O sexo não é apenas uma energia. É a energia. O
que fazemos com ela é nossa responsabilidade. Freud a chamou de
"Libido", Reich deu-lhe o nome de "Orgônio". A Tradição
antiga a chama de "Prana", "Chi", etc. Não importa o nome que se
dê a ela, o importante é saber que ela existe. Sexo Tântrico
é um assunto muito delicado. Pouquíssimas pessoas estão
preparadas para ele. Ele implica em uma modificação radical
na forma de se olhar o mundo. Aqueles que desejam se aprofundar no assunto
devem rever suas crenças sobre o mundo e sobre a vida. Nossa sociedade
está orientada para a satisfação imediata, para a
realização pessoal, para a conquista. Ou seja, para o "fazer".
O Tantra não é fazer, nem conquista, nem realização.
Aquele que vive o Tantra simplesmente é. O Tantra diz: "seja", não
faça. O mesmo se aplica ao sexo. Sexo para a maioria das pessoas
quer dizer desempenho, algo a ser feito, um objetivo a ser conquistado.
Para o Tantra o sexo é um acontecer. Nada precisa ser feito. Apenas
acontece. O sexo é totalmente natural, não requer esforço.
Quando você está diante de uma mulher, você só
quer possuí-la. Deseja apenas satisfazer seus instintos. Não
que isto esteja errado. É perfeitamente natural, e o Tantra parte
justamente disso. Mas vai muito mais além. O Tantra diz: "Adore
a mulher". Quando estiver diante de uma "Shakti", veja-a como uma deusa.
Não existe nada mais belo do que ela. A mente se encanta diante
dela. Esse encantamento é a porta. Não lute contra ele. Foi
assim que fomos ensinados a nos comportar. Quando estamos contemplando
as formas divinas de uma deusa, nos sentimos culpados e reprimimos aquilo
que seria a maneira natural de ver a mulher. Fazer sexo com uma mulher
é a coisa mais deliciosa que pode existir na vida. Mas antes devemos
contemplá-la. O corpo de uma mulher deve ser objeto de adoração.
Só então o "Shiva" estará pronto para unir-se à
Deusa que lhe dará a glória de ser ele próprio um
Deus. Amar uma mulher de uma maneira tântrica faz do homem um ser
divino. Um mundo novo se abre e nunca mais ele será o mesmo.
Deixará de ser um simples mortal. Passará a ser eterno, conhecerá
o infinito e ninguém poderá tirar isso dele. Como conseguir
tudo isso? Esse é um segredo inerente à própria existência.
O animal é feito para procriar. O Deus deve buscar ir além.
Se você quer ser apenas mais um auxiliar à perpetuação
da espécie, tudo bem. Mas o homem tântrico usa o sexo como
uma porta. É através dele que ele chega ao divino. Então
saia do rebanho. Busque o prazer na vida. Seja tântrico. Se você
simplesmente busca a ejaculação durante o sexo, está
buscando apenas aquilo que o instinto de preservação da espécie
determinou para você. Kundalini se eleva quando você transcende
o sexo. Isso não quer dizer que você o nega e sim que você
primeiro o aceita totalmente e depois o abandona. É isso mesmo.
Você deixa de ser um reprodutor e passa a criar a si mesmo. Faz alquimia
sexual. Aquilo que deveria servir para criar um novo ser passa a ser usado
para torná-lo um deus. E isso acontece espontaneamente. Não
é um esforço. Não é uma prática. É
um acontecer. Você está com uma mulher. Faz amor com ela sem
buscar nada. Não deseja chegar ao climax. Não precisa provar
nada. Simplesmente a ama. Você se torna o próprio desejo.
Deseja tanto esse ser que nada mais tem importância. Nesse momento
você faz parte da eternidade. Então o orgasmo acontece. Você
não o procurou. Ele veio até você. Isso é o
que o Tantra chama de "Orgasmo de Vale". É
o equivalente ao orgasmo feminino. Não significa ejaculação.
Você o atinge sem emissão de sêmem. Não que a
ejaculação seja errada. Às vezes ela é necessária,
pois a energia gerada pela prática do sexo tântrico pode ser
difícil de se administrar. Mas não é preciso ejacular
para se chegar ao êxtase sexual. O homem pode se tornar multi-orgasmático.
Pode-se ter vários orgasmos que serão totalmente separados
da ejaculação. A partir daí o adepto poderá
chegar ao estado de "Brahmacharia", onde o sexo deixa de existir.Então
ele atingiu a meta das metas, ascenderá a planos mais elevados e
não mais precisará retornar a esse mundo.