Movimento COEP - COMUNIDADE DE OLHO NA ESCOLA PÚBLICA

Não basta ser professora... Tem que ser Educadora!!!

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Informativo nº COE02006

Ref.: O "Complexo de Alice" e a "Síndrome da Rainha de Copas"

S. Paulo, 29 de março de 2006.

O "Complexo de Alice" e a "Síndrome da Rainha de Copas"

O Movimento Comunidade de Olho na Escola Pública (COEP) criou o Grupo de Trabalho pelo Fechamento da Febem-SP em 1998 porque as escolas estaduais de São Paulo estavam promovendo seminários sobre como mandar alunos adolescentes para a Febem-SP.

Em 2001, a escola Estadual Brasílio Machado (Vila Mariana, zona sul da Capital) repetiu o “Seminário: Combate à Violência nas Escolas” (sobre como encaminhar os alunos adolescentes para as Varas Especiais que ficam no bairro do Brás – zona leste de S. Paulo-SP). São estas “varas especiais” que internam adolescentes nos campos de torturas da Febem paulista. A mesma escola que se recusa a distribuir o seu Regimento Interno aos alunos, passa a divulgar que os seguintes “delitos” serão encaminhados à promotoria especial do Brás:

1.       danificar a vidraça da sala de aula onde estuda (...) causando prejuízo de R$ 45,00;

2.       danificar o automóvel (...) pertencente ao professor (..) furando o pneu e quebrando o vidro lateral;

3.       ofender a honra do professor (...) chamando-o de “filho da p...”, etc. (o folheto traz a “expressão” por extenso).

O Procurador Geral de Justiça de SP, doutor Rodrigo César Rebello Pinho, reconduzido a um segundo mandato, deveria manifestar-se sobre a situação desta promotoria. Destaque-se ainda que não esquecemos a sua promessa de criar Promotorias de Interesse difusos e coletivos da Educação. Somente assim haverá uma fiscalização eficiente que certamente diminuirá os desmandos praticados nas escolas públicas paulistas.

Atualmente, a Escola Estadual Brasílio Machado deu mostras que segue fielmente as recomendações da Promotoria do Brás, pois temos novas denúncias contra esta escola.. Segundo o Jornal Agora São Paulo, de 18 de março de 2006, a diretora chamou a polícia para prender duas alunas adolescentes que estavam sem o uniforme escolar (“Por roupa, diretora barra alunas. Polícia levou meninas à delegacia”, Jornal Agora São Paulo, 18/03/2006). Há informações dando conta de que as alunas (14 e 16 anos) teriam ficado cerca de 20 minutos dentro da viatura policial, na frente da escola, enquanto aguardava-se que a diretora fosse a primeira a chegar à delegacia e também ser a primeira a fazer declarações no Boletim de Ocorrência Policial. A TV Record divulgou reportagem no qual a diretora disse que não barra alunos por falta de uniforme, “mas devem estar vestidas como gente” (sic).

A Secretaria Estadual de Educação considerou “inadequada”  atitude da diretora; e prometeu investigar... Se a “investigação”  for feita igual a que foi feito no caso da Escola Estadual Octacílio de Carvalho Lopes (“professor xingou aluno de “bicha” em plena sala de aula- em 19/04/2004), vamos ter de esperar mais de um ano; e corremos o risco de ver aprovado um relatório no qual se afirmará que racismo é uma forma dos professores cativarem seus alunos...

O Movimento Comunidade de Olho na Escola Pública vai denunciar a “oferta irregular do serviço de educação” e o “constrangimento ilegal praticado contra as alunas” ao Conselho Tutelar da Vila Mariana. Este caso também vai ser um dos que serão citados na Ação Civil Pública que vai obrigar a Secretaria Estadual de Educação a divulgar todos os casos das escolas praticam violências contra alunos, pais e comunidade.

Curiosamente, o secretário da Educação, Gabriel Chalita, nunca se manifestou sobre esse absurdo praticado pelas escolas paulistas: mandam os alunos direto para a Promotoria do Brás.. Pelo contrário: ele fez uma proposta para transformar a internação provisória dos adolescentes em penas de prisão por até 10 anos.

O secretário Gabriel Chalita ficou 39 meses delirando na Secretaria de Educação. Para cada denúncia que se apresentava contra as escolas, ele escrevia um livrinho ou um artigo no jornal, comparando os professores com anjos abnegados... anjos caídos dos céus... e dizendo maravilhas sobre as escolas paulistas...

Essa atitude do delirante secretário pode ser associada ao “Complexo de Alice”. A personagem infantil Alice (do conto “Alice no País das Maravilhas”, de Lewis Carroll) toma uma poção mágica, ou come uma bolacha ou um cogumelo mágicos para enfrentar seus pesadelos. Chalita escreve artigos e livrinhos ao invés de enfrentar - e resolver - os problemas do falido sistema educacional paulista... Nem mesmo foi capaz de aprovar o Plano Estadual de Educação...

O secretário ignorou completamente que muitas escolas são dirigidas por pessoas que têm a “Síndrome da Rainha de Copas”: não aceitam ser criticadas e nem contestadas... mandam cortar as cabeças de todos e de qualquer um... Suspendem ou expulsam os alunos por motivos banais... Será que o ilustrado professor-doutor nunca imaginou como é que São Paulo tem 2.700.000 (dois milhões e setecentos mil) jovens fora das escolas? (conforme reportagem do jornal Diário de São Paulo, 23/03/2006). Ele já fez essa perguntinha às "Rainhas de Copas" que dirigem as escolas paulistas?

A realidade finalmente alcançou o (ex)secretário: a Justiça quer que ele esclareça os gastos da Educação de SP. Vai ter de explicar a compra de livros didáticos sem licitação e o uso da Secretaria para beneficiar a TV Canção Nova.

Para quem começou como “Alice no País das Maravilhas”,

nada mais hilário do que terminar como o “Boneco do Gepetto”.

 

Coordenação

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