Movimento COEP - COMUNIDADE DE OLHO NA ESCOLA PÚBLICA

Não basta ser professora... Tem que ser Educadora!!!

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Informativo nº COE01506

Ref.: Ninguém merece uma palmada.

S. Paulo, 25 de fevereiro de 2006.

Ninguém merece uma palmada

 “Quem bate para ´educar´, ensina a bater”

 

O Projeto de Lei 2654/2003 (proíbe castigos físicos ou morais contra crianças e adolescentes) está sendo criticado sem que a s pessoas tome ciência de seu real conteúdo. Apelidado de “Lei contra a Palmada”, o PL 2654/2003 trata, na verdade, de explicitar que mesmo os castigos “moderados” são práticas ilegais e violam garantias fundamentais expressas na da Constituição Federal e no próprio Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA (lei federal 8069/1990).

De todas as manifestações sobre o PL, a mais preocupante foi o artigo “Palmadas” (Jornal O Estado de São Paulo, 20/02/2006), do colunista Denis Lerrer Rosenfield, professor de Filosofia na Universidade Federal do Rio Grande do Sul.  Ele denuncia o PL 2654/03 como uma interferência do Estado nas relações familiares. A tese do professor é a seguinte: “Assim, pais podem perfeitamente escolher não punir seus filhos com palmadas, enquanto outros pensam ser necessária a aplicação desse tipo de castigo. Em todo caso, cabe aos pais a escolha daquilo que pensam ser o melhor para os seus filhos. O que não podem, porém, é renunciar a esse poder de escolha em benefício de uma instância estatal que por eles decida. Se abdicarem desse direito, darão mais um passo para uma condição servil”

O professor reconhece, pelo menos, que não pode haver palmadas na escola: “Uma situação completamente distinta é a da punição por palmadas na escola, como era usual em determinados países, porque então o Estado assumia para si uma prerrogativa que não lhe dizia respeito, a de impor uma determinada regra de conduta que deveria ser estabelecida pela família”.

Os argumentos do professor não se sustentam. Ele diz que “A relação pai/filhos se fez, historicamente, ao abrigo do Estado, a partir de regras que foram evoluindo conforme as mudanças de mentalidade e de concepção do mundo”, mas ignora que é através da Lei que criamos os marcos delimitadores. Se fôssemos ignorar os novos conhecimentos e o “método científico”, esperando simplesmente que houvesse “mudanças de mentalidade”, ainda hoje estaríamos vivendo sob a “escravidão”, e “mulheres e crianças seriam meras propriedades do chefe (homem) da família”. É muito recente o reconhecimento de que as crianças são “Sujeitos de Direitos”. E as pesquisas têm demonstrado que muito da violência dos adultos é reflexo direto de uma infância vivida sob o império da violência física, moral ou sexual perpetradas pelas próprias famílias.

O mais curioso é saber de onde foi que o professor-doutor retirou a informação de que seria “direito” ou “prerrogativa” dos pais baterem nos seus filhos. Se foi nos livros do início do século passado, vale registrar que até mesmo a “iluminista” França só reconhece os direitos da criança a partir de 1975.

O editorial “Lei antipalmada” (Jornal O Estado de São Paulo, 24/02/2006) é mais responsável nas criticas ao PL 2654/2003. O editorial reconhece que “É verdade que as leis contribuíram muito para a evolução do comportamento das famílias, desde as priscas eras em que os pais exerciam poder de vida e morte sobre os filhos”. Mas, mesmo assim, termina com a seguinte indagação:

“(...) com a moderação que esteja longe de ser capitulada como "maus-tratos" ou de real violência, será que um pai ou uma mãe não podem dar uma simples e leve palmada - ou chinelada - no bumbum de seu filho, quando este estiver insistentemente desobedecendo a suas ordens, inclusive em brincadeiras que lhes tragam riscos graves de acidentes”? “E até que ponto o Estado pode interferir para determinar o que seja ou não a boa educação dada pelos pais a seus filhos”?

A resposta a estas indagações é simples: Bater não é Educar. E o Estado, que é a sociedade organizada, tem o dever de impedir e punir as violências físicas, morais e sexuais contra as crianças.

Quanto à questão cultural da “não-violência contra as crianças”, a sociedade deveria também fiscalizar a programação televisiva e reclassificar vários programas ditos “infantis”. O programa “Chaves” (SBT) e muitos “desenhos animados” (tipo “Os Simpsons”) banalizam a violência contra as crianças.

Parafraseando o samba-enredo “Não tem Desculpas”, da Escola de Samba Águia de Ouro:

Vi num rosto de criança
A esperança, a inocência no olhar
Entre magias e contos de fadas
Sonhos a realizar

Mas todo encanto se perdeu
Ao perceber o mundo de horror
Sofrendo explorações
Abusos em sem lar (...)

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