|
A evolução da espécie
Do boing-boing à rede neural: em 40 anos,
games passaram das linhas e pontos a personagens que até
namoram e dormem. Conheça um pouco mais dessa
trajetória
Da Redação
|
|
|
| As telinhas dos primeiros jogos eletrônicos,
como Space Wars e Pong, eram escuras e mostravam
gráficos muito simples, com linhas e pontos.
Boing-boing, ping, pong e bummmm eram os únicos sons
reproduzidos. No entanto, mesmo faltando ação e cor,
esses games divertiam a rapaziada. Como era de se
esperar, o desenvolvimento tecnológico foi ao outro
extremo e o mundo virtual ganhou a terceira dimensão
(3D) e personagens cada vez mais complexos — como os
bonequinhos do The Sims que tomam banho, trabalham,
dormem e até namoram. Ou os personagens inteligentes do
Enter the Matrix, que perseguem carros e lutam kung fu.
A trajetória dos videogames é
contada na exposição Game o quê?, organizada pelo Itaú
Cultural e que está sendo realizada até o final de
setembro, em São Paulo. Nela, os visitantes podem
brincar com os games que marcaram diferentes gerações e
acompanhar o desenvolvimento tecnológico de cada um. O
resto do país fica na vontade, enquanto os expositores
não decidem se farão uma turnê pelo Brasil. Se serve de
consolo, a mostra pode ser ‘‘visitada’’ virtualmente, no
site http://www.itaucultural.org.br/.
Embora muita gente pense que
videogame é coisa recente, lá se vão mais de 40 anos de
história — foi em 1961 que o Instituto Tecnológico de
Massachusetts, o MIT, criou o primeiro jogo de
computador, o Space Wars. No início, os jogos eram
compostos por apenas duas cores e pouca variação no som.
Com o tempo, os jogos eletrônicos passaram a ser um
produto comercial e se sofisticaram, acompanhando o
aumento de capacidade de processamento dos computadores.
O Apple I, por exemplo, que é
considerado o primeiro microcomputador da história, foi
criado por Stephen Wozniak para impressionar em
joguinhos. Com o advento dos primeiros consoles de
videogame e do microcomputador, nos anos 70, os jogos
passaram de fase — das universidades para a sala de TV.
O engenheiro Marcos Cuzziol, gerente
do Itaulab, conta que a evolução gráfica e sonora dos
joguinhos são as mais perceptíveis. Mas também pode-se
notar uma grande diferença no comportamento dos
personagens ao longo dos anos. No começo, eram simples
bolinhas batendo de um lado para o outro. ‘‘Agora, os
‘atores’ têm comportamento definido, seguem regras e
cumprem objetivos’’, explica.
A
evolução chegou a tal ponto que os personagens dos jogos
já conseguem imitar de forma simplificada as atitudes
humanas. Isso acontece, por exemplo no jogo Black and
white, graças à chamada rede neural, uma técnica de
programação que simula inteligência artificial. Além
disso, os personagens vivem em ambientes sofisticados e
contam histórias mais profundas. ‘‘O game deixa de ser
algo simplesmente de adrenalina e passa a instigar o
questionamento’’, conta Marcos.
Lúdico e educativo Essa mudança no
conteúdo dos jogos ajudou a modificar o pensamento de
pais e professores. Antes, os games só serviam para a
diversão ou eram símbolos de estímulo à violência.
Atualmente, já se acredita que esses joguinhos sejam
capazes de auxiliar o desenvolvimento motor e psíquico
das crianças.
O professor Gilberto
Lacerda, da Faculdade de Educação da Universidade de
Brasília, acredita que jogos mais elaborados podem criar
um ambiente propício para a aprendizagem dos alunos. ‘‘O
lúdico e o educativo juntos sempre rendem bons
resultados’’, diz. Para Gilberto, o que conta é a
qualidade do professor. Se esse estiver bem preparado,
vai conseguir se apropriar dessa linguagem para inventar
um uso na sala de aula.
É possível
utilizar simuladores de vôo para ensinar matemática. O
professor cita também o jogo Age of Empires, um jogo de
guerra entre povos da antigüidade. Segundo Gilberto, a
ficção encontra a criança mais rapidamente que qualquer
outro material didático. ‘‘É muito útil para ensinar
história. Isso acontece porque o jogo é interativo, e o
mundo é assim’’, conta. Por isso, o professor defende
que a escola precisa se adaptar à linguagem da interação
e construção coletiva, como a existente nos
joguinhos. |
A história dos joguinhos
Da Redação
As novas gerações, familiarizadas com o The
Sims e o Enter the Matrix, sequer fazem idéia de como
eram os primeiros joguinhos. Faltavam efeitos especiais,
som e personagens quase reais, ao contrário do que vemos
hoje. A viagem pela história da evolução dos videogames
é uma forma de recuperar essa memória. Significa
entender as modificações gráficas e tecnológicas que
aconteceram com os jogos eletrônicos ao longo de 40
anos. Veja os 12 games que fizeram ou que ainda fazem a
diversão da garotada.
