CLUBE DOS ANARQUISTAS - Padre Justiniano da Cunha Pereira - Barbacena - 1838

 

 

 

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coragem, a força, a destreza e a cólera de um Leão.

Jóia. Pouco importa, Srs., que seja Presidente um Leão, ou Javali, ou Elefante. O que queremos é derribar o Governo. Contudo, será sempre minha opinião que não tiremos a Presidência ao nosso benemérito Pança. (apoiados). Srs., o nome dos Panças ainda hoje com admiração se repete na ilha Barataria, aonde se imortalizou o grande Sancho, como se lê nas Crônicas de D. Quixote; e vós bem sabeis que desse tronco ilustre descende o nosso estimável Manê Pança; isto não é queimar-lhe um podre incenso, mas sim demonstrar-vos a conveniência de que o Exmo. Sr. Presidente Pança continue a presidir a nossa Repilha (apoiados gerais).

Mopadinho. Não posso levar a paciência que estejamos consumindo o tempo em ventilar medidas que devem ser posteriores ao ato da nossa emancipação política. Que, Srs.!, falais em Triunviratos quando nós ainda gememos debaixo da canga do maldito Governo de 19 de Setembro!! E não será isto andar o carro adiante dos bois? Srs.! Nós devemos primeiramente quebrar o jugo que nos sopeia, para depois cuidarmos em Ditadura, ou Triunvirato.

Vós supondes fácil a instalação da Repilha, e eu a julgo dificultosa. Nós lutamos com elementos heterogêneos; não temos ainda um povo suficientemente instruído para saborear os doces frutos da nossa Repilha. O povo que nos

obedece é a estupidez personalizada; nada entende de política; reina entre eles a mais profunda ignorância e indiferença para tudo que é da Pátria; se francamente lhe dissermos — vamos proclamar a Repilha — o povo nos abandona, malogra-se o nosso projeto. É portanto necessário muito grito neste negócio. Prossigamos o nosso primeiro plano; anarquizemos a Província, praguejemos o atual Governo, barulhemos, confundamos tudo; e vereis que o Governo, perdida a força moral e a confiança pública, ou se há de demitir ou entregar-se à nossa discrição; e então teremos o campo livre para proclamarmos a Repilha, ou qualquer forma de Governo que for mais análoga às nossas circunstâncias.

Fanhoso. Eu me confesso com as idéas do inuste membo: É aqui quem discone mior.

Mentira. O Sr. Deputado Mopadinho, ele feriu no ponto da questão. Com efeito, Srs., se quisermos derribar o Governo, é necessário lançar-lhe logo e mais fogo, anarquia e mais anarquia, progresso e mais progresso. Só assim triunfaremos. Rejeitemos todas as medidas de bem público, ou de interesse geral; não se faça neste ano a lei do orçamento, nem lei alguma: e cada um ataque o Governo do modo que quiser, segundo lhe sugerir o seu patriotismo.

Macaco. Pois bem, Srs., ensaiemos. Discorra cada qual sobre aquilo que deve fazer amanhã e