Movimento COEP - COMUNIDADE DE OLHO NA ESCOLA PÚBLICA

Não basta ser professora... Tem que ser Educadora!!!

R. Luis Góis nº 1337, CEP 04043-350, S. Paulo/SP- tel/ (0xx11)5677-8913 fax: 5589-1524 - www.oocities.org/coepdeolho - (coepdeolho@yahoo.com)

Informativo nº COE14504
Ref.: O que é Educação?

S. Paulo, 16 de outubro de 2004.

O que é Educação?

A criança e o adolescente têm direito à educação, visando ao pleno desenvolvimento de sua pessoa, preparo para o exercício da cidadania e qualificação para o trabalho.
(artigo 53 do Estatuto da Criança e do Adolescente – Lei federal 8069/90)

Em pleno século 21, a questão mais importante é justamente definir o que seja Educação. Feito isso, devemos estabelecer um planejamento claro, com prazos, etapas, objetivos e mecanismos externos de avaliação deste plano.

A questão base – “O que é Educação” – parece estar longe de ser respondida. Como exemplo, citamos a pesquisa do Datafolha, divulgada pelo jornal Folha de S. Paulo (“Educação dá fôlego a Marta; saúde é ponto forte de Serra”, 14/10/2004): “Entre os que votam na prefeita, 67% lembram de seu desempenho e de suas propostas na educação para justificar sua escolha. Os CEUs, megaescolas na periferia, são mencionados por 39%.” Embora grande maioria dos educadores denuncie a inexistência de um Plano Municipal de Educação e a falta de proposta educacional nos CEUs (Centros Educacionais Unificados, segundo a prefeitura), os quais atendem a menos de 5% (cinco por cento) dos alunos da rede municipal, ainda assim a população associa este projeto a um “bom desempenho na Educação”. Segundo o diretor do Datafolha, Mauro Paulino,é um reflexo do que o eleitor recebe de informação pela mídia e pelas campanhas".

A defesa dos CEUs, como “equipamentos educacionais”, demonstra desconhecimento sobre seu funcionamento ou até mesmo engajamento político-partidário. A opinião da diretora da Faculdade de Educação da USP, Selma Pimenta, é extremamente grave pelo que está expresso no Jornal O Estado de São Paulo: “(...) assim como muitos de seus colegas ouvidos pelo Estado, defendem sua continuidade e expansão. Segundo eles, o bom ambiente escolar melhora a aprendizagem e a qualidade do ensino” (“Creche e pré-escola, os desafios da educação”, 13/10/2004). Isso demonstra profunda ignorância sobre o “ambiente escolar dos CEUs” e a sua motivação polítco-administrativa.

Os CEUs são extremamente caros porque suas estruturas não foram projetadas para atender seus alunos, mas sim para atender a comunidade na demanda por esporte, lazer e cultura. O fato de existir creche, escola de educação infantil e escola de ensino fundamental é para manipular as verbas da Educação, desviando recursos da “manutenção e desenvolvimento do ensino” para financiar atividades que deveriam usar verbas de outras secretarias (Cultura ou Esporte, por exemplo). Algum educador terá a coragem de “justificar” o gasto de R$ 2 milhões na construção de um teatro numa escola de ensino fundamental? Além disso, identificamos que a existência das “3 escolas” impede o funcionamento de atividades permanentes nestes “Centros”, pois tais atividades “atrapalhariam” as aulas dos alunos...

É interessante notar que o projeto dos CEUs não consta das propostas da campanha eleitoral da prefeita em 2000. O projeto nunca foi discutido na Comissão de Educação da Câmara Municipal. A prefeitura nem mesmo apresentou um Plano Municipal de Educação, ignorando completamente o que determina o artigo 200 da Lei Orgânica do Município de S. Paulo. Após várias denúncias de que os CEUs não tinham “proposta educacional”, a prefeitura informou que o “projeto” foi discutido “em mais de uma reunião realizada na Aprendiz”, fazendo referência ao artigo do jornalista Gilberto Dimenstein - "Gosto do projeto..." - (omitindo o título original: "Gosto, mas desconfio dos escolões de Marta Suplicy", Folha Online, 11/08/2003). Esta enganação durou até o jornalista publicar o artigo “Para entender os CEUs e não ser enganado pelos marqueteiros” (Folha de S. Paulo, 15/08/2004), declarando: “Admito que tenho dificuldade de criticar os CEUs; há anos, nesta Folha, defendo experiências desse molde para o enfrentamento da pobreza. Nenhum educador brasileiro me influenciou mais que Anísio Teixeira, o inventor da escola-parque, onde se localiza o DNA da experiência paulistana. Mas, se dependesse de mim, investiria toda a verba dos CEUs na melhoria da educação infantil. Para começar, nenhuma criança de quatro a seis anos deveria ficar fora da escola. A fase de zero a seis anos é decisiva para o desenvolvimento do ser humano.”

Os CEUs não favorecem a prática pedagógica, pois misturam crianças de diversas idades num mesmo ambiente escolar. O grande número de alunos favorece a prática de violência dos maiores contra os menores. Além disso, existe um grande fluxo de pessoas da comunidade, para praticar atividades diversas, que não estão capacidadas a lidar com as crianças neste suposto “ambiente escolar”.

Hoje, o jornalista Clovis Rossi denuncia que “(...) reconheçamos francamente que o eleitor vai à caixinha, que é hoje a urna, diante de uma caixona (preta), que é o funcionamento do serviço público nos seus vários níveis.”, alertando para o fato de que “Ou alguém começa a decodificar esses segredos ou o voto será sempre com o fígado (ou com o coração, o que é bom, até muito bom, mas é também muito insuficiente).” (artigo “A caixa-preta e o coração”, Folha de S. Paulo, 16/10/2004)

O (e)leitor age segundo as informações de que dispõe. Os candidatos tentam, de toda forma, realçar suas “qualidades” e esconder seus “defeitos”. O que é inadmissível é que a mídia divulgue notícias sem uma verdadeira análise crítica. A população associa os CEUs com “educação”; e acha que houve “bom desempenho na Educação” por culpa da falta de avaliação crítica dos jornalistas e da mídia.

Por último, mas não menos importante, denunciamos a conivência da mídia com a Febem-SP. O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA – lei federal 8069/90) determina que os adolescentes sejam internados em “unidade educacional”. Algum jornalista ou órgão de imprensa acredita que os campos de tortura da febem sejam unidades educacionais?

Coordenação
a) Cremilda Estella Teixeira – NAPA – tel.: 3742-3023 - www.oocities.org/napa_org
b) José Roberto Alves da Silva – NEPPAL – tel.: 5677-8913 - www.oocities.org/neppal
c) Mauro A. Silva - Grêmio SER Sudeste – tel.: 5565-5322 - www.oocities.org/gremio_sudeste

Fechar a Febem/SP. Diga não à tortura. – www.oocities.org/fecharfebem