À EMBASSAÇÃO
Queremos aqui estrangular a dúvida que um dia o estado mais
inteiro de consciência trará diante dos nossos parvos olhos o sentido profundo
da palavra banimento.
Fomos banidos, banidos da consciência de que não existe
nenhum rei ditando as cores de nossas telas ou fronteirizando os nossos sentidos
estéticos.
Fomos banidos da torre alta, mãe de todas as amplas visões.
Banidos dos nossos olhos, aqueles que em alguns momentos estiveram tão abertos
que quase nos fizeram ver o mundo inteiro.
Lançaremos as nossas últimas âncoras no centro de um
grito
alucinado, o grito indiferente da vida que explode proscrita nos passos de Seu
Mosinho, na camisa vermelha pendurada no fio, que também é rasgo de sangue no céu
azul e nas histórias contadas pra alguém (não importa quem) de Seu
Antônio.
Embassação é uma inquietude nos olhos e no espírito, é uma
seta banguela e com um saco nas costas indicando a todos a
contra-mão mais próxima.
Viva a Pororoca! Viva a flor branca que se pode
comer, à porta de moldura azul, nossos corações contritos, aos baldes
iluminados, nossa tempestuosa comoção estética. À todas as paredes sujas e
esquecidas (assim como pessoas) nossa mais absoluta e profunda
reverência.
Neander Cortez
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