Narigão. (sorrindo-se muito satisfeito.)
Sr. Presidente, felizmente já temos um Taquígrafo
para transcrever as atas das nossas sessões. Convinha também
que ele desse ao público lições da sua arte,
na qual se pode instruir a nossa mocidade. Mas o quantitativo
designado na Lei do Orçamento não é suficiente;
por isso requeiro que se autorize ao Presidente da Província
para gastar a quantia que for necessária.
Mopadinho. Acho muito justo o requerimento
do Sr. Narigão e votarei por ele; este negócio,
desde o principio, esteve sempre a cargo dos Presidentes da Província.
Macaco. (com veemência.)
Isso era quando havia um Presidente da nossa confiança. Agora
esta tudo mudado. Jamais concordarei em autorizar-se o atual Presidente
a gastar quanto quiser com o Taquígrafo. É medida
que não aprovo. Srs., quero que se publiquem as sessões
desta Assembléia; mas não quero que isto fique a cargo
do Presidente. Isso nunca; porque então levariam 20 anos
e mais, para se verificar a publicação. Srs., o atual
Presidente não merece confiança alguma (apoiados).
Enquanto eu não vir à testa dos negócios públicos
um Presidente parlamentar... (risadas) hei de recusar-lhe
tudo (apoiados). Não lhe dou nem cinco réis
(apoiados). Declaro que estou na oposição e
na oposição extrema; há de ir tudo raso; hei
de fazer ao Go-
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verno guerra de morte (apoiados).
Procedendo assim, marcho com a opinião de Minas Gerais, pois
ainda me nomeia seu Deputado. Se estou em erro, a Província
me excluirá...
Imparcial. (aparte) Não poderá
excluir por causa das cabalas.
Macaco. Mas enquanto for Deputado,
julgo-me na maioria da Província e posso afoitamente asseverar
que a Província fala por minha boca, eu sou o seu interprete,
sou o órgão de seus sentimentos (apoiados).
Por conseqüência, eu e toda a Província de Minas
queremos um Presidente Parlamentar, que pense e obre como Parlamentar
e que seja assinante do Parlamentar. Enquanto não for bem
Parlamentar, não conseguirá medidas de confiança.
E se alguma lei autoriza o atual Presidente a engajar Taquígrafos,
revogue-se essa lei, ou converta-se hoje em matéria nova,
sobre a qual legislemos também de novo.
Narigão. Vistas as razões
do Sr. Macaco, abraço os seus sentimentos, e desprezo a
minha primeira emenda.
Imparcial. Mas essa versatilidade
dos legisladores Mineiros, que o Sr. Macaco ainda há pouco
condenava...
Macaco. Isto não é
versatilidade; é progresso.
Imparcial. E como tão depressa
quer revogar uma lei, sem se lembrar do emblema de Poncio Pilatos,
quod seripsi, seripsi ?
Macaco. Bem me lembra.
Mas
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