se aqueles trabalhadores
apresentam requisitos especiais. O Instrutor esclarece: "Sim, na
execução da tarefa que lhes está subordinada, não basta a boa
vontade, como acontece em outros setores de nossa atuação. Precisam
revelar determinadas qualidades de ordem superior e certos
conhecimentos especializados. O servidor do bem, mesmo desencarnado,
não pode satisfazer em semelhante serviço, se não conseguiu manter
um padrão superior de elevação mental contínua, condição
indispensável à exteriorização das faculdades radiantes. O
missionário do auxílio magnético, na Crosta, ou aqui em nossa
esfera, necessita ter grande domínio sobre si mesmo, espontâneo
equilíbrio de sentimentos, acendrado amor aos semelhantes, alta
compreensão da vida, fé vigorosa e profunda confiança no Poder
Divino. Cumpre-me acentuar, todavia, que semelhantes requisitos, em
nosso plano, constituem exig6encias a que não se pode fugir, quando,
na esfera carnal, a boa vontade sincera, em muitos casos, pode
suprir essa ou aquela deficiência, o que se justifica, em virtude da
assistência prestada pelos benfeitores de nossos círculos de ação ao
servidor humano. Ainda incompleto no terreno das qualidades
desejáveis." Apresentado a Anacleto, diretor dos trabalhos de
passe, André pode analisar de perto o caso de uma senhora que havia
discutido violentamente com o esposo, encobrindo, dessa forma, o
coração e a válvula mitral com tenuíssima nuvem negra fulminatória,
suscetível de ocasionar-lhe perigosa enfermidade. Observa também um
homem, portador de temperamento muito vivo, e que na busca do
domínio próprio, devido a conflitos recentes, produziu pensamentos
terríveis e destruidores, que segregaram matéria venenosa,
imediatamente, para o seu ponto orgânico mais fraco, o fígado. Além,
acompanha o atendimento à jovem mulher grávida, pobre e desnutrida,
à qual são fornecidos elementos nutritivos, para ampará-la e ao
bebê. Finalmente, é levado a conhecer um caso de "décima vez": um
cavalheiro, apresentando grave perturbações no baço, dado à
discussões e provocações, e que já havia sido atendido nove vezes,
anteriormente, com o socorro preciso ao desequilíbrio
orgânico.
ADEUS -
Narra André: "Esperava a continuidade de meus novos estudos, em
companhia de Alexandre; todavia, com surpresa, o meu amigo Lísias
foi portador de um convite que me destinara o caritativo instrutor.
Tratava-se de uma reunião de despedidas." Não consegue deixar de
experimentar sentimentos passionais, frente à notícia. Lísias, no
entanto, o portador da novidade, o adverte: "Nada de egoísmo, André!
Sabemos que Alexandre se ausentará em serviço, mas ainda mesmo que
sua excursão fosse muito longa e plenamente consagrada ao repouso
recreativo, cabe a nós outros, seus devedores, a participação da
alegria de seus elevados merecimentos." André Luiz, reanimado
pela palavra esclarecedora de Lísias, comparece, à noitinha, para a
formosa reunião de despedidas. Com ele, os discípulos de Alexandre,
sessenta e oito colegas, entre eles quinze mulheres. Após a palavra
comovida de Alexandre, e o abraço carinhoso e individual, a sua
prece encerra o encontro: "Senhor, sejam para o teu coração misericordioso
todas as nossas alegria, esperanças e
aspirações!"
FIM
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HOMEPAGE
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