Carta extraída do livro:

"Carta de Las Mujeres que Aman Demasiado", de Robin Norwood. (pg. 27)

 

Estimada senhora Norwood,

Meus pais têm problemas de alcoolismo e, apesar de eu não beber nem consumir drogas, me dei conta que sou dependente dos homens autodestrutivos. Tentei dominar os três homens com os quais vivi, mediante ameaças, subornos, elogios, sermões e todo tipo de manipulações que eu acreditava que poderiam dar resulta.

Agora compreendo que sou tão autodestrutiva como eles, porque escolho somente homens carentes e deficientes. Nunca mantenho interesse por aqueles que são saudáveis e competentes.

Meu noivo atual acaba de me chamar á cadeira militar, onde está cumprindo sentença por tráfico de drogas. Disse que está aprendendo sua lição e que não vai mais procurar problemas. Eu disse a ele que ficava satisfeita em saber disso e que desejava que ele tomasse conta de si mesmo. Entendo que só posso cuidar de mim mesma e daqui a dois dias começarei assistir ás reuniões de Alcoólicos Anônimos e de Filhos Adultos de Alcoólicos.

Não sei se eu e ele voltaremos a ficar juntos o que na realidade não importa, porque agora estou aprendendo a ficar bem estando sozinha.

Saudações de uma dependente dos homens, em vias de recuperação.

Britt J.

"Resposta da Robin Norwood:"

Quando Britt toma distância do problema de seu noivo e passa a concentrar-se em seus próprios padrões de comportamento e a buscar ajuda para modificá-los, exemplifica a primeira etapa de recuperação da dependência de relacionamento. A freqüência com que continuará buscando sua recuperação determinará se ela superará ou não essa etapa. Em outras cartas de dependentes de relacionamentos que aparecem neste livro, veremos que não há um grau específico de dor que garanta que uma pessoa se comprometerá sinceramente a buscar sua recuperação. Em alguns casos, há graus inacreditáveis de degradação e humilhação pessoal mas, apesar disso não provocam a predisposição necessária para que se inicie a recuperação. Com uma atitude muito similar à dos jogadores compulsivos que não podem deixar de jogar porque já perderam essas pessoas dependentes usam sua degradação para justificar suas tentativas, cada vez mais desesperadas em dominar a outra pessoa e de salvar a situação se deteriorando progressivamente. Em outras palavras, a medida em que as conseqüências da dependência pioram, algumas pessoas vão adoecendo mais e mais. Mas há outros que "se sentem profundamente tocados" e adquirem, pelo menos temporariamente, vontade de fazer tudo o que for necessário para melhorar.

Ás vezes é difícil entender que alguém possa reconhecer o poder destrutivo da dependência em sua vida e estar disposto a encará-lo e logo perder por completo essa vontade. Sem dúvida é o que acontece freqüentemente. É por isso que devem ser distinguidas três etapas da recuperação:

 

Por mais difícil que seja, o início da recuperação é apenas um primeiro passo e não garante que essa recuperação continuará. Há muitos, muitos mais alcoólatras que decidem abandonar a bebida do que os que podem abandoná-la para sempre, e são muitas, muitas mais, as dependentes de relacionamento que iniciam a recuperação do que as que continuam.

Uma característica inexplicável de todo tipo de dependência é que ninguém pode prever, por maior que seja a sua experiência ou habilidade, quem irá ou não se recuperar de uma dependência. O que se pode observar, sem dúvida, é que a maioria dos dependentes não se recuperam. Sem dúvida, quem segue desejando diariamente sua recuperação mais que nenhuma outra coisa e a coloca como prioridade principal, a longo prazo, pouco a pouco, passo a passo com o apoio de outras que têm passado pela mesma luta, a conseguem.

Para manter a recuperação, além da vontade, a coragem e a humildade tão necessárias para iniciar o processo, devemos desenvolver mais duas qualidade: a capacidade de nos auto-examinar com rigorosa franqueza e a confiança em um poder superior a nós mesmos. Esse Poder Superior não precisa coincidir com as definições dos outros. Pode ser chamado de Deus, pode não ter nome. Que se possa comunicar tanto em um grupo de apoio com em uma igreja ou um templo. É um princípio muito pessoal formulado individualmente de forma que, quando o invocamos, proporciona uma fonte inesgotável de força e consolo.

 

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