Comunidade de Olho na Escola Pública - COEP
16/07/2006 10:37
Quem tem medo da Progressão Continuada?
Na carta “Ensino em SP” (Folha de São Paulo, Painel do Leitor, 16/07/2006), a ex-presidente do sindicato dos professores culpa a “aprovação automática” pelo baixo desempenho dos alunos de SP na Prova Brasil. Mas a sindicalista omitiu o fato de que são os próprios professores que deturpam a “Progressão Continuada” (ou Sistema de Ciclos no caso do Município de São Paulo). O Regime de Progressão Continuada (aprovado pelo Conselho Estadual de Educação – CEE - em 17/12/97) “pede avaliação continuada também do processo de aprendizagem dos alunos, o qual deve ser objeto de recuperação continuada e paralela.” Esta “avaliação continuada” exige um comprometimento total dos professores para com os seus alunos, situação esta inimaginável para um grande número de profissionais que não têm vocação para o ensino e que não querem se vincular e a uma única escola e nem ser avaliado pelo desempenho desta única escola.
O “instituto da reprovação” é muito cômodo para os professores descompromissados: “jogam a lição na lousa, pedem para os alunos copiarem, anunciam a data da prova, mandam os alunos estudarem, fazem uma prova com exercícios copiados do ´livro do professor`, anotam ´certo ou errado” nas provas, e falam que as notas baixas são culpa dos alunos que não estudam”.
A “reprovação escolar” escondia a omissão do professor. Bastava reprovar o aluno “duas ou três” vezes que ele abandonava a escola... e virava estatística da febem ou do Carandiru...
O sistema de “progressão continuada” desmascarou professores que ficam 4 anos com seus alunos e não os ensinam a ler nem escrever. No caso dos alunos de 5ª a 8ª séries, ficou provado que as escolas não têm proposta educacional, sendo que cada professor age de forma totalmente individualista.
No Estado de São Paulo, os professores são “avaliados” pelos próprios diretores das escolas. Detalhe curioso: muitos diretores também são professores... e também são associados dos mesmos sindicatos dos professores...
A mediocridade do ensino em São Paulo já é velha conhecida das autoridades e dos sindicalistas, os quais mantêm sob sigilo os resultado do Saresp (Sistema de Avaliação do Rendimento Escolar).
A Prova Brasil veio desmascarar a enganação que é feita na Capital e no Estado de São Paulo.
A nota dos alunos é a nota dos professores.
A melhor avaliação que se faz sobre uma escola é através do desempenho de seus alunos em testes universais. Isto é indemissível para corporações que querem se eternizar no poder.
Postado por: Mauro A. Silva – coordenador do Movimento Comunidade de Olho na Escola Pública - http://www.oocities.org/coepdeolho/
Originalmente publicado no blog:
Cremilda Dentro da Escola - http://cremilda.blig.ig.com.br/
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Folha de São Paulo – 16/07/2006
Painel do Leitor
Ensino em SP
"Os resultados da avaliação Prova Brasil realizada pelo Ministério da Educação com alunos de 4ª e 8ª séries do ensino fundamental de todas as unidades da Federação demonstram que a educação brasileira está longe da qualidade que todos almejamos e de que o país necessita. No caso do Estado de São Paulo, os resultados, sobretudo os dos alunos da 8ª série, confirmam o que vimos denunciando há muito tempo: a "aprovação automática" na rede estadual de ensino não contribui para a melhoria do aproveitamento dos alunos e significa, na prática, uma forma de exclusão que se manifesta mais fortemente nas séries finais do ensino fundamental."
MARIA IZABEL AZEVEDO NORONHA (São Paulo, SP)