Movimento COEP - COMUNIDADE DE OLHO NA ESCOLA PÚBLICA

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Informativo nº COE00105
Ref.: Tsunami's e o ensino religioso nas escolas públicas.

S. Paulo, 05 de janeiro de 2005.

 

 “Tsunami’s” e o ensino religioso nas escolas públicas.

A questão das “responsabilidades sobre os desastres” parecia ter sido resolvida após o terremoto de Lisboa (1755). Mas, as propostas de “ensinar” o Criacionismo nas escolas públicas retoma a discussão: “para prevenir os desastres, devemos investir na construção de templos religiosos ou na construção de escolas laicas”?

A tragédia na Ásia, em 26/12/2004: terremoto seguido de tsunami’s (ondas gigantes) causando mais de 100 mil mortes, faz lembrar o grande terremoto de Lisboa (Portugal), de 01/11/1755 - “Dia de Todos os Santos”. A comparação entre as duas tragédias é inevitável, tanto pelo número de mortos e pela devastação das áreas atingidas quanto pela discussão sobre os possíveis responsáveis: o Homem, a Natureza, ou Deus?

Só para relembrar o Desastre de Lisboa (1755):

O grande terremoto de Lisboa ocorreu no dia de Todos os Santos, 1º de novembro de 1755. As pessoas participavam de serviços religiosos, havia velas acesas nos altares e muitas igrejas desabaram sobre as congregações durante a missa. A escala do tremor foi provavelmente equivalente a 8,5 ou 9 graus na escala Richter. Ele causou pouco depois um "tsunami", uma onda gigantesca. A destruição foi enorme: cerca de 55 conventos e mosteiros foram gravemente danificados; o cais ribeirinho afundou e desapareceu; e o palácio real foi destruído. O número de mortos é estimado em até 60 mil (A população de Lisboa na época estava entre 160 mil e 200 mil). “O primeiro abalo começou cerca de um quarto antes das dez da manhã, e, na medida em que pude avaliar, durou seis ou sete minutos, de modo que em um quarto de hora esta grande cidade estava em ruínas. Pouco depois, começaram vários incêndios, que queimaram durante cinco ou seis dias. A força do terremoto parecia estar imediatamente sob a cidade... Na hora do terremoto, as águas do rio ergueram-se 20 ou 30 pés... Cerca de um terço da cidade foi totalmente destruído pelo terremoto e a inundação” (relato do cônsul britânico).

Enquanto Voltaire (1694-1778) ironizava “a bondade e a onipotência” de Deus (“Isto é o resultado das leis eternas / Que dirigem os atos de um Deus livre e bom!”, no “Poema sobre o Desastre de Lisboa”), e Rousseau (1712-78), chocado com o que Voltaire escreveu, reafirmava as causas naturais dessas catástrofes, responsabilizando os homens por construir grandes cidades altamente povoadas, o prático ministro Sebastião José de Carvalho e Melo (1699-1782), mais conhecido por seu título posterior de marquês de Pombal, conferido em 1769, assumiu a liderança para enfrentar a situação. Seus primeiros atos foram enterrar os mortos, alimentar os vivos e estabelecer a ordem. Ele também armou 80 forcas: aqueles flagrados saqueando e cometendo outros crimes eram enforcados sumariamente. O ministro aproveitou a tentativa frustrada de assassinato contra o rei D. José para confiscar as terras das famílias aristocráticas de Portugal envolvidas no complô; e também usou o caso como desculpa para atacar os jesuítas, que pregavam “mais orações e mais penitências” para evitar os desastres.

O “Criacionismo” nega a Evolução do Homem; e nega o conhecimento; e defende que tudo que existe foi criado por uma “divindade”; e que tudo se mantém exatamente como no Ato da Criação. Não existe método científico. Tudo é acreditado pela fé. O “manual prático do Criacionismo” pode ser resumido da seguinte forma:

01. No início era o Verbo. E o Verbo criou a Data. E a data era segunda-feira, 07 de setembro de 4004 AC.

03. E disse o Senhor, Faça-se a luz; e houve a luz. E quando houve a luz, Deus viu a Data, que era segunda-feira, e foi ao trabalho, pois tinha muita coisa para fazer.

04. E Deus fez cacos de cerâmica; e moluscos silurianos; e estratos de rocha sedimentar pré-cambrianos; e pontas de flecha de sílex; e presas de mastodontes jurássicos; e crânios de pitecantropus erectus; e placentais cretáceos Ele fez; e aquelas pinturas rupestres em Santa Maria. E foi assim o primeiro dia de trabalho.

05. E Deus chamou a terra firme de bem imóvel. E à água, chamou Ele de mar. E na terra, e sob ela, colocou o petróleo bruto níveis um a seis; e gás natural Ele colocou lá em baixo, e florestas carboníferas pré-históricas contendo antracite e outros materiais inflamáveis; e a esses chamou Ele de recursos naturais; e os fez abundantes.

06. E deus tomou os ossos dos dinossauros e os fez parecer extremamente antigos; e lançou-os Ele à terra e ao mar. E pegou Ele cada pequena criatura que não tinha sobrevivido e as transformou em fósseis; e as lançou em torno, do mesmo modo. E apenas para colocar as coisas além do vale das sombras da dúvida, Deus criou o carbono 14. E essa é a origem das espécies.

07. E disse Deus, Façamos o homem à nossa imagem e semelhança, ou seja, alto e bem formado e pálido de tez; e façamos também os macacos, que não se pareçam de modo algum conosco, mas que sejam baixos e mal-formados e cabeludos. E acrescentou Deus, que tenha o homem domínio sobre os macacos e as aves do ar e todas as espécies, ameaçadas ou não.

08. Assim criou Deus o homem à sua imagem, alto e bem formado, e pálido de tez Ele o criou, nada tendo a ver com os macacos.

A questão do “ensino religioso” é grave e está gerando discriminações. Embora de freqüência facultativa, em São Paulo temos denúncias de que a Escola Estadual Dona Ana Rosa de Araújo exige que os alunos assistam a estas aulas.

Nem tudo está perdido. A importância da escola pode ser vista nesta notícia: “Uma menina britânica de dez anos de idade salvou cem outros turistas de serem arrastados pela tsunami na Ásia. Ela foi capaz de alertar sobre a chegada da onda gigante por ter aprendido sobre o fenômeno semanas antes na escola, segundo um jornal britânico” (Criança reconhece a chegada da tsunami e salva 100 turistas, 02/01/05).

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