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Informativo nº COE13003 Ref.: O mito do professor abnegado; |
S. Paulo, 14 de outubro de 2003. |
A reportagem do Jornal Nacional de 13/10/2003 (Profissão Professor) registrou um flagrante de desrespeito aos alunos e contribuintes brasileiros: a professora Vilma do Nascimento trabalha em três escolas diferentes, de manhã, de tarde, e de noite, e faz o prodígio de estar “presente” em três salas de aulas ao mesmo tempo.
Vejam sua declaração: “A gente entra, passa a matéria, sai, vai para outra sala, volta, vai para outra, volta. Às vezes, eles até querem falar com a gente. Mas eu tenho que estar numa outra sala”.
Para dizer que o “Salário de professor é cada vez mais um atrativo menor”, a reportagem deveria fazer uma comparação com outras categorias profissionais que exigem formação equivalente. Uma bancária, por exemplo:
Descrições |
Bancária |
Professora |
Jornada diária |
6 horas |
5 horas |
Férias |
30 dias |
60 dias |
Faltas abonadas por ano |
nenhuma |
12 dias |
Faltas sem justificativa |
nenhuma |
29 consecutivas ou 59 alternadas |
Bônus |
Por produtividade |
Por freqüência |
Aumento salarial |
Só por promoção |
Por tempo de serviço |
Segundo emprego |
proibido |
Permitido em horários compatíveis |
Licenças em geral |
Prejudica a carreira |
Para se candidatar, hora/bônus para estudar, |
Aposentadoria |
30 anos |
20 anos |
Demissão |
Sem justa causa |
Só com justa causa |
Considerando que a professora Vilma está há 18 anos na profissão, desconfia-se de que o salário de R$ 1.800,00 refere-se a um único emprego. Ainda que fossem 3 empregos de R$ 600,00, a professora poderia considerar-se privilegiada, pois a maioria dos brasileiros não ganham nem R$ 600,00; que dirá ter dois ou mais empregos. Isto é um sonho. Além disso, uma pessoa que tem três empregos não pode ser considerada “abnegada” (sem interesse nos ganhos monetários).
A comparação com a professora Adriana (R$ 3.500,00 em escola particular) deveria ser aprofundada, pois ela é cobrada constantemente pelos pais das crianças e pela direção da escola. No caso da escola pública, a corporação faz de tudo para impedir a avaliação dos professores e qualquer tipo de cobrança em relação à proposta educacional e à prática pedagógica.
Quanto à formação dos professores (menos de 1/3 tem formação universitária), lembramos que foi o atual ministro que editou portaria abolindo a exigência de diplomas superiores para a educação infantil e as quatro primeiras séries do ensino fundamental. Ao invés da corporação exigir recursos para uma melhor formação, ameaçam boicotar até mesmo a proposta do ministro para uma avaliação anual dos professores.
A conclusão sobre a pesquisa da Unesco foi perfeita: “ainda somos um país de professores mal formados, mal remunerados e em condições inadequadas de trabalho. No relatório, o Brasil perde para o Chile, o Uruguai, as Filipinas e a Tunísia. Todos países em desenvolvimento, como o nosso”.
A reportagem deveria entrevistar as principais vítimas do falido sistema educacional brasileiro: as crianças. O “sonho de Vilma” denuncia a enganação que é feita no Brasil: “É de fato fazer algo por essas crianças que, na verdade, a gente não faz".
Enquanto tratarmos os professores como “mitos”, “seres abnegados” ou “anjos caídos do céu”, não permitindo que alunos, pais e comunidade avaliem o serviço público prestado, continuaremos freqüentando as estatísticas de país mais ignorante do mundo.
(a) Coordenação – Mauro Alves da Silva – Grêmio SER Sudeste
NAPA – tel.: 3742-3023 Núcleo de Apoio a Pais e Alunos C/ Cremilda - Presidente |
NEPPAL – tel.: 5677-8913 Núcleos de Estudos C/ Zé Roberto - Coordenador |
Grêmio – tel.: 5565-5322 Grêmio SER Sudeste C/ Mauro - Presidente |
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