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COMUNIDADE DE OLHO NA ESCOLA PÚBLICA

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Jornal da Tarde - 27/10/2006
Jornal da Tarde - 27/10/2006
Coep, dez anos de olho na escola pública
Coep, dez anos de olho na escola pública

MARIA REHDER, maria.rehder@grupoestado.com.br

Foram aproximadamente 200 reclamações contra escolas públicas da Capital só no primeiro semestre. Entre elas, 50% foram referentes a algum tipo de castigo em alunos sem a possibilidade de diálogo entre as partes. Esses são os números do Movimento Comunidade de Olho na Escola Pública (Coep), criado em 1997, na Capital, por membros da sociedade civil com o objetivo de auxiliar a comunidade na cobrança por qualidade nas escolas públicas e como canal de comunicação para ajudar os familiares dos alunos a solucionarem problemas surgidos na escola.

Segundo José Roberto Alves da Silva, presidente do Coep, ainda há muitas escolas públicas cujos diretores têm uma prática de gestão fechada. 'O nosso intuito é incentivar o cidadão para que ele dialogue com a escola e resolva o problema sem intervenção externa. No entanto, quando isso é impossível, auxiliamos os cidadãos para a realização da denúncia formal nas Secretarias de Educação.'

Silva diz que o Coep nasceu de uma experiência pessoal. 'Em 1996, atuei como membro do Conselho Tutelar e, ao ver as dificuldades enfrentadas por alguns pais para que as diretrizes do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA ) fossem garantidas, percebi que muita gente não tinha noção dos problemas das escolas públicas.'

Como funciona

O Coep, ao receber uma denúncia, visita a escola para ouvir a equipe pedagógica. 'Como há casos de acobertamento da direção para proteger os funcionários, também ouvimos o Conselho de Escola.'

Silva diz que, se não há consenso entre as partes, os pais (que podem contar com a ajuda do Coep) procuram as Coordenadorias Regionais de Ensino. Se também não surtir resultado, a denúncia será enviada às Secretarias de Educação.

O Coep também está de portas abertas para receber solicitações das próprias escolas públicas. 'As que, por algum motivo, estiverem com dificuldades em dialogar com a comunidade também podem nos procurar', afirma Silva.

Os interessados em conhecer o movimento podem entrar em contato por meio do site www.oocities.org/coepdeolho ou pelo telefone: 11-2155-0765.

O outro lado

Para Fátima Solange Lavorentti, professora de Ciências da Escola Estadual Paul Hugon, em vez de intervenção externa, as escolas públicas precisam de bons gestores. 'Se o aluno tem algum problema com um funcionário da escola, seus familiares devem ir à escola e conversar abertamente com a direção ou professores.'

Fátima lembra que já presenciou um caso de um adolescente que se sentiu ofendido por um professor e seus familiares foram até a escola. 'Eles discutiram, mas logo resolveram o problema e se entenderam.'

Entretanto, a professora reconhece que, se a equipe gestora de sua escola não tivesse a preocupação em dialogar com a comunidade, os problemas com os alunos não seriam resolvidos com facilidade.

Já Waldir Romero, diretor da Emef Comandante Garcia D'Ávila, acredita que a intervenção externa pode ampliar o nível do conflito. 'Em vez de movimento para controlar, a comunidade deve participar do cotidiano da escola.'

Reclamações

50 % das reclamações foram referentes a castigos que poderiam ser evitados com diálogo; obrigatoriedade rígida do uso do uniforme e cobrança de taxas para auxiliar as Associações de Pais e Mestres

30% dos reclamantes não conseguiram matricular as crianças em escolas do bairro, pois as vagas são ocupadas por moradores de regiões distantes

10% das denúncias apontam evasão escolar: membros da comunidade escolar pediram ajuda para contatar alunos faltantes

10% foram casos específicos

* Dados com base nas reclamações enviadas ao Coep no 1º semestre deste ano