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O que é o Urânio empobrecido?
Pois é, a seguir ao biGbreda as palavras mais faladas nas últimas semanas são "sem dúvida" urânio empobrecido, essa coisa terrível de que toda a gente fala e quase ninguém sabe o que é, porque ninguém explica.
Ora bem, o Portal da Goncinha, sendo um fenómeno cultural e científico a todos os níveis, não querendo deixar os seus leitores nessa ignorância exasperante, vai tentar por palavras simples e resumidas, explicar o que é o mediático e enigmático urânio empobrecido. Quem quiser pôr dúvidas ou abordar o assunto de forma mais científica, pode fazê-lo através do e-mail goncinhanews@hotmail.com.
Para se entender o que é o urânio empobrecido, há no entanto que ter noção de alguns princípios mais ou menos básicos.
Como todos sabem, simplisticamente, os átomos dos elementos são constituídos por um núcleo com um determinado número de protões e neutrões muito ligados entre si, à volta do qual giram os electrões. Num estado dito normal, para cada elemento atómico, o número dessas partículas é igual; i.e., um átomo de Carbono, cujo número atómico é 6, terá 6 protões, 6 neutrões e 6 electrões. No entanto o que define efectivamente o nº atómico é o nº de protões, pois o átomo de Carbono poderá ter diferente nº de electrões e neutrões, mas só será Carbono ser tiver 6 protões.
A massa atómica de um elemento, cuja definição real tornar-se-ia muito fastidiosa, é função do peso desse elemento tal como ele se encontra na natureza, ou seja, depende do seu nº de protões e neutrões, já que o peso dos electrões é insignificante. O urânio 92U238, tem o nº atómico 92 (núcleo com 92 protões e 238 de massa atómica.
Sendo o nº de protões o responsável pelas propriedades de um elemento, átomos com o mesmo nº de protões e diferente nº de neutrões, são isótopos desse elemento. Os isótopos têm massa atómica diferente porque, com se disse atrás, o nº de neutrões tem influência na massa.
Embora sejam conhecidos 14 isótopos de urânio, na natureza só existem 3. Ou seja, num pedaço de minério de urânio há 99,27% de U238 ( o mais estável, já vamos ver porquê...), 0,72% de U235 e 0.01% de U234.
Sendo o urânio um elemento radioactivo, os seus átomos de vão-se auto-destruindo (transformação da matéria em energia), emitindo radiações (partículas alfa e beta). Define-se como tempo de semivida de um isótopo radioactivo, o tempo que uma sua amostra se desintegra para metade do seu valor original.
A semivida do U238 é de 4 460 milhões de anos; do U235 (utilizado nos projécteis dos americanos) é de 704 milhões de anos.
O urânio pode ser enriquecido através de processos químicos obtendo-se isótopos muito instáveis cuja semivida pode ser de dias, caso do U237 (6,75 dias de semivida), utilizado como combustível de bombas nucleares. No caso extremo, o U222 tem uma semivida de 1 microsegundo.
O termo enriquecido está portanto ligado à quantidade de radiação emitidas num determinado espaço de tempo. Após descobrir a radioactividade, a madame Curie ao enriquecer o rádio (Ra226), noutros isótopos mais instáveis veio depois a sofrer as inevitáveis consequências da exposição à radiação...
Enquanto o aço tem uma densidade de 7,85, o urânio é um metal pesado com densidade = 18,68 ( 1m3 pesa 18 680Kg), sendo utilizado em munições pela sua capacidade de perfuração do aço.
O U235 ,utilizado nos projécteis que atingiram o Kosovo, é pois um isótopo natural e pobre em radiação. Daí ser designado por urânio empobrecido.
                                                                                                                                 P.A.