As madeiras apresentam
como material de construção toda uma série
de vantagens, dificilmente reunidas em outro material:
* Pode ser obtida em grandes quantidades a um preço relativamente
baixo.
* Foi o primeiro material empregado capaz de resistir tanto a
esforços de compressão como de tração.
* Não estilhaça quando golpeada, sua resiliência
permite absorver choques que romperiam ou fendilhariam outro material.
1- Classificação das madeiras
As madeiras podem ser
classificadas em:
* Madeiras Finas: São empregadas em marcenaria e em construção
corrente na execução de esquadrias, marcos, etc.
* Madeiras Duras ou de Lei: São empregadas em construção,
como suportes e vigas.
* Madeiras Resinosas: São empregadas quase que exclusivamente
em construções temporárias
* Madeiras Brandas: Possuem pequena durabilidade, porém
de grande facilidade de trabalho. Não são usadas
em construção.
2- Crescimento das árvores
A seção transversal no tronco de uma árvore permite distinguir as seguintes partes bem caracterizadas, de fora para dentro:
* Casca: Protege a árvore contra os agentes externos. Não apresenta importância do ponto de vista da construção, é eliminada no aproveitamento do lenho.
* Câmbio: Camada invisível a olho nu, situada entre a casca e o lenho, formada de tecido meristemático. O crescimento da árvore dá-se diametralmente, pela adição de novas camadas provenientes da diferenciação do câmbio. Cada camada de tecido lenhoso formada anualmente constitui um anel de crescimento. Se por qualquer motivo - seca ou ataque de insetos - for interrompido o desenvolvimento normal da árvore, podem formar-se na mesma estação dois ou mais anéis: são os falsos anéis de crescimento.
* Lenho: Constitui a parte resistente das árvores. Compreende o cerne, formado por células mortas, que tem como função resistir aos esforços externos que solicitam a árvore, e o alburno, formado por células vivas, que além da função resistente é veículo da seiva bruta, das raízes às folhas. É a alteração do alburno que vai ampliando o cerne. Durante esta alteração, as paredes das células se impregnam mais ou menos, conforme a espécie. O cerne tem mais peso, compacidade, dureza e durabilidade. Mais durabilidade porque, não possuindo mais matérias nutritivas, amidos e açúcares, é menos sujeito ao ataque de insetos e fungos. O alburno tem propriedades mecânicas inferiores às do cerne e é bem menos durável. Todavia, é desaconselhável a prática de retirar todo o branco das madeiras como material imprestável para uso comum. Desaconselhável não só do ponto de vista econômico, já que a proporção do alburno quase nunca é inferior a 25 %, podendo até atingir 50 %, mas desaconselhável porque o alburno é a parte que melhor se deixa impregnar pelos preservativos.
* Medula: Miolo central, mole, de tecido esponjoso e cor escura. Não tem resistência mecânica, nem durabilidade. Sua presença na peça desdobrada constitui um defeito.
* Raios Medulares: Ligam as diferentes camadas entre si e têm a função de transportar e armazenar a seiva. Pelo seu efeito de amarração transversal, inibem em parte a retratilidade devida a variações de umidade.
3- Composição Química
As células são
formadas por paredes de membranas celulósicas permeáveis,
a parede primária, que aos poucos vai se cobrindo de lignina,
e a parte secundária, que deixa falhas permeáveis
e pontuações.
A celulose constitui a estrutura de sustentação
das paredes celulares. A lignina é o material aglomerante
que liga as células umas às outras. Estes dois componentes
são os responsáveis por todas as propriedades da
madeira, tais como higroscopicidade, resistência à
corrosão, etc.
A composição química da madeira, em termos
médios, apresenta 60% de celulose, 28 % de lignina e quantidades
menores de outras substâncias.
A madeira seca contém em média 49 % de carbono,
44 % de oxigênio, 6 % de hidrogênio e 1 % de cinza.
4- Produção
A produção das madeiras se inicia com o corte das árvores e prossegue normalmente com a toragem, o falquejo, o desdobro e o aparelhamento das peças.
4.1- Corte
O corte deve ser realizado em épocas apropriadas, geralmente no inverno. A madeira cortada durante o inverno seca melhor e mais lentamente, evitando o aparecimento de fendas e rachas que são vias de acesso para os agentes de deterioração. Por outro lado esta época corresponde a uma paralisação na vida vegetativa das árvores, quando contém menos seiva elaborada, amido e fosfato que nutrem os fungos e os insetos destruidores da madeira.
4.2- Toragem
A árvore abatida e desgalhada é traçada em toras de 5 a 6 metros para facilitar o transporte.
4.3- Falquejo
Antes de cada operação seguinte, as toras podem ser falquejadas ou falqueadas. Cada tora fica assim, com uma seção aproximadamente retangular pela remoção de 4 costaneiras.
4.4- Desdobro
Desdobro ou desdobramento
é a operação final na obtenção
de madeira bruta. É realizada nas serrarias com serra-fitas
contínuas ou com serras alternativas que podem ter a lâmina
horizontal, vertical ou várias lâminas paralelas.
A estas serras está usualmente adaptado um carro porta-toras,
para o deslocamento gradual da tora contra o fio da serra.
Dois são os principais tipos de desdobro:
Desdobro normal, em pranchas paralelas, tangenciais aos anéis de crescimento, e desdobro radial ou em quartos, normal aos anéis de crescimento.