|
Em exposição
Divulgação |
|
|
| Space Wars
Criado por um estudante do Instituto Tecnológico
de Massachusetts, o MIT, na década de 60, Space Wars foi
o primeiro jogo eletrônico e a primeira simulação de
computador a exibir uma representação gráfica. O jogador
tinha que destruir todas as naves alienígenas e ir
passando de nível até chegar ao fim do jogo. A intenção
do inventor, Steve Russel, era mostrar o potencial
gráfico do mainframe, computador de grande porte
utilizado na época, que trazia um monitor monocromático
e exibia, além de caracteres, linhas e pontos.
|
Pong
Diferentemente do Space Wars, o Pong
foi criado para ser um game. Era um jogo bem simples,
com mínimas instruções. Dois jogadores controlam duas
raquetes e uma bolinha. A empresa Atari lançou o jogo em
1972. A partir daí, começou a onda de games e consoles
no mundo.
|
Space Invaders
Em
plena década de 70, surge um game que vira a cabeça da
molecada de então, o Space Invaders. Lançando em 1978
pela empresa japonesa Taito, ele se tornou uma grande
mania mundial. Inicialmente, o exército inimigo era
composto de humanos, e a produtora achou melhor
trocá-los por alienígenas. Space Invaders foi a primeira
estação de jogo a sair das tradicionais casas de games e
invadir locais como sorveterias, lanchonetes e bares.
|
Pitfall
No
Brasil, o Atari 2600 foi lançado pela Polyvox, entre
1981 e 1982. Conseguiu um enorme sucesso, pois atraiu
crianças e adultos que passavam horas em frente aos
aparelhos de TV jogando games como River Raid, Pitfall e
Enduro. Aproximadamente 500 títulos foram lançados para
o Atari 2600, fazendo com que o console ainda esteja
entre os recordistas em número de jogos.
|
Sonic
Em 1990, a
Sega lutava para consolidar seu console de 16 bits nos
EUA e Japão. A empresa precisava de um jogo poderoso
para enfrentar de igual para igual o império de Mario
Bros. O projeto foi entregue para os melhores
funcionários da Sega. Yuji Naka, um jovem programador,
ficou responsável pelo grupo. O projeto levou 14 meses.
Depois desse período surgia um dos personagens mais
famosos do mundo: Sonic, o porco espinho veloz e
habilidoso.
|
Tomb Raider
O
jogo faz parte de uma série de sete produtos idealizados
por Roberta Williams, esposa do dono da Sierra — uma das
maiores fabricantes de videogames. O game criou a
personagem aventureira Lara Croft, que foi representada
no cinema por Angelina Jolie.
|
Myst
Foi lançado
pela empresa norte-americana Cyan, em 1993. Administrada
pelos irmãos Robyn e Rand Miller, ela era praticamente
uma microempresa, mas já tinha em seu portfólio alguns
games infantis que fizeram bastante sucesso pelo seu
caráter educativo. Os Miller gostavam de saber que as
pessoas aprendiam com os seus jogos. Com o surgimento de
novas ferramentas tecnológicas, eles decidiram criar
algo totalmente novo — não apenas um jogo, mas uma
‘‘realidade’’ inteira — e assim surgiu Myst. A invenção
da Cyan juntou imagem, som e movimento com grande
perfeição.
|
Comanche
Lançado
em 1982, o jogo Comanche foi um dos primeiros
simuladores a recriar os helicópteros militares e as
várias situações de guerra que os jogadores gostam de
ver. A empresa NovaLogic lançou várias atualizações do
jogo original, embora sem o sucesso do primeiro.
|
Fifa 2002
Este é
um dos mais perfeitos videogames de esporte. Ao lado de
um treinador, os atletas fazem jogadas complexas como
bicicletas e cabeçadas. Tudo isso se deve a um grande
trabalho de captura de movimentos.
|
The Sims
É um
jogo de estratégia no qual o jogador observa a vida de
uma comunidade de pessoas ‘‘simuladas’’, os Sims. A vida
de cada um deles está nas mãos dos jogadores, que os
ajudam a desenvolver a carreira, família, amigos,
romance e felicidade. O jogo, da Eletronic Arts, foi
lançado em 2000 e já foi traduzido para 13 línguas.
|
Black and White
Criado por Peter Molyneux, Black and
White é um jogo de deus. Um game de estratégia, que lhe
dá controle do destino do mundo. Você tem que usar seus
poderes religiosos para cuidar das pessoas. Black and
White utiliza gráficos novíssimos, e se vê o cenário de
qualquer ângulo, direção ou altura.
|
Enter the Matrix
Os mesmos diretores dos filmes
Matrix, Larry e Andy Wachowski, adaptaram todos os
personagens para esse jogo, que mescla em seus gráficos
elementos que o deixa bem realista. Enter the Matrix tem
tudo o que os aficionados por Matrix querem como armas,
kung fu, personagens subindo paredes e se esquivando de
balas, agentes, fuga dos sentinelas no flutuador, e,
principalmente, o bullet time, em que o jogador fará as
balas voarem em câmera lenta em direção ao alvo e poderá
até mesmo pará-las no ar.
|
| |
|